DBRS prevê descida nos lucros dos bancos europeus no próximo ano
A agência de notação financeira canadiana acredita que os lucros dos bancos europeus continuem elevados no próximo ano, mas em níveis inferiores aos deste ano.
A DBRS Morningstar prevê que os lucros dos bancos europeus continuem elevados em 2024, ainda que abaixo dos níveis registados este ano, devido à pressão sobre as margens e o crescimento lento dos empréstimos, bem como a despesas mais altas e custos de financiamento mais elevados. É esperada também uma degradação da qualidade dos ativos, com maior incumprimento.
A agência de notação financeira canadiana justifica os aumento dos lucros dos bancos europeus durante o primeiro semestre de 2023 com o “salto significativo na margem financeira”, numa altura em que os custos do crédito permaneceram baixos. Segundo a DBRS, nos primeiros seis meses deste ano, os bancos viram a rendibilidade dos capitais próprios subir de 7,7% em 2022 para 11,1%.
“Esperamos que o ambiente de taxas de juro altas continue a suportar os resultados dos bancos em 2024, especialmente nos países onde os empréstimos ainda estão a ser revistos”, referem os analistas no European Banking Outlook for 2024. No entanto, a DBRS alerta para “vários ventos contrários” que podem penalizar estes resultados.
“Dada a recuperação gradual das taxas de depósito, mais bancos estão a indicar que foi atingido um pico para as margens de juro líquidas. Além disso, o crescimento dos empréstimos na Europa abrandou significativamente”, apontam. Por outro lado, os analistas realçam que o contexto das taxas de juro elevadas e o arrefecimento da economia “deverão resultar num aumento das perdas com empréstimos e dos custos do crédito”, num contexto em que a inflação “continua a fazer subir as despesas”.
Ao mesmo tempo, a DBRS nota que os fortes lucros da banca já levaram alguns governos europeus a tomarem medidas, nomeadamente sob a forma de impostos ou taxas adicionais. “Foi o caso de Espanha, Itália e Grécia e, mais recentemente, de Portugal e Países Baixos”, recordam. Por outro lado, em julho, o BCE reduziu a remuneração dos requisitos de reservas para 0%, o que subtrai a margem financeira dos bancos europeus em 6 mil milhões de euros por ano.
A agência de notação financeira canadiana nota ainda que à exceção dos países onde os empréstimos têm maioritariamente taxas variável, como é o caso de Portugal e Grécia, “na maioria os empréstimos dos países ainda estão a ser revistos, o que deverá apoiar a margem financeira líquida média em 2024”.
Quanto à evolução da concessão de crédito, os analistas adiantam que “dadas as perspetivas económicas ainda fracas para 2024” não antecipam que “o crescimento dos empréstimos contribua para o rendimento líquido de investimento”.
“O rápido e grande aumento das taxas de juros afastou muitos compradores do mercado hipotecário” e isto “refletiu-se na queda significativa” deste segmento, contudo, as descidas dos preços combinadas com os aumentos salariais “poderão levar a uma recuperação dos empréstimos ao longo de 2024, se as taxas a longo prazo não aumentarem ainda mais”, lê-se.
Por outro lado, os analistas notam que “muitos bancos europeus têm vindo a implementar medidas de eficiência de custos, que têm ajudado a diminuir o impacto da inflação”. Apesar de a inflação “estar a diminuir gradualmente na Europa”, “os salários tendem a atrasar-se em relação à inflação”, pelo que antecipam que “as despesas com pessoal façam subir as despesas em 2024”.
A DBRS antecipa ainda que “a qualidade dos ativos se deteriore gradualmente num contexto de taxas de juro mais elevadas e de debilidade na maioria das economias europeias, com o impacto a tornar-se mais visível nos empréstimos às empresas, uma vez que estas têm cada vez mais dificuldade em repassar custos mais elevados aos clientes num ambiente de fraca procura”. “As famílias também podem sofrer stress em países onde os empréstimos de taxa variável são comuns”, como é o caso de Portugal.
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