“Obviamente”, António Costa demite-se do cargo de primeiro-ministro e sai de cena

Chefe do Governo pediu a demissão ao Presidente da República depois das buscas e detenções em torno do negócio da concessão do hidrogénio verde e do lítio. E não volta a recandidatar-se.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu a demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de saber que é visado numa investigação autónoma pelo Supremo Tribunal de Justiça por causa dos negócios do lítio e do hidrogénio verde. Em causa estão suspeitas de crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

“Obviamente apresentei a minha demissão ao Presidente da República”, anunciou esta terça-feira António Costa ao fim de quase oito anos aos comandos do País. “Fui hoje surpreendido com a informação oficialmente confirmada pelo gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral República que já foi ou irá ser instaurado um processo-crime contra mim. Estou totalmente disponível para colaborar com a justiça em todo o que é necessário para apurar toda a verdade”, afirmou a partir da residência oficial do primeiro-ministro.

Assim, é entendimento de António Costa que “a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade e boa conduta e menos ainda com a suspeita de de qualquer ato criminal”. Foram estas as razões invocadas para pedir a demissão.

Contudo, quis deixar claro que é inocente: “Quero dizer olhos nos olhos aos portugueses que não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito ou censurável. Não sou arguido, não sei quais são as práticas ou atos sobre as quais há suspeição”.

O líder do PS revelou que “o Presidente da República aceitou a demissão com grande simpatia e não questionou as razões” que estiveram na origem de tal decisão.

Costa esclareceu ainda que não tenciona voltar a assumir funções de primeiro-ministro: “Esta é uma etapa da vida que se encerra e que encerro com a cabeça erguida, de consciência tranquila e com a mesma determinação de servir Portugal e os portugueses. Não, não me vou recandidatar ao cargo de primeiro-ministro”.

O objetivo é mesmo sair de cena. Ainda assim, Costa garantiu que a última coisa que fará é “condicionar e pronunciar-me publicamente sobre a decisão que o Presidente da República tomará”, uma vez que Marcelo pode apenas nomear um novo Governo ou dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas.

António Costa aproveitou ainda “para agradecer aos portugueses pela confiança que depositaram e pela oportunidade que deram para liderar o país em momentos difíceis e exaltantes”.

“Quero agradecer aos órgãos de soberania, Presidência da República e Assembleia da República pela forma como mantivemos uma solidariedade saudável, às regiões autónomas, a todos aqueles que serviram nos meus três governos”, continuou António Costa que também dirigiu “uma palavra de simpatia e gratidão a todos os líderes e dirigentes partidários, aos partidos da oposição, aos partidos que mantiveram acordo de incidência parlamentar com o PS”. E, por fim, “uma palavra de agradecimento à minha família e à minha mulher”, afirmou.

Esta manhã, António Costa foi duas vezes ao Palácio de Belém, depois das buscas e da detenção de dois homens da confiança do líder socialista. Pouco antes das 10h, reuniu-se durante cerca de meia hora com Marcelo Rebelo de Sousa. O chefe do Governo quis informar o Presidente da República sobre a operação em curso. Mas pelas 13h voltou Belém, após a PGR revelar que o próprio está a ser investigado em processo autónomo pelo Supremo Tribunal de Justiça.

No âmbito de inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), foram realizadas “diligências de busca para identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova de interesse apara a descoberta da verdade”. Diz o gabinete de Lucília Gago que foram ordenadas “17 buscas domiciliárias, cinco buscas em escritório e domicilio de advogado, 20 buscas não domiciliárias, designadamente: em espaços utilizados pelo chefe do gabinete do Primeiro-Ministro, no Ministério do Ambiente e da Ação Climática, no Ministério das Infraestruturas e na Secretaria de Estado da Energia e Clima”. E ainda na Câmara Municipal de Sines e “na sede/espaços de outras entidades públicas e de empresas”.

João Galamba é um dos arguidos e o agora primeiro-ministro demissionário vê o Supremo Tribunal de Justiça analisar suspeitas de que António Costa terá tido intervenção para “desbloquear” os negócios do lítio, do hidrogénio e do data center de Sines, que estão a ser investigados.

“No decurso das investigações surgiu (…) o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido”. Tal como manda a lei, “tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça”, diz o comunicado da PGR.

As diligências foram ordenadas ou autorizadas pelas entidades competentes – Ministério Público e juiz de Instrução Criminal – “e estão a ser executadas com o apoio operacional de elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)”.

Participam nas buscas 17 magistrados do Ministério Público, três magistrados judiciais, dois representantes da Ordem dos Advogados, cerca de 145 elementos da PSP e nove da AT. As buscas nos espaços utilizados pelo chefe do gabinete do Primeiro-Ministro estão a ser acompanhadas por juiz de Instrução Criminal.

(Notícia atualizada às 15h03)

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Costa investigado depois de presidente do Supremo denunciar “corrupção instalada” em Portugal

O STJ vai analisar as suspeitas de que Costa terá intervindo para “desbloquear” os negócios do lítio e hidrogénio que estão a ser investigados pelo MP, dias depois de presidente denunciar corrupção.

Poucos dias depois de o presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ter denunciado a “corrupção instalada” em Portugal e ter criticado o poder político pela falta de vontade em fazer do setor judicial uma prioridade, surge a notícia de que António Costa está a ser investigado num processo autónomo pelo próprio Supremo.

O STJ vai analisar as suspeitas de que o primeiro-ministro terá tido intervenção para “desbloquear” os negócios do lítio, hidrogénio e data center que estão a ser investigados pelo Ministério Público.

“A justiça não é uma prioridade para o poder político. (…) Não vejo que haja por parte dos responsáveis políticos a vontade de alterar alguma coisa”, afirmou o juiz conselheiro e presidente do STJ, Henrique Araújo, em entrevista ao jornal Nascer do Sol.

Para o juiz conselheiro, mudanças legislativas seriam um bom instrumento para a corrupção que está “instalada em Portugal” e que “tem uma expressão muito forte na administração pública”. “Sabemos que os casos de corrupção têm aumentado e, apesar de a investigação a este tipo de criminalidade ter aumentado, os resultados ficam muito aquém daquilo que se sabe que existe”, disse.

Esta terça-feira, a PSP está a realizar buscas na residência oficial do primeiro-ministro e nos Ministérios do Ambiente e Infraestruturas. Segundo confirmou o ECO, em causa está um processo que investiga a extração de lítio em Montalegre e a central de hidrogénio verde em Sines.

O Ministério Público (MP) investiga alegados crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio e recebimento indevido de vantagens. Ao todo, estes crimes oscilam entre os seis meses e os dez anos de prisão.

Já foram detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, e o consultor e “melhor amigo” do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, assim como o presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas.

O ECO sabe ainda que as buscas estendem-se à casa do advogado Rui Oliveira Neves e à sede da Start Campus de Sines, um dos maiores campus de data centers da Europa, o Sines 4.0, assim como à casa do CEO, Afonso Salema. Que foram igualmente detidos. A Morais Leitão também estará a ser alvo de buscas.

Entre os visados por estas buscas, que poderão ser constituídos arguidos, estão também o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o antigo ministro João Pedro Matos Fernandes.

Os suspeitos vão ficar agora detidos na sede da PSP de Lisboa, em Moscavide, até serem ouvidos em primeiro interrogatório judicial que terá de acontecer no prazo de 48 horas.

Em janeiro deste ano, a Procuradoria-Geral da República confirmou que a investigação aos negócios do lítio e do hidrogénio verde estavam em curso, mas não tinham arguidos constituídos naquela altura. Esta posição surgiu após o Chega ter criticado a nomeação de Galamba para ministro das Infraestruturas, devido ao seu alegado envolvimento neste caso.

O Ministério Público investiga alegadas irregularidades na concessão à exploração de lítio, em Montalegre. A concessão dada à LusoRecursos acabou por ser revogada, com o então ministro do Ambiente e Ação Climática, João Matos Fernandes, a afirmar que houve “falta de profissionalismo” por parte daquela empresa.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal está a apurar eventuais crimes de tráfico de influência, corrupção e outros crimes económico-financeiros. Em causa estão eventuais favorecimentos ao consórcio EDP/Galp/REN para o milionário projeto do hidrogénio verde para Sines. A investigação acontece depois de suspeitas surgidas em 2019, com as autoridades a tentarem perceber se houve favorecimento àqueles grupos naquele que foi um dos maiores investimentos públicos dos últimos anos.

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Queijaria de Loures produz mais de 50 mil queijos por dia

Da criação de vacas ao embalamento final, a Montiqueijo é a "única empresa com o circuito completo do processo produtivo". Emprega 70 pessoas e fatura 12,5 milhões de euros.

Fundada em 1963 pelo casal Carlos e Ludovina Duarte, a Montiqueijo iniciou atividade com uma pequena queijaria em Lisboa. Passados 60 anos é uma das principais empresas portuguesas produtoras de queijo fresco, requeijão e queijo curado. A empresa familiar da Lousa (Loures) produz mais de 50 mil queijos por dia, emprega 70 colaboradores e fatura 12,5 milhões de euros.

Estes 60 anos representam a história de vida de duas gerações que, com muita dedicação e resiliência, procuraram sempre investir no seu sonho e saber, e mostrar que, apesar das dificuldades que vão surgindo, temos de continuar a traçar o nosso caminho nunca perdendo o foco”, diz Dina Duarte, diretora-geral da Montiqueijo, em declarações ao ECO/Local Online.

Estes 60 anos representam a história de vida de duas gerações que, com muita dedicação e resiliência, procuraram sempre investir no seu sonho e saber, e mostrar que, apesar das dificuldades que vão surgindo, temos de continuar a traçar o nosso caminho nunca perdendo o foco.

Dina Duarte

Diretora-geral da Montiqueijo

Dina Duarte – segunda geração da empresa -, cresceu na Montiqueijo. Aprendeu a arte de fazer queijo desde muito cedo. “Desde pequena que conciliava a escola com as atividades na fábrica, porque sempre tive vontade de ajudar os pais”, conta a gestora.

Para além da fábrica em Lousa, a Montiqueijo é proprietária de uma herdade no Montijo (Agroleite), onde as 1.500 vacas produzem o leite para a confeção dos queijos na Lousa. São os irmãos de Dina Duarte, Edgar e Hélder que assumem a gestão operacional da Agroleite, enquanto Dina assume a direção financeira de ambas as empresas.

É a única marca do setor com o circuito completo do processo produtivo, ou seja, produz o cereal que alimenta os animais, cria e cuida das vacas leiteiras. Assim como realiza a recolha e o controlo do leite, além do embalamento do produto final. Só o ano passado, a empresa produziu 1.496 toneladas de queijo.

Temos o controlo completo sobre o nosso produto, desde a sua origem. Cultivamos os cereais que compõem a alimentação das nossas vacas, cuidamos dos animais, realizamos a recolha e o transporte do leite, pasteurizamos o leite internamente que depois transformamos em queijo, finalizando com o processo de embalamento.

Dina Duarte

Diretora-geral da Montiqueijo

“Temos o controlo completo sobre o nosso produto, desde a sua origem. Cultivamos os cereais que compõem a alimentação das nossas vacas, cuidamos dos animais, realizamos a recolha e o transporte do leite, pasteurizamos o leite internamente que depois transformamos em queijo, finalizando com o processo de embalamento”, descreve a gestora com orgulho.

Comprometida a “levar a empresa cada vez mais longe”, Dina Duarte realça que, em 2020, começaram a exportar os queijos, tendo a venda para os mercados externos representado, no ano passado, mais de 10% do volume de negócios. Os queijos da Montiqueijo já chegam a 14 países, 13 deles europeus.

Foi também a primeira empresa do seu setor a instalar um sistema fotovoltaico que se destina ao autoconsumo e que permite, atualmente, 15% de autossuficiência (média mensal). Com os 628 painéis solares instalados, a empresa produz 146 toneladas de queijo com recurso exclusivo de energia solar.

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Marcas podem estar a perder oportunidade por ignorarem a geração X, refere estudo da Wavemaker

Apenas 24% dos anúncios de tv têm pessoas com idade superior a 50 anos, enquanto 76% têm pessoas entre os 19 e os 49 anos. Os anunciantes podem estar a perder uma oportunidade, alerta a Wavemaker.

Embora esteja a caminho de ser a geração mais rica da história, seja mais leal às marcas e até interaja regularmente com as redes sociais, a geração X está a ser ignorada pelas marcas e pela indústria publicitária, pelo que os anunciantes podem estar a desperdiçar uma oportunidade, refere-se num estudo da Wavemarker que inquiriu 200 mil pessoas da geração X a nível mundial.

Atualmente representando 31% da população global e ocupando a faixa etária dos 45 aos 60 anos, a geração X é responsável por 27% dos gastos globais e os seus elementos são mais leais às marcas, refere o estudo “Finding the Gen X Factor“. No entanto, apenas 13% dos elementos desta geração se sentem representados na publicidade.

Na verdade, pessoas com idade superior a 50 anos figuram em apenas 24% dos anúncios televisivos, enquanto 76% dos anúncios contam com pessoas entre os 19 e os 49 anos.

O estudo refere ainda que 92% da geração X está nas redes sociais diariamente e que estes utilizadores se sentem até mais confiantes no uso de novas tecnologias do que a geração Z (com idades inferiores a 26 anos).

Exemplificando com o TikTok, o estudo refere que, mesmo embora esta geração represente 28% dos utilizadores e seja a que mais tem crescido na plataforma, apenas 5% dos investimentos das marcas em campanhas de influencers nesta rede social têm a geração X como alvo.

Segundo o estudo, este reduzido sentimento de representação traduz-se também num menor envolvimento, exemplificando com o facto de campanhas com influencers da mesma geração terem obtido resultados muito melhores junto da geração X do que campanhas com influencers mais novos.

Em “Finding the Gen X Factor”, alerta-se ainda que as marcas deviam estar mais alerta para o facto de a “confiança” ser 30% mais importante para as decisões de compra da geração X do que para as gerações mais jovens, e que os consumidores desta geração têm em conta 27% menos marcas do que os consumidores mais novos.

A geração X apresenta uma grande oportunidade para as marcas – são consumidores mais envolvidos, leais e ricos – e não deviam ser ignorados pelos anunciantes“, diz Zoe Bowen-Jones, senior insight director da Wavemaker, citado pela Marketing Dive.

“O nosso estudo indica que a geração X é mais leal à marca, tem uma maior capacidade de atenção e está mais envolvida nas redes sociais, provando em última análise serem consumidores mais valiosos que as gerações mais novas“, acrescenta.

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Portugal perde terreno na competição global pelo talento, mas continua à frente de Espanha

Portugal é o 27.º país mais competitivo do mundo em termos de talento, segundo o índice elaborado pela escola de negócios INSEAD. Desceu uma posição face ao último ano.

Portugal perdeu competitividade a nível mundial no que diz respeito aos recursos humanos. Entre os 134 países analisados pela escolha de negócios INSEAD, Portugal surge na posição 27.º, uma posição abaixo do último ano, mas acima de países como Espanha e Itália. Já a Suíça mantém-se como o país mais competitivo do mundo ao nível do talento.

Suíça, Singapura e Estados Unidos mantêm firmemente as suas posições de liderança como os países mais competitivos do mundo em termos de talento“, sublinha a INSEAD, na edição deste ano do seu índice global de competitividade de talento.

As demais posições do top 10 são ocupadas, nesta edição, pela Dinamarca, Holanda, Finlândia, Noruega, Austrália, Suécia e Reino Unido.

Quer isto dizer que os países europeus continuam a ser os mais competitivos, no que diz respeito ao talento. Aliás, entre os 25 países mais bem qualificados, 17 são do Velho Continente, nota o INSEAD.

Mais abaixo, no 27.º lugar surge Portugal, com uma pontuação de 61,6 pontos. E apesar de ter melhorado na sua pontuação, o país cai um lugar no índice global, já que em 2022 ocupava a 26.º posição neste índice.

Entre os vários critérios analisados pelo INSEAD, é na atração que Portugal sai melhor na fotografia. Considerando apenas este ponto, ocupa o 16.º lugar do ranking, estando em destaque a abertura portuguesa a migrantes e minorias.

Já as competências técnicas e vocacionais são o critério com o pior desempenho do país (48.º posição), o que se deve, nomeadamente, ao peso dos trabalhadores com o ensino secundário.

Na nota divulgada esta terça-feira, a INSEAD realça ainda que os Emirados Árabes Unidos subiram da 25ª para a 22ª posição, nesta edição do índice global. Em contraste, o Japão saiu da lista dos 25 primeiros, substituído pela Coreia do Sul (24ª).

Seis previsões sobre o futuro do talento

Na edição deste ano do índice global de competitividade de talento, o INSEAD aproveita também para fazer seis previsões sobre o futuro dos recursos humanos. São seis “mensagens-chaves” sobre a realidade do talento em 2033.

“A competitividade de talentos vai tornar-se ainda mais importante como elemento crítico de competitividade, inovação e soft power geopolítico para nações, cidades e organizações”, começa por destacar a escola de negócios.

Ao mesmo tempo, a competição por talentos ficará ainda “mais acirrada”, isto é, “haverá uma crescente guerra de talentos“.

Outra das previsões é que o mundo do trabalho será ainda mais transformado, “impulsionado pela evolução das expectativas das gerações mais jovens, pelos novos modelos económicos e pelas tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial”.

Mais, a qualidade de vida e a sustentabilidade serão os principais ativos para aqueles que aspiram a se tornar centros de talentos. E as políticas globais centradas em talentos “serão cruciais para aproveitar o potencial humano e tecnológico para um mundo melhor, mais sustentável e igualitário”.

Por outro lado, a INSEAD prevê que as habilidades e a educação continuarão a ser “ferramentas vitais para capacitar os trabalhadores para fazerem contribuições significativas para economias e sociedades”.

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Startup de hortas verticais Raiz à procura de novo espaço para se instalar

Até ao final do ano, a startup tem de sair do atual espaço na zona do Beato. Estimam impacto de "milhares de euros" na operação.

A Raiz está à procura de um novo espaço para instalar as suas hortas verticais. A startup estava até aqui instalada na associação cultural Arroz Estúdios, no Beato, em vias de perder o espaço que ocupava desde 2019. Tem até o final do ano para encontrar uma nova localização.

“A situação no Arroz Estúdios tem-nos obrigado a procurar, o mais rápido possível, um novo espaço para implantar a horta. Tanto a Mīrārī (associação cultural) como a FCUL têm dado uma resposta inicial positiva ao traslado, pelo que estamos em conversas para esclarecer com qual iremos avançar”, adianta Emiliano Gutiérrez, CEO e cofundador da Raiz, ao ECO.

“Em paralelo, estamos à procura de novos espaços para novas hortas verticais dentro da cidade, uma vez que a horta que está no Arroz Estúdios é a nossa horta protótipo, na qual temos feito uma série de melhorias e automatizações que nos deixam no ponto ideal para começar a expansão local e nacional”, continua o responsável.

Na horta vertical do Beato, pode encontrar-se uma seleção de ervas aromáticas e vegetais, que fornecem cinco restaurantes lisboetas com produtos frescos e vários particulares — através do seu parceiro de entrega, a Yoob — ocupando o espaço equivalente a dois contentores marítimos, o suficiente para produzir 9.600 plantas por ano, segundo os dados da empresa.

Mudança tem impacto de “milhares de euros”

A necessidade de sair do atual espaço ocupado pela Arroz Estúdios — associação cultural que acolhia cerca de 85 artistas no espaço com 1.500 metros quadrados que arrendava nos últimos quatro anos — pode ter um impacto de “vários milhares de euros” na operação da Raiz.

“Para o nosso negócio, o impacto é de vários milhares de euros, que terão de ser gastos para conseguirmos trasladar a horta, além da perda de, pelo menos, um mês de produção e eventos, que, pela complexidade da operação logística, não poderão acontecer”, explica o cofundador.

Millz Forneria, Nonna Goes Crazy, Clube de Video, Pastaria e a Uaipi são alguns dos restaurantes de média dimensão em Lisboa que a Raiz é fornecedora de produtos frescos.

“A nossa equipa é diversificada, composta por membros com experiência em agricultura, tecnologia e negócios. Empregamos duas pessoas a tempo parcial (administração e marketing) e cinco pessoas a tempo inteiro (head grower, chefe de operações, diretor, chefe de desenho e engenheiro informático)”, refere Emiliano Gutiérrez.

Emiliano Gutiérrez, CEO e cofundador da Raiz

O cofundador não adianta valores de faturação. “Estamos a progredir conforme o planeado para atingir as nossas metas de receita à medida que expandimos as operações. A Raiz é uma startup ainda nova, com planos ambiciosos de crescimento nos próximos anos, que visa criar uma rede de hortas verticais e fornecer tecnologia (hardware e software) para a transição da agricultura e para a transição ecológica do país“, diz apenas.

Uma horta vertical permite economizar até 90% menos água, terra e 50% menos fertilizantes e nenhum pesticida, já que está mais protegida de pragas, segundo os dados da empresa. Os alimentos podem ser cultivados à medida, reduzindo o desperdício alimentar e a peugada ecológica do transporte dos alimentos.

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Cerveira reabilita Bairro Social da Mata Velha num investimento de 5,5 milhões de euros

Cerveira aposta na requalificação do Bairro Social da Mata Velha e na reconversão do edificado público devoluto, dando-lhe uma nova vida, como a antiga Pousada da Juventude.

A Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira vai reabilitar o Bairro Social da Mata Velha, propriedade municipal, para beneficiar 53 agregados familiares, num investimento a rondar os 5,5 milhões de euros. Esta intervenção é uma das soluções habitacionais tidas como prioritárias no aditamento ao Acordo de Colaboração para a Estratégia Local de Habitação de Cerveira, no âmbito do 1º Direito, assinado, esta segunda-feira, entre o município cerveirense e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

Com homologação do Ministério da Habitação, uma das principais alterações ao Acordo de Colaboração para a Estratégia Local de Habitação de Cerveira inclui uma intervenção profunda nas 53 habitações do Bairro Social da Mata Velha que se encontram em regime de arrendamento.

“Volvidas mais de duas décadas da sua construção, constata-se que este parque habitacional municipal já não reúne as devidas condições, inscrevendo-se nos critérios de situação de habitação indigna, necessitando de trabalhos de melhoramento no âmbito da eficiência energética e na adaptação e melhoria da acessibilidade dos espaços internos”, justifica, em comunicado, o autarca socialista Rui Teixeira.

Ministra da Habitação, Mariana Gonçalves, e presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, na assinatura do protocolo.

No âmbito da reformulação da Estratégia Local de Habitação de Vila Nova de Cerveira, o município identificou um conjunto de edifícios e frações devolutos, propriedades de várias entidades, que necessitam de intervenção. Entre as empreitadas a realizar está a reabilitação e reconversão para habitação T3 do antigo edifício onde funcionou o Jardim de Infância de Campos. Assim como a reabilitação de um edifício da União de Freguesias de Campos e Vila Meã que será reconvertido em duas frações de habitação. Outra das empreitadas previstas é a construção de oito novas habitações a custos controlados, de tipologias T1 e T2, mediante a aquisição de um terreno na União de Freguesias de Campos e Vila Meã.

Outra das bandeiras do município passa por potenciar o arrendamento acessível para jovens, pelo que vai transformar o edifício da antiga Pousada da Juventude, desativada desde 2008, em imóveis para arrendamento acessível jovem. A autarquia cria, assim, mais uma resposta habitacional para “colmatar a grande procura por parte de trabalhadores da Zona Industrial de Vila Nova de Cerveira”, argumenta a autarquia.

Volvidas mais de duas décadas da sua construção, constata-se que este parque habitacional municipal já não reúne as devidas condições, inscrevendo-se nos critérios de situação de habitação indigna, necessitando de trabalhos de melhoramento no âmbito da eficiência energética e na adaptação e melhoria da acessibilidade dos espaços internos.

Rui Teixeira

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira

A revisão da estratégia local vai ter um impacto significativo no concelho, com atração e fixação de população, antecipa Rui Teixeira. Além de “colmatar a necessidade habitacional para os jovens que não conseguem tornar-se independentes, por representar um custo avultado e porque, no caso de Vila Nova de Cerveira, a oferta habitacional é escassa ou inexistente“.

Segundo a autarquia de Vila Nova de Cerveira, a segunda versão da Estratégia Local de Habitação foi um dos compromissos assumidos por Rui Teixeira, após a tomada de posse em 2021, manifestando a intenção de implementar um mecanismo “mais ambicioso e mais abrangente“. O que irá totalizar um investimento de 6,7 milhões de euros“, adianta.

Presente na cerimónia, a ministra da Habitação, Mariana Gonçalves, realçou, citada no comunicado, o facto de “a essência do programa 1º Direito assentar nas respostas às necessidades prementes através da reabilitação e revitalização, sem descurar a construção de novas respostas que também abranjam os jovens e a classe média”.

Marina Gonçalves destacou ainda o facto de a Estratégia Local de Habitação de Vila Nova de Cerveira “ir mais além do 1º Direito, englobando a reconversão do edificado público que se encontre devoluto, dando-lhe uma nova vida“.

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Regime de dedicação plena do SNS renova automaticamente e não tem limite temporal

Decreto-lei estabelece que os médicos que tenham aderido a título individual ao regime de dedicação plena e que queiram renunciar têm avisar dessa intenção com, pelo menos, 90 dias de antecedência.

O regime de duração plena no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não está sujeito a duração máxima, nem depende de renovação”, de acordo com o decreto-lei publicado esta terça-feira em Diário da República. No entanto, os médicos que, tenham aderido a título individual e que queiram renunciar ao mesmo têm que avisar, por escrito com, pelo menos, 90 dias o “órgão máximo de gestão do estabelecimento ou serviço de saúde ao qual se encontra vinculado”.

O regime de dedicação plena foi criado no contexto da aprovação do novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo em vista evitar que os médicos do SNS trabalhem ao mesmo tempo no privado. A medida já tinha sido falada há algum tempo, estando mesmo inscrita na Lei de Bases da Saúde, mas nunca tinha chegado a avançar. Vai entrar em vigor a partir de 1 de janeiro de 2024.

De acordo com o decreto-lei n.º 103/2023, no que toca aos cuidados de saúde primários, este regime aplica-se aos médicos que integrem as Unidades de Saúde Familiares (USF). Já no caso dos hospitais, dirige-se às “equipas multiprofissionais que integrem os centros de responsabilidade integrados (CRI)”, bem como aos médicos “designados, em regime de comissão de serviço, para o exercício de funções de direção de serviço ou de departamento dos estabelecimentos e serviços de saúde do SNS“.

Podem ainda aderir os médicos de saúde pública, bem como os médicos dos centros de saúde ou hospitais, que a título individual, manifestem esse desejo. Este regime “não está sujeito a duração máxima, nem depende de renovação”, mas no caso dos médicos que aderiram a título individual, podem “a todo o tempo, renunciar ao regime de dedicação plena mediante um aviso prévio escrito de, pelo menos, 90 dias, dirigido ao órgão máximo de gestão do estabelecimento ou serviço de saúde ao qual se encontra vinculado”, lê-se no diploma assinado pelo primeiro-ministro, pela ministra da Presidência, pelo ministro das Finanças e pelo ministro da Saúde.

No que toca aos cuidados de saúde primários, os médicos em regime de dedicação plena vão trabalhar 35 horas semanais. Contudo, a lista de utentes a seu cargo será aumentada, passando a ter uma “uma dimensão mínima de 1750 utentes”, aponta o diploma. De notar que com a generalização das USF de modelo B, os profissionais vão passar a ser remunerados mediante critérios de desempenho.

Já no que concerne aos médicos dos hospitais (quer integrem os CRI, quer adiram a títulos individual) estes vão manter as 40 horas de trabalho semanais (35 horas de trabalho semanal “às quais acrescem 5 horas complementares de atividade assistencial”) e também vão ganhar um suplemento de 25% sobre o seu vencimento base. No entanto, no que toca especificamente aos médicos que integrem os CRI, além deste suplemento vão receber um outro suplemento, mediante critérios de desempenho que ainda serão definidos.

Além disso, os médicos dos hospitais que estejam neste regime vão continuar a ter de prestar “até 18 horas de trabalho semanal normal nos serviços de urgência, externa e interna, unidades de cuidados intensivos e unidades de cuidados intermédios, a prestar até duas jornadas de trabalho, de duração não superior a 12 horas”. Além disso, o limite de horas extraordinárias anuais obrigatórias passará das atuais 150 horas para 250 horas.

Já no que toca aos médicos de saúde pública, estes também vão manter as 40 horas semanais (35 horas de trabalho semanal “às quais acrescem 5 horas complementares de atividade assistencial”) e também vão ganhar um suplemento de 25% sobre o seu vencimento base). As cinco horas adicionais serão realizadas entre as 8h e as 20h nos dias úteis e os médicos de saúde pública terão de aceitar fazer parte de uma escala para acorrer “a situações de emergência ou disponibilizar-se para atos de natureza inadiável ou imprescindível”.

De sublinhar que o Governo está em negociações com os sindicatos médicos, que visam nomeadamente uma revisão da grelhas salariais dos médicos. No último encontro, o ministro da Saúde propôs que o aumento do salário-base passasse de 5,5% para 8,5%. Há uma nova reunião marcada para quarta-feira.

Segundo este decreto-lei, há algumas “incompatibilidades e impedimentos” que travam a adesão a este regime. “No que respeita aos trabalhadores médicos, são consideradas atividades privadas e condições incompatíveis, nomeadamente, o exercício de funções de direção técnica, coordenação e chefia de entidades da área da saúde no setor privado ou social, convencionadas ou não com o SNS, bem como a titularidade de participação superior a 10 % no capital social de entidades convencionadas, por si ou por cônjuge e pelos ascendentes ou descendentes de 1.º grau”, lê-se no diploma, que esclarece que “não estão abrangidos” os consultórios médicos de profissionais individuais.

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Liliana Azevedo assume direção de marketing do KuantoKusta

A contratação de Liliana Azevedo surge numa fase em que o KuantoKusta se prepara para lançar "novos projetos", enquadra a marca.

Liliana Azevedo é a nova diretora de marketing do KuantoKusta, comparador de preços e marketplace. A nova contratação tem como objetivo “estimular o desenvolvimento e a notoriedade do marketplace e alavancar o lançamento de novos negócios da marca“.

“É uma honra fazer parte da equipa KuantoKusta e liderar a estratégia de marketing desta marca líder no mercado. Estou entusiasmada com os desafios que temos pela frente e ansiosa para trabalhar com esta equipa para continuar a desenvolver e aprimorar a presença do KuantoKusta no mercado”, diz Liliana Azevedo, citada em comunicado.

Já Paulo Pimenta, CEO do KuantoKusta, refere que a nova diretora de marketing “é a pessoa certa para levar o KuantoKusta a novos patamares, numa fase em que estamos a preparar o lançamento de novos projetos dentro da marca. Estamos muito satisfeitos em dar-lhe as boas-vindas à nossa equipa”.

Licenciada em gestão pela Universidade do Minho, Liliana Azevedo esteve os últimos 10 anos no Continente, nos últimos três anos como brand manager para o Cartão Continente, Continente Online e Quico Continente.

Ao longo do seu percurso, a profissional foi ainda brand manager das marcas Yämmi, ZU e Continente Negócios, foi marketing manager do Continente Online, liderou a comunicação digital de projetos de fidelização e atuou como product owner do projeto Folhetos Personalizados Continente.

Passou também pela Havas Worldwide (ex-Euro RSCG 4D), onde geriu contas como Citroën, Peugeot, Água das Pedras e Continente.

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“Não estamos perante mais uma questão de casinhos”, admite Augusto Santos Silva

O presidente da Assembleia da República é a primeira figura de topo da hierarquia do Estado a reagir às buscas em torno dos negócios do hidrogénio e lítio, reconhecendo estar em causa "alarme social".

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, reconheceu esta terça-feira que as buscas no Governo sobre os negócios do hidrogénio e do lítio não são “uma questão de casinhos”, afirmou em entrevista ao programa Hora da Verdade, do Público/Renascença. É a primeira figura de topo da hierarquia do Estado a reagir à operação do Ministério Público, reconhecendo estar em causa “alarme social”.

“Não me parece que estejamos aqui perante mais uma questão de casinhos”, sublinhou Santos Silva e acrescentou: “Não podemos deixar de reconhecer que há um alarme social associado à realização de buscas a sedes de partidos ou a ministérios ou às instalações em que trabalha o primeiro-ministro”. Por isso, defende que o Ministério Público deveria “esclarecer e informar” a opinião pública.

Apesar disso, alertou, que “há processos em Portugal que conduziram a condenações e processos que conduziram a absolvições”. Por isso, o presidente do Parlamento considera que “manda a prudência que esperemos até ao fim”. “Devemos isso a pessoas como por exemplo Leonor Beleza, Miguel Macedo ou Azeredo Lopes, que viram as suas carreiras políticas interrompidas, para não dizer liquidadas, por processos dos quais saíram totalmente inocentados”, sublinhou.

(Notícia atualizada às 13h36)

 

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Quem são Vítor Escária e Lacerda Machado, os homens de confiança de Costa detidos na investigação sobre o lítio e hidrogénio

Um é chefe de gabinete do primeiro-ministro e o outro amigo pessoal de António Costa. Conheça o percurso dos principais detidos nas investigações aos negócios do lítio e hidrogénio verde.

A investigação do Ministério Público aos negócios do lítio e hidrogénio verde envolve duas figuras do círculo mais próximo do primeiro-ministro, com uma relação já longa com António Costa: Vítor Escária, seu chefe de gabinete, e Diogo Lacerda Machado, empresário e amigo pessoal. Saiba quem são os principais detidos.

Economista, professor do departamento de Economia do ISEG, Vítor Escária chega aos Governos PS pela mão de José Sócrates, de quem foi assessor económico entre 2005 e 2011. A proximidade com o antigo primeiro-ministro fez dele um dos alvos da investigação da Operação Marquês. Segundo noticiou o Semanário Sol em maio de 2015, esteve meses sob escuta e foi alvo de buscas.

Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro.

Um dos negócios investigados foi o contrato para a construção de habitações pelo Grupo Lena na Venezuela, processo em que esteve envolvido. Ao contrário de José Sócrates, não foi constituído arguido. Seria mais tarde, noutro processo. Na altura, afirmou que a sua missão era fazer “diplomacia económica e não negócios particulares”.

A proximidade com José Sócrates não impediu que o mestre em Economia Monetária e Financeira, pelo ISEG, e doutorado em Economia pela Universidade de York, no Reino Unido, tivesse sido convidado para fazer parte do grupo de trabalho que elaborou o cenário macroeconómico que serviu de base ao programa eleitoral do PS, em 2015. Um grupo de 12 elementos coordenado por Mário Centeno.

Com a chegada de António Costa ao poder, Vítor Escária regressa ao papel de assessor económico do primeiro-ministro. Cargo que teve de deixar em 2017, na sequência do caso das viagens ao campeonato europeu de futebol de 2016 pagas pela Galp. O assessor foi um dos 18 arguidos por recebimento indevido de vantagem, numa lista que incluía também Rocha Andrade, antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e Jorge Oliveira, ex-secretário de Estado da Internacionalização.

Os arguidos pagaram uma multa (1.200 euros no caso de Escária) e o processo acabou por ser arquivado em julho de 2020, segundo noticiou na altura o Observador. No mês seguinte, o economista agora com 52 anos era nomeado chefe de gabinete do primeiro-ministro.

Oito anos depois, Vítor Escária volta a ser investigado num caso de alegada corrupção, desta vez a propósito dos investimentos da extração de lítio em Montalegre e da central de hidrogénio verde em Sines, ambos aprovados pelo Governo.

Diogo Lacerda Machado, advogado e ex-administrador da TAP.ANDRÉ KOSTERS/LUSA

A relação de Diogo Lacerda Machado com António Costa remonta ao tempo em que ambos estudaram juntos na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Nasceu aí uma amizade muito próxima, que levou o primeiro-ministro a escolhê-lo para padrinho de casamento.

Foi secretário de Estado da Justiça de António Costa no Governo de António Guterres. Quando o “melhor amigo” chegou à liderança do Governo, em 2015, Lacerda Machado tornou-se um homem de confiança de António Costa para negociar dossiês difíceis.

Em 2016, foi o escolhido para encontrar uma solução para os lesados do papel comercial vendido pelo BES, que perderam as poupanças na sequência do colapso do banco. Lacerda machado mediou as conversações entre os reguladores (CMVM e Banco de Portugal), o Novo Banco e os lesados, que terminaram com um acordo para a recuperação de 75% do montante investido, até 500 mil euros.

Uma das promessas de António Costa na campanha eleitoral de 2015 foi reverter a privatização da TAP para devolver a maioria do capital ao Estado. Lacerda Machado voltou a ser o escolhido para mediar as negociações que levariam a que a Atlantic Gateway baixasse a sua participação de 61% para 45%, ficando o Estado com 50%.

Após a conclusão do processo, em 2017, Lacerda Machado, um apaixonado pela aviação, entrou para a administração da companhia aérea como não executivo. Cargo em que se manteve até 2021.

Com uma carreira ligada aos negócios, Lacerda Machado é diretor da Geocapital, uma sociedade com sede em Macau ligada à família de Stanley Ho, que resultou da sua ligação antiga àquele território. No final dos anos 80 foi secretário adjunto para a Administração e Justiça do Governo de Macau e tornou-se próximo do empresário dos casinos, que faleceu em 2020. Através da Geocapital exerce também cargos em instituições financeiras em África, nomeadamente no Banco da África Ocidental, na Guiné-Bissau.

O “melhor amigo” de António Costa é também administrador da Mystic Invest, a holding de investimentos no turismo do empresário Mário Ferreira.

A sua passagem pela TAP levou a que fosse um dos ouvidos na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea. Questionado sobre a sua relação com o primeiro-ministro, respondeu que António costa é um “advogado brilhantíssimo”. “Podia ser rico, mas escolheu ficar pobre, que é o que ele é. Mas é riquíssimo de espírito”, disse.

Além de Vítor Escária e Lacerda Machado foi também detido Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara Municipal de Sines, a cumprir o terceiro mandato. O autarca socialista é também presidente da Comissão Permanente do Conselho Regional da CCDR do Alentejo, vice-presidente do Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral e líder do Conselho de Administração do Sines Tecnopolo.

Também o primeiro-ministro está a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça, segundo adiantou esta terça-feira a PGR

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Perceção da JMJ foi mais negativa junto da esquerda e mais positiva entre entidades oficiais, organizações e jovens

O sentimento foi mais positivo após a realização da JMJ. A retirada do cartaz em Algés, que denunciava abusos sexuais na Igreja, levou a um sentimento mais negativo durante o evento.

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) registou diferentes perceções na população portuguesa, dependendo das comunidades. Enquanto o impacto foi negativo junto da comunidade política de esquerda, a perceção foi positiva junto de entidades oficiais e organizações, trendjackers (páginas de humor que retrataram as situações mais caricatas que aconteceram durante a JMJ) e jovens.

Esta é uma das conclusões do estudo “Jornadas Mundiais da Juventude: Análise da Perceção Social”, da LLYC, que utilizou técnicas de inteligência artificial, NLP (natural language processing) e SNA (social network analysis), para analisar o debate e a conversação social sobre o evento durante oito meses, processando mais de 450 mil impactos geolocalizados, (330 mil tweets e 118 mil notícias), entre 1 de janeiro e 17 de agosto de 2023.

Segundo o estudo, “a comunidade política de esquerda, ao longo do tempo, registou um decréscimo do número de tweets associados a um sentimento positivo e um aumento de tweets associados a um sentimento negativo, passando de 26,71% (entre janeiro e julho) para 43,02% (entre 7 e 17 de agosto).

Ao longo do ano, as denúncias de abusos sexuais na Igreja, a limpeza da Avenida Almirante Reis ou o cartaz alusivo aos abusos retirado em Algés, foram os principais temas abordados pela comunidade política de esquerda.

Por outro lado, os perfis com maior tendência para conversa positiva encontram-se junto das entidades oficiais e organizações, trendjackers e jovens. Estes grupos destacaram temas como testemunhos de participantes, a preparação dos espaços para o evento, agradecimentos às entidades organizadoras e outras equipas de trabalho, anúncios das entidades organizadoras e do Governo, nomeadamente limitações de circulação e tolerância de ponto, ou a união demonstrada pelos jovens durante o evento.

O sentimento sobre a organização do evento foi mais positivo após a realização do mesmo, para o que contribuíram os agradecimentos das entidades. Por outro lado, a retirada do cartaz em Algés com as denúncias dos abusos sexuais na Igreja Católica levou a que as críticas à Igreja tivessem um sentimento mais negativo nos dias em que decorreu o evento.

De uma forma geral, os temas relacionados com o investimento, retorno financeiro, circulação e transportes e crítica à Igreja foram mais preponderantes em território nacional, tendo reunido mais 25% de perfis em Portugal do que na conversa global.

No total, estes temas representaram 33% do volume de menções em Portugal, junto de um universo de cerca de 50% de utilizadores portugueses. A nível nacional, o investimento e as críticas à Igreja são também dois dos temas que agrupam mais interações, apresentando médias de 13,1 e 11,9 interações por perfil, respetivamente.

Por outro lado, a partilha de vivências e testemunhos é mais frequente na conversa global do que em Portugal, sendo que cerca de 24% do volume de menções analisadas a nível global correspondem à partilha de testemunhos dos participantes nas jornadas. Em Portugal esta taxa foi de apenas 12%.

O facto de 69% dos tweets e notícias sobre a JMJ terem sido escritos nas línguas portuguesa e espanhola, “reflete a relevância do evento para os participantes de vários países da América Latina, da Península Ibérica e de outras partes do mundo”, refere-se no estudo.

O número total de mensagens (somando-se as publicações no X e as notícias) na língua espanhola (37,3%) superou mesmo o peso das mensagens em português (32%). Seguiram-se a língua inglesa (17,2%), francesa (7%) e italiana (3,4%).

No entanto, analisando em separado, a maior parte das notícias foram escritas em português (44,7%). Neste campo a língua inglesa (21,9%) superou mesmo a espanhola (18%). Por outro lado, analisando apenas as publicações no Twitter, o espanhol ultrapassa em larga medida (44,2%) a língua portuguesa 27,5%).

Entre os utilizadores portugueses do X (ex-Twitter), foram os locais onde decorreu o evento – Parque Tejo, Parque Eduardo VII, Praça do Comércio, Jardim Vasco da Gama e Alameda – aqueles que suscitaram o maior interesse entre os utilizadores do X (média de 7,7 tweets por conta), destacando-se a polémica sobre a atribuição do nome do cardeal patriarca à ponte sobre o rio Trancão. Segue-se a partilha de testemunhos e vivências dos participantes das jornadas (7,6 tweets) e a segurança (7,5 tweets).

Outro tema que também suscitou bastante discussão foi o da segurança, que registou uma média de 7,5 tweets por conta.

o menor número de mensagens por perfil aconteceu em torno do tema do retorno financeiro expectável da JMJ (2 tweets/conta), do investimento (3.8 tweets/conta) e das críticas feitas à igreja (3 tweets/conta), pelo que se conclui que a conversa em torno destes territórios se apresentou de uma forma mais dispersa (distribuída por mais perfis), segundo o estudo.

Entre todos os temas debatidos no X sobre a JMJ em Portugal, registou-se uma média 5,4 tweets por perfil.

O pico da conversa sobre os principais temas decorreu em julho (34% do volume de tweets analisados em Portugal), seguido pelo mês de agosto (29%).

Enquanto janeiro foi dominado pelo tema do investimento na JMJ (mês em que foram anunciados os custos de construção do altar-palco) – cobrindo 3,53% do total da conversa analisada – entre março e junho, o tema da organização foi o que assumiu maior destaque.

Já em julho verificou-se um crescimento “acentuado” em todos os temas, enquanto na transição para agosto registou-se uma queda de volume da conversa entre todos os temas, à exceção das críticas à igreja (que tiveram mesmo um aumento de 0,47 pontos percentuais face ao mês anterior) e das mensagens do Papa e da JMJ (que aumentaram 2,78 pontos percentuais durante os dias do evento).

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