Marcelo promulga diploma para completar extinção do SEF

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

"Para que a reforma do SEF possa ser completada e vigorar a partir da próxima semana", o Presidente da República promulgou o diploma da orgânica da Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros.

O Presidente da República promulgou esta sexta-feira o diploma da orgânica da Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros, criada no âmbito da extinção do SEF e que vai funcionar no Sistema de Segurança Interna. Uma nota publicada na página da Internet da Presidência da Republica indica que Marcelo Rebelo de Sousa promulgou diploma para completar a reforma do SEF, cuja extinção vai acontecer às 00:00 de domingo.

“Atendendo à urgência deste diploma, aprovado no Conselho de Ministros de ontem [quinta-feira] e que deverá produzir efeitos imediatos, para que a reforma do SEF possa ser completada e vigorar a partir da próxima semana, tratando-se de uma unidade de troca de informação e coordenação de ações das suas componentes, o Presidente da República promulgou o diploma que aprova a orgânica da Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros”, refere a nota.

Esta nova unidade será responsável pela “coordenação da atuação das forças e serviços de segurança entre si e entre estes e o Instituto dos Registos e do Notariado e a Agência para a Integração, Migrações e Asilo, assegurando a respetiva cooperação e articulação em matéria de circulação de pessoas, de retorno e de controlo de pessoas na fronteira”. No âmbito da extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, as competências vão ser transferidas para sete organismos, passando a existir uma nova configuração do sistema português de controlo de fronteiras ao ser criada a Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros (UCFE), que vai funcionar sob a alçada do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Paulo Vizeu Pinheiro.

Esta nova unidade, já apelidada de “mini-SEF”, vai ser dirigida por um coordenador-geral, cujo nome ainda não é conhecido, e será constituída inicialmente por elementos do SEF, essencialmente inspetores. O SSI avançou à Lusa que no futuro, e gradualmente, os atuais elementos serão substituídos por outros provenientes da GNR e PSP.

Esta unidade vai ainda gerir as bases de dados policiais e sistemas de informação em matéria de fronteiras e estrangeiros e de cooperação policial internacional. As competências policiais do SEF vão ser transferidas para a PSP, GNR e PJ, enquanto as funções em matéria administrativa relacionadas com os cidadãos estrangeiros vão para o Instituto de Registo e Notariado (IRN) e para a nova Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que entra em funções também no domingo.

A reestruturação do SEF foi decidida pelo anterior Governo e aprovada na Assembleia da República em novembro de 2021, tendo sido adiada por duas vezes.

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Michel admite cimeira extra para UE rever orçamento e discutir negociações com Ucrânia

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

"Terei de avaliar como é que preparamos esta reunião em dezembro e se será necessário um Conselho Europeu extraordinário antes ou depois da reunião de dezembro", disse Michel.

O presidente do Conselho Europeu admitiu esta sexta-feira uma cimeira extraordinária para a União Europeia fechar, até final do ano, dossiês “desafiantes” como a revisão do orçamento a longo prazo, negociações formais para entrada da Ucrânia e novas regras orçamentais.

“Eu sou realista e sei que o Conselho Europeu [de dezembro] será desafiante porque teremos diferentes tópicos e difíceis assuntos ao mesmo tempo, o que pode tornar a minha vida mais fácil ou difícil, dependendo de como conseguirmos usar esses vários dossiês para tomarmos decisões”, afirmou Charles Michel.

Falando após um Conselho Europeu de dois dias em Bruxelas, num encontro com jornalistas europeus, incluindo a agência Lusa, o responsável assinalou: “Terei de avaliar como é que preparamos esta reunião em dezembro e se será necessário um Conselho Europeu extraordinário antes ou depois da reunião de dezembro”. “Pretendo trabalhar de forma empenhada e próxima com a presidência espanhola para preparar, da melhor forma possível, este momento político”, salientou.

Entre os principais dossiês que os chefes de Governo e de Estado da UE tentarão ‘fechar’ em dezembro está a revisão do Quadro Financeiro Plurianual, o orçamento europeu a longo prazo, a eventual abertura de negociações formais com países como a Ucrânia e a Moldova enquanto países candidatos à União, as novas regras migratórias e a reforma das regras orçamentais, com ‘tetos’ para défice e dívida pública.

“É difícil de prever e vai depender de alguns elementos, como o relatório da Comissão Europeia sobre o alargamento e também o progresso que espero que seja feito pela presidência espanhola sobre a questão da governação económica […] dada a intenção de chegar a acordo até final de dezembro, o que pode tornar a minha vida mais difícil”, elencou Charles Michel, respondendo a uma questão da Lusa. Numa altura de tensões geopolíticas, o responsável salvaguardou: “Não subestimo o contexto político, os desafios políticos e dificuldades porque precisamos de unanimidade”.

“Será difícil, mas também é uma garantia de unanimidade”, adiantou. Fonte europeia indicou à Lusa que especialistas do Conselho Europeu vão, sob orientação de Charles Michel, realizar agora visitas e consultas bilaterais com países da UE de forma a facilitar as negociações, nomeadamente sobre o orçamento a longo prazo. Para dezembro é então pedido um acordo entre os chefes de Governo e de Estado da UE sobre a revisão do orçamento da UE a longo prazo.

Desde o verão, a UE discute uma proposta que prevê uma reserva de 50 mil milhões de euros de apoio à reconstrução da Ucrânia, 15 mil milhões para gestão das migrações e 10 mil milhões no âmbito da plataforma STEP para investimentos ‘verdes’ e tecnológicos, valores que se deverão somar, na revisão, ao atual Quadro Financeiro Plurianual, orçado em 2,018 biliões de euros a preços correntes (1,8 biliões de euros a preços de 2018).

Para a Ucrânia, está prevista uma reserva financeira para os próximos quatro anos, com empréstimos e subvenções para reconstrução do país pós-guerra, mas apesar do amplo consenso, fontes europeias admitem que Eslováquia e Hungria se oponham a este instrumento. Por seu lado, países como a Alemanha querem reduzir o montante geral do orçamento revisto. Mediante uma falta de acordo sobre a revisão, a UE pode necessitar de um orçamento retificativo para 2024.

Para Charles Michel, a discussão “é uma ocasião para salientar o tópico dos recursos próprios”, quando países como Portugal defendem a criação de novos recursos próprios na UE além dos quatro existentes (assentes nas transferências dos Estados-membros, nos direitos aduaneiros, nos impostos sobre o valor acrescentado e nos resíduos de plástico).

“Não sei se será o momento para avançar, mas é importante […] começar a discutir”, concluiu. Quanto ao alargamento, Ucrânia e Moldova obtiveram em meados de 2022 estatuto oficial de países candidatos à UE, esperando-se que tenham, até final do ano, ‘luz verde’ dos líderes europeus para início das negociações formais de adesão, o que obriga à unanimidade.

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Países Baixos reduzem isenção fiscal para expatriados

  • Joana Abrantes Gomes
  • 27 Outubro 2023

Câmara baixa do Parlamento votou por reduzir a isenção de pagamento de IRS para estrangeiros altamente qualificados que trabalham no país.

Na última sessão parlamentar antes das eleições legislativas, agendadas para 22 de novembro, os deputados dos Países Baixos aprovaram uma alteração à medida que isenta parcialmente o salário de expatriados do pagamento de IRS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares) durante cinco anos, avança a Bloomberg.

A isenção do pagamento do imposto vai manter-se por um período de cinco anos. No entanto, de acordo com a proposta aprovada pela câmara baixa do Parlamento dos Países Baixos na noite de quinta-feira, será reduzida periodicamente: isenção de 30% nos primeiros 20 meses, que baixa para 20% nos 20 meses seguintes e para 10% nos últimos 20 meses da aplicação do regime.

Haverá um período de transição para as pessoas que estão atualmente a beneficiar da isenção fiscal, que já em 2019 tinha sofrido alterações, quando o Governo neerlandês baixou a duração da isenção de oito para cinco anos.

Este regime destina-se a imigrantes altamente qualificados que trabalham nos Países Baixos. Outros requisitos prévios incluem, por exemplo, o facto de se terem mudado para o país para ocupar um emprego que não podia ser preenchido por candidatos locais. A aprovação desta medida permitirá poupar quase 200 milhões de euros por ano, dinheiro que servirá para reduzir a taxa de juro paga pelos estudantes sobre os seus empréstimos.

A iniciativa partiu do deputado Pieter Omtzigt, que deixou o Apelo Democrata Cristão (CDA, na sigla em neerlandês) em 2021 e, em agosto deste ano, fundou um novo partido chamado Novo Contrato Social, atual líder das sondagens. Há muito que faz campanha para que a regra dos 30% seja reduzida, sendo que, no seu manifesto eleitoral, apela mesmo à sua eliminação total.

Pieter Omtzigt culpa a “regra dos 30%” pela crise no mercado da habitação em cidades como Amesterdão, afirmando que permite que os expatriados paguem rendas mais altas do que as restantes pessoas, fazendo aumentar as taxas e atirando os residentes locais para fora das cidades.

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Prémio Diário da República desafia jovens a imaginar o futuro da publicação

Os trabalhos devem ser realizados por alunos da mesma escola, em grupos de dois a 30 alunos, acompanhados por, pelo menos, um professor orientador. As candidaturas decorrem até 15 de dezembro.

“Leis, Câmara, Ação: cria o Diário da República do futuro” é o nome do prémio que desafia os jovens estudantes do ensino secundário a criarem um pequeno filme onde pensem sobre o Diário da República (DR) do presente e imaginem o do futuro.

Promovida pela Unidade do Diário da República da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), com o alto patrocínio da Presidência da República, a iniciativa tem por objetivo “envolver uma parte da população habitualmente menos atenta às características do Diário da República e nem sempre sensibilizada para a necessidade de conhecimento das leis enquanto condição de exercício em pleno da cidadania“, refere-se em nota de imprensa.

Os vídeos têm de ter um máximo de três minutos e devem lançar ideias para tornar o Diário da República “mais inovador e próximo daqueles que serão os adultos de amanhã”, tendo por base as questões “O que é o Diário da República hoje?” e “Como vejo o Diário da República do futuro?”.

Os alunos do ensino secundário são desta forma desafiados a dar resposta a algumas perguntas como a de o que é que gostavam de encontrar na página do DR, como pode a publicação aproximar-se mais dos jovens, se é preciso menos texto e mais imagens, vídeos ou chatbots.

Os trabalhos devem ser realizados por alunos da mesma escola, em grupos de dois a 30 alunos, acompanhados por, pelo menos, um professor orientador.

A equipa vencedora é premiada com uma visita organizada às instalações da Presidência do Conselho de Ministros, da Assembleia da República, da Presidência da República e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, estando incluída a viagem, seguro, alojamento, pequeno-almoço e jantar. Aos vencedores, bem como à sua biblioteca escolar, será ainda entregue um conjunto de livros editados pela INCM.

As candidaturas encontram-se abertas até dia 15 de dezembro, podendo ser enviadas para o email [email protected]. O regulamento está disponível aqui.

Após receção das candidaturas o júri fará uma seleção dos 30 melhores trabalhos que são publicados no YouTube do Diário da República, cabendo depois aos internautas escolher os dez mais votados. Entre esses dez será então o júri o responsável por selecionar o projeto vencedor e os segundo e terceiro classificados.

O júri é presidido por Isabel Alçada (professora e escritora) e conta ainda com Diana Duarte (comunicadora) e Miguel Assis Raimundo (professor e advogado).

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Javier Solana afirma que Israel “está a cometer crimes de guerra”

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

"Estamos num momento difícil e é necessário fazer tudo o que for possível para alcançar um cessar-fogo e corredores humanitários", defende ex-secretário-geral da NATO e ex-chefe da diplomacia da UE.

O ex-secretário-geral da NATO e ex-chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, disse esta sexta-feira que as leis dos crimes de guerra são muito particulares, afirmando ainda que “sim, Israel está a cometer crimes de guerra”. No seu livro “Testigo de un tiempo incierto” [“Testemunha de um tempo incerto”, em português], Solana afirmou ter visto “o sofrimento em Gaza durante muitos anos”.

“Quando eu estava no comando, abrimos a passagem de Gaza pela primeira vez com as forças policiais europeias. Conheço bem o local e sei as dificuldades que lá se estão a passar. Gaza é uma prisão a céu aberto”, disse o espanhol Solana. O ex-secretário-geral da NATO acredita que Israel estaria a cometer um grande erro caso entrasse no território da Faixa de Gaza com tanques, sugerindo assim a criação de corredores humanitários.

Questionado sobre o atraso da incursão terrestre de Israel em Gaza, o mesmo respondeu que “eles têm o objetivo de desarmar o Hamas e para os desarmar têm de entrar no seu território”. “Estamos num momento difícil e é necessário fazer tudo o que for possível para alcançar um cessar-fogo e corredores humanitários. Isto depende, em grande medida, da reação da comunidade internacional. Se não for fortemente apoiada pelos Estados Unidos, será muito difícil”, acrescentou.

O grupo islamita Hamas lançou em 7 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns. Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios. Solana recordou também que nos últimos anos registou-se uma grande transformação na Rússia e que os ataques do 11 de setembro nos Estados Unidos constituíram um “drama de grandes dimensões”.

Para o ano teremos as eleições na Rússia, nos EUA, na UE e em Taiwan. Vamos estar todo o ano sem saber muito bem quem vai ganhar as eleições, o que vai gerar um nível de incerteza”, afirmou. Para Javier, o problema mais grave é o dos Estados Unidos. “A sua vida política está completamente fragmentada. Não há mais nada que una Biden e Trump para além da China. Um a querer negociar e o outro a querer odiá-la”, comentou.

Relativamente à Rússia, explicou que o que o presidente Vladimir Putin pretende é “prolongar a situação na Ucrânia”. “Ele vai ter eleições em janeiro, fevereiro ou março, e quer chegar um pouco mais erguido. Hoje não o está. Vai tentar ajudar um pouco os terroristas sem dar nas vistas e pouco mais que isso”, disse.

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Marcelo veta decreto-lei de privatização da TAP. Quer clarificação do papel futuro do Estado

Presidente quer que seja clarificada "a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa estratégica como a TAP". Costa diz que as preocupações serão "devidamente ponderadas".

“O Presidente da República decidiu devolver ao Governo o diploma de privatização da TAP”, informa uma nota publicada esta sexta-feira no site da Presidência. Marcelo Rebelo de Sousa quer a “clarificação de três aspetos que considera essenciais: a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa estratégica como a TAP; a questão da alienação ou aquisição de ativos ainda antes da privatização; a transparência de toda a operação”. Primeiro-ministro diz que as preocupações serão “devidamente ponderadas”.

O Conselho de Ministros aprovou o decreto-lei de reprivatização da TAP a 28 de setembro e quase um mês depois o mesmo continuava sem ser promulgado. Esta sexta-feira ficou a saber-se porquê: o Presidente da República tinha dúvidas sobre o diploma que as respostas recebidas ontem do Governo, “não permitiram clarificar na totalidade” quanto a três aspetos.

O primeiro é a “futura efetiva capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa estratégica, como a TAP, já que, admitindo-se a venda de qualquer percentagem acima de 51%, não se prevê ou permite, expressamente, em decisões administrativas posteriores, qualquer papel para o Estado”.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros de dia 28, Fernando Medina afirmou que “há uma multiplicidade de instrumentos que podem ser usados para preservar os valores pelos quais esta privatização se está a orientar“, mas que não constarão do decreto. Referiu “a manutenção de uma participação de capital com direitos especiais relativamente a determinadas áreas e matérias de intervenção” e “mecanismos de base contratual que atribuam ao Estado português um papel e uma palavra relativamente a aspetos da vida da companhia”. Instrumentos que não constarão do decreto-lei.

Marcelo Rebelo de Sousa questiona também o facto de o diplomaadmitir que a TAP possa alienar ou adquirir, antes mesmo da decisão de venda, quaisquer tipos de ativos, sem outra mínima precisão ou critério, o que vai muito para além da projetada integração da Portugália na TAP SA”.

O conteúdo do diploma – que é determinante, porque constitui a única lei que condiciona as decisões administrativas subsequentes –, suscitava múltiplas dúvidas e reticências à luz da desejada máxima transparência do processo.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Na mesma conferência de imprensa, Fernando Medina afirmou que a Portugália também fará parte do pacote, como avançou o ECO. O ministro das Finanças afirmou que o mesmo acontecerá com a Unidade de Cuidados de Saúde e a Cateringpor, esta última “com obrigação depois de alienação”. A forma como será feita a integração não clarificada. Todos estes ativos estão atualmente na TAP SGPS, que já não tem qualquer participação no capital da companhia aérea. Medina deixou de fora a posição de 49,9% na Groundforce e a Manutenção e Engenharia Brasil, que está em liquidação.

O Presidente da República aponta ainda “a questão de não assegurar a total transparência, numa fase de contactos anteriores à elaboração do caderno de encargos, ou seja, das regras que nortearão a escolha de eventual comprador, no mínimo tornando claro que não serão negociações vinculativas e que desses contactos ficará registo, fundamental para garantir a prova da cabal isenção dos procedimentos, se for levantada, em momento ulterior, a questão da acima mencionada transparência do processo e da escolha do comprador”.

Para Belém, estas questões, “específicas, mas cruciais, podem ser dilucidadas sem demasiadas delongas, isto é, sem prejuízo para a urgência do processo”. O Presidente da República sublinha que o faz “sabendo, aliás, do tempo decorrido no passado, e da situação, recentemente anunciada, da crescente rentabilidade da TAP ao longo do presente ano”.

Marcelo Rebelo de Sousa entende que “tratando-se da venda de uma companhia que tem um valor estratégico fundamental para o País”, deve ser “assegurada a máxima transparência em todo o processo que levará a uma decisão de venda do controlo da empresa”. “No entanto, o conteúdo do diploma – que é determinante, porque constitui a única lei que condiciona as decisões administrativas subsequentes –, suscitava múltiplas dúvidas e reticências à luz da desejada máxima transparência do processo”, aponta o Presidente da República.

Daí a devolução, sem promulgação, do decreto-lei que aprova o processo de reprivatização da TAP, “para que o Governo possa reapreciar a matéria, nas três questões acima enunciadas”.

O primeiro-ministro reagiu pouco tempo depois: “o primeiro-ministro regista as preocupações de S.Exa o Presidente da República que serão devidamente ponderadas“.

(notícia atualizada às 18h23 com reação do primeiro-ministro)

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Boris Johnson vai ser comentador televisivo

A GB News partilhou um vídeo onde Boris Johnson revela que vai integrar o canal como comentador. Johson vai ainda contar com um programa próprio.

Boris Johnson vai juntar-se ao canal de notícias britânico GB News como comentador. O ex-primeiro-ministro junta-se ao canal para desempenhar um “papel importante” na cobertura das eleições britânicas e norte-americanas do próximo ano. Além disso, Boris Johnson vai também criar e apresentar um novo programa que pretende mostrar o “poder” da Grã-Bretanha ao redor do mundo e ainda apresentar especiais ocasionais, que vão contar com a presença de público ao vivo.

Entretanto, o GB News já divulgou um vídeo onde Johnson revela que vai integrar o canal para transmitir a sua “opinião nua e cria” sobre assuntos que vão desde a Rússia à China e à guerra na Ucrânia, e sobre a forma como o Reino Unido enfrenta esses desafios e oportunidades.

“O GB News é um canal insurgente com uma audiência leal e em crescimento. Estou entusiasmado em comunicar que vou juntar-me em breve e oferecer as minhas opiniões sinceras sobre assuntos globais“, diz também o ex primeiro-ministro britânico, citado pelo GB News.

“Vou falar sobre as imensas oportunidades para uma Grã-Bretanha global – assim como os desafios – e porque é que os nossos melhores dias ainda estão por vir”, acrescenta.

Já Michael Booker, diretor editorial, diz que “estamos tremendamente orgulhosos por ele se juntar à família do GB News, em particular numa altura em que nos aproximamos de um ano político sísmico tanto aqui como no outro lado do Atlântico“.

Confiante de que a visão “única” de Boris Johnson “vai ser um sucesso estrondoso”, Booker diz que o ex-líder do governo britânico além de habilidoso politicamente é também um jornalista e escritor “incrivelmente talentoso”.

Segundo o The Independent, ao longo do último ano, Boris Johnson já recebeu quase cinco milhões de libras (cerca de 5,73 milhões de euros), principalmente por falar em eventos no estrangeiro, mas também por ter celebrado um acordo com a HarperCollins em janeiro para escrever um livro de memórias. Johnson também é atualmente colunista semanal no The Daily Mail.

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Direitos da Liga dos Campeões regressam à Sport TV

  • + M e Lusa
  • 27 Outubro 2023

Os direitos da Liga dos Campeões estavam com a Eleven desde 2018, continuando o canal a transmitir a maioria das partidas. A Sport TV vai transmitir também a Super Taça europeia.

Seis anos depois, a Sport TV vai voltar a transmitir a Liga dos Campeões de futebol, já a partir da próxima época. A Eleven (DAZN), que detinha os direitos de transmissão da competição desde 2018, vai continuar a transmitir a maioria das partidas.

Fonte oficial da Sport TV salientou à Lusa que a Sport TV ganhou o pacote de “jogos mais importantes” a partir da próxima época (2024/2025).

A Sport TV garantiu ainda direitos de transmissão da Liga Europa (UEFA Europa League) e da Liga Conferência (Conference League).

Os direitos de transmissão televisiva adquiridos incluem as finais das respetivas competições, a Super Taça Europeia, bem como os resumos de todos os jogos das três competições de clubes da UEFA.

A Sport TV volta assim a assegurar os direitos de transmissão de alguns dos jogos da principal competição europeia de futebol, depois de estes terem sido atribuídos à Eleven Sports em 2018 (com uma renovação por mais três anos feita em 2020).

Em comunicado, a DAZN Portugal refere que vai continuar a transmitir a Liga dos Campeões – tendo acrescentado a Liga Europa e a Liga Conferência – garantindo em exclusivo 489 jogos ao longo das três competições da UEFA, para o período 2024-2027.

“A DAZN assegura a distribuição multiplataforma da maior parte dos jogos das competições da UEFA em Portugal no período de 2024-2027, adicionando ao seu portfólio os Jogos da Europa League e Conference League, excluindo a primeira escolha por jornada”, refere a DAZN em comunicado.

“A DAZN garantiu, também, todos os resumos e highlights de todos os jogos das três competicões da UEFA, incluindo os das equipas portuguesas, bem como as transmissões da UEFA Youth League”, acrescenta.

*Notícia atualizada às 17h50 com informações enviadas pela DAZN

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Quase 17% dos juízes estão em risco elevado de burnout

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

Quase 17% dos juízes estão em risco elevado de burnout, com consequências como stress, dificuldade em dormir e sintomas depressivos, revela estudo.

Quase 17% dos juízes estão em risco elevado de burnout, com consequências como stress, dificuldade em dormir e sintomas depressivos, revela um estudo divulgado esta sexta-feira que recomenda mudanças na gestão dos tribunais e na avaliação dos magistrados.

O estudo “Condições de trabalho, desgaste profissional, saúde e bem-estar dos/as juízes/as portugueses/as”, do Observatório Permanente da Justiça do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, coordenado pelos investigadores João Paulo Dias e Paula Casaleiro, inquiriu 684 juízes de um universo de 2.043 no país, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.

Entre as principais conclusões do estudo, apresentado esta sexta-feira no encontro nacional do Conselho Superior da Magistratura, na Covilhã, está a identificação de 16,7% de juízes em risco elevado de burnout, uma média na qual pesam sobretudo os níveis detetados nos magistrados dos tribunais judiciais, já que na área administrativa e fiscal o risco elevado não ultrapassa os 10%.

Em média, os juízes dizem trabalhar 46 horas por semana, mas em algumas áreas superam as 50, referindo, nas entrevistas citadas no estudo, impactos na vida pessoal, levando muitas vezes trabalho para casa, que se prolonga pelo fim de semana e afeta a conciliação com a vida familiar.

Em termos de impacto na saúde, foram identificados níveis de risco em 66,7% dos participantes no critério dificuldade para dormir, em 35,9% no critério stress e em 26,2% nos sintomas depressivos.

Trabalhar em megaprocessos é o fator que mais contribui para níveis de stress funcional muito elevados — 65,8% dos juízes consideram-no muito stressante — mas processos volumosos, cumprimento de prazos e falta de apoio para conciliar a vida profissional e pessoal também são fatores de stress relevantes.

Nas entrevistas citadas no estudo, os juízes referem a ansiedade causada por “uma carga de trabalho completamente desproporcionada” e o peso de lidar com a vida de terceiros em cada processo.

Há também quem admita que apenas aguentará um ritmo elevado de trabalho até atingir determinado índice remuneratório, abrandando a partir daí.

A saúde mental, referem alguns, não é preocupação dos tribunais nem dos seus presidentes; há quem admita acompanhamento médico constante, mas recuse pedir baixa médica; há quem reconheça vergonha em admitir que tem um problema e há quem reconheça problemas de saúde mental nos colegas, com impactos na qualidade do trabalho desenvolvido, mas entenda que a intervenção cabe a uma inspeção e não aos colegas de trabalho.

Perante as conclusões, os autores do estudo recomendam que se estude o modelo de gestão dos tribunais, com o objetivo de “aumentar a eficiência e eficácia e redefinir competências e meios”, assim como a “revisão do modelo de avaliação do desempenho profissional e ação disciplinar”.

Entendem ainda que deve haver “melhor comunicação entre entidades governamentais e judiciais” e “maior eficiência na gestão de recursos humanos”.

O estudo sugere ainda uma “avaliação regular das condições de trabalho” dos juízes, a criação de um gabinete de saúde ocupacional no âmbito da medicina do trabalho e formação em competências como gestão de stress.

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Residentes não habituais? “Devíamos discutir retorno e não despesa da medida”, defende presidente do Santander Totta

Banco liderado por Castro e Almeida vê com bons olhos a criação de fundo soberano e considera que a discussão sobre o regime dos residentes não habituais deve focar-se no retorno e não na despesa.

Para o Santander Totta, a discussão em torno do regime fiscal dos residentes não habituais, que o Governo pretende revogar no Orçamento do Estado para 2024, “deveria estar não na despesa fiscal em que se incorra, mas antes no retorno que a medida traz”, segundo adiantou o banco liderado por Pedro Castro e Almeida em declarações ao ECO.

Este regime foi criado em 2009 e posteriormente reformulado em 2012, com o objetivo de atrair para Portugal reformados com pensões pagas por outros países e pessoas de profissões consideradas de elevado valor acrescentado. Quem não for residente fiscal em Portugal poderá beneficiar de uma taxa de IRS reduzida de 20% nos rendimentos de trabalho.

Segundo a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, o regime manter-se-á para quem dele já beneficia e a quem até 31 de dezembro reunir critérios para inscrição, mas será revogado para novos beneficiários. O fim do regime está a merecer fortes críticas.

Caso não existisse o regime, o Estado não estaria a cobrar esta receita, pois os seus beneficiários atuais teriam optado por outros países”, lembra a instituição, ressalvando que o Governo poderia, em vez de acabar com a medida, fazer “ajustamentos à lei, até porque outros países continuam a ter regimes comparáveis”.

Fundo soberano? “Medidas para reduzir dívida e transformar economia são bem-vindas”

Ainda no âmbito do Orçamento do Estado para o próximo ano, está previsto a criação de uma espécie de “fundo soberano” que será dotado com uma verba inicial de dois mil milhões de euros, que corresponde ao excedente orçamental de 0,8% do PIB com que vai fechar o ano.

Este fundo pós-2026 visa assegurar que o país terá recursos quando se acabarem os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e caso não haja um substituto e para compensar a perda de fundos com o alargamento da União Europeia. Nas palavras do próprio ministro das Finanças, Fernando Medina, o país dispõe de duas escolhas: “Ou temos recursos próprios que podemos investir nessa altura, e daí a importância de reduzir a dívida pública, ou então vamos levar com a pancada”.

O Santander aplaude a medida: “Todas as medidas que contribuam para a redução da dívida pública, por um lado, e para apoiar a transformação da economia portuguesa, aumentando o seu crescimento potencial são bem-vindas”.

Na opinião do banco, Portugal tem de ser mais ambicioso no crescimento económico e deve apontar para taxas acima de 2% para a economia “gerar sustentadamente riqueza e emprego”.

Nesse processo, “a redução da dívida pública executada nos últimos anos é uma alavanca”, pois ajuda a “contribuir para imunizar a economia a choques adversos, num contexto em que o BCE terminou os seus programas de aquisição de ativos”. A outra alavanca, acrescenta o banco, passa por ter “uma estratégia de investimento público, em complementaridade com o investimento privado, que contribua para a transformação digital e climática da economia”.

O Santander Totta, que anunciou na passada sexta-feira lucros recorde de 621,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 61,5% em comparação com o mesmo período de 2022, adianta ainda que “Portugal deve manter um regime fiscal competitivo com os demais países da União Europeia, que apoie as empresas e atração de investimento e de talento, que são um instrumento adicional para acelerar o crescimento económico”.

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CPLP produzirá 15 a 20% do petróleo e gás mundial em 2035

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

Os países da CPLP, sem contar com a energia, "têm vindo a baixar na importância do comércio externo português, quer a nível de mercadorias, quer a nível de serviços", diz Maruins da Cruz.

O antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros português António Martins da Cruz disse esta sexta-feira que, em 2035, os países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) representarão 15% a 20% do petróleo e do gás produzidos no mundo.

Martins da Cruz, que abordou, numa conferência, em Lisboa, os limites, positivos e negativos, da CPLP, salientou que a importância da organização lusófona não se resume às cimeiras que se veem na televisão, e destacou a concertação político-diplomática. “A nossa cooperação com a CPLP não é apenas uma cooperação entendida em sentido estrito, porque há vários setores do Governo, da Justiça, que se reúnem periodicamente para avaliar a situação e para tentar fórmulas de cooperação. A CPLP não se resume a cimeiras que nós vemos nas televisões”, acrescentou.

O diplomata, que intervinha no último painel da conferência internacional “Portugal na relação da Europa com a América Latina e África”, considerou ainda que a CPLP “tem uma atividade diária e uma atividade importante que não são limites”. De entre os fatores positivos que abordou, deu relevo ao facto da CPLP representar atualmente 270 milhões de habitantes, ou seja, 3,7% da população mundial.

“E mais de 3% do PIB mundial e hoje os países da CPLP produzem 6% do petróleo produzido no mundo e um bocadinho mais de 1% do gás. E as projeções são, quando começar a ser explorado, por exemplo, o gás do norte de Moçambique, o petróleo que existe offshore em São Tomé e as perspetivas que se abrem no Brasil e em Angola, em 2035, a CPLP vai representar entre 15 a 20% do petróleo e do gás produzidos no mundo”, adiantou.

Trata-se, defendeu, de uma “perspetiva económica muito importante e que nem sempre é falada”, salientou o antigo chefe da diplomacia. Se no setor da energia se verifica esta relevância da CPLP, no domínio do comércio externo português, Martins da Cruz traçou um cenário negativo.

Os países da CPLP, incluindo o Brasil, se retirarmos o aspeto de energia que representa, têm vindo a baixar na importância do comércio externo português, quer a nível de mercadorias, quer a nível de serviços. As nossas exportações para a CPLP não chegam a 4% do total. E isto é o limite da CPLP. Deviam ser mais. Nós temos um comércio externo orientado sobretudo para a União Europeia”, referiu, enumerando que a UE representa mais de 70% do comércio externo português.

“E este é obviamente um limite económico ao qual não podemos fugir e prejudica a CPLP. Angola já foi o nosso quinto mercado de exportação. Hoje não está nem sequer nos 10 primeiros, por razões que têm a ver com a situação económica mundial, que tem a ver com as guerras que atravessamos”, explicou. Recuperando o que o embaixador Ribeiro Telles tinha afirmado antes, sobre Portugal não ser uma prioridade para a política externa brasileira, Martins da Cruz considerou que nem a CPLP é uma prioridade para o Brasil.

O grande limite da CPLP são as fidelidades regionais. São países que estão inseridos em regiões. Estão inseridos em políticas regionais e estas fidelidades regionais podem, nalguns casos, diluir o denominador comum que a CPLP representa”, frisou.

Martins da Cruz intervinha no painel moderado pela diretora de informação da agência Lusa, Luísa Meireles, e que teve, ainda, como oradores, Luís Amado, ex-ministro da Defesa e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, ex-vice-primeiro-ministro e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, e Francisco Ribeiro Telles, antigo embaixador de Portugal em Cabo Verde, Angola e Itália e ex-secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP, de 2019 a 2021), atualmente, secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

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Pensões antecipadas caem 8,2% até setembro para 15,6 mil

  • Lusa
  • 27 Outubro 2023

Até setembro houve uma redução do número de reformas atribuídas antes da idade legal de reforma (66 anos e quatro meses), mas um aumento no valor médio face ao mesmo período de 2022.

O número de pensões antecipadas atribuídas entre janeiro e setembro deste ano caiu 8,2% face ao período homólogo, totalizando 15,6 mil, com um valor médio de 748 euros, segundo o Instituto da Segurança Social (ISS).

Segundo dados do ISS avançados à Lusa, até setembro houve uma redução do número de reformas atribuídas pela Segurança Social antes da idade legal de reforma (66 anos e quatro meses), mas um aumento no valor médio face ao mesmo período de 2022, de 705 euros para 748 euros. Já o valor médio do total das pensões de velhice atribuídas em 2022 foi de 597 euros, indica o ISS.

De acordo com o instituto, “90% das pensões requeridas em 2023 já foram deferidas e atribuídas (dados de 31 de setembro de 2023), com um tempo médio de deferimento de 23 dias, o que corresponde a uma redução de 90% face a 2019 (tempo médio era de 218 dias)”. No entanto, o instituto não indicou qual o número total de pensões atribuídas pela Segurança Social no mesmo período.

As reformas antecipadas sofrem, em regra geral, um duplo corte, por via do fator de sustentabilidade, que este ano corresponde a uma penalização de 13,8% no valor da pensão, e de uma redução em 0,5% por cada mês de antecipação face à idade legal ou pessoal da reforma.

De acordo com o relatório sobre a sustentabilidade da Segurança Social que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) entregue no parlamento, em 2022 houve um aumento em 14,2% das reformas antecipadas atribuídas nesse ano face a 2021, para quase 22 mil. O aumento das novas pensões antecipadas em 2022 deveu-se sobretudo ao crescimento do número de reformas atribuídas após desemprego de longa duração (mais de 12 meses no desemprego), que têm um regime especial.

As pensões antecipadas pelo regime de desemprego de longa duração aumentaram em quase 45% em 2022 face ao ano anterior, para 10,6 mil, enquanto as reformas antecipadas por via das regras de flexibilização da idade da reforma caíram em 4,7%, totalizando 11,3 mil. Ainda de acordo com o relatório que acompanha o OE2024, a idade média dos novos pensionistas foi de 65,61 anos em 2022.

O montante da despesa do sistema previdencial com pensões de velhice foi de 12,2 mil milhões de euros no ano passado, um crescimento em 4,5% face ao ano anterior.

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