“É uma ilusão fixar os preços”, diz CEO da Mercadona
Apesar da subida de 11% das receitas globais, para 31.041 milhões de euros, o retalhista alimentar fala de uma das rentabilidades mais baixas da sua história
“É uma ilusão fixar os preços” dos produtos, “fixar os preços é o mesmo que dizer que a água não se move”, reagiu Juan Roig, CEO da Mercadona, durante a apresentação de contas de 2022 da cadeia de supermercados espanhola. A Mercadona registou lucros de 718 milhões de euros, uma subida de 5%. Fala da rentabilidade mais baixa da sua história.
O tema da inflação marcou 2022, o arranque do ano e a conferência de imprensa do retalhista espanhol. O preço do tomate subiu 50% por conta do aumento dos custos do gás”, exemplifica Juan Roig. “Se não subíssemos os preços o desastre que iria provocar em toda a cadeia de abastecimento”, diz.
No ano passado, o impacto da inflação levou a uma subida de preços, bem como nos custos da companhia, que viu subir em 17% os custos com transporte de mercadorias, 5% o aluguer dos espaços, bem como salários. Ao todo, a empresa viu aumentar em 500 milhões os seus custos.
Apesar da subida de 11% das receitas globais, para 31.041 milhões de euros, a empresa fala de uma das rentabilidades mais baixas da sua história: com o impacto do aumento dos preços de custo a reduzir a margem da empresa em 0,6 pontos e colocando a rentabilidade em 0,025 euros de lucro por cada euro vendido, face aos 0,027 euros de 2021.
Com a inflação ainda a marcar o dia a dia dos consumidores espanhóis e portugueses, Juan Roig aponta a baixa de preços da cesta dos compradores como um dos desígnios para 2023, mas não adianta valores, nem aponta um prazo para uma maior estabilidade nos preços.
“Até quando (os preços vão subir) não sei”, disse o gestor. Os últimos meses têm sido muito maus em termos de inflação”, aponta. “Vamos lutar até à morte para baixar os preços”, garante, mas atira. “É uma ilusão fixar os preços”, disse. “Fixar os preços é o mesmo que dizer que a água não se move”, diz.
“Artificialmente não vamos baixar os preços”, garante Juan Roig, apontando quebras de qualidade do produto ou redução de quantidade, como a forma de o fazer artificialmente.
Em Portugal, as cadeias de retalho alimentar têm estado sob pressão por causa da subida da taxa de inflação dos alimentos acima da inflação global. Depois de várias ações inspetivas da ASAE nas cadeias, foi notícia de que o Governo estava a estudar várias medidas para o caso de os supermercados não baixarem os preços, como por exemplo, um limite para as margens de lucro de produtores, industriais e distribuidores.
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