Marcelo dissolve Parlamento e convoca eleições antecipadas para 10 de março

O Presidente da República vai deixar passar o Orçamento do Estado do Governo demissionário de António Costa e só depois marca eleições antecipadas para 10 de março.

O Presidente da República optou pela “dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições em 10 de março de 2024”, anunciou esta quinta-feira à noite Marcelo Rebelo de Sousa, depois de consultado o Conselho de Estado com o qual esteve reunido durante cerca de quatro horas.

E vai deixar passar o Orçamento do Estado para 2024 antes de assinar e publicar o decreto presidencial que formaliza a aceitação da demissão do primeiro-ministro António Costa: “Quero deixar a garantia da indispensável estabilidade económica e social, que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado, antes mesmo de ser formalizada a exoneração em inícios de dezembro”.

O Chefe de Estado tenciona assim oficializar a demissão de António Costa, e por arrasto de todo o Executivo, só no início de dezembro, dando margem para a aprovação final global, assegurada pela maioria absoluta socialista, do Orçamento do Estado para 2024 no dia 29 de novembro. A partir da publicação do decreto da demissão, o atual Governo entra em modo de gestão, estando mais limitado nos seus poderes. Apenas poderá aprovar atos estritamente necessários e quaisquer propostas de lei caducam automaticamente, segundo a Constituição.

“A aprovação do Orçamento permitirá ir ao encontro das expectativas de muitos portugueses e acompanhar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que não pára nem pode parar, com a passagem de Governo a Governo de gestão ou com a dissolução da Assembleia da República”, justificou Marcelo num discurso dirigido ao País a partir do Palácio de Belém que durou cerca de sete minutos.

De referir que a decisão do Presidente não reuniu o consenso no Conselho de Estado. Houve mesmo um empate, com oito conselheiros a favor de eleições e oito pela nomeação de um novo governo.

Marcelo destacou ainda a gravidade da investigação criminal: “Pela primeira vez em democracia ficou-se a saber que, respeitando a terceiros, uns seus colaboradores outros não, que o primeiro-ministro ía ser objeto de processo autónomo sobre a jurisdição do Supremo Tribunal de Justiça”. E deixou recados à justiça: “Espero que o tempo mais depressa do que devagar permita esclarecer o sucedido”.

Outra das razões que sustentaram a dissolução e a marcação de eleições em vez de um novo Governo proposto pelos socialistas é a “fraqueza” da solução proposta pelo PS, com a manutenção da mesma maioria mas com qualquer outro primeiro-ministro “para tanto não legitimado política e pessoalmente pelo voto popular”, explicou o Chefe de Estado.

“A devolução da palavra ao povo é a força da democracia, é não ter medo do povo”, destacou, reforçando que, “sem dramatizações, nem temores, é preciso dar a palavra ao povo” para escolher um Governo que garanta “estabilidade” e “progresso económico, social e cultural” em liberdade, pluralismo e democracia.

Marcelo explicou que tentou “encurtar o mais possível o tempo desta decisão, tal como a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições e se não foi possível torná-lo mais breve, isso tem a ver com o processo de substituição na liderança no partido do Governo, como aconteceu no passado”.

Recorde-se que o congresso do PS, que irá eleger o sucessor de António Costa à liderança do partido, só deveria realizar-se entre 15 e 17 de março. Entretanto, e face à decisão de Marcelo, a direção do partido vai propor esta quinta-feira à comissão política que o congresso ocorra mais cedo, nos dias 6 e 7 de janeiro em Lisboa e que as eleições diretas para o cargo de secretário-geral se realizem a 15 e 16 de dezembro.

O Presidente da República quis ainda deixar uma palavra de esperança: “Confio como sempre em vós, portugueses, no vosso patriotismo, espírito democrático, bom senso e liberdade, que são a certeza decisiva no futuro de Portugal”.

Na comunicação ao País, o Presidente da República elogiou o primeiro-ministro pela “elevação do gesto” na forma como se demitiu: “Agradeço a disponibilidade para assegurar funções até à substituição nos termos constitucionais”. E enalteceu “o serviço à causa pública, durante décadas, em particular nos longos e exigentíssimos anos de saída do défice excessivo, saneamento da banca, pandemia e guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, na chefia do Governo de Portugal”.

O Conselho de Estado foi convocado esta terça-feira pelo Presidente da República, depois de o primeiro-ministro se ter demitido depois de ter tido conhecimento que estava a ser investigado pelo Ministério Público, no âmbito de suspeições de corrupção ligadas aos negócios do lítio e hidrogénio verde.

Fazem parte deste órgão político de consulta do Presidente da República, 18 conselheiros, sendo que oito são por inerência direta pelos cargos que ocupam: presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, primeiro-ministro, António Costa, presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, presidente da Madeira, Miguel Albuquerque, presidente dos Açores, José Manuel Bolieiro, e os antigos presidentes da República, Ramalho Eanes e Cavaco Silva.

Cinco cidadãos são designados pelo Presidente da República: António Lobo Xavier, António Damásio, Lídia Jorge, Luís Marques Mendes, Leonor Beleza. E outros cinco são eleitos pela Assembleia da República: Carlos César, Francisco Pinto Balsemão, Manuel Alegre, António Sampaio da Nóvoa, Miguel Cadilhe.

Na quarta-feira, o chefe de Estado recebeu no Palácio de Belém os oito partidos com assento parlamentar que, à exceção do PS, se manifestaram a favor de uma dissolução e convocação de eleições legislativas antecipadas.

No entanto, os socialistas, que têm maioria absoluta de deputados, propuseram a nomeação de outro primeiro-ministro para chefiar um novo Governo apoiado pela atual maioria. Terão sido indicados personalidades como Mário Centeno, atual governador do Banco de Portugal, Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, e António Vitorino, ex-ministro da Defesa e ex-comissário europeu, para chefiar o novo Executivo. Os três nomes terão sido rejeitados por Marcelo Rebelo de Sousa.

O primeiro-ministro apresentou na terça-feira a sua demissão, que Marcelo aceitou, depois de buscas em vários gabinetes do Governo, no âmbito de uma investigação do Ministério Público em torno dos negócios do lítio e hidrogénio verde. Em causa estão suspeitas de crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

A Operação Influencer visa ainda o agora ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, que foi exonerado destas funções esta quinta-feira, depois deste ter sido constituído arguido.

O ministro da Infraestruturas, João Galamba, também foi constituído arguido. No anterior Executivo de Costa, o governante foi secretário de Estado da Energia do então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, também implicado neste processo.

O atual Governo resultou de uma dissolução do parlamento, a primeira decretada por Marcelo Rebelo de Sousa, no início do seu segundo mandato presidencial, na sequência do chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 na generalidade, e que resultou na vitória do PS com maioria absoluta nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro de 2022.

(Notícia atualizada às 20h43)

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Ministério Público investiga suspeitas nas minas de lítio

  • Capital Verde
  • 9 Novembro 2023

As duas minas de lítio que existem no país, uma em Montalegre e outra no Barroso, levantam suspeitas junto do Ministério Público, tanto quanto a aprovações ambientais como aos processos de concessão.

O Ministério Público aponta possíveis ilegalidades no processo de atribuição de uma avaliação ambiental favorável à mina da Lusorecursos, assim como no processo de concessão desta mina e da de Boticas, promovida pela empresa Savannah, noticia o Jornal Económico.

Suspeita-se que quer a DGEG, quer a APA possam ter tido intervenção ilícita naquela avaliação ambiental [da mina da Lusorecursos]”, isto “após contactos do suspeito Ricardo Pinheiro para ser favorecido”, o que o MP diz por em causa a decisão da APA de atribuir uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada ao projeto.

Em paralelo, o MP levanta questões sobre o processo de concessão, já que o direito de exploração havia sido dado a uma empresa diferente daquela que beneficiou da concessão.

Sobre a mina promovida pela Savannah, “igualmente se verificam suspeitas de ilegalidades relacionadas com a concessão da exploração de lítio na mina do Barroso”, lê-se no mesmo documento.

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Já terminou o Conselho de Estado. Marcelo prepara-se para falar ao país

  • ECO
  • 9 Novembro 2023

Terminou o Conselho de Estado que contou com a presença dos 18 conselheiros, três dos quais estiveram presentes por videoconferência. Marcelo prepara-se para falar ao país.

Depois de ter arrancado pouco depois das 15h e sem faltas, já terminou o Conselho de Estado. O encontro foi convocado pelo Presidente da República para analisar a crise política e decidir se dissolve a Assembleia da República e convoca eleições antecipadas ou, pelo contrário, irá abrir a porta a que se forme um novo Executivo. Marcelo Rebelo de Sousa prometeu comunicar a decisão depois deste encontro.

Dos 18 conselheiros que marcaram presença, três estiveram presentes através de videoconferência: Miguel Albuquerque, presidente da Madeira, está nas Canárias, o neurocientista António Damásio, vive nos EUA, e a escritora Lídia Jorge.

O Presidente da República convocou o Conselho de Estado na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, depois de buscas em vários gabinetes do Governo, no âmbito de uma investigação do Ministério Público em torno dos negócios do lítio e hidrogénio verde.

Segundo uma nota da Presidência, o Conselho de Estado foi convocado “ao abrigo do artigo 145.º, alínea a) e da alínea e), segunda parte” da Constituição – nos termos das quais compete a este órgão “pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia da República”, mas também, “em geral, aconselhar o Presidente da República no exercício das suas funções”.

O Chefe do Estado deverá anunciar ao País pelas 20h se vai ou não dissolver o Parlamento, marcar eleições antecipadas e se, neste quadro, segura o Orçamento do Estado para 2024 ou o deixa cair.

Fazem parte deste órgão político de consulta do Presidente da República, 18 conselheiros, sendo que oito são por inerência direta pelos cargos que ocupam: presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, primeiro-ministro, António Costa, presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, presidente da Madeira, Miguel Albuquerque, presidente dos Açores, José Manuel Bolieiro, e os antigos presidentes da República, Ramalho Eanes e Cavaco Silva.

Cinco cidadãos são designados pelo Presidente da República: António Lobo Xavier, António Damásio, Lídia Jorge, Luís Marques Mendes, Leonor Beleza. Cinco cidadãos são eleitos pela Assembleia da República: Carlos César, Francisco Pinto Balsemão, Manuel Alegre, António Sampaio da Nóvoa, Miguel Cadilhe.

Na quarta-feira, o chefe de Estado recebeu no Palácio de Belém os oito partidos com assento parlamentar que, à exceção do PS, se manifestaram a favor de uma dissolução e convocação de eleições legislativas antecipadas.

O primeiro-ministro apresentou na terça-feira a sua demissão, que Marcelo aceitou, depois de buscas em vários gabinetes do Governo, no âmbito de uma investigação do Ministério Público em torno dos negócios do lítio e hidrogénio verde. Em causa estão suspeitas de crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

A Operação Influencer visa ainda o agora ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, que foi exonerado destas funções esta quinta-feira, depois deste ter sido constituído arguido.

O ministro da Infraestruturas, João Galamba, também foi constituído arguido. No anterior Executivo de Costa, o governante foi secretário de Estado da Energia do então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, também implicado neste processo.

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Estado lança concurso para construir 394 casas por 60 milhões na antiga Estação Radionaval de Algés

  • Ana Petronilho
  • 9 Novembro 2023

Antiga Parque Escolar, que continua sem conselho de administração, lança primeiro concurso para a construção de habitação do Estado na antiga Estação Radionaval de Algés, em Oeiras.

O Estado lançou o concurso público internacional para a construção de 394 casas do Estado para arrendamento acessível na antiga Estação Radionaval de Algés, em Oeiras. É o primeiro concurso para habitação lançado pela Construção Pública, a antiga Parque Escolar, que cinco meses depois de ter sido criada continua sem conselho de administração.

De acordo com o anúncio publicado em Diário da República, o Estado vai investir 59,3 milhões de euros para a construção dos 394 fogos que de dividem em seis lotes. Mas no total, o projeto vai contar com 770 casas para arrendamento acessível, segundo um documento apresentado pela ministra da Habitação, Marina Gonçalves, durante o debate do Orçamento do Estado para 2024 em sede de especialidade, que está a decorrer no Parlamento.

O prazo das candidaturas termina a 8 de dezembro sendo que a construtora adjudicada terá um prazo de 21 meses para a construção das habitações, refere ainda o aviso do concurso publicado em Diário da República.

Este é também o primeiro do oito edifícios devolutos cedidos pela Defesa, em 2021, ao antigo ministério das Infraestruturas a ser transformado em habitação acessível.

Neste pacote estão ainda incluídos imóveis nos concelhos de Lisboa, Porto e Oeiras. São eles, a Quinta da Alfarrobeira para onde estão previstos 365 fogos, a Cerca do Convento da Estrela – Ala Sul onde vão ser construídas 107 casas, Hospital Militar da Estrela, em Lisboa, com 84 fogos; as instalações utilizadas pela manutenção militar e a oficina geral de fardamento e equipamento, na Avenida da Boavista, com 67 fogos, o edifício na Avenida de França com 36 casas e o Trem do Ouro e Casa do Lordelo do Ouro, no Porto, com 90 fogos. No total, nos oito edifícios vão ser construídas um total de 1.379 casas para arrendamento acessível.

O protocolo para a cedência destes imóveis foi assinado a 30 de junho de 2021, e contou com a assinatura do antigo secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, do ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho. O acordo prevê que as Forças Armadas recebam 110 milhões de euros, pela concessão por 75 anos dos direitos de superfície, para investimento nas suas infraestruturas.

No entanto, em agosto deste ano, as Forças Armadas apenas receberam 15,4 milhões da verba prometida, escreveu o Diário de Notícias.

Além disso, Carlos Moedas, que tinha aceitado que a Câmara Municipal de Lisboa fosse parceira deste plano no mais importante e valioso imóvel, a Quinta da Alfarrobeira (em Benfica, Lisboa), desistiu da operação. “Avaliada a opção em concreto e as várias implicações da mesma, entre elas a nível de encargos para a CML, reforçado ainda por alternativas e disponibilidade de outros locais que já fazem parte do património municipal, a decisão foi de que estrategicamente não fazia sentido manter essa possibilidade”, escreveu, em comunicado, a Câmara Municipal de Lisboa.

Para arrendamento acessível, segundo os dados apresentados pela ministra no Parlamento, o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) tem em curso 450 obras tendo já terminado a construção de 200 casas. Vai ainda adquirir 500 imóveis a que se somam 4.800 em fase de projeto e outros 5.100 em fase de pré-projeto. Há ainda 475 casas de edifícios que são da propriedade do Fundo Nacional para a Reabilitação do Edificado, gerido pela Fundiestamo, onde estão por exemplo, os projetos para o Quartel de Santa Bárbara e para o antigo Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, para onde estão previstos 248 fogos.

Em curso estão, por exemplo, as obras para a construção de 156 fogos na zona de Alfazina, na Costa da Caparica, ou a conversão da Clínica da Reboleira em oito fogos. No Entroncamento, no bairro Vila Verde, estão a ser reabilitados edifícios da IP que estavam devolutos para serem transformados em 40 habitações.

A ministra disse ainda no Parlamento que, desde julho, o Governo firmou mais parcerias e identificou mais 2.500 imóveis para serem transformados em habitação com arrendamento acessível. No entanto, “há imóveis que vão ser concluídos depois do fim do PRR pela sua complexidade”, avisa Marina Gonçalves.

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Suspeitas ao lítio e hidrogénio levam ambientalistas a pedir “avaliação profunda” do Simplex Ambiental

Ambientalistas defendem "avaliação profunda" ao Simplex Ambiental depois de MP ter avançado com buscas à exploração de projetos de hidrogénio, lítio e à inauguração do data center, em Sines.

A associação ambientalista Zero e a Quercus levantam dúvidas quanto à legitimidade do Simplex Ambiental na sequência da investigação aos projetos de exploração dos projetos de lítio, em Boticas e em Montalegre, e à inauguração do centro de dados e produção de hidrogénio “verde”, em Sines, no âmbito da Operação Influencer.

Ao ECO/Capital Verde, o Francisco Ferreira considera que a investigação em causa “motiva uma avaliação forte, e profunda, ao porquê da criação de um Simplex Ambiental“, revelando que na altura da sua elaboração a “Zero teve muitos contactos com funcionários e alguns dirigentes do Ministério do Ambiente e da Ação Climática” que alertaram terem “sido completamente ultrapassados por aquela legislação“.

Em causa está o Simplex Ambiental, diploma aprovado em 2022, que tem como propósito simplificar os procedimentos administrativos para a obtenção de autorizações e licenças ambientais.

Para o presidente da Zero, “com estas suspeitas sobre o processo de decisão da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)” nomeadamente no caso da inauguração do data center, em Sines, “levanta-se todo um conjunto de dúvidas sobre a recente legislação do Governo e o processo de avaliação de impacto ambiental“, diz o responsável.

Por sua vez, numa nota de imprensa, divulgada esta quinta-feira, a Quercus aponta que a aprovação do Simplex Ambiental “foi feita à custa de medidas que prejudicam a sua qualidade” e fazemtábua rasa” dos valores fundamentais que a política ambiental e o instrumento da avaliação de impacte ambiental visam proteger.

A associação liderada por Alexandra Azevedo aponta ainda que o processo de investigação criminal em curso vem “expor de forma mais visível o facilitismo e a falta de transparência na instalação de projetos que em nome da transição energética“, defendendo maior “coerência nas políticas, para a compatibilização e salvaguarda dos valores naturais e das comunidades”.

A posição é subscrita pela Zero. Para Francisco Ferreira, independentemente dos resultados da investigação, o Governo deve procurar “melhorar, e muito, a transparência e o rigor e os procedimentos na avaliação de impacto ambiental”, alertando que a falta de rigor nestes processos pode pôr em causa a legitimidade da transição energética.

“Precisamos de ter a certeza que as decisões estão a ter tomadas de forma adequada, transparente, sem influências. Os processos de AIA já levantam suspeitas e não podem ser influenciados por pressões políticas e económicas. Situações destas alimentam a desconfiança numa altura em que precisamos da transição energética e climática”, sublinha o presidente da Zero ao ECO/Capital Verde.

A posição das associações surge na sequência da operação do Ministério Público sobre os negócios do lítio e do hidrogénio, que assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o ex-porta-voz do PS, João Tiago Silveira, e a empresa Start Campus foram constituídos arguidos.

Segundo documentos a que o ECO teve acesso, Lacerda Machado terá usado a amizade com o primeiro-ministro para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus.

Ademais, estão em cima da mesa investigações às concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real e um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal.

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Construção de fábrica de avião português prevista arrancar em 2024 em Ponte de Sor

  • Lusa
  • 9 Novembro 2023

O presidente de Ponte de Sor, Hugo Hilário, prevê “o lançamento do primeiro protótipo do avião no primeiro semestre de 2026 e o segundo protótipo no segundo semestre de 2026”.

As obras de construção de uma fábrica que vai produzir a primeira aeronave portuguesa, em Ponte de Sor (Portalegre), devem arrancar em 2024, estando previsto o lançamento de dois protótipos em 2024.

Em declarações à agência Lusa, à margem da cimeira aeronáutica Portugal Air Summit (PAS) que decorre no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor até domingo, o presidente do município, Hugo Hilário, explicou que “prevê-se o lançamento do primeiro protótipo do avião no primeiro semestre de 2026 e o segundo protótipo no segundo semestre de 2026”.

“E esperamos para ano [2024], na altura da realização do PAS, lá para outubro, novembro, que já estejamos no início da construção da fábrica”, disse. O concelho de Ponte de Sor está envolvido em três agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com mais de 200 milhões de euros, esperando que sejam criados cerca de 500 postos de trabalho diretos e mais de 1.000 indiretos.

A primeira agenda mobilizadora é a “Aero.next Portugal” (um consórcio), que será responsável por produzir a primeira aeronave portuguesa, o LUS 222. Esta agenda contempla cerca de “140 milhões de euros” de investimento, “61%” dos quais para o Alentejo (75 milhões de euros), é ainda composta pela produção de uma aeronave não tripulada com capacidade “distinta” das que existem para a vigilância marítima e uma terceira componente relacionada com a mobilidade aérea avançada.

A segunda agenda mobilizadora, a “Neuraspace”, tem como objetivo “ajudar a resolver” os problemas relacionados com os lixos espaciais, sendo criado em Ponte de Sor um radar para dar resposta a esta necessidade. Este projeto envolve “cerca de 20 milhões de euros” e criará cerca de 20 a 30 postos de trabalho diretos.

A terceira agenda mobilizadora, no âmbito do PRR, a “Newspace”, está por sua vez relacionada com a produção de microssatélites e comporta “cerca de 60 milhões de euros” de investimento, criando mais de uma centena de postos de trabalho.

“As outras agendas, uma dos satélites está um bocadinho mais adiantada, tem de estar executada, como sabemos, até por imperativo do PRR até final de 2026 e espera-se que no final de 2024 /2025 já haja uma verificação efetiva da realização dessa agenda no terreno”, disse.

“Agora está na parte da preparação das agendas, naquela que é a discussão permanente obrigatória entre todos os membros dos consórcios e, portanto, é um trabalho feito por os representantes do consórcio”, acrescentou. De igual modo, Hugo Hilário sublinha que a “Neuraspace” segue “exatamente pelo mesmo caminho”, esperando que ainda em 2024 estas duas agendas estejam implementadas no território.

“Estão agora [as duas últimas agendas] na fase preparatória, mas dizer que estas agendas por estarem na sua fase preparatória, independentemente disso, já tem alguma taxa de execução considerável”, alertou. “Há aqui um trabalho de conteúdos programáticos, trabalho técnico e científico alocado a estas e de investigação tecnológica alocados a estas agendas em que o não estar ainda fisicamente no terreno a implementar, por exemplo, telescópio ou por exemplo o radar de controlo dos satélites ou a linha de produção, não quer dizer que não esteja a fazer nada”, acrescentou.

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Técnicos superiores do INE e Finanças têm aumento extra de 52 euros com efeitos a janeiro

Aumentos terão efeitos a 1 de janeiro deste ano, pelo que o cheque poderá chegar aos 736,96 euros se for pago em dezembro. Medida vai abranger cerca de 500 funcionários públicos.

Os técnicos superiores do Instituto Nacional de Estatística (INE) e das Finanças vão ter um aumento extraordinário, ainda este ano, de 52,64 euros brutos mensais com retroativos a 1 de janeiro, segundo o decreto-lei aprovado esta quinta-feira pelo Governo. A medida vai beneficiar “cerca de 500 trabalhadores”, adiantou ao ECO, o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão.

“Face ao contexto de valorização das carreiras, o Governo reconhece como necessário que as valorizações remuneratórias efetuadas na carreira geral de técnico superior tenham idêntica tradução, ainda em 2023, neste conjunto de carreiras especiais”, lê-se no comunicado do Executivo. A mesma nota salienta que o diploma pretende criar “condições de maior atratividade para a fixação de talentos”.

Recorde-se que, na semana passada, os trabalhadores do INE deixaram uma nota no calendário de publicações a dar conta do adiamento da publicação de umas estatísticas, devido à “escassez de recursos humanos”. Estas serão publicadas com cerca de uma semana e meia de atraso.

O diploma, agora aprovado, vai permitir dar um salto extra na posição remuneratória em cada um dos 14 níveis existentes. Assim, o salário de entrada destes licenciados, que está nos 1.333,35 euros brutos mensais, vai subir 52,64 euros para 1.385,99 euros. Este aumento de cerca de 52 euros vai beneficiar os trabalhadores dos restantes patamares remuneratórios. Só na última posição, que está nos 3.775,83 euros, não haverá uma valorização salarial.

Se o diploma for publicado em Diário da República até ao início de dezembro, estes funcionários públicos poderão receber já nesse mês um cheque de 736,96 euros relativo aos retroativos de 14 meses de aumento, incluindo já o relativo aos subsídios de férias e de natal.

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Compras online ultrapassam os 10 mil milhões de euros em 2022. Perspetiva é de crescimento

Há mais portugueses a fazerem compras online. Em 2022 foram mais de cinco milhões (+1,7% em relação a 2021) e o crescimento deste número verifica-se sobretudo entre os escalões etários mais elevados.

As compras online de bens e serviços em 2022 alcançaram os 10,2 mil milhões de euros em Portugal, numa subida de 1,99% em relação a 2021. Esta subida deve-se em grande medida ao aumento de 7,5%das compras online de serviços que compensaram a redução de 2,8% registada nas compras online de produtos.

Os dados são avançados no CTT e-Commerce Report de 2023 – que inquiriu 500 compradores online e 83 retalhistas com venda online – que projeta ainda que no final de 2023 seja registado um crescimento de 2,7% nas compras online de produtos em comparação com 2022, totalizando 5,53 mil milhões de euros. Já quanto às compras de serviços online, prevê-se que estas venham a crescer 6% totalizando 5,16 mil milhões de euros.

Segundo o mesmo estudo, divulgado esta quinta-feira, há mais portugueses a fazerem compras online. Em 2022 foram mais de cinco milhões, num crescimento de 1,7%em relação a 2021, sendo que os dispositivos digitais “são cada vez mais o suporte por excelência para uma compra que se quer cada vez mais, fácil, conveniente e rápida”.

Entre estes compradores, cerca de três em cada quatro têm idades entre 25 e 54 anos, sendo que o crescimento do número de compradores online verifica-se sobretudo entre os escalões etários mais elevados.

Os dados avançados no estudo referem também que, em média, 74% dos compradores online fizeram mais de uma compra online por mês, com o valor de compra médio a situar-se nos 55,61 euros. Já anualmente, cada comprador gastou em compras online de produtos uma média de 1073 euros, ou seja, mais oito euros face ao ano passado.

Por outro lado, o número anual de compras online de produtos físicos desceu para 19,3 (20,6 no ano anterior), ao contrário do número de produtos por compra que cresceu de 4,5 produtos em 2021 para 4,83 produtos.

O motivo mais apontado pelos compradores para a opção pelo canal online em 2023 prende-se com a facilidade de compra (69,5%), tendo o preço mais baixo (61,6%) sido o fator que mais cresceu, ao subir 5,8 pp face a 2022.

A possibilidade de fazer a compra a qualquer hora (60,4%), as promoções (59,4%) e uma maior variedade (46,6%) foram os outros motivos mais apontados.

O vestuário e calçado mantém-se este ano como a categoria mais popular entre os que fazem compras online (70,2%), mas registou uma queda de 2,8 pp face a 2022. As restantes categorias mais populares são as de equipamentos eletrónicos e informáticos (55,4%), higiene e cosmética (44,4%), livros e filmes (37,2%) e eletrodomésticos (33,6%).

Entre as que mais cresceram em termos absolutos encontram-se as de acessórios de moda (+10,6 pp), higiene e cosmética (+7,6 pp) e produtos e acessórios para animais (+5,8 pp).

Já para o abandono do checkout de compras online contribuem sobretudo preços finais mais caros do que o previsto (63,4%), insatisfações com o prazo de entrega (22,8%) e desconfiança quanto aos meios de pagamento disponibilizados (22%).

Os três principais métodos de pagamento são usados por uma percentagem muito idêntica dos compradores online portugueses, que preferem o PayPal (39,4%), seguido pela referência multibanco (39%) e Mbway (38,8%). Entre os três apenas o Mbway não recuou face a 2022, tendo inclusivamente crescido 5 pp.

Os portugueses também estão a pesquisar mais antes de comprar, tendo em conta que o recurso à pesquisa online está cada vez mais presente no momento da decisão de compra – quer esta seja concretizada no meio digital ou na loja física.

O grau de satisfação com as devoluções aumentou tanto para os compradores (de 71,6% para 84,9% em 2023) como para os vendedores (+1,4 pp, para 27,1%).

Enquanto um terço dos compradores diz perspetivar vir a gastar mais em compras online, cerca de metade dos vendedores também esperam um incremento de vendas no próximo ano, embora cerca 20% aponte antes para uma redução nas vendas online em resultado das suas expectativas quanto ao contexto económico do país nos próximos 12 meses.

Cerca de um terço dos compradores online dizem também ter comprado online artigos em segunda mão a particulares, sendo esta opção de compra justificada pelo fator preço, seguido pelo da sustentabilidade.

Segundo o estudo, “quem compra em segunda mão apresenta elevada propensão para voltar a vender (são grandes indutores de circularidade/reutilização)”.

Dentro deste âmbito da sustentabilidade quatro em cada dez compradores online mostra-se disposto a pagar mais por uma entrega sustentável ou para receber a sua encomenda numa embalagem reutilizável. Já 51,4% dos compradores estão mais predispostos a pagar um valor extra para receberem as encomendas no próprio dia, naquela que é uma subida de 10,7 pp face a 2022.

 

 

(Artigo alterado às 21h10, após o envio de dados CTT retificados)

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Doadores prometem mais de mil milhões de euros em ajuda humanitária a Gaza

  • Lusa
  • 9 Novembro 2023

Uma grande parte desta ajuda será utilizada para satisfazer as necessidades das Nações Unidas para ajudar a população de Gaza e da Cisjordânia, estimadas em 1,2 mil milhões de dólares.

Os países que participaram na “conferência humanitária” sobre Gaza, organizada esta quinta-feira em Paris, comprometeram-se com uma ajuda superior a mil milhões de euros até ao final deste ano, anunciou a Presidência francesa. “Os números relativos aos compromissos assumidos na conferência estão ainda a ser consolidados, mas é certo que a fasquia dos mil milhões de euros será ultrapassada”, declarou o Eliseu.

Uma grande parte desta ajuda será utilizada para satisfazer as necessidades das Nações Unidas para ajudar a população de Gaza e da Cisjordânia, estimadas em 1,2 mil milhões de dólares (cerca de 1,120 mil milhões de euros) até ao final de 2023.

Portugal vai contribuir com dez milhões de euros para a assistência humanitária à Faixa de Gaza, anunciou em Paris o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, durante a Conferência Humanitária para a População Civil de Gaza, promovida pelo Presidente da República francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu.

“O Governo português, através do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, anunciou uma contribuição voluntária no montante total de 10 milhões de euros, para reforçar a assistência humanitária na Faixa de Gaza, apoiando os esforços do sistema das Nações Unidas e de outras organizações humanitárias presentes no terreno, designadamente o Escritório da Organização das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla inglesa), a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla inglesa) e o Comité Internacional da Cruz Vermelha”, segundo uma nota de imprensa da diplomacia portuguesa.

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“O despacho do bar aberto” e outros atropelos com que Galamba, Lacerda Machado e Escária beneficiaram o centro de dados de Sines

Na descrição que o Ministério Público faz dos bastidores do caso Influencer, referem-se pressões para avançar aprovações ambientais e diplomas legais, procurando facilitar o projeto da Start Campus.

João Galamba, ministro das Infraestruturas, Diogo Lacerda Machado, “melhor amigo” de António Costa e Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro fizeram alegadamente pressão sobre vários decisores para favorecer o Start Campus, a pedido dos administradores do centro de dados de Sines. O alegado tráfico de influências e corrupção passiva e ativa permitiu obter autorizações ambientais decisivas para o projeto e despachos à medida, revela o despacho de indiciação do Ministério Público, a que o ECO teve acesso.

Acabámos de emitir a decisão de dispensa de avaliação de impacto ambiental, pelo menos neste primeiro módulo”, informou Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente desde 2012, em conversa telefónica com o também arguido Rui Oliveira Neves, administrador da Start Campus, ainda em dezembro de 2021. Só que isso não chegava, porque a área requerida para a expansão do projeto era muito maior e incluía um parque fotovoltaico.

Rui Oliveira Neves terá pedido um encontro para “falar da envolvente ambiental toda”, ao qual Lacasta acedeu. O consultor da Start Campus indicou que “15 megawatts é para arrancar e começar”, mas que seria necessário começar a trabalhar na “next stop” (próximo passo). Depois de ter sido tomada a decisão de dispensa de AIA, Afonso Salema, CEO da Start Campus, e Rui Oliveira Neves terão iniciado a elaboração de Estudo de Impacte Ambiental, visando o restante campus do centro de dados.

Neste processo, indicam os procuradores, os arguidos Salema e Neves encetaram contactos junto de João Galamba e Lacasta, “por forma a garantir que o procedimento de Avaliação Impacte Ambiental (AIA) prosseguiria em termos favoráveis à Start Campus”. Também são descritos encontros entre Salema e Cordeiro, desde jantares “até copos”, em junho de 2022.

Entre os “obstáculos” ao projeto da Start Campus estaria o entendimento da APA de que “a Start Campus devia apresentar Estudo de Impacto Ambiental do centro de dados e do parque [solar] em conjunto e ao mesmo tempo”. Já Duarte Cordeiro e Galamba entendiam que a Start Campus pode funcionar sem parque solar, pelo que este componente podia ficar de fora do Estudo de Impacte Ambiental, o que “facilitava todo o procedimento de AIA”.

A PGR entende que “por influência” de Galamba sobre Lacasta, o solar foi autonomizado do procedimento de AIA. “Em outubro de 2023, o projeto relativo ao parque solar foi aprovado por parte da DGEG com dispensa de EIA, por forma a não ser necessário parecer do ICNF”.

“A guerra das ZEC”

As Zonas Especiais de Conservação (ZEC) foram outro dos entraves ambientais que se interpôs ao projeto, mas que acabou por ser afastado.

Aqui, segundo a PGR, Duarte Cordeiro defendia a posição do ICNF, que inicialmente considerava as ZEC “intocáveis”, mas “o ministro da Economia [Pedro Siza Vieira], o das Infraestruturas [Pedro Nuno Santos] e o primeiro-ministro [António Costa] aprovaram a desclassificação daquilo”, terá comunicado Salema a Oliveira Neves, em junho de 2022, com base no que lhe foi transmitido numa reunião com Filipe Costa, da Aicep Global Parques.

O ministro da Economia [Pedro Siza Vieira], o das Infraestruturas [Pedro Nuno Santos] e o primeiro-ministro [António Costa] aprovaram a desclassificação daquilo [terreno do Start Campus em Zona Especial de Conservação].

Afonso Salema

CEO do Start Campus

Neste âmbito, foi convocada uma reunião a 26 de maio de 2022 para “compatibilizar” a questão dos ZEC com o projeto do centro de dados. Os procuradores registam uma chamada entre Lacasta e Nuno Banza, responsável pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) nesta data.

Na chamada, Nuno Banza aponta que o projeto interfere com espécies prioritárias e habitats prioritários, e que, neste caso não há compensações possíveis (em resposta a uma sugestão de Lacasta neste sentido). “O terreno do centro de dados é todo ZEC”, alerta.

Na sequência, Lacasta informa que “já isentou” o primeiro pavilhão, o que surpreende Banza. “Como?”, pergunta, “não está dentro da ZEC?”. Lacasta é perentório: “Não sei, não deve estar. Mas eu sei que já foi isentado e foi um não assunto”. Nuno Banza remata que vai ter de avançar com um parecer desfavorável. “Se eles quiserem avançar com aquilo tem que fazer aquele processo de declarar o edifício… de utilidade pública”.

No mesmo dia, após a reunião, a Procuradoria cita outra conversa telefónica, desta vez entre Galamba e Banza. Galamba indica que o pedido da AICEP Global Parques é desclassificar a zona em torno da central. Banza insiste que “estão a pedir para desclassificar uma zona na qual estão identificados habitats”, e defende que não é necessário. “A solução não é eu ir perguntar nada a Bruxelas. A solução é eu fazer o processo de avaliação de impacto ambiental, (…) se houver necessidade (…), propor as medidas compensatórias, fechar o processo, licenciá-lo e deixar lá estar a ZEC na maior”.

Apesar de inicialmente ter entendido que não eram admissíveis medidas compensatórias quanto aos habitats afetados, o ICNF inverteu a sua posição.

Despacho do Ministério Público

Assim, “e apesar de inicialmente ter entendido que não eram admissíveis medidas compensatórias quanto aos habitats afetados, o ICNF inverteu a sua posição”, afere a PGR.

Numa reunião em 22 de dezembro de 2022, continua o despacho do Ministério Público, Vitor Escária assegurou aos arguidos Afonso Salema e Diogo Lacerda Machado que o AIA teria decisão favorável.

“A Declaração de Impacto Ambiental favorável, sem oposição do ICNF, foi emitida em agosto de 2023, sem oposição do ICNF, com vista à construção das restantes fases do projeto”, concluem os procuradores. Para este resultado, diz a PGR, contribuíram “diversas pressões” por parte de João Galamba, Vitor Escária e Nuno Lacasta junto das entidades envolvidas, e a “influência” exercida por Lacerda Machado, Salema e Oliveira Neves.

O “despacho do bar aberto”

A 13 de dezembro de 2022, Afonso Salema e Rui Neves Oliveira discutiam outro senão: a capacidade de injeção na rede elétrica, que não estava assegurada. Para resolver esta questão entenderam que deviam falar diretamente com o primeiro-ministro, e procurar “promover” este encontro através de Diogo Lacerda Machado, com o conhecimento de João Galamba.

Na conversa com Machado, o CEO do Start Campus pediu “ajuda para uma audiência diretamente com o primeiro-ministro” para “fazer um ponto de situação do projeto”. Parâmetros urbanísticos e a capacidade estavam em causa. “Nós sabemos que há fórmulas fáceis mas que é preciso que venha de cima ordem a dizer: meus amigos resolvam isto”, apelou Salema. Diogo Lacerda acedeu: “deixe-me gerir isto com o Escária e depois com o António”.

Deixe-me gerir isto com o [Vítor] Escária e depois com o António [Costa].

Diogo Lacerda Machado

Advogado

Reuniram-se os três, Escária, Salema e Lacerda, a 22 de dezembro de 2022. António Costa “queria aparecer”, relatou Salema a Oliveira Neves mais tarde, mas “não conseguiu”. Neste encontro, Escária terá disponibilizado “o apoio que fosse necessário para ultrapassar obstáculos” e “conferir maior celeridade” aos procedimentos. No que dizia respeito ao plano urbanístico, antecipou-se a necessidade de intervenção, pelo que Escária ficou de contactar o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, também arguido.

No início de janeiro, Ana Foutoura Gouveia assumiu as rédeas da secretaria de Estado da Energia. E isto não foram boas notícias para os gestores da Start Campus. Salema e Oliveira Neves foram confrontados com “resistência” ou “menor celeridade” no que toca à regulamentação do reforço da capacidade elétrica “para satisfazer as necessidades” do centro de dados.

Lacerda Machado foi novamente chamado a intervir, e a contactar “direta ou indiretamente” o primeiro-ministro, “com vista a pressionar a referida secretária de Estado”. Em março, Lacerda dizia a Salema que Fontoura Gouveia estaria “devidamente instruída”, “ciente do que tinha de fazer” e “à procura da fundamentação da urgência, para ser inatacável a atribuição da capacidade de injeção”.

Pelo meio, no dia 31 de janeiro de 2023, Lacerda Machado já havia reunido com Escária e pedido que Rodrigo Costa, CEO da REN, fosse chamado para explicar o plano de assegurar uma capacidade de 5,2 gigawatts em Sines até 2026, tendo em conta a inexistência de capacidade de 800 megawatts que servisse o centro de dados.

Lacerda reuniu ainda com Duarte Cordeiro em junho de 2023. Salema chegou a fazer um briefing com Diogo Machado dos temas que deveriam ser abordados naquele encontro, mais concretamente o procedimento de avaliação de impacto ambiental e “o atraso significativo na potência de injeção e da secretária de Estado, que é preciso tomar o pulso para não se perder”.

Entretanto tenho estado a ver se sai o despacho do bar aberto, ainda não saiu.

Afonso Salema

CEO da Start Campus

Em julho e agosto, os gestores da Start Campus mantêm as queixas de falta de celeridade. “Entretanto tenho estado a ver se sai o despacho do bar aberto, ainda não saiu”, queixa-se Afonso Salema a Rui Oliveira Neves, referindo-se a um documento relacionado com aumentos de potência. Os procuradores indicam que “tal diploma” foi aprovado em conselho de ministros em julho de 2023, assinado por Fontoura Gouveia e Maria Vieira da Silva, ministra da presidência, “e dele resulta um expresso favorecimento a projetos com estatuto de Potencial Interesse Nacional (PIN), bem como o estabelecimento de procedimento excecional quanto à área territorial de Sines”.

O diploma foi publicado a 6 de setembro. Na semana seguinte, REN e DGEG abriram uma consulta pública para a atribuição de capacidade de ligação à rede elétrica na zona de Sines.

“Verifica-se assim que os contactos encetados por Diogo Lacerda Machado junto de Vitor Escária e do primeiro-ministro visaram – e lograram – que o referido decreto-lei fosse aprovado e publicado o mais rapidamente possível, e com o conteúdo normativo favorável aos interesses da Start”, conclui o despacho da PGR.

A Afonso Salema, Rui Oliveira Neves, Diogo Lacerda Machado, Vítor Escária e Nuno Mascarenhas são imputados um total de 28 crimes: prevaricação, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva – quanto a titular de cargo político, agravada – e recebimento indevido de vantagens quanto a titular de cargo público, agravado. Na lista de imputação, no final do despacho, não estão referidos os crimes relativos a João Galamba, Nuno Lacasta e João Tiago Silveira.

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Mais de 20.000 veículos bloqueiam fronteira entre a Ucrânia com a Polónia

  • Lusa
  • 9 Novembro 2023

Várias dezenas de empresas de transporte polacas exigem o restabelecimento das autorizações de entrada dos seus concorrentes ucranianos, a fim de reduzir o seu número.

Mais de 20.000 veículos estão esta quinta-feira retidos na fronteira entre a Ucrânia e a Polónia, bloqueada por camionistas polacos desde o início da semana em protesto contra a concorrência “desleal” dos vizinhos, anunciou o Ministério da Reconstrução ucraniano.

Várias dezenas de empresas de transporte polacas começaram na segunda-feira a bloquear três pontos de passagem entre os dois países, exigindo o restabelecimento das autorizações de entrada dos seus concorrentes ucranianos, a fim de reduzir o seu número. As filas de espera foram aumentando ao longo da semana e 20.000 camiões estão agora “retidos dos dois lados” da fronteira, segundo o Ministério da Reconstrução ucraniano.

Esta situação está a prejudicar não só as economias ucraniana e polaca, mas também as de “outros países” que pretendem transportar mercadorias, lamentou. A Ucrânia garantiu “respeitar o direito à manifestação”, embora afirmando estar “pronta para um diálogo construtivo para resolver a situação”.

A circulação na fronteira ucraniano-polaca continua complicada” para os camiões e está a piorar “a cada dia”, tinha afirmado antes o porta-voz da guarda fronteiriça, Andriï Demtchenko, citado pela agência de notícias francesa AFP. No posto de passagem de Hrebenne, na Polónia, um dos três bloqueados, “a fila tem cerca de 40 quilómetros de comprimento”, segundo Malgorzata Pawlowska, uma porta-voz da polícia local.

“O tempo de espera para atravessar a fronteira é de cerca de 160 horas”, indicou. No posto de passagem de Rava-Ruska, no oeste da Ucrânia, alguns camionistas ucranianos disseram estar à espera há vários dias. “Estamos à espera há muito tempo”, disse Dmitro com impaciência, acrescentando que chegou há quatro dias e as suas reservas de água e comida estão quase a acabar.

Oleksandre, de 36 anos, descreveu condições difíceis: “Como vê, há uma vala e um campo, não há casas de banho, nada”, lamentou, dizendo que está ali retido há dois dias. “Não é normal fechar a fronteira com a Ucrânia durante a guerra. É só mais pressão económica sobre a Ucrânia”, lamentou o motorista de veículos pesados.

Os polacos organizadores do protesto indicaram que poderão manter a sua ação “a longo prazo, pelo menos até ao fim do ano”, segundo Andriï Demtchenko, que precisou que os autocarros e as viaturas ligeiras podem circular. Este incidente constitui um novo obstáculo nas relações entre Kiev e Varsóvia, que se tornaram tensas nos últimos meses, nomeadamente devido ao desacordo em torno da exportação de cereais ucranianos para a Europa através da Polónia.

A Polónia, que acolheu centenas de milhares de ucranianos em fuga da guerra, está, há mais de um ano e meio, entre os principais doadores de ajuda militar à Ucrânia, que se encontra a braços com uma guerra de agressão russa desde fevereiro de 2022.

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Unicorn Factory Lisboa acolhe 8 novas scaleups. Saiba quais são

A Bhout, Enline, iLoF, KIT-AR, Maven, Nutrium, Oscar e ValuesCo, em conjunto, já levantaram mais de 45 milhões de euros. Juntam-se às 16 scaleups que já integraram o programa.

oito novas startups a integrar o programa Scaling Up da Unicorn Factory Lisboa que, em conjunto já levantaram mais de 45 milhões de euros em diversas rondas de investimento. Bhout, Enline, iLoF, KIT-AR, Maven, Nutrium, Oscar e ValuesCo juntam-se às 16 scaleups que já integraram o programa, elevando para 24 o número de empresas apoiadas em dez meses do programa, startups que, em conjunto, já levantaram mais de 150 milhões de euros.

“O Programa Scaling Up tem vindo a confirmar o seu valor com a atração de scaleups de maior potencial interessadas em fazer parte do programa de crescimento após duas edições de sucesso. É já um programa de referência que demonstra que o trabalho, que estamos a desenvolver, tem tido um impacto muito significativo no ecossistema, apoiando empresas de elevado potencial a acelerar o seu crescimento. Após concluirmos a primeira edição, e termos uma segunda edição a decorrer, continuamos com muito interesse por parte de empresas em grande expansão para se envolverem com o projeto e tirarem partido do Programa”, explica Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, citado em comunicado.

O anúncio das novas scaleups foi feito esta quinta-feira na Factory Lisboa – integrada no Hub Criativo do Beato –, a casa da Unicorn Factory Lisboa, marcando o arranque do terceiro cohort, com duração de oito meses.

O programa tem como parceiros estratégicos empresas como o grupo Brisa, a Google, a Galp, a Delta Cafés, a Cuatrecasas, a Fidelidade, o BPI e a PwC, tendo recentemente anunciado a entrada do unicórnio Glovo, da KPMG, Webhelp, Tydex, OVH Cloud e 33NVentures para a lista de parcerias corporate, um total de mais de 70 parceiros corporativos e de investimento.

Quais são as scaleups?

Ao longo do último ano, o programa recebeu mais de 100 candidaturas, tendo sido selecionadas 24 scaleups com base numa avaliação do seu “estágio atual de desenvolvimento” – investimento angariado relevante, equipa forte e estruturada, produto ou serviço em comercialização e tração de crescimento –, bem como, a “adequação ao programa”, isto é, a capacidade de apoio dos parceiros, potencial de negócio futuro e planos de expansão internacional, elenca a Unicorn Factory Lisboa.

  • Bhout (Sports Tech)

Empresa de jogos que criou o “primeiro saco de boxe com cérebro”, combinando sensores no saco com visão computorizada 3D, inteligência artificial e aprendizagem automática. O saco foi considerado recentemente uma das inovações do ano pela revista Time. A Bhout levantou ainda dez milhões de euros, o maior investimento em rondas seed em Portugal.

  • Enline (Clean Tech)

Fornecedor de tecnologia de gémeos digitais e de soluções baseadas em dados para ativos energéticos, a Enline tem como missão “transformar a forma como as empresas monitorizam, mantêm e otimizam os seus ativos energéticos, promovendo a eficiência e a sustentabilidade em todo o setor.”

  • iLoF (Health Tech)

Empresa de saúde digital, através de IA e fotónica avançada, a iLoF recolhe “quantidades massivas de dados para construir uma biblioteca digital de biomarcadores e perfis biológicos, reunindo físicos, biólogos e cientistas de dados de classe mundial para levar mais rapidamente aos pacientes tratamentos personalizados”.

  • KIT-AR (Industrial Tech)

A KIT-AR fornece uma plataforma industrial de Realidade Aumentada que “fornece aos trabalhadores conjuntos de instruções personalizadas adaptadas ao seu contexto, complementadas por um controlo de qualidade automatizado para avaliar a conclusão correta do trabalho realizado”. A plataforma monitoriza ainda o trabalho realizado para obter informações para a otimização do processo.

  • Maven (Health Tech)

Plataforma baseada em IA concebida para “transformar os cuidados veterinários, permitindo a deteção precoce de problemas de saúde, reduzindo a necessidade de intervenções de emergência e atualizações constantes para os donos dos animais”. A sua integração nas clínicas “simplifica as operações, permitindo aos veterinários um diagnóstico mais rápido e eficaz”.

  • Nutrium (Health Tech)

A Nutrium colabora com as empresas para melhorar a literacia nutricional e fornecer acesso gratuito a nutricionistas, através da sua aplicação, a todos os funcionários, em todo o mundo. Em junho, a startup fundada no Minho levantou dois milhões de euros numa ronda de investimento bridge para Série A. Mais de 250 mil nutricionistas em mais de 90 países, com maior prevalência no Brasil, Espanha, França, Itália e Portugal, já estão a usar o software da Nutrium.

  • Oscar (Home Services)

Aplicação de serviços ao domicílio a pedido com mais de 150 serviços de reparação, limpeza e lavandaria a preço fixo, a Oscar foi lançada em Portugal em 2021, tendo-se expandido recentemente para Madrid. “A empresa está a registar um crescimento de 50% QoQ, alcançando um GMV anual de mais de 4,6 milhões de euros, com uma forte economia unitária.” Em meados de setembro levantou 1,1 milhões de euros.

  • ValuesCo (Ad Tech)

Permite que “marcas, organizações sem fins lucrativos e editores de media lancem campanhas de ação coletiva virais para adquirir novos clientes e envolver profundamente os atuais.”

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