Bancos portugueses vão entregar 1,15 mil milhões aos acionistas

Quase 800 milhões de euros viajam para Espanha, por conta dos dividendos que Totta e BPI vão entregar ao Santander e CaixaBank, respetivamente. Estado português recebe 350 milhões e sede da Caixa.

Os maiores bancos portugueses preparam-se para entregar aos seus acionistas – em suma, espanhóis e o Estado português – um montante total de 1,15 mil milhões de euros em dividendos, o que corresponde a mais de 40% dos lucros históricos obtidos no ano passado à boleia da subida das taxas de juro.

Em relação a 2022, a remuneração aos acionistas dá um salto de 33%, ainda que, entre as cinco principais instituições financeiras em Portugal, duas não façam qualquer pagamento: o Novobanco, que continua proibido de o fazer, devido ao acordo de capital contingente, válido até 2025, isto apesar dos lucros recorde de 560,8 milhões no ano passado; e o BCP que, embora tenha registado um resultado positivo de 207,5 milhões, preferiu congelar o dividendo tendo em conta a situação de incerteza que enfrenta no mercado polaco devido aos empréstimos em francos suíços.

Em todo o caso, contas feitas, os lucros dos cinco principais bancos atingiram os 2.582,3 milhões de euros no ano passado, o melhor ano em muito tempo. Com as propostas de dividendos em cima da mesa, isto significa que, por cada 100 euros de lucro, com 44 euros vão para os bolsos dos acionistas. Que são apenas três.

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800 milhões a caminho de Espanha

O maior dividendo será atribuído pelo Santander Totta à casa-mãe espanhola, o grupo Santander, num montante – sabe-se agora – de 508 milhões de euros, depois de mais do que duplicar os lucros para mais de 600 milhões em 2022.

O dividendo – que corresponde a 80% do resultado – é praticamente o dobro do que o banco liderado por Pedro Castro e Almeida tinha distribuído no ano passado, de 273 milhões.

Espanha será o destino de 70% dos dividendos da banca em Portugal, correspondendo a quase 800 milhões, já que, além do Totta, também o BPI vai entregar outros 285 milhões ao seu acionista espanhol, o CaixaBank.

O banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa registou lucros de 365 milhões em 2022. A atividade em Portugal deu um resultado de 235 milhões, sendo que 65% do lucro irá para o acionista espanhol (cerca de 153 milhões). Já as operações em Angola e Moçambique deram, respetivamente, 96 milhões e 34 milhões ao BPI, que encaminhará a totalidade desses resultados para Madrid.

Estado recebe 350 milhões e a sede da Caixa

Quanto à Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Estado contará com um “dividendo fantástico”, de acordo com o CEO do banco público, Paulo Macedo. A CGD teve lucros de 843 milhões no ano passado, muito perto do resultado histórico de 856 milhões obtido em 2007.

Além do dividendo de 352 milhões em numerário, a Caixa prepara-se também para entregar o edifício-sede em Lisboa sob a forma de dividendo em espécie ao acionista público – com o objetivo de o Governo instalar ali o seu quartel-general. O valor do imóvel ainda se encontra em avaliação, mas valerá mais do que 300 milhões. “Só por sorte é que será 300 milhões”, disse Paulo Macedo, apontando a avaliação para cima. O dividendo em espécie não foi considerado nestas contas.

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Lacerda Machado foi quem mais recorreu à consultoria milionária de Fernando Pinto na TAP

Fernando Pinto recebeu 1,2 milhões de euros por serviços de consultoria na TAP após deixar a liderança. Miguel Frasquilho afirma que Diogo Lacerda Machado foi quem mais recorreu ao apoio do ex-CEO.

Depois de deixar o cargo de CEO da TAP, Fernando Pinto ficou como consultor da companhia, contrato com o qual ganhou 1,2 milhões de euros. Miguel Frasquilho revelou na comissão parlamentar de inquérito à TAP que o antigo administrador Diogo Lacerda Machado, amigo do primeiro-ministro, foi quem mais recorreu à consultoria do antigo gestor. O ex-presidente do conselho de administração deixou também elogios à estratégia de David Neeleman para a transportadora.

A questão partiu da deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que esta quinta-feira questionou Miguel Frasquilho sobre o contrato de consultoria que diz ter rendido “67 mil euros por mês e 812 mil euros por ano” a Fernando Pinto, mais do que ganhava como presidente executivo. O antigo chairman respondeu que recorreu aos serviços do ex-CEO mas que Diogo Lacerda Machado, também membro da administração, recorreu “bastantes mais vezes”.

Frasquilho afirmou que Fernando Pinto era questionado sobre temas como a estratégia a seguir ou a configuração das aeronaves a adquirir, mas que as consultas eram “informais”. “Não consigo apresentar documentos escritos que documentem” estes contactos, afirma. “Diria que diariamente será um manifesto exagero e mensal também será. Talvez no meio, mas não lhe sei precisar”, respondeu quando questionado sobre o número de vezes que Fernando Pinto tinha estas interações na TAP.

O antigo chairman da companhia, entre junho de 2017 e junho de 2021, afirmou ainda que o contrato com Fernando Pinto foi feito pela comissão executiva, liderada pelos representantes da Atlantic Gateway, sem a sua intervenção.

Elogios para a estratégia de David Neeleman

Miguel Frasquilho deixou na sua audição elogios à estratégia e ao plano de negócios desenhado pelos acionistas privados, a Atlantic Gateway de David Neeleman e Humberto Pedrosa, que entraram no capital da companhia em 2015. “Quando iniciei funções o plano de negócios estava bem delineado e a estratégia parecia fazer todo o sentido”, afirmou.

Antes mesmo de entrar na TAP, David Neeleman negociou com a Airbus a desistência de uma ordem de 13 A350, com que a companhia queria voar para vários destinos, incluindo a Ásia, e a compra de 53 novas aeronaves das famílias A320 e A330, onde se incluem as aeronaves que a companhia usa nas rotas para o Brasil ou os EUA. “A troca de aeronaves fez sentido”, anuiu o antigo administrador aos deputados.

O antigo presidente do conselho de administração diz que “nunca teve indicação” de que os 53 aviões “tivessem sido comprados acima do valor de mercado”, como conclui uma análise da Airborne Capital, feita em 2022 a pedido da TAP. Para Miguel Frasquilho, “nenhum lessor [os financiadores] iria financiar aeronaves que estivessem acima do preço do mercado”.

No âmbito do negócio de compra dos aviões, a Airbus deu 227 milhões de dólares a uma empresa de David Neeleman, que foram transferidos para a Atlantic Gateway, servindo para esta capitalizar a TAP na privatização de 2015. “A questão dos fundos Airbus não tive dela conhecimento e nunca foi tema na minha permanência na TAP”, disse Frasquilho.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estendendo-se por um período de 90 dias.

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Swiss Re volta a registar lucros

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2023

A resseguradora voltou a registar resultados positivos no primeiro trimestre de 2023. Está optimista para o resto do ano.

O grupo suíço registou um lucro de 643 milhões de dólares e uma rentabilidade do capital próprio (ROE) de 19,1%, de acordo com comunicado divulgado nesta quinta-feira.

“Continuamos empenhados em atingir o nosso ambicioso objetivo de mais de 3 mil milhões de dólares de lucro anual com o Grupo em 2023”, disse Christian Mumenthaler, o líder da Swiss Re.

No mesmo período do ano passado, a Swiss Re registou uma perda de 248 milhões de dólares.
Os prémios líquidos emitidos e as receitas de comissões do grupo aumentaram 4,1% para 11,1 mil milhões de dólares. No que respeita a taxas de câmbio constantes, a subida foi de 7,5%.

Lucro trimestral mais elevado apesar de sinistros

Os resseguros de Propriedade e Sinistros (P&C Re) registaram um lucro trimestral de 369 milhões de dólares, em comparação com 85 milhões de dólares no mesmo período do ano passado, apesar das grandes perdas provocadas por catástrofes naturais. Os terramotos na Turquia e na Síria, bem como o ciclone Gabrielle e as inundações na Nova Zelândia foram decisivos neste contexto.

A L&H Re registou um lucro de 174 milhões de dólares, em comparação com uma perda de 230 milhões de dólares no mesmo período do ano passado. O resultado beneficiou de um declínio acentuado nos sinistros relacionados com a pandemia e de rendimentos de investimento mais elevados, afirmou.

Em comentários sobre o panorama, o CEO da Swiss Re, Christian Mumenthaler afirmou: “dado o ambiente macroeconómico incerto, continuamos empenhados em atingir o nosso ambicioso objetivo de mais de 3 mil milhões de dólares de lucro anual com o Grupo em 2023”.

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Munich Re abandonou NZIA mas quer liderar resseguro verde em 2023

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2023

A Munich Re Specialty Group, incluída no Munich Re Syndicate, lançou a Green Solutions para se tornar um dos principais intervenientes no mercado dos riscos de seguros primários e ecológicos até 2030.

O Munich Re Specialty Group, uma divisão da resseguradora Munich Re, lançou a Green Solutions, uma gama de produtos e serviços de seguros concebidos para apoiar os objetivos de carbono-zero dos seus clientes.

“A carteira da Green Solutions tem como objetivo permitir novas tecnologias sustentáveis e, em última análise, apoiar a ambição do nosso Grupo de ajudar os nossos clientes a ter sucesso numa economia com baixas emissões de carbono”, afirmou Silke Jolowicz, Diretora de Sustentabilidade do Grupo Munich Re.

O portfólio foi criado para posicionar o grupo como um fornecedor líder de riscos de seguros verdes primários e de especialidades comerciais até 2030.

A carteira inclui produtos de tecnologia verde existentes e novas soluções de risco, e propõe tornar-se o parceiro preferido para riscos sustentáveis em Londres e no mercado da Lloyd’s.

Tirando partido da rede de distribuição global da empresa, a Green Solutions acredita que pode contribuir para a transição para a economia de emissões de carbono nulas.

A oferta centrar-se-á nas tecnologias fotovoltaica, eólica, de captura de carbono e de armazenamento de energia, entre outras. A equipa da Green Solutions também oferecerá aos clientes acesso a produtos de ativos intangíveis, como coberturas cibernéticas.

O desenvolvimento da carteira será alinhado com a atual unidade de negócio Facultative & Corporate e com outras entidades do Grupo, como a Hartford Steam Boiler, com experiência em soluções de transferência de risco, engenharia e desenvolvimento de produtos.

A equipa da Green Solutions quer criar parcerias com clientes e parceiros estratégicos, e aproveitar dados e perceções para reunir uma fonte confiável de conhecimentos e informar as melhores práticas para acelerar a transição para o carbono zero.

Mike Kerner, membro do conselho de administração da Munich Re, afirmou: “a Green Solutions visa especificamente o ‘E’ em ESG, e “alinha-se perfeitamente com a estratégia mais ampla do Grupo Munich Re, além de sublinhar a determinação em cumprir o nosso papel no apoio aos objetivos do Acordo Climático de Paris“.

“Ao aplicar um quadro apoiado em soluções ao negócio de resseguros, poderemos concentrar-nos em atividades que têm o potencial de contribuir para a mitigação das alterações climáticas. A carteira da Green Solutions tem como objetivo permitir novas tecnologias sustentáveis e, em última análise, apoiar a ambição do Grupo de ajudar os nossos clientes a ter sucesso numa economia com baixas emissões de carbono“, afirmou Silke Jolowicz, Diretora de Sustentabilidade do Grupo Munich Re.

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ASF está a averiguar caso do mediador da Figueira da Foz

  • Lusa e ECO Seguros
  • 4 Maio 2023

Um mediador da Figueira da Foz criou um produto financeiro falso, que lesou quatro clientes, segundo o próprio, em 328 mil euros, num caso que está a ser investigado pelo Ministério Público e pela ASF

Um mediador de seguros da Figueira da Foz criou um produto financeiro falso, que lesou quatro clientes, segundo o próprio, em 328 mil euros, num caso que está a ser investigado pelo Ministério Público e averiguado pela Autoridade de Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Quando questionado pela agência Lusa sobre o produto financeiro em causa, o mediador admitiu que ele “não existia”, era um produto “semelhante ao que existiu, no passado, numa outra seguradora”, mas que acabou “vendido às pessoas como se fosse da Liberty”.

A seguradora representava 85% da atividade da empresa unipessoal de Paulo Pinto, numa carteira de 4.500 apólices, avaliada em cerca de um milhão de euros em prémios comerciais, que garantiam um rendimento anual que podia chegar aos 200 mil euros.

Apesar de os valores investidos já não existirem, o mediador remunerava aos clientes os juros do produto financeiro falso, anualmente, nas percentagens acordadas.

Em declarações à agência Lusa, Paulo Pinto, mediador de seguros com 38 anos de atividade e ex-presidente da Junta de Freguesia do Paião, localidade do sul daquele município litoral do distrito de Coimbra, confirmou a criação do instrumento financeiro falso, que usava um “símbolo” da Liberty Seguros “aposto na folha” e um nome parecido com o da seguradora.

Alegou que os proveitos de cerca de 328 mil euros, arrecadados pelo fundo durante 10 anos, “entre 2009 e 2019”, foram investidos na sua empresa.

No final de 2022, a Liberty Seguros rescindiu com “justa causa” o contrato com Paulo Pinto, por este “ter violado os deveres de lealdade e boa-fé”, avisando, por carta e em ‘letras gordas’, os clientes do mediador a não lhe fazerem “qualquer pagamento”.

“A Liberty não tinha conhecimento da situação”, referiu Paulo Pinto, algo que a seguradora também realçou, numa primeira resposta escrita enviada à agência Lusa.

Nessa resposta, a Liberty Portugal disse ter tido conhecimento de “duas situações: “clientes que informaram terem contratado, através da empresa de Paulo Pinto, produtos de seguro de poupança da entidade LibertInvest, S.A.”.

Na mensagem, a Liberty manifestou desconhecer esses produtos de seguros ou conhecer, sequer, a entidade LibertInvest, S.A., “que pretensamente os disponibiliza”.

“Efetivamente, nem a numeração das apólices, nem os produtos referidos correspondem a qualquer produto financeiro que seja ou tenha sido comercializado pela Liberty Seguros, como já foi, por carta, referido a esses mesmos clientes”, acrescentou a seguradora.

Indicou ainda ter informado os dois clientes que poderiam “agir diretamente” sobre quem lhes vendeu as apólices falsas e a quem entregaram quantias não reveladas, “nomeadamente por via da apresentação da competente queixa-crime”.

Na mesma resposta, a Liberty Seguros confirmou que foi esta situação que esteve na base da rescisão do contrato com a empresa de Paulo Pinto, após uma “averiguação interna”.

“Terminámos imediatamente o nosso relacionamento comercial e contratual com o agente de seguros em questão, informando, por carta enviada a toda a carteira de clientes deste mediador (…), do término desse relacionamento”, vincou.

A Liberty deu ainda conhecimento ao regulador do setor, a ASF, e garantiu que, segundo a sua experiência, situações como as descritas “não são frequentes”.

Poderão ainda existir eventuais irregularidades do mediador na gestão de outros produtos, estes reais e existentes na Liberty, situações que Paulo Pinto negou à Lusa.

Paulo Pinto, que exerceu as funções de presidente da Junta de Freguesia do Paião, eleito pelo PS, entre 2009 e 2021 (ano em que perdeu as eleições por 36 votos), também negou que os valores que arrecadou tivessem sido utilizados para financiar campanhas eleitorais, reafirmando que foram aplicados na sua empresa de mediação de seguros.

Em abril, a Lusa voltou a questionar a Liberty Seguros sobre o caso: quantos clientes foram lesados, os valores e os produtos de seguros envolvidos ou se a seguradora tinha, ou não, apresentado queixa às autoridades. A Liberty Seguros adiantou ter apresentado “queixa-crime contra o mediador Paulo Pinto”, e que aguardava que o processo seguisse “os seus trâmites legais”, tendo recusado mais comentários “enquanto o processo-crime se encontrar em curso”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a existência de um inquérito “em investigação no Ministério Público da Figueira da Foz”, processo que tanto Paulo Pinto como o seu advogado Joaquim Malafaia afirmaram desconhecer, não tendo sido notificados até ao momento.

A ASF confirmou ter recebido informação da Liberty Seguros “sobre práticas perpetuadas por um seu mediador”, estando, nesta fase, “a desenvolver diligências de supervisão necessárias ao apuramento de factos“, um procedimento “usual” nestes casos.

“Sem prejuízo de outras medidas que a ASF entenda tomar no quadro das suas atribuições, as diligências realizadas são necessárias a um eventual exercício dos seus poderes sancionatórios, bem como a uma possível articulação com o Ministério Público, caso corra algum processo-crime que possa ser relevante para reavaliação da idoneidade dos intervenientes”, observou a entidade reguladora.

Mediador arrependido quer ressarcir clientes

Considerando-se “um dos maiores” mediadores – o próprio assim se definiu – da Liberty Portugal, na mesma altura em que era presidente da Junta de Freguesia do Paião, Paulo Pinto justificou a criação do fundo por estar “pressionado para crescer” na sua atividade.

Em declarações à agência Lusa, acompanhado pelo seu advogado, Joaquim Malafaia, o mediador aludiu à pressão de estar “no topo”, abrindo escritórios (chegou a ter quatro, nos municípios da Figueira da Foz e de Pombal) e contratando pessoal, ao mesmo tempo em que se envolveu “demasiado na vida autárquica”.

Deixei um pouco – não direi à deriva, mas não tive o foco principal que devia ter – o que era a minha atividade principal [de seguros]”, explicou Paulo Pinto.

Questionado sobre a necessidade de inventar um fundo financeiro para ter dinheiro para investir na sua empresa unipessoal de mediação Paulo Pinto exclamou: “há coisas que são difíceis de explicar”. E continuou: “muitas vezes nós erramos. Eu não fui pedir dinheiro às pessoas. Quando, em uma ou duas situações, vieram ter comigo para eu investir o dinheiro, foi numa situação em que estava com alguma dificuldade”, acrescentou.

Afirmou ainda que se tratou de “má gestão” da sua parte e de “não estar atento da forma como devia ter estado à sua atividade”.

O mediador, que, devido à criação do fundo falso, viu, na véspera do Natal de 2022, a Liberty Seguros rescindir o contrato, revelou ter feito três acordos particulares para ressarcir esses clientes – um quarto estará pendente -, apesar de a sua empresa de mediação de seguros passar por dificuldades financeiras, com dívidas a trabalhadores e à segurança social.

Paulo Pinto manifestou-se arrependido, assumiu que tinha cometido “um erro” e pediu desculpa aos lesados, garantindo que os quer ressarcir dos prejuízos “com a maior brevidade possível”.

“Acima de tudo, como já fiz pessoalmente a cada um deles, lamento o que aconteceu e [quero] mais uma vez pedir desculpas e que me deem a oportunidade e tempo para poder repor a situação que lhes é devida”, frisou.

Irei pagar aos clientes, de acordo com aquilo que estava inicialmente previsto, se me deixarem trabalhar, no sentido de continuar a ter a minha atividade”, reafirmou Paulo Pinto.

No entanto, admitiu a existência de um processo judicial – há um inquérito em investigação pelo Ministério Público – e a atuação do regulador do setor podem impedi-lo de continuar em atividade, estando em causa a eventual prática de crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e abuso de confiança.

Atualmente, Paulo Pinto continua a exercer a profissão de mediador de seguros, mantendo um escritório aberto no Paião e outro na baixa da Figueira da Foz, este em parceria com uma outra empresa de mediação.

Em resposta à Lusa sobre a possibilidade de a licença ser suspensa ou retirada, ainda que preventivamente, ASF esclareceu que o registo do mediador “poderá ser cancelado” em situações previstas na lei.

Nomeadamente por incumprimento superveniente dos requisitos de idoneidade, podendo relevar para o efeito, entre outros, a acusação, a pronúncia ou a condenação por crimes contra o património, crimes de falsificação e falsidade (…) ou acusação ou a condenação, em Portugal ou no estrangeiro, por infrações das normas que regem a atividade de distribuição de seguros (…)”, explicou a ASF.

A autoridade de seguros vincou ainda que “caso se confirme estar-se perante matéria de ilícito penal, compete às instâncias judiciais a avaliação e decisão sobre os mesmos, atentas as responsabilidades que venham a ser apuradas pela prática dos factos”.

“Reforçamos que, nas situações como a descrita, em que possa estar em causa matéria do foro criminal, a ASF articula e tem o dever de denunciar as mesmas junto das autoridades competentes”, acrescentou.

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Conferência APS confirmou importância de cobrir trotinetes

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2023

Agentes do setor da micromobilidade reclamam mais seguros e fiscalização para lidar com “efeitos económicos e sociais” associados ao aumento de acidentes com lesões. Conferência da APS confirma alarme

Punhos partidos, bacias desfeitas, joelhos inutilizados e paralisia facial são algumas das lesões que o uso de trotinetes e outros veículos de mobilidade leve tem feito aumentar nos registos do Centro de Responsabilidade Integrado de Traumatologia Ortopédica (CRIPO) do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. A tendência foi analisada pelo diretor desse serviço, João Varandas Fernandes, na conferência que a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) promoveu quarta-feira em Aveiro sobre o tema específico da “Micromobilidade Segura” e justifica a perspetiva de que é preciso antecipar o crescimento de sinistros envolvendo bicicletas, trotinetes, patins e skates. “Estes veículos provocam lesões gravíssimas que a tabela de incapacidade ainda nem prevê. Geram incapacidade para o trabalho ativo, o que representa uma carga económica e social brutal na sociedade”, defendeu o médico.

José Galamba Oliveira, presidente da APS, já antecipava essas recomendações e, na sua análise sobre as mudanças operadas na mobilidade mundial durante os últimos 20 anos, aplicou o mesmo adjetivo que João Varandas Fernandes: “A evolução é brutal. Hoje os meios de mobilidade suave convivem nas cidades, no asfalto, com veículos mais pesados e, nos passeios, também com peões, o que traz várias novidades em termos de risco para o setor das seguradoras e daí querermos construir novas modalidades de proteção para o utilizador”.

Estudos apresentados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) comprovam o aumento de acidentes, mas o presidente dessa instituição disse que “não vale a pena pensar em esquecer o uso das trotinetes ou proibi-las”.

Para Rui Ribeiro, a mobilidade suave veio para ficar e diminuir a sinistralidade nesse domínio passa por recolher mais dados estatísticos sobre usos e comportamentos, para que os agentes do setor possam ajustar práticas, regulamentação e fiscalização à realidade.

Quase 74% dos acidentes não são participados e bombeiros, hospitais e INEM têm mais dados do que a ANSR, o que é um problema”, afirmou. Mesmo assim, o presidente da ANSR deu como certo “o grande desconhecimento” sobre as obrigações a que os veículos de micromobilidade estão sujeitos e realçou: “o Código da Estrada é para cumprir. O contrário dá direito a multas, coimas, perdas de pontos na carta e até a crime no caso do consumo de álcool, mas as pessoas não têm consciência disso quando andam em cima do passeio ou passam um sinal vermelho”.

Ana Miranda, diretora do Gabinete Jurídico da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), concordou que “a maior parte das pessoas não tem consciência das regras aplicáveis pelo Código da Estrada” ao uso de trotinetes e similares, e, nessa medida, defendeu a necessidade tanto de regulamentação mais rigorosa como da devida divulgação pelo público. Algumas das suas recomendações para os veículos de micromobilidade são que a respetiva velocidade fique limitada aos “20 a 25 quilómetros por hora”, que a circulação seja proibida “em vias com grande intensidade de trânsito”, que se interdite o “estacionamento fora de espaços assinalados” e que se mantenha “a obrigatoriedade do seguro de acidentes pessoais e de responsabilidade civil”.

Essa proteção pode, contudo, ser difícil de obter, como revelou o diretor de Micromobilidade da Bolt Portugal, operadora de sistemas partilhados que está representada em 15 cidades do país e cuja frota acumulou mais de 22 milhões de quilómetros nos últimos 18 meses. “Não foi fácil”, admitiu Frederico Venâncio, sobre os esforços da marca em convencer uma seguradora a garantir proteção aos seus utentes. Mas uma vez assegurada a cobertura da Allianz, a aposta é agora na responsabilização do próprio utilizador e, nesse contexto, o responsável da Bolt apontou novas mecanismos para garantir que quem não cumprir as regras de conduta da marca deixará de poder usar os seus veículos. Isso implica a gestão de um ranking semanal de infratores que enumera, por exemplo, os que mais desrespeitam as velocidades máximas, os que mais inclinam veículos para conduzir apenas sobre uma roda e os que mais falham nos testes cognitivos para deteção de embriaguez. “Mas também é muito importante não esquecer os utilizadores de trotinetes e bicicletas privados, porque nós conseguimos controlar velocidade, estacionamento e outros fatores que influem no risco, mas nos utentes particulares isso não acontece e aí tem que haver regulamentação para se assegurar a segurança de todos”, afirmou.

Para José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, onde há 25 anos foi implementado “o primeiro sistema partilhado de bicicletas do país”, o que está em causa, em síntese, é cultura cívica. “Há adolescentes que, aos 12 e 13 anos, andam de trotinete, mas que os papás continuam a levar de carro à porta da escola. Temos a mania de que temos as gerações mais bem preparadas do país e isso é verdade em termos técnicos, mas não em termos de civismo”, declarou. Nessa visão do autarca influem os níveis “absolutamente aterradores” da mortalidade viária nacional, em especial os relativos a atropelamentos, nos quais, “em regra, a culpa não é dos automobilistas e sim dos peões”. Por isso mesmo, Ribau Esteves encerrou a conferência da APS salientando que “a responsabilização individual tem que vir da família, da escola e do discurso público” e concluiu: “as regras são para respeitar mesmo que a malta nova ache muita graça a não as cumprir”.

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Generali SpA vende carteira de seguros na Alemanha

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2023

Com esta operação os rácios de solvência melhoram 10 pontos na Alemanha e 1% a nível mundial. A seguradora quer reduzir exposição ao risco de taxas de juro.

A Generali SpA, casa mãe da Tranquilidade em Portugal, anunciou um acordo com a Frankfurter Leben (Frankfurt Life Goup) para a venda da Generali Deutschland Pensionskasse AG (GDPK).

A GDPK, empresa profissional de gestão de pensões, foi constituída em 2002, e detém cerca de 2,8 mil milhões de euros em reservas de capital e 150.000 apólices. A maior parte de sua carteira foi subscrita entre 2003 e 2005, tendo o início de novos negócios na GDPK terminado no final de 2016.

Com esta transação a Generali aumenta a sua posição Solvência II na Alemanha e no Grupo em cerca de 10% e 1%, respetivamente. O movimento de mitigar a sua exposição ao risco de taxa de juro na Alemanha já tinha sido iniciado em 2019 quando vendeu 89,9% da própria Frankfurter Leden, que agora comprou a GDPK, ao grupo alemão Viridium.

A KPMG e Goldman Sachs foram os assessores financeiros e a Hengeler Mueller e a Allen&Overy os assessores legais de, respetivamente, Frankfurter Leden e Generali SpA. O negócio espera aprovação da BaFin, supervisora de seguros e das entidades reguladoras de concorrência na Alemanha.

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PSD atira culpa de “instabilidade no país” para Costa. A reação dos partidos ao discurso de Marcelo

Partidos criticam Governo "sem visão de futuro" e que "não respeita os portugueses". Socialistas não reagem ao discurso do Presidente.

O Partido Social Democrata considera que se houver eleições antecipadas a culpa é do Governo e do primeiro-ministro. Numa primeira reação à declaração de Marcelo Rebelo de Sousa à nação, na qual recusou a realização de eleições antecipadas e prometeu estar mais atento ao Executivo, o PSD sublinhou que se revê na leitura feita pelo Chefe de Estado e na decisão tomada. Mas nem todos os partidos partilham desta avaliação e há quem fale de oportunidade perdida.

“O PSD revê-se na leitura do Presidente”, disse Hugo Soares. “Um Governo que não assume a responsabilidade é um Governo que perde a confiabilidade. O Governo fragilizou-se na sua autoridade e credibilidade”, acrescentou o social-democrata. Hugo Soares fez questão de sublinhar que “é, de facto, necessário um reforço da vigilância reforçada a este Governo”. Uma vigilância acrescida prometida por Marcelo Rebelo de Sousa como lição a retirar da crise política criada pelo episódio João Galamba.

“Se o calendário eleitoral vier a ser antecipado em Portugal, ou seja, se houver instabilidade política, que force a realização de eleições antecipadas em Portugal, essa instabilidade deve-se exclusivamente ao primeiro-ministro e ao Governo”, disse Hugo Soares.

Também o PAN atira “o ónus da estabilidade para o primeiro-ministro” já que foi opção de António Costa manter João Galamba num cargo que “não tem condições de exercer depois de um episódio gravíssimo”.

Posição diferente tem a Iniciativa Liberal que “não concorda com a solução de Belém”, porque pôs em causa a credibilidade e a autoridade do Executivo. Rui Rocha considera que a visão de futuro de Marcelo Rebelo de Sousa “é completamente contraditória da avaliação arrasadora que fez do Governo”. Por isso, defende que “o primeiro-ministro amarrou o seu destino político a João Galamba e o Presidente da República amarrou a avaliação do seu mandato aos próximos tempos da governação de António Costa”.

“A partir de agora, Presidente da República e António Costa são corresponsáveis pelo que vier a acontecer nos próximos tempos em termos de solução governativa”, acrescentou Rui Rocha.

Para Rui Tavares, do Livre, de facto, existia uma solução diferente que passaria pelo Parlamento. Bastaria que Marcelo Rebelo de Sousa tivesse chamado a Belém os partidos para que lhe fosse apresentado este plano. Também Mariana Mortágua assume que é aos partidos, nomeadamente ao Bloco de Esquerda, que competirá aumentar a vigilância à atuação do Governo. Um Governo de maioria que, na opinião da deputado bloquista, Marcelo Rebelo de Sousa “ajudou a criar” e, por isso, está enredado nesta maioria arrogante e prepotente que não leva a país a sério”. Maria Mortágua defende que “só a mobilização popular vai desafia essa maioria”.

Uma maioria que, na opinião do PCP, leva a que nada impeça o Governo de dar resposta aos problemas das pessoas. A líder parlamentar Paula Santos apelou a que, numa altura em que, “no plano económico e social, se avolumam problemas” e se assiste a “um conjunto de episódios lamentáveis que envolvem membros do Governo”, não se desviem “as atenções daquilo que é central e crucial”, ou seja, a resolução dos problemas da população.

O Chega lamenta que tenha “faltado coragem política” a Marcelo Rebelo de Sousa para dar o passo e dissolver a Assembleia da República, a única forma, nas palavras de Pedro Pinto, de dar estabilidade ao país. “O Presidente da República deveria ter ido mais além e terminar hoje mesmo com este Governo”, “um Governo em farrapos que já perdeu elementos e não dá credibilidade ao país”.

Os socialistas preferiram não reagir após as declarações de Marcelo.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Marcelo afasta dissolução, mas deixa Costa por um fio

  • Ana Petronilho
  • 4 Maio 2023

Presidente afasta para já o cenário de eleições antecipadas, avisa que a "confiança, uma vez perdida, é irreversível" e que vai estar "ainda mais atento no dia a dia".

O Presidente da República afastou o cenário de eleições antecipadas, pelo menos para já, mas assumiu uma “divergência de fundo” e deixou vários avisos ao Governo, frisando que os portugueses “precisam de mais e melhor” . Sublinhou que “a confiança uma vez perdida é irreversível”, prometendo que vai estar “ainda mais atento no dia a dia”. “No passado, com maior ou menor distância temporal, foi sempre possível acertar agulhas. Desta vez, não. Foi pena“, lamenta o Presidente.

Depois da decisão de António Costa de manter João Galamba no Governo, esperava-se uma reação do Presidente. E não tardou, com um nível de violência surpreendente. Apesar da melhoria dos números na economia do país, o Presidente da República alerta que os portugueses “precisam de mais e melhor” e é necessário um “apoio político mais eficaz” para as famílias e empresas. Avança, por isso, que de futuro vai estar “ainda mais atento e interveniente no dia a dia, sinalizando de modo mais intenso tudo aquilo que possa afastar os portugueses da responsabilidade daqueles que governam”.

O Presidente da República disse, no entanto, que vai seguir o caminho de “continuidade da estabilidade institucional”, considerando que “os portugueses dispensam esses sobressaltos e compassos de espera num tempo como este em que querem ver os problemas do dia a dia resolvidos“, enumerando os problemas na educação, na justiça ou a subida dos preços.

Marcelo avisa ainda António Costa que o Governo “tem de ser responsável” porque “onde não há responsabilidade, não há autoridade, não há respeito nem credibilidade”. Até porque, continua, “a responsabilidade política é essencial para que os portugueses acreditem nos que governam” e “é mais do que pedir desculpa” porque “não se apaga dizendo que já passou. Não passou. Reaparece todos os dias, todos os meses e todos os anos”.

Sobre o caso Galamba, em concreto, Marcelo questionou ainda “como pode um ministro não ser responsável por um membro que escolhe para o seu gabinete” e “merecer tanta confiança que podia assistir a reuniões privadas num dossier tão sensível como o da TAP onde os portugueses já enterraram milhões de euros”. As palavras do Presidente da República deixam o ministro numa situação (quase) insustentável. “Como pode esse ministro não ser responsável por situações rocambolescas, muito bizarras, inadmissíveis ou deploráveis — as palavras não são minhas — suscitadas por esse colaborador, levando a apelar aos serviços mais sensíveis de proteção da segurança nacional, que, aliás, por definição, estão ao serviço do Estado e não de Governos. Como pode esse ministro não ser responsável por argumentar em público sobre aquilo que afirmara o seu subordinado, revelando pormenores do funcionamento interno e incluindo referências a outros membros do Governo. A responsabilidade política e administrativa é essencial para que os portugueses acreditem naqueles e naquelas que os governam?”, questiona.

As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa foram dirigidas ao país a partir do Palácio de Belém pouco depois de ter reunido com o primeiro-ministro para a reunião semanal ordinária, que decorreu durante cerca de uma hora, e dois dias depois de ter aumentado o clima de tensão entre António Costa e o Presidente da República.

Em causa está a demissão de João Galamba que o primeiro-ministro rejeitou depois das várias polémicas que vieram a público na última semana no Ministério das Infraestruturas e que envolvem a TAP e um adjunto que acusou o ministro de querer mentir à CPI. O caso envolve ainda a atuação do SIS, com contornos ainda por conhecer.

A decisão de António Costa veio desafiar Marcelo Rebelo de Sousa que, ao Expresso, fez saber que esperava que João Galamba fosse demitido. Mas depois de ter reunido com o Presidente da República, na terça-feira à noite, António Costa anunciou que apesar de classificar as polémicas como situação “deplorável”, pela qual pediu desculpas aos portugueses, decidiu rejeitar o pedido de demissão de João Galamba.

E enquanto o primeiro-ministro ainda falava, Marcelo Rebelo de Sousa divulgou uma nota a frisar que “discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem”.

O chefe de Estado salientou ainda que “não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro”.

Nessa mesma nota, Marcelo Rebelo de Sousa mencionou também que ao apresentar o seu pedido de demissão, João Galamba invocou “razões de peso relacionadas com a perceção dos cidadãos quanto às instituições políticas” e que o primeiro-ministro “entendeu não o fazer, por uma questão de consciência, apesar da situação que considerou deplorável”.

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CP chega a acordo com maquinistas para resolver greves

Transportadora chega a acordo relativo a salários, depois de os primeiros meses de 2023 terem ficado marcados por greves sucessivas dos maquinistas da transportadora do Estado.

A CP chegou a acordo com os maquinistas por causa dos salários. O documento foi assinado nesta quinta-feira e põe ponto final no ciclo de greves que afetou a empresa ferroviária desde o início deste ano.

“A CP – Comboios de Portugal informa que, após um período de negociações intensivas, ao longo da última semana, chegou a um acordo com o Sindicato Nacional dos Maquinistas (SMAQ) que põe fim ao ciclo de greves que vinha afetando o setor ferroviário. Este consenso foi alcançado com a colaboração do Ministério das Infraestruturas, que mediou as conversas entre as partes envolvidas”, refere a noto de imprensa divulgada pela transportadora.

Desde o início do ano que os maquinistas exigiam um aumento dos salários compatível com a inflação média de 7,8% em 2022. Até agora, os ganhos de vencimentos estavam reduzidos às regras aplicadas na restante Função Pública.

Além de greves de 24 horas, os maquinistas fizeram greves às horas extraordinárias, aos feriados e também a todo o trabalho para lá das 7 horas e 30 minutos da jornada. Fevereiro e abril foram os meses que se registaram maiores perturbações.

O acordo foi anunciado no dia em que entrou em funcionamento a nova concessão para os bares dos comboios Intercidades e Alfa Pendular da CP, a cargo da empresa portuguesa Newrail.

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Prémios à Eficácia arrancam esta sexta-feira

  • + M
  • 4 Maio 2023

O júri é presidido por Rita Torres Baptista, diretora de marca e comunicação da Nos. A principal novidade desta XIX edição é a nova categoria Data-Driven.

Arranca esta sexta-feira a abertura oficial das candidaturas aos Prémios à Eficácia, iniciativa da Associação Portuguesa de Anunciantes este ano na 19ª edição.

Como principal novidade da edição deste ano surge a categoria “Data Driven”, em que o objetivo é avaliar “ações que resultem da aplicação de dados e de tecnologia para identificar e combinar a audiência certa, com a media e a mensagem certas, nos momentos certos”. A esta juntam-se 17 outras categorias, como Telecomunicações e Media, Novos Produtos e Serviços, Ativação e Patrocínios, Comunicação Tática, Utilização criativa de meios, A Força do Bem ou Brand Content & Entertainment.

Rita Torres Baptista preside este ano ao júri. À diretora de marca e comunicação da Nos juntam-se Luísa Oliveira (Henkel), Mónica Sousa (IKEA), Ana Allen Lima (Grupo CUF), Nádia Lopes Reis (Continente), Rafael Buciani (O Escritório), Manuel Gravata (NTTData), Inês Mateus de Almeida (Tux & Gill), Leandro Alvarez (Norma Jean), Rui Freire (Initiative), Nuno Santos (Pitagórica) e Nuno Antunes (Academia APAN).

“É com grande alegria que sinalizamos o arranque de mais uma edição dos Prémios Eficácia”,diz Ricardo Assunção Torres, o novo secretário-geral da APAN.

O responsável reforça, citado em comunicado, a ideia de que se trata de uma iniciativa que, ao longo dos anos, “tem valorizado o trabalho conjunto dos anunciantes e das suas agências”, tendo colocado “na agenda da indústria” a importância da eficácia da comunicação nos resultados dos negócios”.

“É verdadeiramente de eficácia que falamos. Desde a primeira ideia até ao último dos resultados, os Prémios Eficácia avaliam detalhadamente as ações de comunicação: objetivos, estratégia, criação, realização, planeamento e por fim os resultados de facto alcançados”, reforça Ricardo Assunção Torres.

As inscrições decorrem até dia 30 de junho.

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“Estamos a vender barato o nosso vinho”, diz ministra da Agricultura

  • Lusa
  • 4 Maio 2023

Maria do Céu Antunes espera que, no final deste ano, as exportações de vinho possam atingir os 1.000 milhões de euros.

A ministra da Agricultura afirmou esta quinta-feira que Portugal está a vender barato o seu “bom vinho”, sendo, por isso, necessário acrescentar-lhe o valor e reconhecimento merecido, saudando ainda assim o aumento do preço médio.

“Os dados que o IVV [Instituto da Vinha e do Vinho] apurou em relação à campanha 22-23 mostram que há uma quebra na produção, que se deve às alterações climáticas, mas também ainda reflete as consequências da pandemia, da guerra, de uma crise inflacionista e das sanções aplicadas à Rússia, bem como do aumento dos custos de produção”, afirmou a ministra da agricultura, Maria do Céu Antunes, que falava em Lisboa, na iniciativa “Um ano de Terroir” (projeto dedicado ao setor do vinho), organizada pelo Jornal Público.

Ainda assim, a governante saudou o trabalho que o setor tem desenvolvido, que permitiu atingir 940 milhões de euros de exportações em 2022 e subir o preço médio do vinho. “Estamos a vender o nosso bom vinho barato e precisamos de lhe acrescentar valor e reconhecimento”, sublinhou.

A titular da pasta da Agricultura e da Alimentação espera que, no final do corrente ano, as exportações de vinho possam atingir os 1.000 milhões de euros. Durante a sua intervenção, a ministra lembrou que, esta sexta-feira, encerra um aviso que vai disponibilizar mais de 70 milhões de euros para a renovação e reconversão da vinha; 2,5 milhões de euros para a reconversão em modo biológico e 10 milhões de euros para a promoção externa, que classificou como essencial.

Maria do Céu Antunes disse ainda que Portugal não subscreveu uma posição da Irlanda para rotular o vinho, à semelhança do que já se faz com o tabaco, defendendo que existem vários projetos no país que falam sobre o consumo consciente.

Por outro lado, vincou que Portugal, apesar de não se poder comparar em termos de dimensão com mercados como França, pode competir em termos de qualidade, pedindo que se continue a produzir com qualidade, mesmo que em menor quantidade. “Somos um país pequeno, mas a nossa diversidade é muito grande. A valorização das nossas castas tem que ser feita e deve ser explicada”, apontou.

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