BCP regressa hoje à “montra de luxo” da bolsa europeia

Banco volta a integrar o índice de referência europeu Stoxx 600 a partir desta segunda-feira. "É uma montra de luxo" e vai ter "impacto imediato" nas ações, adiantam os analistas ouvidos pelo ECO.

Apresentação dos resultados do 1S 2023 do Millennium BCP - 27JUL23
CEO do BCP, Miguel Maya, durante a apresentação dos resultados do banco.Hugo Amaral/ECO

“É como se entrasse numa montra de luxo”, atira Carla Maia Santos, analista de mercados da Forste, sobre o regresso do BCP ao índice Stoxx 600.

O banco liderado por Miguel Maya volta esta segunda-feira ao grande palco da bolsa europeia, depois de quatro anos de ausência. A reentrada será positiva para o título que já duplicou de valor este ano, de acordo com os analistas ouvidos pelo ECO.

Permitirá ao BCP BCP 1,48% entrar no radar de um maior grupo de investidores, particulares e institucionais, enquanto passa a fazer parte de produtos de gestão passiva que replicam os índices, os ETFs, ou em fundos de índices.

“Qualquer produto que esteja numa montra tem mais probabilidade de ser comprado porque tem mais visibilidade, do que o produto que está guardado dentro da loja”, acrescenta a responsável da Forste.

O impacto inicial para as ações do banco deverá ser “imediato”, completa Henrique Tomé, analista da XTB Portugal.

Não só “os fundos com exposição ao Euro Stoxx são obrigados a comprar também ações do BCP”, mas o banco também vai beneficiar do facto de “deixar de ficar limitado ao mercado nacional, passando a ser cotado numa bolsa de valores muito maior”, frisa o analista.

O que torna Stoxx Europe 600 relevante para a carteira de um investidor? Permite uma exposição às principais economias europeias, incluindo Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Suíça e Espanha, e uma alocação diversificada no que diz respeito a indústrias e à dimensão das empresas, desde grandes companhias a mid e small-caps.

BCP sobe 100% em 2023

Margem para subir após valorização de 100%?

No Stoxx 600, o BCP irá encontrar a EDP, a Galp e a Jerónimo Martins, embora com pesos diferentes em função do seu valor em bolsa. O banco irá ter um peso de 0,03% no índice de referência, que compara com os 0,11% da elétrica, 0,07% da petrolífera e 0,05% da retalhista. A cotada com maior peso é a Nestlé: 3%.

O regresso do BCP surge depois de ter duplicado o seu valor em bolsa este ano, à boleia da subida das taxas de juro e dos bons resultados (ainda que as notícias vindas da Polónia continuem a pesar no título). Até setembro, lucrou 650,7 milhões, sete vezes mais do que no mesmo período de 2022, e prepara o maior dividendo em muito tempo.

A ação fechou a última sessão nos 0,2808 euros, o que confere à instituição financeira uma capitalização bolsista de 4,3 mil milhões de euros na passada sexta-feira.

Pode continuar a subir? “Apesar das fortes valorizações registadas este ano, há espaço para novas subidas”, refere Henrique Tomé.

Enquanto os bancos espanhóis negoceiam quase sem desconto em relação ao seu valor contabilístico, o BCP transaciona a 74% do seu book value. Se a reentrada no Stoxx 600 pode ajudar a diminuir o gap, há mais fatores.

É preciso “perceber se a manutenção de taxas de juro altas poderá levar a incumprimentos no pagamento dos créditos, que coloquem o setor bancário em xeque”, responde Carla Maia Santos sobre o potencial de valorização do único banco português cotado em bolsa.

“O melhor cenário para o BCP será um equilíbrio entre taxas de juro altas e capacidade de cumprimento por parte dos clientes, sem se entrar em recessão e a manutenção na montra de ações Stoxx 600”, atira.

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