Primeira greve de enfermeiros do setor privado a 16 de março
Os enfermeiros reivindicam um horário de 35 horas semanais, subida salarial de 10% e aumento do subsídio de refeição, entre outras medidas.
Os enfermeiros que exercem funções nas unidades de saúde abrangidas pela Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP) vão estar em greve, pela primeira vez, no dia 16 de março, anunciou esta terça-feira o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
O SEP reivindica um horário de trabalho de 35 horas semanais e a regulação dos turnos, aumento salarial mensal para quem trabalha por turnos, pagamento do regime de prevenção, aumento das compensações das chamadas horas penosas (noites, fins de semana e feriados), subida salarial de 10% e aumento do subsídio de refeição, além de 25 dias de férias.
A greve “tem a ver com a negociação da carreira a nível da hospitalização privada, que envolve os principais grupos económicos da saúde, no total de 75 instituições, e que abrange 4.200 enfermeiros”, explicou aos jornalistas o dirigente sindical Rui Marroni, numa iniciativa junto ao Hospital da Luz de Coimbra.
“Estes enfermeiros têm tido os horários desregulados e estão com 40 horas semanais ou mais. Desde que iniciamos este processo, duas instituições avançaram com aumentos salariais, mas aquilo que pretendemos é que isso fique regulado no contrato coletivo de trabalho que estamos a negociar”, acrescentou. O sindicalista denunciou horários exagerados, com enfermeiros que “têm mais de 200 horas de trabalho em dívida, o que configura pelo menos um mês de trabalho no mínimo, e isto não pode acontecer”.
“Aquilo que pretendemos é que neste contrato coletivo de trabalho, esta matéria fique devidamente regulada, e limitar às 35 horas semanais, que é o que acontece no resto dos setores, nomeadamente setor social e administração pública”, sublinhou. Segundo Rui Marroni, a negociação encetada em novembro não tem tido “andamento por parte da associação que representa estes grupos privados”.
“Apresentámos uma proposta de revisão de contrato coletivo de trabalho a 03 de novembro e tivemos quatro reuniões, a última das quais no dia 14 de fevereiro e aquilo que trouxemos da reunião é pouco mais que nada”, adiantou. O dirigente do SEP acrescentou que a APHP pretende negociar um banco de horas, que o sindicato não aceita por pretender “efetivamente que os enfermeiros pratiquem um período de trabalho semanal e não um trabalho desregulado que põe em causa a sua vida pessoal e familiar”.
A greve foi anunciada em Coimbra, junto ao Hospital da Luz, através da colocação de uma faixa, seguida de conferência de imprensa. Durante a tarde desa terça, o SEP vai colocar também tarjas junto ao Hospital da Sanfil e da CUF, entidades que integram a APHP.
“Pretendemos negociar um contrato coletivo de trabalho, ou seja, uma carreira de enfermagem para os enfermeiros neste setor, mas se não houver evolução do processo negocial naturalmente que vamos decidir com os enfermeiros outras formas de luta”, sintetizou Rui Marroni.
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