Sem investimento na Manutenção no Brasil “não havia TAP”, diz Lacerda Machado

Deputados teceram críticas ao negócio no Brasil em que o antigo administrador da companhia aérea participou. Lacerda Machado diz que foi essencial para a sobrevivência da TAP.

Diogo Lacerda Machado defendeu esta terça-feira no Parlamento a compra do negócio de manutenção e engenharia da Varig que provou perdas acumuladas de cerca de mil milhões de euros para a TAP. “Se não houvesse investimento no Brasil não havia TAP”, afirmou o antigo administrador não executivo.

“Eu acho que o investimento feito no Brasil é aquilo que permite que a TAP ainda exista. Acho que é o melhor investimento que a TAP fez em 50 anos”, afirmou Diogo Lacerda Machado aos deputados da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

A companhia aérea portuguesa concretizou a compra da Varig Manutenção & Engenheria (VEM) em 2007, num negócio impulsionado pelo antigo presidente executivo Fernando Pinto. Tal como já tinha feito no passado, Diogo Lacerda Machado defendeu o negócio no qual esteve envolvido. Era administrador da Geocapital, o veículo financeiro do empresário Stanley Ho que comprou a VEM e a revendeu depois à TAP.

“Foi o investimento no Brasil que abriu o Brasil para a TAP, que construiu o hub de Lisboa, que não existia sem o Brasil”, argumentou. “Alavancou uma receita não inferior a 12 mil milhões de euros nos 15 anos seguintes. Se não houvesse investimento no Brasil não havia TAP”, reiterou, acrescentando que a transportadora portuguesa tem uma “quota anormal” naquele mercado, sendo de longe a maior companhia a ligar o país à Europa.

Bruno Dias, deputado do PCP, lembrou que a VEM, rebatizada para TAP ME Brasil e desde final de 2021 em liquidação, nunca teve lucros, acumulando mesmo 2,25 mil milhões de reais de resultados líquidos negativos desde que foi comprada pela companhia aérea portuguesa. Filipe Melo, do Chega, também considerou o negócio “ruinoso para a TAP”.

Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, assinalou que a TAP já contabilizou perdas de cerca de mil milhões com o negócio da manutenção no Brasil. O deputado considerou um “exercício de fé” dizer que a TAP teria deixado de ter receitas de 12 mil milhões se não fosse a compra da VEM. Não sabendo “as margens com que a TAP estava a voar para o Brasil, não sabemos ao certo o lucro perdido. A verdade é que fechou a VEM com mil milhões de imparidades”, argumentou.

Diz-nos que a TAP nunca teria estas rotas. Acho estranho porque há outras companhias aéreas que voam para o Brasil sem terem feito este investimento e sem terem estas perdas”, disse também Carlos Guimarães Pinto.

Diogo Lacerda Machado contrapôs que naqueles anos não se podia abrir novas rotas para o Brasil porque o país não deixava. Segundo o antigo administrador executivo, foi a compra da VEM que permitiu abrir o mercado à TAP, que beneficiou ainda do fecho da Varig, deixando o Brasil com um “problema de conectividade” à Europa. “A TAP preencheu uma finalidade relevante nessa altura para economia brasileira”, disse.

O antigo administrador foi ainda questionado por ter estado no negócio como vendedor antes de entrar para o conselho de administração da TAP uns anos depois. Carlos Guimarães perguntou se não considerava existir um conflito de interesses por “tendo estado do lado vendedor do pior negócio feito pela TAP, passou a administrador das perdas avultadas de uma compra da qual foi responsável”.

Lacerda Machado mostrou concordância com a decisão de Fernando Pinto, que tinha sido CEO da Varig. “Eu fui apenas o financiador, achando que fazia sentido”, respondeu.

Jurista, amigo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado liderou a negociação que resultou na reversão parcial da privatização da transportadora aérea, permitindo à Parpública ficar com 50% dos direitos de voto, com a Atlantic Gateway a baixar a participação dos 61% para os 45%. Foi na sequência da recompra das ações pelo Estado, em 2017, que Lacerda Machado entrou para a administração, saindo em abril de 2021. É atualmente diretor da Geocapital, do empresário Stanley Ho, e da Mystic Invest, uma holding de investimentos no turismo.

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Público e Trust In News estabelecem parceria editorial e comercial no digital

  • Lusa
  • 9 Maio 2023

A publicidade digital da Visão, Caras, Exame, entre outras vai ser comercializada pelo Público. Há também uma parceria editorial para a promoção de conteúdos.

O Público e a Trust in News (TIN), dona das revistas Visão, Caras, Exame, entre outras, anunciaram hoje uma parceria editorial e comercial para o digital, que arranca em 01 de junho. A parceria acordada entre os dois grupos, que “partilham os valores da credibilidade, da isenção e do rigor, traduz-se na exploração dos espaços publicitários digitais das marcas TIN pela equipa comercial do Público”, segundo as empresas.

A TIN tem as marcas Visão, Visão Saúde, Visão Júnior, Caras, Exame, Jornal de Letras, Exame informática, Activa, A Nossa Prima e Holofote, entre outras.

O acordo vai permitir aos anunciantes “amplificar a sua comunicação digital, e marcar presença em várias marcas com diferentes targets, já a comercialização de print, eventos e outras ações especiais, branded content em ‘print‘ e digital e newsletters será mantida, separadamente, por cada um dos parceiros”, referem.

No âmbito deste acordo, o Público e a TIN estabelecem ainda uma “parceria editorial”, que se traduz na promoção de conteúdos digitais selecionados, produzidos pelas respetivas marcas, nos ‘sites’ e ‘apps’ do parceiro.

Esta partilha “permite amplificar o alcance dos artigos digitais dos dois grupos e chegar a públicos-alvo distintos, mas igualmente comprometidos com a informação de qualidade“.

Vista como uma oportunidade de crescimento para ambas as partes, a parceria tem início em 01 de junho de 2023.

De acordo com o presidente executivo (CEO) da Trust in News, Luís Delgado, esta “é uma parceria inovadora, no tempo certo, e que soma credibilidade”. “Tem tudo para ser excelente para os leitores e consumidores de Informação séria e confiável”, remata Luís Delgado.

Para Cristina Soares, administradora do Público, esta parceria representa “mais um passo na estratégia de diversificação de receita” do jornal. “Esta é uma parceria que junta duas marcas credíveis, independentes, focadas na sustentabilidade como forma de aumentar o alcance e a qualidade do jornalismo que produzem“, conclui a gestora.

Fundada em 2018, a TIN é detida a 100% por Luís Delgado e é a maior da área do Publishing em Portugal, com 16 marcas de informação em papel e digital.

O Público foi fundado em 1990, por Belmiro de Azevedo e é detido a 100% pela Sonaecom, SGPS.

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Vodafone patrocina Primavera Sound

A Vodafone é a nova patrocinadora e parceira tecnológica do Primavera Sound, festival que até ao último ano tinha a Nos como naming sponsor.

A Vodafone é a nova patrocinadora e parceira tecnológica do Primavera Sound, festival que até ao último ano tinha a Nos como naming sponsor.

A Vodafone torna-se então a operadora oficial do festival, responsável pelas comunicações móveis e fixas no recinto. Passa também a dar nome ao palco, adianta a operadora em comunicado. New Order, NxWorries (Anderson. Paak & Knxwledge), Fred Again e The Comet Is Coming são alguns dos nomes que vão passar pelo festival, que decorre de 7 a 10 de junho no Parque da Cidade, mais um dia do que nas edições anteriores.

“É um festival unificador: junta públicos distintos num único espaço para celebrar o melhor que a música nos dá. A sua essência e os seus valores dizem-nos muito enquanto marca“, começa por dizer Leonor Dias, diretora de marca da Vodafone Portugal. “Por esta razão, a Vodafone associa-se à celebração das dez primaveras deste emblemático festival do Porto, que tem uma relevância fundamental para a cidade e para os portuenses. Enquanto patrocinador e rede oficial do festival, queremos ser parte ativa e continuar a levar – e a elevar – a magia da música ao Parque da Cidade”, prossegue no mesmo comunicado.

Esta aposta reforça a ligação da operadora à música, “mas também a sua associação a grandes eventos do setor que decorrem a Norte de Portugal, região em que a Vodafone tem uma forte base de clientes desde o início da sua atividade”, prossegue a Vodafone. A marca, recorde-se, dá nome ao Vodafone Paredes de Coura, festival que acontece no Alto Minho.

“A ligação a uma marca internacional como a Vodafone reflete a essência do Universo Primavera Sound, que desde a sua primeira edição espelha multiculturalidade e inovação. A história da presença da Vodafone na arte é longa e harmoniosa, o respeito e o cuidado apresentado são uma clara evidência de que a marca Vodafone é o parceiro certo para acompanhar o crescimento do Primavera Sound Porto”, acrescenta José Barreiro, diretor do Primavera Sound Porto.

Em junho de 2022, quando foram anunciadas as datas da edição deste ano, tornou-se público que a parceria com a Nos tinha terminado. “Após nove edições plenas de emoções fortes, a Nos não será o naming sponsor do Primavera Sound na edição de 2023. A Nos esteve presente desde a primeira edição e terá sempre um carinho muito grande pelo festival e por tudo o que, em conjunto com o Promotor, se construiu, contribuindo para levar a força e a magia da música a milhares de pessoas que passaram pelo Parque da Cidade nestes anos”, afirmava fonte oficial da Nos ao Eco, confirmando a saída do Primavera Sound.

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Novo líder da AdC quer mitigar inflação com mais concorrência, mas afasta efeito “imediato”

À semelhança da antecessora, Nuno Cunha Rodrigues, novo presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), acredita ter influência nas dinâmicas da inflação. Mas rejeita poder ter impacto imediato.

O novo presidente da Autoridade da Concorrência (AdC) tem “refletido e procurado trabalhar no papel que a política de concorrência pode ter no combate à inflação”. Em simultâneo, entende ser necessário reforçar a cooperação entre reguladores no âmbito da defesa da concorrência e das “modernas preocupações regulatórias comuns”, como as responsabilidades ESG (ambiental, social e de boas práticas de governo) das empresas.

Intervindo num evento em Lisboa, Nuno Cunha Rodrigues considerou que “uma política de concorrência clara pode afetar as políticas económicas e as dinâmicas da inflação”. Mas rematou que uma entidade como a AdC não tem “como objetivo primário procurar soluções que atenuem de imediato” o efeito de subida dos preços nas famílias.

O presidente da AdC, que assumiu funções em março, falava no 1.º Encontro das Entidades Reguladoras Portuguesas, que decorre esta terça e quarta-feira na Fundação Oriente, em Lisboa, uma iniciativa organizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). Perante uma plateia com membros dos reguladores e agentes económicos, o responsável apelou também à “cooperação” regulatória na “aplicação das regras da concorrência”, um papel “presente nos estatutos de todas as entidades reguladoras”, disse. Defendeu ainda que “a marca particular” que une todos os reguladores portugueses “é a independência face ao Governo”.

No contexto do ambiente inflacionista que se vive em Portugal, Nuno Cunha Rodrigues destacou as “recentes recomendações” da AdC relativas às cadeias de valor dos bens de consumo, publicadas já depois de ter assumido a função de presidente. Como tal, insistiu para que todos os stakeholders “revejam periodicamente a sua atuação comercial de forma a evitarem comportamentos que violem o direito da concorrência”. E defendeu que “todas as empresas da cadeia de valor devem tomar decisões de mercado de modo autónomo sem partilhar informação com os seus concorrentes”.

Depois, Nuno Cunha Rodrigues enalteceu ser “fundamental assegurar que os trabalhadores não são privados das oportunidades que um mercado de trabalho aberto pode oferecer”. Este ponto tem ganhado “especial preponderância” e levou a AdC a realizar “trabalhos pioneiros para garantir mercados de trabalho abertos”, avançou o líder da entidade.

Por fim, na mesma ocasião, o presidente do regulador da concorrência garantiu que o combate ao conluio na contratação pública vai continuar a ser uma prioridade, porque 14% a 18% do PIB de cada Estado-membro da União Europeia é despendido em contratação pública, segundo dados citados pelo próprio. O que leva a que as práticas anticoncorrenciais sejam “particularmente lesivas dos dinheiros públicos”, explicou.

Em janeiro, a anterior presidente da AdC, Margarida Matos Rosa, disse num evento da OCDE que “a política de concorrência pode ajudar a lidar com a alta da inflação no longo prazo”. “Na verdade, [a política de concorrência] é uma ferramenta muito poderosa, embora não tenha como objetivo enfrentar a inflação crescente no curto prazo. Isso é para a política monetária”, defendeu a antecessora de Nuno Cunha Rodrigues.

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Parlamento Europeu vai votar com urgência mecanismo para aumentar produção de munições

  • Lusa
  • 9 Maio 2023

Os eurodeputados aprovaram o avanço no processo de deliberação do Mecanismo de Apoio à Produção de Munições com 518 votos favoráveis, 59 contra e 31 abstenções.

O Parlamento Europeu (PE) decidiu esta terça-feira que vai deliberar com urgência uma proposta da Comissão Europeia que vai possibilitar a utilização do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para investir na indústria de produção de munições.

Os eurodeputados aprovaram o avanço no processo de deliberação do Mecanismo de Apoio à Produção de Munições (Act in Support of Ammunition Production, ASAP) com 518 votos favoráveis, 59 contra e 31 abstenções.

Deste modo, o PE vai poder deliberar sobre a proposta na próxima sessão plenária, entre 31 de maio e 01 de junho, em Bruxelas, e os eurodeputados em princípio poderão votá-la em julho.

O ASAP foi apresentado pela Comissão Europeia em 3 de maio e propõe disponibilizar imediatamente 500 milhões de euros para modernizar as fábricas que produzem munições de artilharia que já existem nos Estados-membros. O mecanismo vai também possibilitar, pela primeira vez, a utilização de fundos do PRR e de coesão para investir neste setor.

A proposta de Bruxelas faz parte de um esforço conjunto dos Estados-membros para assegurar o fornecimento de munições à Ucrânia, que está há mais de um ano a tentar repelir uma invasão da Rússia. Em simultâneo, os 27 do bloco comunitário estão a trabalhar na compra conjunta de munições de 155 milímetros – são as utilizadas pela artilharia ucraniana – e a entrega de um milhão de munições nos próximos 12 meses.

Para isso, a União Europeia (UE) já disponibilizou mais de mil milhões de euros do Fundo Europeu para a Paz. A estratégia da UE surge na sequência da invasão militar iniciada pela Federação Russa no dia 24 de fevereiro do ano passado que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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“Principal beneficiário” dos fundos da Airbus para a TAP foi o Estado, diz Lacerda Machado

Antigo administrador deixou críticas à venda da TAP pelo Governo do PSD, mas rasgados elogios aos compradores, os empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa.

Diogo Lacerda Machado, antigo administrador não executivo da TAP, considera que os “contribuintes” foram os maiores beneficiários com a compra de 53 aviões, negociada por David Neeleman com a Airbus, já que o Estado recuperou depois o controlo de uma companhia que em vez de 10 milhões valia mil milhões, sem pagar nada.

O antigo administrador foi questionado na audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação do Parlamento sobre o negócio feito pelo empresário americano e antigo acionista da TAP, pelo qual recebeu 226 milhões de dólares que usou para capitalizar a companhia aérea na privatização de 61% do capital em 2015.

“Aquela negociação virou a mesa do jogo. O principal beneficiário daquele dinheiro foi o Estado, que recuperou o controlo sem pagar nada e viu a TAP passar de 10 milhões para mil milhões”, afirmou Lacerda Machado, referindo-se ao valor pago pela Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, pelas ações da TAP na privatização de 2015 e uma potencial avaliação atual da companhia.

“O maior beneficiário daquela negociação, feita num período de agonia para a TAP, foi o Estado, foram os contribuintes, foram os portugueses”, afirmou. O antigo administrador elogiou o negócio da compra dos 53 aviões, argumentando que “permitiu à TAP transformar-se”, tornando-se numa empresa apetecível. “Em 2020 o cortejo à volta dela e a vontade de comprar era enorme”, afirmou.

Quando negociou com a Airbus o contrato de compra dos 53 aviões, David Neeleman desistiu de um outro para a aquisição de 13 A350. O jurista defendeu a “racionalidade técnica, económica e financeira” da decisão. Explicou que a proposta partiu da Airbus, porque não conseguia entregar aeronaves A330 que a TAP encomendara. Entretanto, devido às dificuldades financeiras, a companhia estava na iminência de falhar o pagamento e perder 40 milhões já pagos. Além disso, “os A350 foram pensados para voar para o Oriente quando a TAP se virou para ocidente e o Atlântico que é o espaço natural onde ainda pode continuar a ser muito relevate”, defendeu.

Diogo Lacerda Machado aproveitou a intervenção inicial na audição para deixar críticas ao processo de privatização da TAP, assinado em novembro de 2015, dois dias depois do chumbo do programa do segundo Governo de Pedro Passos Coelho.

O antigo administrador da TAP considerou a venda de 61% à Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, um “caso flagrante de ajudas de Estado”, tendo em conta a “carta de conforto ou fiança” passada pelo Governo que colocou o “Estado a cobrir o risco de novos donos e a responder de forma ilimitada” pelas dívidas da companhia à banca.

O jurista e amigo de António Costa assinalou que a venda foi feita “contra a vontade de dois terços dos deputados” na Assembleia da República e foi feita pelo “preço aviltado de dez milhões”.

“Não é preciso a ideologia. Basta a aritmética mais simples para perceber quão injusta e desadequada era essa transação”, afirmou Diogo Lacerda Machado sobre a privatização da TAP no final de 2015, realizada pelo segundo Governo de Passos Coelho.

O antigo administrador executivo deixou, no entanto, rasgados elogios aos privados que compraram o capital da companhia, dizendo que foi um gosto “ter sido colega de empresários notáveis como David Neeleman e Humberto Pedrosa, com obra notável no setor dos transportes”. Defendeu ainda o apoio de 3,2 mil milhões de euros do Estado, sem o qual a companhia não teria sobrevivido, sustentando que ela foi inferior ao da média de outras companhias considerando vários indicadores, que no entanto não precisou.

Jurista, amigo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado liderou a negociação que resultou na reversão parcial da privatização da transportadora aérea, permitindo à Parpública ficar com 50% dos direitos de voto, com a Atlantic Gateway a baixar a participação dos 61% para os 45%. Foi na sequência da recompra das ações pelo Estado, em 2017, que Lacerda Machado entrou para a administração, saindo em abril de 2021. É atualmente diretor da Geocapital, do empresário Stanley Ho, e da Mystic Invest, uma holding de investimentos no turismo.

Sobre a reversão da privatização, negociada a partir de 2016, confidenciou que a primeira reunião do Governo com David Neeleman e Humberto Pedrosa foi “muito má”, com estes a oporem-se à intenção de Executivo. Acabariam por ceder.

(notícia atualizada às 17h)

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A importância dos Fundos Europeus para empresas mais sustentáveis

  • ECO
  • 9 Maio 2023

O Município de Chaves e o Santander Portugal promovem conferência sobre a importância dos Fundos Europeus para empresas mais sustentáveis, no dia 10 de maio, no Auditório do Centro Cultural de Chaves.

A conferência A Importância dos Fundos Europeus para Empresas mais Sustentáveis, é uma iniciativa promovida numa parceria entre o Município de Chaves e o Santander Portugal e tem lugar dia 10 de maio, pelas 14h30, no Auditório do Centro Cultural de Chaves. Esta conferência, para além de se centrar no debate dos Fundos Europeus e na sua importância para o tecido empresarial, insere-se numa estratégia que visa o reforço de proximidade regional, assim como a partilha da visão económica e política territorial, com os olhos postos no desenvolvimento da região.

"Para prosseguirmos o caminho do crescimento mais sustentável e do desenvolvimento económico, teremos de continuar a aplicar os fundos europeus com eficácia, de forma a mantermos o rumo da diferenciação dos nossos produtos e da sua internacionalização. Por outro lado, acreditamos que essa evolução só será possível com mais políticas públicas direcionadas para a convergência europeia, que permitam potenciar a nossa competitividade, sustentada, em larga medida, na aposta nas novas TIC, na qualificação dos recursos humanos e na contratação técnica especializada. Para que tal tenha êxito, será necessário contar com capital humano e empresários motivados, tão necessários para acompanhar o ritmo cada vez mais acelerado e exigente dos novos desafios, aplicados sobretudo às PME’s e que, no final, contribuam para a promoção de um tecido económico mais forte e uma economia mais harmoniosa.”

Nuno Vaz, Presidente da Câmara Municipal de Chaves

Na conferência serão abordados e debatidos temas relevantes e decisivos para as empresas como os desafios de uma economia mais aberta ao exterior, a importância do PRR e PT 2030, o apoio às empresas no Corredor Ibérico, assim como importância das políticas ESG para uma transição mais sustentável.

"O Santander está fortemente comprometido com o desenvolvimento das empresas e da sociedade portuguesa, apoiando um crescimento inclusivo e sustentável. Estamos presentes em todas as regiões do país e, para nós, é fundamental marcar presença nestes eventos onde escolhemos estar próximos dos nossos clientes, ajudando a identificar as melhores soluções para dar resposta às necessidades das empresas. Este evento visa abordar temas de extrema importância com destaque para os Fundos Europeus, nomeadamente o PRR e o PT2030, que representam uma oportunidade única para promover o desenvolvimento da região e do seu tecido empresarial. A internacionalização e a descarbonização da economia portuguesa são igualmente temas fundamentais para promover a sustentabilidade e o crescimento da economia portuguesa como um todo. O Santander quer ter um papel fundamental no caminho para o Net Zero e na mudança de comportamento dos seus clientes. Apoiamos as empresas na fundamental transição energética que devem realizar, sabendo que a transição para uma economia verde é fundamental para a sustentabilidade da economia regional e nacional. Neste contexto de vital transformação e desenvolvimento da economia portuguesa, o Santander reafirma que está ao lado das empresas a apoiar a atividade corrente e a ajudar a concretizar as boas oportunidades de investimento. Colocamos ao dispor das empresas todo o nosso conhecimento e uma potente rede de contactos fruto da nossa forte presença internacional. Somos um parceiro financeiro com atributos únicos para promover o investimento e contribuir para o desenvolvimento da região e da economia portuguesa.”

Miguel Belo de Carvalho, Administrador Executivo do Santander Portugal

 

A conferência conta com a presença de Nuno Vaz, presidente da Câmara Municipal de Chaves; Bruno Fernandes, economista do Santander Portugal; Vítor Ribeiro, CFO da Anteros Empreitadas S.A.; Patrícia Madeira, responsável da Área de Estratégia de Empresas do Santander Portugal; Filomena Dias, diretora de Sistemas de Incentivos da Forgesp; Helena Lampreia, head international desk do Santander Portugal; David Suarez, diretor comercial do Santander Espanha; Diogo Reis, coordenador de serviços PME’s da EDP; Cristina Melo Antunes, responsável de negócio ESG Green Finance do Santander Portugal e Paulo Natal, head of retail & remote banking do Santander Portugal.

PROGRAMA

14h30 | Receção aos participantes

15h00 | Abertura

Nuno Vaz, Presidente da Câmara de Chaves

15h10 | Enquadramento macroeconómico: Desafios de uma economia mais aberta ao exterior.

Bruno Fernandes, Economista, Santander Portugal

15h25 | Fundos Europeus: PRR e PT 2030

Patrícia Madeira, Head of Strategy Office – Corporate & SMEs, Santander Portugal

Vítor Ribeiro, CFO, Anteros Empreitadas S.A.

Filomena Dias, Diretora de Sistemas de Incentivos, Forgesp

Moderação: António Larguesa, ECO

16h00 | Conversa com Sentido: como apoiar as empresas no Corredor Ibérico

Helena Lampreia, Head International Desk, Santander Portugal

David Suarez, Diretor Comercial, Santander Espanha

16h15 | A importância das políticas ESG para uma transição mais sustentável

Cristina Melo Antunes, Responsável de Negócio ESG Green Finance, Santander Portugal

Diogo Reis, Coordenador de Serviços PME’s, EDP

16h30 | Encerramento

Paulo Natal, Head of Retail & Remote Banking, Santander Portugal

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Antiga Gran Cruz compra quinta na região dos vinhos verdes

Granvinhos aposta na região dos vinhos verdes com aquisição da Quinta de S. Salvador da Torre. No Douro está a construir uma nova adega com capacidade para vinificar mais de 8.000 toneladas de uva.

Depois do processo de fusão e da nova denominação adotada pelo antigo grupo Gran Cruz, a Granvinhos vem agora anunciar o alargamento da sua atuação e presença noutras regiões vinícolas do país, com a aquisição da Quinta de S. Salvador da Torre, com um total de 37 hectares na região dos Vinhos Verdes. Na calha está igualmente a construção de uma adega na Quinta do Cedro (Peso da Régua), com capacidade para vinificar mais de 8.000 toneladas de uva.

“Acredito no futuro do Vinho Verde, e em particular das castas alvarinho e loureiro, um produto muito bem adaptado aos novos tempos e hábitos de consumo, que necessita, contudo, de ser valorizado pela ligação às respetivas zonas de produção, bem como à dieta atlântica, na qual Portugal tem uma oferta ímpar”, refere Jorge Dias, diretor geral da Granvinhos.

Esta propriedade agrícola, com 30 hectares de vinha das castas loureiro e alvarinho, foi adquirida alguns meses depois das negociações com o Grupo Soja de Portugal e consequente aquisição da sociedade Agromar, S.A — que detém esta Quinta, no Vale do Lima, no concelho de Viana do Castelo.

Também conhecida como Quinta de Santo Isidoro, a Quinta de S. Salvador da Torre localiza-se na margem direita do Rio Lima e tem mais de 400 anos de existência, possuindo um casa senhorial datada de 1685.

Acredito no futuro do Vinho Verde, e em particular das castas alvarinho e loureiro, um produto muito bem adaptado aos novos tempos e hábitos de consumo, que necessita, contudo, de ser valorizado pela ligação às respetivas zonas de produção.

Jorge Dias

Diretor geral da Granvinhos

Esta quinta era explorada pela Agromar, em parceria com Anselmo Mendes. Um modelo que será “mantido nos próximos anos”, concretizando-se, assim, o primeiro projeto conjunto entre aquele enólogo e Jorge Dias, diretor geral da Granvinhos.

O desenvolvimento do projeto da Quinta de S. Salvador da Torre passa, como resultado dessa parceria, pela exploração do potencial da casta loureiro e consequente lançamento de um novo vinho daquela casta loureiro 2024. Em vista está também a requalificação do espaço do ponto de vista patrimonial.

Adega sustentável na Régua

No âmbito da estratégia de crescimento do grupo, o novo centro de vinificação da Granvinhos no concelho da Régua vai estar equipado com tecnologia adaptada à produção de vinho do Douro e vinho do Porto. A adega insere-se na Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial “Vine and Wine Portugal”, que a Granvinhos lidera no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência português (PRR).

Ainda no âmbito da estratégia de expansão, a Granvinhos passou a deter, em janeiro deste ano, o controlo acionista da empresa Vicente Faria Vinhos, S.A., através da aquisição de 60% do capital social daquela sociedade que é a segunda maior empresa exportadora de Vinho do Douro.

“Uma aquisição que trouxe à Granvinhos um peso ainda mais significativo na comercialização de vinhos do Douro, além da diversificação da sua ação a outras regiões, passando assim a comercializar Vinho Verde e Vinho de Lisboa, num total de mais de quatro milhões de garrafas por ano“, adianta a empresa.

Outra aquisição da Granvinhos foram as Caves Borlido, com a marca tradicional portuguesa Albergaria, criada em 1972, e que “comercializa dois dos licores portugueses mais populares no mercado nacional: o Licor de Amêndoa Amarga e o Licor de Ginja, com vendas superiores a um milhão de garrafas por ano”, prossegue a empresa.

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Marcos Sousa Monteiro é o novo National Managing Partner da Linklaters em Portugal

Marcos Sousa Monteiro como National Managing Partner em Portugal, sucedendo no cargo a António Soares, que liderou o escritório de Lisboa ao longo dos últimos sete anos.

A Linklaters acaba de nomear Marcos Sousa Monteiro como National Managing Partner em Portugal, sucedendo no cargo a António Soares, que liderou o escritório de Lisboa ao longo dos últimos sete anos.

Marcos Sousa Monteiro integra a equipa Linklaters desde 2003, foi eleito sócio em 2015 e lidera a área de Corporate em Lisboa desde 2016. Na sua nova função, será responsável pela gestão do escritório de Lisboa.

“É com entusiasmo que encaro a possibilidade de continuar a fazer crescer o escritório da Linklaters após o enorme êxito alcançado sob a liderança de António Soares. Sinto-me privilegiado por ter a oportunidade de implementar a estratégia global da Linklaters no nosso mercado, alavancando as qualidades únicas da equipa com o objetivo de obter os melhores resultados e o maior sucesso para os nossos clientes”.

Marcos Sousa Monteiro atua nas áreas de M&A e private equity em Portugal. Sob a sua liderança, a área Corporate de Lisboa tem trabalhado transações de visibilidade no país nos últimos anos, como a histórica venda em 2022 por parte de vários bancos e vendedores institucionais do portfólio Crow a um fundo de private equity maioritariamente detido pela Davidson Kempner, algumas das principais transações no âmbito da transição energética ou ainda em processos de reprivatização nos setores das infraestruturas e dos transportes.

Nuno Lousa, co-responsável pelos escritórios da Linklaters na região da Europa, refere: “Estou muito satisfeito com a nomeação de Marcos Sousa Monteiro como Managing Partner do escritório de Lisboa. Para além da forte liderança, energia e dinamismo que trará para o cargo, a sua experiência é ideal para a ambição da Linklaters de consolidar a sua capacidade de topo em Portugal e nos países de língua portuguesa. Gostava também de agradecer a liderança de António Soares ao longo de um período de sete anos de consolidação da Linklaters como líder incontestado no nosso mercado jurídico”.

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IPDJ e federações unem-se em campanha de prevenção à violência no desporto

A campanha resulta de uma parceria do Instituto Português do Desporto e Juventude com as Federações Portuguesas de Andebol, Basquetebol, Futebol, Patinagem e Voleibol.

O Instituto Português do Desporto e Juventude IPDJ lançou uma nova campanha nacional que visa combater e prevenir a violência no desporto, destinada tanto a miúdos como graúdos. “Não seja bully de bancada. Não ensine ninguém a ser”, é o mote.

A campanha pretende também assim sensibilizar os pais e encarregados de educação para a importância dos valores desportivos e do incentivo às boas práticas enquanto as crianças e jovens desenvolvem atividades desportivas.

O spot é protagonizado por cinco crianças que reproduzem exemplos de discursos ouvidos entre os mais velhos que os acompanham no desporto.

“Aprendi com o meu pai que o árbitro é ladrão e a mãe dele é uma prostituta”, “aprendi com a minha mãe que os jogadores da outra equipa merecem morrer”, “aprendi com o meu tio que ser um bom adepto é beber até cair”, “aprendi com o meu padrinho que um jogador preto deve ser chamado de macaco” ou “aprendi com o meu avô que dizer palavrões faz parte do jogo”, são as frases exemplificativas que refletem falas proferidas por acompanhantes de crianças e jovens em locais de prática desportiva, “incentivando um discurso de ódio incompatível com os valores desportivos”, refere-se em nota de imprensa.

“Tendo as crianças uma forte tendência para imitar os comportamentos dos adultos que lhes servem de referência, cabe precisamente a estes últimos quebrar um potencial ciclo de perpetuação adotando atitudes consideradas como bons exemplos”, diz a IPDJ.

“O desporto tem de ser fonte de respeito por todos os intervenientes, de ética, fair play e a campanha #NãoSejaBullydeBancada pretende alertar para que a solução tem de começar nas camadas jovens, cujo contexto formador amplia a necessidade de se trabalhar para um ambiente mais saudável”, defende ainda o Instituto Português do Desporto e Juventude.

A campanha resulta de uma parceria do IPDJ com a Federação de Andebol de Portugal, a Federação Portuguesa de Basquetebol, a Federação Portuguesa de Futebol, a Federação de Patinagem de Portugal e a Federação Portuguesa de Voleibol.

No âmbito desta parceria vão existir, em vários jogos das cinco modalidades, momentos específicos de sensibilização dos espectadores para o tema.

A campanha vai também ser divulgada através das redes sociais e publicidade estática, através de múltiplas plataformas distribuídas pelo país.

 

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Qual o preço da independência na atividade dos reguladores?

Os responsáveis pelas principais entidades reguladoras do mercado financeiro defendem que só com independência financeira é possível garantir uma total independência da sua atividade.

1º Encontro das Entidades Reguladoras Portuguesas - 09MAI23
Rui Pinto, administrador da Supervisão Prudencial do Banco de Portugal, Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF, e Luís Laginha, presidente da CMVM, no primeiro encontro das entidades reguladoras portuguesas.Hugo Amaral/ECO

A conquista da independência por parte das entidades reguladores é essencial para que possam desempenhar eficazmente o seu propósito de protegerem direitos e liberdade. No entanto, não basta que essa independência seja reconhecida nos estatutos das entidades, mas que seja colocada em prática.

“A independência tem uma enorme relevância para apoiar mercados justos e eficazes”, referiu Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Associação de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), esta terça-feira, no primeiro encontro das entidades reguladoras portuguesas. Porém, salienta que “sem independência financeira não há independência.”

No contexto atual, esta questão não é um mero pormenor. A autonomia e a imparcialidade de atuação, quer seja relativamente ao poder político como aos regulados, está fortemente ligada à questão financeira das entidades, segundo um estudo coordenado por Ana Lourenço da Universidade Católica Portuguesa para a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

“Há reguladores que são mais independentes do que outros”, refere a investigadora da Universidade Católica Portuguesa, notando que isso está muito associado “ao perfil das pessoas que dirigem as entidades” e à gestão financeira das entidades, em que “as cativações são muitas vezes cruciais para esta situação.”

Na esfera da indústria financeira e bancária, a ausência ou a mera limitação da independência pode prejudicar severamente consumidores, investidores, empresas e a economia de uma forma geral.

É por isso que Rui Pinto, administrador da Supervisão Prudencial do Banco de Portugal, refere que “a independência é um princípio essencial”, sublinhando que “não é um fim, mas é algo essencial para levar a cabo o objetivo que move as autoridades regulatórias e de supervisão.”

Opinião semelhante é defendida por Luís Laginha, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que mostra a necessidade de não haver qualquer parcimónia na aplicação da independência dos reguladores na tomada de decisões.

“Pode haver algumas situações em que temos receio de levar a independência até onde o conceito da palavra nos diz, mas o custo de não levar a independência até ao limite, é muito maior”, referiu Luís Laginha, num painel constituído por representantes dos três reguladores do mercado financeiro: CMVM, ASF, e Banco de Portugal.

Mas a independência não deve viver de forma isolada nem sobre a ausência de consequências dos seus feitos. “A independência não significa fazer o que se quer e o que se apetece, mas carrega uma responsabilidade e um prestar de contas”, diz Luís Laginha.

Todavia, Ana Lourenço nota que no capítulo da transparência do Estado no acesso a informação relativa às entidades reguladoras há ainda um longo caminho a fazer.

A investigadora da Universidade Católica dá como exemplo a grande dificuldade que teve na elaboração do seu estudo na obtenção de dados sobre as cativações dos orçamentos das entidades reguladoras, e sublinha ainda a reduzida e, em muitos casos, ausência de divulgação de dados e de decisões tomadas pelos reguladores.

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Elisa Ferreira alerta para risco de fundos “passarem a ser uma espécie de habituação”

"Em termos de execução financeira, Portugal é dos países que atinge maiores níveis de execução", sublinha a comissária europeia com a tutela dos fundos de coesão.

A comissária europeia da Coesão garante que a execução financeira dos fundos europeus em Portugal “não é um problema”. O risco está, segundo Elisa Ferreira, em banalizá-los — deixarem de ser uma forma de realizar uma missão, e “passam a ser uma espécie de habituação”.

“Em termos de execução financeira, Portugal é dos países que atinge maiores níveis de execução”, sublinha a comissária europeia com a tutela dos fundos de coesão. “A execução financeira não é um problema”, garante, “tal como não é esgotar os fundos” ou as questões “da fraude”, acrescentando, em declarações à RTP, em Leiria, no âmbito da celebração do dia da Europa.

Para a responsável, “a questão que tem de se colocar é o que se está a fazer com os fundos” e se “o que se está a fazer é o máximo que se poderia fazer para retirar o máximo partido” dos mesmo. E qual a resposta a estas questões? Elisa Ferreira devolve-a a “cada país, região beneficiário”. São perguntas que têm de colocar a si próprios”, frisa.

Num momento em que arranca o novo quadro comunitário de apoio, o Portugal 2030, a comissária faz um “alerta” para que não se entre na “rotina” de usar os fundos sem “criar valor, sem ter sentido estratégico, sem optar por fazer algo que de outra maneira não poderia ser feito”. “Passarem a ser uma espécie de habituação, qualquer coisa de banal”, concretiza.

“Corremos sérios riscos quando se entra nessa rotina” de já não haver adicionalidade, sublinha. “Quando essa missão desaparece” e os fundos são usados como mero substituto de despesa pública.

O problema “requer reflexão interna”, defende Elisa Ferreira. Ou seja, avaliar “até que ponto há condições para definir estratégias de desenvolvimento especializadas — porque cada espaço tem a sua problemática — pela estrutura administrativa do país”.

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