Exclusivo Depois de Angola e BEM, Banco Montepio vende malparado de 230 milhões
Banco liderado por Pedro Leitão mantém limpeza interna. Depois de vender banco em Angola e o BEM, prepara agora a venda de uma carteira de crédito malparado avaliada em 230 milhões.
Pedro Leitão continua o trabalho de reestruturação do Banco Montepio. Depois de vender o negócio em Angola e a licença do banco de empresas, agora prepara-se para colocar no mercado uma carteira de crédito malparado e outros ativos problemáticos avaliada em cerca de 230 milhões de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.
O chamado “Projeto Côa” está a ser conduzido pela KPMG e contempla um portefólio com vários tipos de ativos, incluindo dívida going concern (60 milhões de euros relativos a créditos de empresas em risco), cash in court (50 milhões em depósitos de empresas falidas que se encontram em contas dos tribunais) e ainda dívida secured (75 milhões) unsecured (50 milhões de crédito em incumprimento sem garantias), segundo adiantou uma fonte do mercado ao ECO.
Contactado pelo ECO, o banco da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) não quis comentar a operação.
Ativos problemáticos abaixo de 5%
O Banco Montepio era até há pouco tempo um dos bancos em pior situação no sistema nacional no que dizia respeito à exposição a ativos de risco. Há dois anos, o grupo chegou mesmo a pensar numa solução que resolvesse o problema de forma estrutural, sob pressão do Banco de Portugal, através de uma operação de carve-out para transferir uma carteira de mil milhões de euros em ativos tóxicos para um veículo financeiro que contaria com investidores privados e a própria mutualista. A operação não saiu do papel e, desde então, a redução do malparado tem sido empreendida através sobretudo da alienação de portefólios de ativos mais pequenos.
Segundo revelou o banco nas suas contas semestrais, as exposições não produtivas (NPE, na sigla em inglês) totalizavam já os 531 milhões de euros no final de junho, traduzindo uma redução de 400 milhões de euros num ano. Neste período, o rácio de NPE baixou dos 7,5% para 4,5%, abaixo já do número “mágico” de 5%.
Centenas de saídas e vendas em Angola e do BEM
A limpeza do balanço tem sido uma das várias frentes de batalha da gestão de Pedro Leitão. Nos últimos anos, o Banco Montepio tem passado por uma profunda reestruturação com vista a tornar o banco rentável depois de anos de prejuízos.
Uma parte do plano ajustamento tem passado pela saída de pessoal e pela redução dos balcões: desde 2020 saíram 850 trabalhadores do banco através de um processo de rescisões por mútuo acordo e de reformas antecipadas e foram encerradas mais de 90 agências, segundo as contas do banco neste período.
Outra parte tem visado a reorganização e simplificação da estrutura: este ano o banco fechou a venda do Finibanco Angola aos nigerianos Access Bank e, mais recentemente, assinou a venda da licença bancária do Banco de Empresas Montepio (BEM) à fintech Rauva.
No caso da venda do banco angolano, a operação teve um impacto de 100 milhões de euros nas contas deste ano, com o banco a reportar um prejuízo de quase 50 milhões de euros – e um lucro recorrente de mais de 60 milhões. Já a venda do BEM poderá render cerca de 35 milhões.
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