Exclusivo Banco Montepio conclui reestruturação de pessoal com 650 saídas em três anos
Banco liderado por Pedro Leitão colocou um ponto final ao programa de ajustamento de quadros que iniciou há três anos e no âmbito do qual saíram 650 trabalhadores. Mais de 90 balcões foram encerrados.
Há três anos, o ECO noticiou em primeira mão que o Banco Montepio estava a preparar um plano de ajustamento de pessoal de larga escala, prevendo a saída de centenas de trabalhadores. Três anos depois, este processo terminou e as contas (ainda provisórias, mas praticamente fechadas) são estas: saíram 645 trabalhadores no âmbito do plano, dos quais 332 através de rescisões por mútuo acordo, 311 através de reformas antecipadas e dois por suspensão de prestação de trabalho.
Sobre estes números, que foram transmitidos pela administração e pelo departamento de recursos humanos numa reunião com a comissão de trabalhadores que teve lugar no final do mês passado, o banco não quis se pronunciar quando foi contactado esta semana pelo ECO.
Ainda assim, o número de saídas superou a meta mínima que estava prevista – o programa apontava para 600 e 900 saídas –, o que permitiu uma redução da massa salarial dentro das expectativas da comissão executiva liderada por Pedro Leitão, segundo a informação que a administradora Helena Soares de Moura transmitiu à comissão de trabalhadores durante esse encontro.
As contas do banco confirmam uma redução expressiva nos custos com o pessoal da banca comercial de retalho, que foi a área mais afetada pela redução dos quadros, neste período. Até junho deste ano, os encargos com os trabalhadores da área comercial de retalho ascenderam a cerca de 29 milhões de euros, de acordo com o relatório e contas do primeiro semestre, praticamente metade do que o banco gastou com a mesma rubrica nos primeiros seis meses de 2020 (56,7 milhões).
O Banco Montepio chegou ao final de junho com 3.119 trabalhadores, menos 843 trabalhadores do que em junho de 2020, o que representa uma redução de mais de 20% dos quadros no espaço de três anos. Isto significa que houve mais pessoal a sair fora do âmbito do programa de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas.
Segundo adiantou a comissão de trabalhadores liderada por João Figueiredo ao ECO, a comissão executiva não prevê que um plano tão abrangente se repita no futuro, mas “deixou claro que analisará situações pontuais para trabalhadores que pretendam sair por rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas”.
No mesmo período, a rede comercial foi reduzida em 92 agências, com o banco a explorar atualmente uma rede de 243 balcões.
Uma das queixas que a comissão de trabalhadores apresentou à administradora na reunião de setembro teve a ver com o facto de um número significativo de balcões estar atualmente a funcionar com um quadro de trabalhadores reduzido, devido ao programa de saídas que terminou agora. Da administradora obteve a garantia de que estaria para breve a regularização do quadro dos balcões com problemas.
Apesar de o ajustamento do quadro de pessoal do banco ter terminado, a reestruturação da instituição financeira da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) continua sob a batuta do CEO Pedro Leitão. O banco continua à procura da rota dos lucros sustentáveis. Até junho registou prejuízos de cerca de 50 milhões de euros, quando o resto do setor está a apresentar lucros expressivos à boleia da alta das taxas de juro. A venda do Finibanco Angola pressionou os resultados – sem essa operação, o lucro do Banco Montepio teria sido de 60 milhões.
A alienação da instituição angolana faz parte da estratégia de simplificação da estrutura do banco que também acabou de fechar a venda da licença bancária do BEM à fintech Rauva por 35 milhões de euros, enquanto prossegue a limpeza do balanço com a venda de carteiras de malparado, como deu conta o ECO há duas semanas.
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