Lone Star muda sede da holding que controla Novobanco para o Luxemburgo
Acionista americano transferiu a sede da Nani Holdings, veículo que controla 75% do Novobanco, de Lisboa para o Luxemburgo na última semana, quando se prepara para vender a sua posição no banco.
O fundo americano Lone Star transferiu a sede da Nani Holdings, veículo que controla 75% do Novobanco, de Lisboa para o Luxemburgo na última semana, isto quando se prepara para vender a sua posição no banco português pela qual pagou 1.000 milhões de euros há seis anos.
Oficialmente, o fundo não faz comentários, nomeadamente sobre se mudança da sede da holding do Parque das Nações para a localidade luxemburguesa de Bertrange tem a ver com o processo de venda do Novobanco em curso. Mas de acordo com as informações recolhidas pelo ECO, a transferência estará relacionada com o movimento de concentração das várias operações europeias da Lone Star na entidade luxemburguesa, onde todas as contas são consolidadas.
Por outro lado, apesar de se instalar no Luxemburgo, nada irá mudar na relação do acionista americano com o Novobanco, e também não terá implicações ao nível da supervisão e reporte junto dos reguladores – é a própria holding que está sob supervisão do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu (BCE).
Foi através da Nani Holdings que a Lone Star adquiriu a participação de 75% no Novobanco em outubro de 2017, a troco de uma injeção de 1.000 milhões de euros na instituição financeira, tendo sido negociado na altura o mecanismo de capital contingente no valor de 3,89 mil milhões para proteger o banco das perdas relacionadas com um conjunto de ativos tóxicos herdados do BES. Com validade até 2026, este mecanismo já injetou 3,4 mil milhões na instituição financeira, havendo ainda várias disputas que podem aumentar a fatura final.
Concluída a reestruturação, e numa altura em que a subida dos juros está a catapultar os resultados e as avaliações do setor, os americanos preparam-se para desinvestir. O CEO do Novobanco, o irlandês Mark Bourke, continua a dizer que está a preparar o banco para uma eventual ida para a bolsa (IPO), tendo já viajado para as principais praças financeiras para sondar o apetite dos investidores, mas as notícias de Espanha insistem que a Lone Star está a negociar uma venda direta com o CaixaBank, havendo outros cenários em aberto, incluindo uma fusão com o BCP.
Além da Lone Star, entre os acionistas do Novobanco estão ainda o próprio Fundo de Resolução, com uma participação de cerca de 13%, e ainda o Ministério das Finanças, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, que soma atualmente uma posição 12% por conta da conversão dos ativos por impostos diferidos (DTA).
Nos nove primeiros meses do ano, o Novobanco registou lucros recorde de 640 milhões de euros, uma subida de quase 50% em relação ao mesmo período de 2022, com o resultado a ser impulsionado pela margem financeira, que quase duplicou para 831,2 milhões de euros.
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