Abanca compra Eurobic a dar lucro recorde
Banco de Isabel dos Santos, Fernando Telles e companhia lucrou 75,8 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um resultado que supera o melhor ano de sempre.
A caminho de se tornar galego, o Eurobic vai fechar o ano com lucros recorde. Pelo menos é o que mostram os resultados dos primeiros nove meses do ano: 75,8 milhões de euros, mais 180% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com as demonstrações financeiras relativas a setembro. Este desempenho supera já o melhor ano de sempre da instituição financeira que Isabel dos Santos, Fernando Telles e companhia acabaram de vender ao Abanca por cerca de 300 milhões.
Em linha com o que se passa nos outros bancos, a subida das taxas de juro ajudou a dar lustro aos resultados da instituição liderada por José Azevedo Pereira. A margem financeira, que corresponde à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos, registou um disparo de 138% para 188,8 milhões de euros entre janeiro e setembro.
Há cerca de um mês, após apresentar os resultados do primeiro semestre, a administração justificou ao ECO que o bom desempenho do Eurobic em 2023 se devia às “condições gerais de mercado transversais a todo o setor bancário”, isto é, escalada das taxas de juro, mas também à “estratégia de asset-liability management” (gestão dos ativos e passivos) que foi implementada pelo banco.
Fundado em 2008, o antigo Bic teve até agora o melhor ano em 2019, antes de rebentar a polémica do Luanda Leaks, quando o lucro ascendeu a 61,1 milhões de euros. O resultado até setembro “pulveriza” este recorde, sendo que poderá mesmo atingir os três dígitos no total do ano, isto apesar do tom de prudência do banco sobre este tema.
Eurobic a caminho de lucro histórico
Fonte: Eurobic; Resultado de 2023 relativo aos primeiros nove meses do ano.
Negócio “ainda em fase embrionária”, dizem os sindicatos
Em meados deste mês, o Abanca anunciou um acordo para a compra de 100% do Eurobic por uma cifra não divulgada, mas que rondará os 300 milhões de euros – um valor que corresponderá a cerca de 45% dos capitais próprios que banco português tinha no final de setembro.
Para o banco com sede em Santiago de Compostela, a aquisição do Eurobic permitirá triplicar a sua presença no mercado português, tornando-se no oitavo maior em Portugal, com mais de 300 mil clientes, quase 250 agências e cerca de 18,5 mil milhões de euros de volume de negócios — 12 mil milhões dos quais vêm do Eurobic.
Esta quinta-feira, os sindicatos do setor disseram que o negócio ainda está “em fase embrionária”, segundo a informação que lhes foi transmitida numa reunião tida esta semana com o Eurobic para negociar algumas cláusulas do contrato dos trabalhadores.
“O Eurobic transmitiu aos sindicatos que até ao momento a informação é muito escassa, resumindo-se ao que foi tornado público nos meios de comunicação social”, relataram o Mais Sindicato, o Sindicato dos Bancários do Norte e o Sindicato dos Bancários do Centro.
De acordo com o Abanca, o acordo aguarda autorização formal dos reguladores, nomeadamente do Banco de Portugal e Banco Central Europeu (BCE), que poderá surgir ainda no primeiro semestre do próximo ano.
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