Bruxelas antecipa “descida ligeira” nos preços das casas
“Embora as taxas elevadas do crédito à habitação devam pesar ainda mais sobre a procura de habitação, espera-se que a oferta de habitação permaneça limitada na maioria dos países da UE", diz a CE.
A Comissão Europeia espera que os preços das casas desçam ligeiramente este ano. Nas Previsão de Verão, publicadas esta segunda-feira, o Executivo comunitário alerta, contudo, para as “variações persistentes entre países”.
Num relatório no qual revê em baixa o crescimento da zona euro e da União Europeia, a Comissão diz claramente que “os preços da habitação na UE deverão descer ligeiramente em termos nominais este ano, com variações persistentes entre países”.
“Embora as taxas elevadas do crédito à habitação devam pesar ainda mais sobre a procura de habitação, espera-se que a oferta de habitação permaneça limitada na maioria dos países da UE, o que limita o potencial de uma queda generalizada dos preços da habitação”, defende ainda a Comissão Europeia.
Esta limitação na oferta deve-se, ao facto de a “construção residencial ter caído nos últimos meses na maioria dos países da EU” e a Comissão “espera que diminua ainda mais, conforme sugerido pela diminuição das licenças de construção”.
O problema da habitação é transversal na Europa e por isso existem diversos instrumentos comunitários, desde logo o Plano de Recuperação e Resiliência para ajudar a combater o problema. Ainda assim, António Costa escreveu uma carta a Ursula Von der Leyen na qual pediu ajuda comunitária para solucionar o problema da falta de habitação.
Sem lhe responder diretamente ao pedido de Portugal para novas medidas, a porta-voz do executivo comunitário para os assuntos económicos e financeiros, Veerle Nuyts, disse apenas que “a Comissão Europeia está disponível para apoiar os Estados-membros nos seus esforços para proporcionar habitação a preços acessíveis, através de várias iniciativas e instrumentos de financiamento”.
Nomeadamente, a iniciativa de habitação a preços acessíveis, com apoio técnico para avançar com renovação para edifícios mais ecológicos, à qual acresce “uma vasta gama de financiamento” comunitário, como as verbas do PRR, no âmbito do qual existem projetos “para alojamento de estudantes a preços acessíveis, por exemplo, no plano português”, e os fundos de coesão.
Ainda em termos de mercado imobiliário, a Comissão sublinha que os bancos da zona euro esperam, no terceiro trimestre, “uma nova diminuição líquida da procura de empréstimos por parte das empresas e das famílias, mas em menor grau do que durante os trimestres anteriores”. Uma diminuição resultante da esperada “uma maior restritividade líquida dos critérios de concessão de empréstimos às empresas e às famílias, mas a um ritmo mais lento do que no segundo trimestre”.
Em conferência de imprensa, quando questionado sobre a crise da habitação em Portugal, Paolo Gentiloni assinalou que as anteriores previsões económicas, divulgadas em maio passado, já continham “a questão da habitação considerada entre as dificuldades”. “Isto é, penso eu, algo de que as autoridades [portuguesas] estão bem conscientes”, rematou o comissário europeu da Economia.
(Notícia atualizada às 11h20 com as declarações de Paolo Gentiloni sobre a habitação em Portugal)
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