Alexandra Reis insistiu três vezes mas ainda não sabe o valor que tem de devolver à TAP
A ex-administradora da TAP garante que as suas posições na empresa “mesmo quando estas não eram coincidentes com as da nova CEO” não prejudicaram a companhia.
A ex-administradora da TAP Alexandra Reis diz que ainda não recebeu qualquer indicação sobre o valor a indemnização que tem de devolver à TAP, apesar de já ter insistido “pelo menos três vezes” para saber qual o montante líquido a ressarcir.
“Logo na manhã seguinte à publicação do referido parecer [da IGF], 9 de março, os meus advogados contactaram a TAP”, para averiguar os montantes líquidos a devolver, disse Alexandra Reis, na comissão de inquérito à TAP, acrescentando que insistiu pelo menos três vezes junto da companhia aérea para que lhe faça chegar aquela informação. “Continuo a aguardar essa indicação para que se possa proceder à devolução”, afirmou.
A ex-administradora da TAP Alexandra Reis, que está acompanhada na audição por um advogado, diz ainda que saiu da companhia “com total boa fé” e que as divergências com a presidente executiva nunca “beliscaram” o compromisso com a implementação do plano de reestruturação.
“Aceitei sair de uma empresa com total boa fé, à qual me entreguei com todo o meu compromisso”, afirmou Alexandra Reis, que está a ser ouvida na comissão de inquérito parlamentar à TAP, na Assembleia da República, na sequência da polémica indemnização de meio milhão de euros.
A também ex-secretária de Estado disse ainda que, enquanto membro da comissão executiva da companhia aérea, manifestou sempre de forma construtiva as suas visões, “mesmo quando estas não eram coincidentes com as da nova CEO”. “No entanto, e isto é importante, nenhuma delas beliscou uma única vez, repito, uma única vez que fosse, o meu compromisso com a implementação do plano de reestruturação”, sublinhou.
Saída da TAP foi por vontade da CEO
Sobre a saída da companhia, em resposta ao deputado Bernardo Blanco do Iniciativa Liberal, a ex-administradora disse que a CEO da TAP lhe pediu para sair da empresa “numa reunião muito curta”, presencial, a 25 de janeiro de 2022, na qual lhe foi pedida confidencialidade. Nessa altura, a CEO terá transmitido a Alexandra Reis que o Governo estava de acordo.
A ex-administradora conta ainda no Parlamento que Christine Ourmières-Widener lhe disse claramente “quero que saias da empresa” e lhe explicou que queria distribuir os seus pelouros por outros membros da comissão executiva.
Um dia depois da conversa com a CEO, a 26 de janeiro de 2022, “acedi a essa solicitação, porque não queria de forma alguma criar um problema institucional no seio da comissão executiva da TAP”, realçou.
Por isso, Alexandra Reis diz não ter dúvidas que foi a vontade da CEO da TAP que levou à sua saída da companhia e que o então secretário de Estado Miguel Cruz ficou “muito surpreendido”.
Mas a ex-administradora diz ter dúvidas sobre os motivos que levaram à sua saída. “Entretanto li o relatório da IGF, onde li divergências irreconciliáveis, ontem [terça-feira] ouvi falar de organização, ouvi falar de perfil, por isso para mim não são claras as razões. O que posso dizer é que, relativamente à minha atuação na empresa, sempre tive uma relação cordial e de trabalho com todos os membros do Conselho de Administração e da Comissão Executiva, que me parece normal que haja algumas diferenças de opiniões sobre alguns assuntos, parece-me até salutar, […] sempre o fiz de forma muito construtiva”, salientou.
A ex-administradora da TAP, Alexandra Reis, uma das protagonistas da polémica indemnização de 500 mil euros, que se arrasta há três meses, fala pessoalmente pela primeira vez sobre o assunto, esta quarta-feira, durante a audição da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP.
Alexandra Reis foi chamada pela comissão de inquérito na qualidade de ex-administradora da TAP, ex-presidente do Conselho de Administração da NAV Portugal – Navegação Aérea, para onde transitou poucos meses depois de ter saído da companhia aérea, e como ex-secretária de Estado do Tesouro.
A Inspeção Geral de Finanças declarou nulo o acordo celebrado entre a TAP e Alexandra Reis e, por isso, o Governo pediu a restituição de grande parte do valor da indemnização (450.110,26 euros), que Alexandra Reis disse devolver “por vontade própria”, apesar de discordar das conclusões da IGF.
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