Da redução do IVA ao acordo com a distribuição, como o Governo quer travar os preços da alimentação?

Primeiro-ministro reconheceu que a subida dos preços dos alimentos é uma “realidade muito grave” e abriu a porta a “um acordo com a distribuição” e com a produção, bem como a redução da fiscalidade.

O primeiro-ministro quer travar a escalada dos preços dos alimentos e, por isso, abriu a porta a um controlo dos preços através de “um acordo com a distribuição” e com a produção, assim como a uma redução da tributação. Mas, afinal, o que está em cima da mesa e o que fizeram outros países?

“O Conselho de Ministros da próxima quinta-feira terá condições para fazer um programa, que será confirmado sexta-feira, e terá apoios sociais, intervenção na área dos preços e a dimensão de valorização salarial”, revelou António Costa, durante o debate de política geral na Assembleia da República.

Numa altura em que a inflação abrandou para 8,2% em fevereiro, mas que a inflação produtos alimentares não transformados voltou a aumentar pelo terceiro mês consecutivo, fixando-se em 20,09%, o primeiro-ministro fez saber que os novos apoios serão decididos em função dos resultados da execução orçamental do ano passado, mas assumiu como “compromisso” “que toda a receita extraordinária que decorreu da inflação” seja ” redistribuída aos portugueses”.

No que toca especificamente ao setor alimentar, em resposta ao PCP, António Costa reconheceu que a subida dos preços é uma “realidade muito grave” e que o seu valor está “acima daquilo que é a média da inflação a nível nacional e mesmo acima do que acontece noutros países europeus”.

Nesse sentido, o primeiro-ministro abriu a porta a um “controlo de preços” através de “um acordo com a distribuição” e a um “acordo com a produção”. Neste âmbito, António Costa sinalizou que o Executivo vai “trabalhar com o setor para agir sobre preços em diversas dimensões”: por um lado, através de “ajudas de Estado à produção”, por forma a “diminuir os custos de produção” e, por outro, através da “redução da fiscalidade”.

E se anteriormente o primeiro-ministro dizia não estar convencido da “eficácia” da redução do IVA dos bens alimentares, agora admite que poderá fazer parte da solução. Para o governante, a redução do IVA tem uma “enorme vantagem para as famílias relativamente à redução do IRS: tem efeito imediato e não diferido”. Contudo, “só faz sentido haver redução do IVA se tiver correspondência na redução do preço”, afirmou Costa esta quinta-feira. Segundo o Observador, em cima da mesa estará a descida temporária num cabaz de produtos e para 0%. Além disso, o primeiro-ministro anunciou que vai avançar com apoios diretos às famílias vulneráveis.

Em declarações ao ECO, José Reis, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, vê com bons olhos que haja um acordo com a distribuição, dado que considera que há um “óbvio descontrolo” dos preços dos bens alimentares e uma “grande arrogância da parte daqueles que têm posições dominantes no mercado”, aludindo às declarações da CEO da Sonae que disse que “tentar fixar preços é querer prateleiras vazias”.

Nesse sentido, o economista defende que haja uma intervenção administrativa, admitindo que esta pode ser feita através do “congelamento, tabelamento”, ou até da redução de preços de alguns produtos alimentares. “A intervenção pode ser feita de diferentes maneiras”, diz, admitindo que “em alguns casos” pode ter que se “intervir na diminuição dos preços”, caso “se considere que estão puxados para cima”.

O professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra pede ainda que haja “uma fiscalização muito forte” e diz-se favorável à redução do IVA dos bens alimentares. “A descida dos preços para a taxa mínima tem justificação económica e de justiça social, que tem que ver com o facto de para as famílias, de menores rendimentos, o peso dos bens alimentares é muito maior do que para as de maiores rendimentos”, justifica.

Opinião diferente tem Pedro Brinca, professor associado da Nova SBE, que, apesar de admitir que “pode haver circunstâncias especiais” alerta que “a política de controlo de preços não tem bons resultados”, tal como já tinha sido sinalizado pelo ministro da Economia e do Mar. “O Governo ao ter uma política de preços máximos aquilo que pode estar a fazer é tornar menos apelativo à produção a produção desses bens, o que poderá fazer com que eles comecem a faltar nas prateleiras“.

Se, paralelamente a uma eventual fixação de preços, forem dadas ajudas à produção, Pedro Brinca considera que já não estará em causa a escassez de produtos, mas “põe-se um problema que tem que ver com as lógicas da eficiência económica”. “Se de facto a produção de determinados produtos está mais cara, o facto de o preço subir é um sinal que se dá ao mercado para que ele tenha alguma contenção na sua compra e, na medida do possível, o tente substituir”, assinala. “Claro que quando estamos a falar de bens essenciais esta substituição é mais difícil, mas pode sempre haver”, remata, ao ECO.

Por outro lado, sobre a redução do IVA em certos produtos alimentares, o economista lembra que os principais produtos já pagam IVA reduzido (6%) e que em Espanha, “os preços subiram na mesma”. “Poderá ajudar, mas não resolve problema das pessoas”, sinaliza. “Aquilo que nos diz a ciência económica é que quem vai ganhar mais com isso será a entidade que tem mais poder de mercado, que será muito provavelmente a distribuição”, avisa. “Obviamente que os produtos até podem ficar marginalmente mais baratos ou não subir tanto perante as pessoas, mas a perda de receita fiscal não compensa”, afirma. “Parece-me sempre melhor um apoio direto ao rendimento das famílias”, conclui.

No plano de Costa para enfrentar a alta de preços, enunciado no último debate parlamentar, também fazem parte “apoios diretos às famílias vulneráveis para fazerem face ao aumento do custo de vida” e, num outro segmento, a “atualização extraordinária dos salários dos trabalhadores do Estado, porque a inflação em 2022 foi mais alta do que o esperado – 7,8%, contra os 7,4% previstos pelo Governo”.

E lá fora?

Algumas destas medidas já foram tomadas por outros governos europeus. Em Espanha, o governo espanhol anunciou em dezembro do ano passado um reforço de 10.000 milhões de euros ao pacote de medidas para mitigar o impacto da inflação, elevando o total para 45 mil milhões de euros. Entre as medidas aprovadas a redução para 0%, durante seis meses, do IVA sobre produtos alimentares de primeira necessidade. Em fevereiro, a taxa de inflação em Espanha acelerou para 6%, face ao período homólogo, à boleia, sobretudo, do aumento histórico dos preços dos alimentos de 16,6%.

Já em França, no início deste mês o governo chegou a acordo com algumas das maiores cadeias de supermercado do país, tendo em vista o congelamentos de preços de alguns bens alimentares. A medida vai durar durante três meses, sendo que a escolha dos produtos é feita pelas próprias cadeias de distribuição. Em fevereiro, a taxa de inflação em França acelerou para 6,2%, face ao período homólogo, sendo que a inflação dos bens alimentares foi de 14,5%.

Certo é que a subida dos preços dos alimentos tem marcado a atualidade nacional dos últimos dias, apesar de o setor do retalho garantir que não há especulação dos preços. Na semana passada, a ministra da Agricultura anunciou que vai ser criado um selo que ateste que os produtos alimentares cheguem aos consumidores com um preço justo, refletido em todas as etapas da cadeia nacional.

Esta quinta-feira, o Governo reuniu-se com os representantes dos setores da produção, transformação e distribuição de bens alimentares para analisar a conjuntura inflacionista.

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Liberty lança formação inclusiva para mediadores

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2023

Liberty quer "desenvolver confiança, capacidades de comunicação, agilidade emocional, auto-consciencialização, reconhecimento de capacidades de liderança e desenvolvimento de marca" de mediadores.

A Liberty Seguros criou a formação ‘Liberty For Women‘ para “desenvolver a confiança, capacidades de comunicação, agilidade emocional, auto-consciencialização, reconhecimento de capacidades de liderança e desenvolvimento de marca” dos seus profissionais mediadores.

“Trabalhamos para tornar a Liberty num local cada vez mais focado nas pessoas e nas suas diferentes características”, disse Rita Almeida, diretora comercial de mediação tradicional da Liberty Portugal e Irlanda.

O projeto ‘Liberty for Women’ quer “garantir a diversidade e igualdade de oportunidades de todos os seus colaboradores“. No “seguimento da aprendizagem e do sucesso da primeira edição em Espanha, no ano passado, chega agora a Portugal”.

O projeto foi lançado pelo Conselho para a Diversidade, Equidade e Inclusão, um órgão interno da Liberty Seguros na Europa, criado para “garantir a diversidade e igualdade de oportunidades de todos os seus colaboradores“.

O Liberty For Women “reforça o compromisso da seguradora e está incluído na oferta de formação para a rede de mediação“.

“Trabalhamos para tornar a Liberty num local cada vez mais focado nas pessoas e nas suas diferentes características. Este programa exclusivo pretende ter um forte papel de consciencialização da responsabilidade de cada um na construção de um espaço Diverso, Equitativo e Inclusivo (DEI), e criar maior proximidade e relação de confiança com a rede de mediação”, explicou Rita Almeida, diretora comercial de mediação tradicional da Liberty Portugal e Irlanda. “Queremos ser uma seguradora em que clientes e colaboradores se sentem incluídos e ouvidos da mesma forma”, conclui.

O programa, que arranca a 10 de abril e termina em setembro, decorre em formato híbrido e conta com cursos focados em cada um dos seis pilares de formação, onde serão definidos planos de ação. No final, as 25 participantes terão sessões de follow-up para solidificar as competências adquiridas.

Com uma estrutura idêntica à que será oferecida à rede de mediação, o ‘Liberty For Women’ foi lançado enquanto programa interno em 2022 e faz parte da oferta formativa aberta, disponível para todos os colaboradores. A primeira edição contou com cerca de 100 participantes (homens e mulheres) e obteve resultados muito positivos. Este ano, o programa foi lançado na semana marcada pelo Dia Internacional da Mulher e conta já com 90 inscritos.

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Fidelidade quer transparência e ética com código APCADEC

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2023

Fidelidade adere às boas práticas de procurement delineadas pela APCADEC, um "garante de profissionalismo, transparência e ética crescentes e de diminuição contínua da exposição a riscos financeiros".

A Fidelidade anunciou a sua adesão ao “Código de Ética” da Associação Portuguesa de Compras e Aprovisionamento (APCADEC).

Lançado no início do ano, junto da comunidade de procurement em Portugal, o “Código de Ética” propõe boas práticas o cumprimento de critérios, cada vez mais exigentes, de transparência e ética nos negócios.

Sob os princípios orientados pela International Federation of Purchasing & Supply Management, a subscrição “permite à Fidelidade reforçar o alinhamento das suas práticas de procurement com as principais recomendações internacionais com as referências (Declaração Universal dos Direitos do Homem, Declaração da Organização Internacional do Trabalho, Declaração do Rio sobre ambiente e Desenvolvimento, bem como na Convenção das Nações Unidas contra a corrupção), que constituem a base dos 10 Princípios do Pacto Global das Nações Unidas”, escreve a companhia, em comunicado.

“Este alinhamento é, para a Fidelidade um garante de profissionalismo, transparência e ética crescentes e de diminuição contínua da exposição a riscos financeiros e operacionais”, disse a companhia.

Ao subscrever as diretrizes da APCADEC “a Fidelidade demonstra o seu compromisso com um procurement cada vez mais responsável e sustentável“, garante a seguradora.

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APS propõe escalões para indemnizar incapacidades no desporto

  • Lusa
  • 22 Março 2023

APS defendeu proposta de escalões para reparação dos danos pela incapacidade permanente parcial no desporto profissional, de modo a afastar o “espetro da inconstitucionalidade” do projeto-lei.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) apresentou, nesta quarta-feira, na Assembleia da República (AR), uma proposta de escalões para reparação dos danos pela incapacidade permanente parcial no desporto profissional, de modo a afastar o “espetro da inconstitucionalidade” do projeto-lei.

No âmbito da discussão na especialidade do projeto-lei, que aprova o regime específico para reparação dos danos provocados por acidentes de trabalho de desportistas profissionais, a APS mostrou-se globalmente favorável, apresentando algumas alterações.

O projeto-lei, apresentando pelo PS e aprovado na generalidade, propõe a possibilidade de revisão da incapacidade, que deve poder ser requerida no prazo de 10 anos desde a data da alta clínica, além do limite mínimo de 5% de incapacidade estabelecido para as indemnizações a desportistas.

Estes tinham sido pontos sensíveis no debate desencadeado no parlamento, pelo grupo de trabalho da Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, tendo sido mesmo admitida, anteriormente, a sua inconstitucionalidade, por parte do Sindicato do Jogadores Profissionais de Futebol.

Beatriz Cardoso, coordenadora do grupo de trabalho da APS, disse, nesta quarta-feira, discordar desta alegada violação dos princípios da igualdade e da justa reparação dos acidentes de trabalho.

“As especificidades do desporto profissional justificam um regime específico de reparação dos acidentes de trabalho, designadamente, um estabelecimento de um limite mínimo na reparação nas incapacidades mais reduzidas. Entendemos que não está em causa princípio da igualdade, situações diferentes devem ser tratadas de forma diferente”, salientou.

A responsável adiantou que é “injusto e imoral” reparar pequenas incapacidades, sem impacto na atividade, através da atribuição de elevados montantes.

Ainda assim, e de modo a afastar o “espetro de inconstitucionalidade”, Beatriz Cardoso apresentou um esquema de escalões na reparação dos danos emergentes de acidente de trabalho do praticante desportivo profissional dos quais resulte uma incapacidade permanente parcial, em que os sinistrados com salários mais baixos, até aos 40 ordenados mínimos (30.400 euros), não tenham qualquer limitação.

Já nos sinistrados com retribuições anuais entre os 30.400 euros e os 152 mil (até 200 ordenados mínimos), apenas se atenderá a incapacidades iguais ou superiores a 5%, uma percentagem que aumenta para 10% quem recebe mais de 152 mil euros por ano (retribuições superiores a 200 ordenados mínimos).

“Pensamos que esta solução permite ultrapassar a problemática, porque a maioria fica dentro do escalão sem limitação. O que é justo é reparar com adequação. Temos visto muitas incapacidades de 2 ou 3% que permitem receber milhões, o que é imoral e até repugnante“, salientou.

Esta ideia de escalonamento já tinha sido apontada por Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), de modo a não prejudicar os jogadores com salários mais baixos.

Já Miguel Guimarães, diretor-geral adjunto da APS, admitiu que os elevados custos dos seguros decorre da “enorme frequência de acidentes, com idade média dos sinistrados baixa e uma enorme disparidade salarial, em alguns clubes elevadíssima”.

“Falam de taxas de 20%. Não sei qual é a taxa média, mas imagino que corresponda à realidade, quando a média do ramo de acidentes de trabalho anda em torno do 1,5%. Por isso, faz sentido tentar reformular este regime, para reconhecer e tratar melhor estas diferenças”, defendeu.

Miguel Guimarães não precisou o impacto que estas alterações venham a ter nos prémios do seguro a pagar, mas referiu que acredita numa redução significativa.

Quanto à revisão da incapacidade, o projeto-lei defende que só pode ser requerida no prazo de 10 anos a contar da data da alta clínica, enquanto nos casos em que do acidente de trabalho não resulte qualquer incapacidade, apenas poderá ter lugar dentro do prazo de três anos.

Beatriz Cardoso concordou com estas limitações e propôs que a revisão possa ser requerida uma vez por ano, mas dentro do prazo dos 10 anos, um período que permite consolidar as lesões.

Duarte Nuno Vieira, professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, esteve presente na sessão e sobre este ponto explicou que uma lesão “não fica silenciosa 20 ou 30 anos”.

“Uma lesão não fica silenciosa 30 anos, tem de haver uma continuidade de sintomas. Se me queixei, tenho um período para avaliar”, disse, frisando ainda que a tabela de incapacidades nacional “até é generosa”, pois permite que qualquer perito se possa desviar, para mais ou menos, desde que fundamente a decisão.

Os deputados Hugo Maravilha (PSD) e Manuel Loff (PCP) voltaram a alertar para a possível inconstitucionalidade do projeto-lei, dadas as discrepâncias face à lei geral, enquanto Francisco César (PS) defendeu que o mínimo de 5% de incapacidade estabelecido para as indemnizações “não tem nenhuma inconstitucionalidade”, pois é tratado “de forma diferente o que é diferente”.

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Alexandre Fonseca nomeado chairman da Altice USA

O gestor é co-CEO da Altice Europa e vai agora passar a acumular com as funções de chairman da operação que a Patrick Drahi controla nos EUA.

Alexandre Fonseca foi nomeado chairman da Altice USA, sucendendo a Dexter Goie. O atual co-CEO da Altice Europa vai assim acumular com as novas funções de chairman da operação que Patrick Drahi controla nos EUA, revela a companhia em comunicado. “A companhia está hoje numa posição reforçada graças à liderança do CEO, Dennis Mathew, e quero trabalhar com a equipa para capitalizar o momento e acelerar a criação de valor que damos aos nossos colaboradores, clientes e acionistas“, refere o gestor, citado neste comunicado.

Alexandre Fonseca, que também é presidente do Conselho de Administração da Altice Portugal, passa assim a liderar a operação americana, que passou a estar independente da Altice NV em janeiro de 2018, quando o principal acionista, Patrick Drahi, avançou com uma operação de ‘spin-off’.

O gestor português que foi líder da Altice Portugal vai encontrar um contexto difícil nos EUA. Como escrevia a Bloomberg (acesso pago, em inglês), a operação americana exige um elevado investimento em fibra, o que os analistas consideram ser a opção operacional correta, mas arriscada por causa do nível de endividamento do grupo em termos globais, próximo dos 30 mil milhões de dólares, e pressionado pelo aumento dos custos financeiros e maior concorrência.

As ações da Altice USA caíram mais de 60% no último ano, para um valor de mercado de 2.4 mil milhões de dólares. Segundo a Bloomberg, a Altice USA contratou a boutique de investimento Lazard para apoiar a companhia na escolha de um parceiro para desenvolver o projeto de fibra nos EUA, experiência que Alexandre Fonseca tem depois de liderar a Altice em Portugal.

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Comissão de inquérito da TAP vai ter sala “secreta” para consultar documentos

A Assembleia da República não dispõe de software certificado para consulta de documentos classificados. Deputados vão ter de usar uma sala própria.

A grande maioria dos 307 documentos pedidos pela comissão parlamentar de inquérito à tutela da gestão pública da TAP já foram recebidos. Cerca de 100 vieram classificados como tendo informação secreta ou reservada. Os deputados vão ter uma sala com 10 computadores para os consultarem.

Seguro Sanches, presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI), fez esta quarta-feira um balanço da documentação recebida. Foram pedidos 307 elementos documentais a cerca de 20 entidades e personalidades. Já foram recebidos 173, dos quais uma centena como classificados. Entre as entidades que têm documentos ainda a enviar estão a Comissão Europeia, a TAP e duas sociedades de advogados.

Os documentos classificados terão de ser consultados numa sala própria, com 10 computadores, sem ligação à rede, explicou Jorge Seguro Sanches. Uma exigência necessária para garantir o cumprimento da lei, sustentou durante a reunião ordinária da CPI.

Para cumprir a lei, a informação classificada como secreta tem de ser consultada através de software credenciado e uma rede credenciada, de que a Assembleia não dispõe“, explicou. Daí que a consulta tenha de ser feita “através de um computador standalone, numa sala com as condições de segurança exigidas pela lei”.

A “sala secreta”, como lhe chamou Bruno Dias, deputado do PCP, estará disponível a partir desta quinta-feira. O presidente da mesa propôs que a mesa da comissão, que integra também os vice-presidentes, Filipe Melo, do Chega, e Paulo Rios de Oliveira, do PSD, irá consultar os documentos para aferir se cumprem os critérios para serem considerados classificados.

O presidente da CPI referiu que “os documentos, cuja maioria já está na Assembleia da República, dividem-se em três grupos: com classificação de segurança, que resulta da aplicação da Lei, os cujas entidades ou gestores invocaram segredo de negócio e os sem classificação”. Jorge Seguro Sanches acredita, no entanto, que um grande número de documentos acabará por ser desclassificado por não cumprir os requisitos. Uma análise que começará a ser feita na sexta-feira.

Acredito que vamos aumentar de forma substancial os documentos que podem ser consultados com fácil acesso, no computador de cada um de nós. Alguns, pela sua natureza, não será possível”, afirmou o presidente da mesa.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estendendo-se por um período de 90 dias.

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Estado passa a deter quase 12% do Novobanco

  • ECO
  • 22 Março 2023

O Novobanco aprovou esta quarta-feira em assembleia-geral de acionistas um aumento de capital no valor de cerca de 263 milhões de euros. Estado passou a deter 11,96% do capital social do banco.

O Novobanco aprovou esta quarta-feira em assembleia-geral de acionistas um aumento de capital no valor de cerca de 263 milhões de euros, na sequência da conversão de créditos fiscais, relativos aos exercício de 2018 e 2019, informou o banco liderado por Mark Bourke.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Novobanco explica que este aumento de capital é “realizado na modalidade de incorporação de reservas”, sendo que 146.366.604,25 euros são referentes “ao exercício social findo em 31 de dezembro de 2018” e que 116.816.620,97 euros são referentes “ao exercício social findo em 31 de dezembro de 2019”, lê-se. Contas feitas, o aumento de capital ronda os 263 milhões de euros.

O banco liderado por Mark Bourke vai emitir 739.798.019 novas ações, o que corresponde a “6,27% do seu capital social e que são atribuídas ao Estado Português”, Assim, o Estado passará a deter 11,96% do capital social do Novobanco. Com esta operação, o capital social do Novobanco passará a ser de 6.567.843.862,91 euros.

Esta quarta-feira, a instituição financeira nomeou ainda Evgeniy Kazarez como membro do Conselho Geral e de Supervisão (“CGS”) para o atual mandato (2021-2024), adianta ainda outro comunicado enviado ao mercado.

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Comissão de Inquérito da TAP vai ouvir 60 personalidades. Há seis prioritárias

Deputados da comissão parlamentar de inquérito vai arrancar com audições na próxima semana. Inspetor-Geral de Finanças e CFO da TAP deverão ser os primeiros.

Os deputados da comissão parlamentar de inquérito à tutela pública da gestão da TAP aprovaram esta quarta-feira a audição de 60 personalidades requeridas pelos partidos. Os primeiros seis a serem chamados serão o presidente da Inspeção-Geral de Finanças, o administrador financeiro da TAP, Alexandra Reis, a presidente executiva da TAP, o chairman da companhia e o presidente da CMVM.

Os deputados da comissão parlamentar de inquérito acordaram ouvir prioritariamente seis personalidades. Na próxima semana, quarta e quinta-feira, deverá ser ouvido António Ferreira dos Santos, que lidera a Inspeção-Geral de Finanças, a entidade responsável pela auditoria que concluiu pela nulidade do acordo celebrado entre a TAP e a antiga administradora Alexandra Reis e sustentou a devolução da indemnização de 500 mil euros. A intenção dos deputados é também ouvir o administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires.

Na lista de audições prioritárias está ainda a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, que o PSD queria que fosse a primeira a ser chamada, “com caráter de urgência”. O coordenador social-democrata, Paulo Moniz, alertou durante os trabalhos da comissão que a gestora francesa poderá ausentar-se do país findas as suas funções na companhia aérea, o que deverá acontecer no final do mês, tornando depois “mais difícil a sua audição”.

Alexandra Reis, que depois de sair da TAP foi presidente da NAV e secretária de Estado do Tesouro, também consta desta lista inicial. Ou outros dois são o presidente do conselho de administração da companhia aérea, Manuel Beja, e o presidente da CMVM, Luís Laginha de Sousa.

O presidente da CPI, Jorge Seguros Sanches, esclareceu que o objetivo é ouvir estas seis personalidades nas próximas três semanas. A ordem irá depender da sua disponibilidade.

Para mais tarde ficou a definição da ordem em que serão chamadas as restantes personalidades. Há uma série de nomes que constam dos requerimentos de vários partidos. Além da CEO e do chairman atuais (cuja demissão foi já anunciada pelo Governo e deverá acontecer até ao final do mês), os deputados vão chamar também antigos responsáveis da companhia, como Fernando Pinto e Antonoaldo Neves.

Os deputados querem também ouvir os antigos acionistas privados da companhia: Humberto Pedrosa e David Neeleman, este último o protagonista do polémico negócio de compra de aviões à Airbus, que esteve na origem dos fundos que usou para capitalizar a transportadora na privatização em 2015, já no segundo Governo de Passos Coelho.

A lista inclui também nomes das tutelas atuais, como Fernando Medina (Finanças) e João Galamba (Infraestruturas), mas sobretudo antigos titulares, como João Leão, Mário Centeno, Pedro Nuno Santos, Hugo Mendes (ex-secretário de Estado das Infraestruturas) ou Miguel Cruz (ex-secretário de Estado do Tesouro). Há também elementos dos Governos de Passos Coelho, como Pires de Lima, antigo ministro da Economia, e Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Infraestruturas.

Os deputados querem também questionar os advogados que estiveram evolvidos nas negociações do acordo de saída da antiga administradora Alexandra Reis da TAP: César Esteves, da SRS Legal, que assessorou a TAP, bem como a equipa da Morais Leitão que acompanhou Alexandra Reis nas negociações da renúncia por mútuo acordo.

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Von der Leyen pede tratamento ‘justo’ para empresas da UE

  • Lusa
  • 22 Março 2023

A presidente da Comissão Europeia disse que há "subsídios ocultos e menos transparentes" da China e espera um "diálogo de transparência" com os EUA nos incentivos. do lado americano.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu esta quarta-feira que as empresas e a indústria de tecnologias limpas da União Europeia (UE) sejam tratadas “justamente” no resto do mundo.

Se olharmos para um nível de igualdade global, para nós é muito importante que as nossas empresas e a indústria das tecnologias limpas sejam tratadas de forma justa”, afirmou em conferência de imprensa após a cimeira tripartida realizada em Bruxelas, que reuniu os principais instituições da UE com empregadores e sindicatos comunitários.

Nesse encontro, discutiu-se a competitividade da economia dos 27, num contexto marcado pelos 340 mil milhões de euros em subsídios “verdes” aprovados pelos Estados Unidos no âmbito da lei anti-inflacionista para o setor das tecnologias limpas, área em que China e Japão também planeavam investir 260.000 e 140.000 milhões de euros, respetivamente.

A Comissão Europeia apresentou, na semana passada, a “Lei das Indústrias de Emissão Zero”, com a qual busca aumentar a produção de tecnologias limpas na União Europeia para cobrir 40% do seu consumo anual com produção própria até 2030. Von der Leyen mencionou que Bruxelas concordou com os Estados Unidos “em ter um diálogo de transparência”, para que se saiba “exatamente quais são os incentivos do lado americano”, para que a UE possa “igualar isso”.

A presidente reconheceu que há “subsídios ocultos e menos transparentes” da China, e afirmou que, nesse caso, deve garantir-se igualdade de condições também para as empresas dos 27. “Dentro do mercado único, há também a necessidade de igualdade de condições. Portanto, o auxílio estatal foi moldado para uma aplicação temporária e específica. Basicamente, todos os Estados-membros podem usar o auxílio estatal, mas é claro que sabemos que para alguns é mais fácil de usar e outros não têm margem de manobra financeira”, afirmou.

Von der Leyen confirmou que esta ajuda deve ser acompanhada de um financiamento europeu comum e explicou que existem vários fundos disponíveis: “Há uma grande variedade de possibilidades para os Estados-membros concederem isenções fiscais à indústria das tecnologias limpas, mas também para incentivar projetos e, mais importante, incentivar projetos transfronteiriços pan-europeus”, afirmou.

O presidente da associação patronal europeia BusinessEurope, Fredrik Persson, admitiu que a competitividade “não se constrói com subsídios”, mas considerou que na atual conjuntura “os subsídios específicos, como no quadro de crise temporária” da Comissão Europeia, “têm um propósito muito importante.”

Já a secretária-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos, Esther Lynch, disse que, se as empresas recebem apoios públicos, é preciso garantir que, com esse apoio, oferecem “empregos de qualidade e que os trabalhadores sejam parte integrante” dos investimentos. “Existem diferenças entre os Estados-membros e temos de assegurar que os diferentes instrumentos que estão a ser implementados garantam que cada região, cada Estado-membro, não fique para trás por não ser capaz de prestar o apoio necessário”, considerou.

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Costa “perdeu a cabeça” por tentar responsabilizar Governo PSD na privatização da TAP, diz Montenegro

  • Lusa
  • 22 Março 2023

Luís Montenegro acusou o primeiro-ministro de “tentar atirar lama ética para cima do PSD” na privatização da TAP, quando “o que fez foi penalizar de forma grosseira o erário público”.

O presidente do PSD considerou esta quarta-feira que o primeiro-ministro “perdeu um pouco a cabeça” quando tentou “atribuir responsabilidades inusitadas” e “atirar lama ética” ao último Governo social-democrata por causa do processo de privatização da TAP.

“[Sobre a TAP] creio que o primeiro-ministro perdeu um pouco a cabeça, para não dizer mesmo que se passou, ao querer agora atribuir responsabilidades inusitadas ao Governo do PSD”, sustentou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas depois de uma reunião com a delegação social-democrata no Parlamento Europeu (PE) e a presidente da instituição, Roberta Metsola, em Bruxelas, na Bélgica.

Na ótica do presidente social-democrata, o primeiro-ministro “já disse tudo e o seu contrário” e fez o mesmo quando “primeiro nacionalizou uma parte, depois nacionalizou 100%” da companhia aérea e agora vai avançar para privatização.

Luís Montenegro acusou António Costa de “tentar atirar lama ética para cima do PSD” quando “o que fez foi penalizar de forma grosseira o erário público” e os contribuintes. Na ótica do líder social-democrata, o líder do executivo atual “está atrapalhado” e limitou-se a criar “cortinas de fumo comunicacionais” para disfarçar a “incapacidade que tem tido de dar resposta” aos problemas do país.

O presidente social-democrata apelou ainda ao Presidente da República para tentar demover o Governo de avançar com o arrendamento coercivo de habitações devolutas, depois das críticas que dirigiu ao pacote “Mais Habitação”.

Somos frontalmente contra [o arrendamento coercivo] e estamos mesmo convencidos de que o PS vai acabar por compreender, por recuar, tal é o consenso que há na sociedade portuguesa contra essa medida, ainda não vi ninguém a defendê-la que não fossem os mais aferroados apoiantes do PS e os seus dirigentes, e mesmo alguns com alguma vergonha”, sustentou Luís Montenegro.

Questionado sobre o clima de crispação entre o Presidente da República e o Governo, o líder do PSD respondeu que “o país tira sempre proveito quando os órgãos de soberania exercem as suas competências em favor das condições de vida das pessoas”.

Se o Presidente da República mostra discordância perante um pacote legislativo e a intenção de mudança do Governo é porque está preocupado com as pessoas, não é com o Governo”, argumentou. O líder da oposição considerou que “mexer na habitação, hoje, pressupõe, em primeiro lugar, alargar a oferta”. Mas o modelo apresentado pelo executivo socialista “tem o efeito precisamente contrário, desincentiva o investimento e, portanto, haverá menos casas no mercado e o preço vai aumentar”, sustentou.

“Eu não me iria pronunciar em termos de crispação, iria pronunciar-me em termos daquilo que o cumprimento das competências dos órgãos de soberania, no caso de o Presidente da República poder, de alguma maneira, influenciar o Governo para ele atinar e ver o caminho de forma mais correta”, disse.

Luís Montenegro disse estar “muito de acordo” com a apreciação “negativa” que Marcelo Rebelo de Sousa fez do “pacote que o Governo apresentou de forma atabalhoada, repentina, sem uma política estruturante”.

O Presidente da República defendeu esta quarta que o arrendamento coercivo de casas devolutas “ganharia em ser repensado” e apelou a um entendimento entre socialistas e sociais-democratas sobre a habitação: “Ainda há muito debate a fazer no parlamento, o que foi anunciado ganharia em ser repensado porque as câmaras [municipais] já disseram que não vão ajudar, não têm meios.”

 

 

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Lítio: Projeto reformulado da mina em Boticas em consulta pública até 4 de abril

  • Lusa
  • 22 Março 2023

O projeto foi reformulado para dar resposta às questões levantadas pela comissão de avaliação da mina do Barroso, a nível dos sistemas ecológicos e hídricos.

O projeto reformulado da mina de lítio que a empresa Savannah Resources quer explorar, em Boticas, vai estar em consulta pública entre até ao dia 4 de abril, segundo foi divulgado no portal Participa.

A Savannah anunciou ter apresentado, na semana passada, a revisão do relatório ambiental e do plano de lavra para o projeto de lítio, em Boticas, distrito de Vila Real, solicitada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), e explicou que, após a submissão dos documentos, o prazo para a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) é “31 de maio de 2023” e que espera que o projeto obtenha a sua licença ambiental em 2024.

O projeto reformulado entrou esta quarta-feira em consulta pública, podendo as participações ser submetidas, segundo a informação dada no portal Participa, até ao dia 4 de abril (13 dias). A mina do Barroso localizar-se-á nas freguesias de Covas do Barroso, Dornelas e Vilar e Viveiro, em Boticas, mas cruza ainda a freguesia de Canedo, em Ribeira de Pena.

O projeto foi reformulado para dar resposta às questões levantadas pela comissão de avaliação da mina do Barroso, a nível dos sistemas ecológicos (potencial perturbação de espécies como o mexilhão-de-rio, gralha-de-bico-vermelho e da atividade natural do lobo-ibérico) e dos recursos hídricos (presença de elementos do projeto sobre linhas de drenagem, a sua proximidade ao rio Covas, possibilidade de deterioração da qualidade das águas superficiais com afetação dos objetivos definidos na Diretiva Quadro da Água”.

Na altura em que a Savannah foi notificada para reformular o projeto, em julho de 2022, após o parecer desfavorável da comissão de avaliação, “não havia compatibilidade paisagística devido à classificação da área como Património Agrícola Mundial” e era também apontada uma “elevada incomodidade provocada pela exploração intensa e continuada” junto da população e uma influência na qualidade do ar da região.

De acordo com o resumo não técnico, o projeto reformulado eliminou as atividades durante o período noturno e concentrou as atividades mais ruidosas nos dias úteis entre as 12:00 e as 15:00. Os principais valores a preservar, segundo o documento, são o lobo-ibérico devido à proximidade do projeto com cinco alcateias conhecidas, áreas afetas às medidas compensatórias do Sistema Eletroprodutor do Tâmega e áreas pertencentes ao Património Agrícola Mundial.

A exploração mineira engloba quatro cortas (pinheiro, grandão, reservatório), onde se encontra o recurso geológico, acrescem ao projeto os anexos mineiros, compostos por uma unidade de processamento (lavaria), instalações de resíduos (estéreis e rejeitados), estruturas de gestão de água, os acessos a beneficiar, tanto internos, como externos, e ainda uma linha elétrica, a relocalizar.

A mina do Barroso terá uma duração estimada de 17 anos, concluindo o documento que, na fase de construção e encerramento, “os impactes sentidos, apesar de negativos, se apresentam como pouco significativos, devido à duração dos trabalhos, à sua natureza e intensidade”.

É na fase de exploração que são apontados os “impactes significativos do projeto”, evidenciando-se efeitos “desfavoráveis significativos” ao nível da afetação paisagística, principalmente associados à instalação da lavaria, ao desmonte de rocha nas cortas e ao enchimento das escombreiras, ainda na afetação dos recursos hídricos, com alteração dos padrões de drenagem e condições hidromorfológicas, e na componente social, devido à necessidade de aquisição de terrenos e deslocação económica.

“Apesar disso, salientam-se as melhorias provocadas pela reformulação do projeto, que permitiram reduzir a significância dos impactes negativos observados face ao projeto anteriormente avaliado”, aponta o resumo não técnico.

Como impactes positivos são referidos o “posicionamento estratégico de Portugal face às políticas europeias do lítio e o dinamismo do quadro socioeconómico”, a “revegetação das áreas afetadas e a implementação do Projeto Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP).

Serão ainda implementados planos de monitorização da qualidade do ar, de monitorização do lobo, monitorização dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, nomeadamente nas albufeiras a criar com construção dos reservatórios e no rio Covas. A adoção das medidas de minimização recomendadas e o seu correto acompanhamento ambiental, garantirão, segundo o documento, “a reduzida significância dos impactes”.

A exploração mineira é contestada localmente, por autarcas e populares que se uniram na associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso e que tem alertado para consequências da mina a nível “dos consumos de água, da proximidade da aldeia, das cortas a céu aberto e das escombreiras.

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Prémio Investigação ASF já tem júri. Candidaturas até fim de março

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2023

Até final deste mês de março podem ser entregues os trabalhos dos candidatos à 2º edição do prémio de investigação ASF. O júri já está nomeado e o prémio é de 7.500 euros.

Gabriela Figueiredo Dias, Margarida Lima Rego e Francisco Rodrigues Rocha serão o júri da 2ª Edição do Prémio Investigação ASF, uma iniciativa que visa “incentivar a produção de trabalhos de investigação científica de elevado valor para o desenvolvimento dos mercados nacionais dos seguros e dos fundos de pensões”, diz a apresentação. O júri junta, assim, destacados elementos de Direito das Universidades de Coimbra, Lisboa e Nova.

Francisco Rodrigues Rocha, Gabriela Figueiredo Dias e Margarida Lima Rego. O júri junta as escolas de Direito de Lisboa, de Coimbra e da Nova.

A data limite das entregas de trabalhos para avaliação é final desde mês de março. O prémio ascende a 7.500 euros para o vencedor, ou repartido, caso exista mais de um vencedor.

A 2ª edição é dedicada às áreas de Direito e Humanidades, tema que alterna com “Economia, Matemática e Tecnologia”, para atribuição do prémio.

O Júri, nomeado de acordo com a área de conhecimento do ano, avaliará os trabalhos a concurso em 2023 e em julho próximo será anunciado o vencedor.

São jurados do 2º Prémio Investigação ASF:

  • Gabriela Figueiredo Dias, que preside, foi presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários – CMVM de 2016 a 2021, sendo atualmente Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra e membro do Observatório de Sustentabilidade daquela Universidade de onde é licenciada e mestre em Direito;
  • Margarida Lima Rego é Professora catedrática e diretora da NOVA School of Law, Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e presidente em Portugal da AIDA, associação que promove a cooperação internacional e nacional para o estudo e o conhecimento do direito dos seguros e também membro da Comissão Executiva e do Conselho Científico da AIDA Europe;
  • Francisco Rodrigues Rocha que é licenciado, mestre e doutor em Direito (2021) pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e autor de vários livros e estudos sobre direito na área dos seguros.

A 1ª edição do Prémio de Investigação ASF, dedicado a Economia, Matemática e Tecnologia, teve dois vencedores com os os trabalhos Longevity – linked life annuities: the Portuguese Experience, da autoria de Ana Catarina Amorim, e Saving for retirement through consumption: an application for Portugal, de Roberto Carcache Flores, Abraham Hernandez Pacheco e Ana Margarida Ramos.

Para mais informação veja aqui .

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