Faculdade de Economia do Porto fecha acordo com Microsoft para incluir Inteligência Artificial nos currículos

Estudantes da Faculdade de Economia da Universidade do Porto vão explorar e testar em diversas unidades curriculares as mais recentes ferramentas de Inteligência Artificial e de análise de dados.

A Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) acaba de fechar uma “parceria inovadora” com a Microsoft através do lançamento do programa “Artificial Intelligence For Economics and Management”, para que os cerca de 3.200 estudantes “possam tirar proveito de todo o potencial da inteligência artificial”, sabe o ECO.

“Estamos a trazer para a comunidade académica da FEP as oportunidades geradas pelos avanços tecnológicos mais recentes. A capacitação em Inteligência Artificial permitirá seguramente criar estratégias baseadas em dados e ferramentas que promovam a criação de valor sustentável para as organizações”, indica Óscar Afonso, o novo diretor da escola nortenha.

Uma das vertentes deste acordo é a Microsoft AI Business School. A partir de conteúdos preparados pela Microsoft e pelo INSEAD, vão ser oferecidas várias edições de um curso não técnico, “capaz de apresentar o estado da arte da Inteligência Artificial e desenvolver estratégias transformadoras para as organizações”.

Visando ainda potenciar a inovação na sala de aula, a escola de negócios prepara-se para “capacitar” os docentes através dos módulos e percursos de aprendizagem do Microsoft Learn, fazendo com que os alunos da FEP possam explorar e testar as mais recentes ferramentas de Inteligência Artificial e de análise de dados em diversas unidades curriculares.

A capacitação em Inteligência Artificial permitirá seguramente criar estratégias baseadas em dados e ferramentas que promovam a criação de valor sustentável para as organizações.

Óscar Afonso

Diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Esta escola de economia e gestão, que está a comemorar 70 anos e acaba de nomear Nuno Moutinho como coordenador de inovação pedagógica, fala num “passo importante” para que as organizações nacionais sejam capazes de integrar a inteligência artificial nas suas operações a curto prazo. E com esta parceria com a gigante tecnológica, preparar “os líderes de hoje e de amanhã para uma utilização da IA focada na estratégia, na cultura da empresa e na utilização ética dos dados”.

Numa entrevista ao ECO, publicada a 13 de junho e em que avisava que “tão cedo as pessoas não vão ficar melhor”, apesar da melhoria dos indicadores macroeconómicos do país, Óscar Afonso admitiu que os alunos da FEP saem para o mercado de trabalho “com menos autoestima do que deveriam” e prometeu “empenho” para “fazer chegar à economia real o conhecimento gerado” na academia.

Ainda na semana passada, a Bosch, a Universidade do Porto e o International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL) lançaram um projeto de dez milhões de euros para desenvolver soluções e tecnologias de inteligência artificial para aplicar no fabrico industrial, numa parceria entre a indústria e a academia que vai envolver 70 engenheiros e investigadores.

Impacto da IA na educação

Outras universidades portuguesas já começaram também a promover a inovação pedagógica e a potenciar as oportunidades da inteligência artificial generativa. É o caso da Nova Information Management School (Nova IMS), da Universidade Nova de Lisboa, que, recentemente, passou a disponibilizar aos professores e alunos o acesso à tecnologia da Microsoft Azure OpenAI em contexto de sala de aula.

Na Nova SBE o tema IA também já está a ser analisado, admitindo o dean, Pedro Oliveira, que a escola de gestão está a equacionar alterar os processos de avaliação para acomodar o impacto desta tecnologia.

“Não existe uma maneira tecnicamente viável de perceber se um texto foi escrito pelo ChatGPT ou por uma pessoa. (…) Claro que isto levanta enormes desafios para as universidades. Temos de avaliar alunos e, tradicionalmente, quando eles submetem um relatório ou teses, avaliamos lendo aquilo que escreveram”, disse Pedro Oliveira, durante a sua intervenção na talk “Escolas de gestão nacionais no top mundial. E agora?”, organizada pelo Trabalho by ECO.

“Na defesa de uma tese, por exemplo, temos de passar mais tempo na defesa do que a ler a tese. Deixou de ser tão importante aquilo que o aluno nos apresenta por escrito e passou a ser mais importante o sentido crítico do aluno a defender um qualquer argumento. Curiosamente, já está a aumentar o poder da oralidade”, referiu ainda o mesmo responsável.

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Conduril sobe lucros na construção em 25% e fecha operação no Zimbabué

Com 2.800 trabalhadores, construtora de Ermesinde faturou 219 milhões de euros no ano passado e encerrou atividade na subsidiária africana devido à “exiguidade de projetos e instabilidade económica".

Num contexto marcado por “constrangimentos” à atividade da indústria da construção, que inclui uma maior instabilidade nas cadeias de fornecimento e a subida “significativa” dos preços da energia e das matérias-primas, a Conduril fechou o último exercício com uma subida de 25% nos lucros, para 7,3 milhões de euros, e um volume de negócios de 219 milhões de euros, 40% acima do registado no ano anterior – e que compara com os 124 milhões faturados no ano do início da pandemia.

Em Portugal, onde o setor da construção beneficiou dos “elevados números de adjudicações” feitas em 2020 e em 2021 – e perspetivando um “dinamismo” este ano impulsionado pelos investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e para finalizar o PT2020 –, a construtora com sede em Ermesinde e liderada por Benedita Amorim Martins, que emprega um total de cerca de 2.800 pessoas, contabiliza ter realizado mais de 60% da atividade no mercado nacional.

Entre as grandes empreitadas em curso, salienta a Conduril no mais recente relatório e contas, atingiu “fases basilares” na construção da barragem e central do aproveitamento hidroelétrico do Alto Tâmega (coroamento da barragem), tendo completado a execução estrutural na terceira fase da expansão do molhe leste do Porto de Sines. Em destaque esteve igualmente o envolvimento nas obras férreas em curso no país e as novas angariadas no âmbito do projeto Sines 4.0, empreendimento responsável pela construção de um mega centro de dados em Sines.

Já nos mercados africanos, nos quais as construtoras portuguesas têm sido afetadas por um abrandamento no lançamento de novos projetos e por uma “competição cada vez mais forte” com empresas estrangeiras – “com a consequente queda abrupta dos preços, via redução das margens ou, até, via sacrifícios nos custos”, assinala –, o grupo nortenho fundado por António Luís Amorim Martins, que morreu em fevereiro deste ano, acabou por fechar aquela que era a sua operação internacional mais pequena e também mais recente, iniciada em 2019.

“Perante a exiguidade de projetos e a instabilidade económica que o Zimbabué atravessa, o grupo Conduril reequacionou a sua atuação neste país e optou por encerrar a sua atividade”, revela no mesmo documento. De acordo com os últimos dados disponibilizados, relativos a 2021, este mercado gerou um volume de negócios líquido de quase 600 mil euros. O ECO contactou a empresa para obter mais detalhes sobre a operação e este desinvestimento, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

No continente africano, onde no final do ano passado estavam mais de sete em cada dez trabalhadores do grupo fundado em 1959 e participado pelo banco BPI, conquistou várias obras públicas novas em Angola, onde arrancou com a internacionalização em 1990, nomeadamente para o Governo Provincial de Benguela e para o Ministério das Obras Públicas. Já a atividade em Moçambique teve uma “elevada estagnação”, por via da “instabilidade terrorista” no norte do país, que originou a paralisação dos projetos de gás natural.

Na Zâmbia, onde diz ter “perspetivas animadoras”, angariou a nova obra de reabilitação e extensão da rede de águas e esgotos em Mufulira, com financiamento internacional, e a obra de reabilitação e encerramento de barragens na mesma região para o Ministério de Minas, o que potencia o desenvolvimento e a presença neste mercado para os próximos anos. Apesar de não ter ganho qualquer projeto novo no Malawi, a construção de parte do canal de irrigação de Shire Valley, em execução, teve um “ritmo de produção considerável”. Finalmente, destaca a execução de uma obra de abastecimento de águas no Gabão, após terminar uma obra de drenagem em Libreville.

Carteira de encomendas de 520 milhões

Mesmo que o setor da construção continua a sentir dificuldades como a falta de matéria-prima e mão-de-obra, ou o aumento dos preços e do custo de financiamento – o grupo diz ter “apenas uma pequena parte do endividamento” indexado a taxas de juros variáveis –, após transitar de ano com uma carteira de encomendas avaliada em 520 milhões de euros, no caso de Portugal, expressa otimismo com os investimentos privados na área da energia e públicos ao nível das infraestruturas. A Conduril integra o consórcio português para a alta velocidade ferroviária, com a Mota-Engil, Teixeira Duarte, Casais, Gabriel Couto e Alves Ribeiro.

“Em África, a estabilidade política e económica almejada parece querer começar a produzir resultados, trazendo consigo um incremento dos concursos de obras públicas e particulares. Existem perspetivas muito positivas para o grupo Conduril continuar a angariar novas obras e até novos mercados, com garantias de financiamento internacional, prevendo-se assim um crescimento de 20% no volume de negócios”, detalha o grupo, que atualmente possui sucursais em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Zâmbia, Malawi e Marrocos.

A 31 de dezembro de 2022, o grupo tinha assumido responsabilidades por garantias bancárias prestadas no montante de 92 milhões de euros, “fundamentalmente para efeitos de concursos, como garantia de boa execução de obras e financeiras”. Por outro lado, os gastos com pessoal ascendiam a 54,8 milhões de euros, 20% acima do registado um ano antes, com o número médio de empregados a passar neste período de 2.369 para 2.806 no final do ano passado.

Ainda na área dos recursos humanos, ao longo do ano passado, a construtora da família Amorim Martins contabiliza que foram ministradas mais de 14 mil horas de formação. As despesas relacionadas com a atividade da Conduril Academy, um centro credenciado pelos organismos que tutelam a formação profissional nos países onde atua, ascenderam em 2022 a 148 mil euros, financiadas na íntegra pelo grupo de Ermesinde.

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BCP é o banco que mais valoriza na Europa, mas ainda tem “desconto”

BCP valoriza mais 70% este ano. É o melhor registo entre os pares europeus. Apesar disso, as ações do banco português negoceiam na bolsa com um desconto de 30% em relação ao seu valor contabilístico.

A subida das taxas de juro está a impulsionar as cotações dos bancos europeus em 2023. O setor já valorizou mais de 15% desde o início do ano e não deverá ficar por aqui. Mas há uma estrela que tem brilhado mais intensamente do que as outras: o BCP acumula ganhos acima dos 70% ao longo deste ano, destacando-se como o banco com melhor desempenho na bolsa entre os seus pares.

Apesar das fortes valorizações, as ações da banca do Velho Continente continuam “em saldos”. Isto é, transacionam com uma cotação abaixo do valor contabilístico do seu negócio, com o índice Stoxx Europe 600 Banks a registar atualmente um price-to-book value (P/B) de 0,67 vezes. Isto significa que os bancos europeus estão a negociar, em média, com uma cotação equivalente a 0,67 vezes o seu valor contabilístico ou com um desconto de 33% face ao seu valor contabilístico.

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Embora os investidores continuem a negociar as ações do Stoxx Europe 600 Banks com desconto, a evolução do rácio P/B não deixa de mostrar uma tendência positiva em comparação com a média de 0,60 dos últimos cinco anos. Ou seja, há uma maior confiança do mercado quanto ao setor. No caso do BCP, essa recuperação foi mais evidente (apenas suplantado pelo UniCredit), como revela a subida do rácio P/B para 0,69 face à média de 0,43 dos últimos cinco anos.

Em termos mais práticos: se as ações do banco português negociavam com um desconto de quase 60%, agora transacionam com um desconto de 30%. Mas no que se destacou o BCP para ter uma evolução melhor do que a concorrência lá fora?

Juros+comissões-Polónia=400 milhões no semestre

“Os bancos portugueses ganham 9,5 vezes mais do que os pares europeus com a subida das taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu. Essa melhoria dos lucros deverá continuar este ano, uma vez que os ganhos com os empréstimos acontecem mais rapidamente do que o aumento dos juros que os bancos pagam nos depósitos”, explica Nuno Mello, diretor de vendas da corretora XTB.

Pedro Assunção, CIO da Forste, considera que é “natural” a recuperação do P/B do BCP por conta da melhoria da rentabilidade do banco. “Se as estimativas se confirmarem, o ROE (rentabilidade dos capitais próprios) deverá ultrapassar os 10% este ano”, explica Pedro Assunção, CIO da Forste.

O BCP prepara-se para anunciar os resultados do primeiro semestre na próxima quinta-feira. Os analistas sondados pela Reuters antecipam um lucro de mais de 400 milhões até junho, multiplicando por mais de cinco vezes o resultado que teve no mesmo período do ano passado.

Como banco de retalho que é, o resultado do BCP terá sido impulsionado em grande medida pela margem financeira e pelas comissões que aumentaram muito nos últimos anos, como está a acontecer com a Caixa Geral de Depósitos (CGD), Novobanco, Santander e BPI – os três últimos prestam contas na sexta-feira. Mas não só.

A Polónia tem sido o “calcanhar de Aquiles” do banco detido pelos chineses da Fosun e pelos angolanos da Sonangol nos últimos anos e o principal fator que tem atrasado a recuperação dos resultados em comparação com os outros bancos portugueses. Porém, depois de a sua unidade polaca ter colocado de lado mais de 1,2 mil milhões de euros para enfrentar os riscos legais com os créditos hipotecários em moeda suíça, muitas das nuvens em torno do único banco português cotado em bolsa parecem ter-se dissipado.

Na nota de research em que iniciaram a cobertura das ações do BCP, os analistas do UBS disseram esperar que as provisões na Polónia comecem a descer a partir de agora, devendo ascender a apenas 45 milhões de euros em 2026, um valor quase insignificante face aos 740 milhões de 2023.

Com isto, acrescentam os analistas do UBS, o expectável é que os resultados semestrais comecem já refletir não só o impacto da subida dos juros na margem financeira, mas também o ajustamento que o banco realizou na última década.

Espaço limitado para mais ganhos

Depois do rally de 70%, o BCP tem espaço para valorizar ainda mais? Pedro Assunção e Nuno Mello acreditam que sim, mas o caminho está a estreitar-se. “No curto prazo, penso haver espaço para o BCP valorizar mais, mas a zona dos 30 cêntimos por ação deverá oferecer resistência suficiente para podermos assistir a algumas correções no preço”, refere Nuno Mello.

O book value por ação do BCP é de 39 cêntimos, ou seja, o banco teria de atingir a cotação de 39 cêntimos para ter um rácio P/B de 1. É uma meta plausível? “Serão necessários alguns anos de rentabilidades confortáveis e um ciclo mais completo de crédito (incluindo uma recessão) para se perceber se, sustentadamente, o BCP e os restantes bancos europeus conseguem gerar um ROE em linha com o seu custo de capital”, argumenta Pedro Assunção.

 

Por outro lado, o CIO da Forste lembra o passado de juros negativos e também o ambiente regulatório mais apertado como fatores que ainda pesam na confiança dos investidores quanto ao regresso dos bancos a uma época de boas rentabilidades. O diretor da XTB acrescenta que, fruto da subida expressiva das taxas de juro do BCE, o risco de incumprimento nos créditos à habitação está cada vez mais presente entre os investidores, o que condicionará o comportamento do título.

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Zelensky considera extensão das restrições aos cereais “antieuropeia”

  • Lusa
  • 24 Julho 2023

A Europa tem a capacidade institucional de agir mais racionalmente em vez de fechar a fronteira a uma mercadoria particular”, disse Zelensky.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou esta segunda-feira “inaceitável” a eventualidade de um prolongamento das restrições à exportação dos cereais ucranianos na União Europeia, como pretendem cinco Estados vizinhos para protegerem os seus agricultores.

“Qualquer extensão das restrições é absolutamente inaceitável e francamente antieuropeia. A Europa tem a capacidade institucional de agir mais racionalmente em vez de fechar a fronteira a uma mercadoria particular”, disse Zelensky, durante a sua intervenção diária difundida nas redes sociais.

Zelensky disse esperar que “a parte europeia cumpra as suas obrigações” quando as restrições existentes expirarem, em 15 de setembro. Polónia, Bulgária, Hungria, Eslováquia e Roménia anunciaram na quarta-feira que assinaram uma declaração comum, em que pedem à Comissão Europeia o prolongamento o embargo às importações de cereais ucranianos nos seus territórios até ao final do ano.

Em junho, a Comissão anunciou que estas restrições poderiam ser prolongadas até 15 de setembro, apesar da oposição de Kiev e das resistências entre os Estados-membros.

Face ao afluxo de produtos agrícolas ucranianos, depois do levantamento do embargo pela União Europeia, em maio de 2022, estes Estados vizinhos da Ucrânia interditaram unilateralmente, em meados de abril, as importações para conte a saturação dos seus silos e a queda dos preços locais.

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Seguradora australiana QBE vai entrar diretamente em Portugal

  • ECO Seguros
  • 24 Julho 2023

A companhia vai abrir sucursal em Portugal e reforçar as relações que já tem no mercado nacional com as agências de subscrição Innovarisk e Hispania. Como alvo tem empresas acima de 50 milhões/ano.

A seguradora australiana QBE vai abrir sucursal em Portugal, esperando autorização da ASF. Até agora, a QBE operava, através da companhia sedeada em Bruxelas com o estatuto de Livre Prestação e tem como parceiros os agências de subscrição Innovarisk e Hispania, relações que quer reforçar.

Patricia Puerta, diretora geral da futura QBE Iberia, prevê equipa em Lisboa e desenvolver negócio com a Innovarisk e a Hispania.

“Estávamos absolutamente centrados em Espanha, Portugal era um negócio mais pontual”, afirmou Patricia Puerta, – diretora geral da até agora QBE ESpaña, futura QBE Iberia- ao jornal espanhol El Economista, revelando que vão, com os atuais parceiros, desenvolver um negócio muito focado em Portugal.

A QBE tem sede em Sydney, onde nasceu há 140 anos, e opera em 180 países através de bases em 29 países já incluindo Portugal. O volume de negócios atingiu no ano passado 20 mil milhões de dólares em seguros e resseguros e conta com 12 mil empregados em todo o mundo.

Na Europa tem a QBE UK, com sede em Londres e líder de dois sindicatos na Lloyd’s, e a QBE Europe, com sede em Bruxelas de onde desenvolve um negócio com sede em Madrid. No futuro a diretora geral não exclui a hipótese de ter equipa em Lisboa.

Novo alvo definido: Empresas acima de 50 milhões de vendas por ano

A QBE é uma seguradora de empresas, afirmando-se presente em 60% das companhias cotadas na bolsa espanhola IBEX. Concorre na Europa nos grandes riscos corporativos onde tem como concorrentes a Zurich, AIG, AXA XL, Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), Generali e a Mapfre Global Risks.

A entrada em Portugal coincide com uma alteração estratégica do grupo, apostando agora no segmento de empresas com dimensão acima dos 50 milhões de euros por ano, quando antes se ficavam pelas que faturavam acima dos 300 milhões e pelas grandes multinacionais.

Patricia Puerta afirma igualmente ao jornal espanhol que espera construir em Madrid o hub europeu da QBE para dar resposta a toda a cadeia de valor nos setores da construção e das energias renováveis.

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IRS: Retenção na fonte de famílias com dependentes com deficiência vai reduzir

  • Lusa
  • 24 Julho 2023

"Os dependentes com deficiência beneficiam ainda especialmente de uma dedução relativa a despesas de educação e a reabilitação", çembra o Secretário de Estado.

A parcela a abater à retenção na fonte do IRS das famílias onde há dependentes com um grau de incapacidade permanente igual ou superior a 60% vai ser reforçada, segundo prevê um despacho publicado esta segunda-feira em Diário da República.

O novo regime de retenção na fonte, que começou a ser aplicado este mês, já contempla uma parcela a abater para as famílias com dependentes, com o valor a ter em causa o perfil familiar e a existência ou não de dependente com deficiência, de modo a ajustar este adiantamento mensal do imposto à dedução fixa atribuída ao dependente.

O despacho assinado pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Nuno Santos Félix, vem lembrar que, além daquela dedução fixa, “os dependentes com deficiência beneficiam ainda especialmente de uma dedução relativa a despesas de educação e a reabilitação”, pelo que o montante de deduções poderá ser neste caso “significativamente superior”, dependendo das despesas efetivamente suportadas.

Para ajustar a retenção a esta realidade, o despacho determina que o valor a acrescer à parcela a abater por cada dependente com grau de incapacidade permanente igual ou superior a 60% pode ser acrescido até três vezes, no caso de não casado e no caso de casado, único titular ou até seis vezes, no caso de casado, dois titulares.

A opção por este fator de multiplicação deve ser comunicada pelos contribuintes à entidade que lhes processa o salário ou a pensão “em momento anterior ao seu pagamento ou colocação à disposição”. “As quantias retidas em excesso aos titulares com dependentes com incapacidade permanente igual ou superior a 60%, resultantes da necessidade de adaptação ao presente despacho, poderão ser restituídas através da retenção seguinte, sem, porém, ultrapassar o último período de retenção anual”, determina ainda o despacho.

A retenção a mais sobre os salários e pensões pagos este mês antes da publicação deste despacho pode, assim, ser restituída em agosto.

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Seguradora moçambicana vai pagar mais de 1 milhão em dividendos

  • Lusa
  • 24 Julho 2023

A estatal Empresa Moçambicana de Seguros (Emose), maior seguradora do país, anunciou que vai pagar dividendos de 2021 aos acionistas.

A Empresa Moçambicana de Seguros (Emose), a maior seguradora do país, anunciou nesta segunda-feira que vai pagar, a 8 de agosto, dividendos relativos ao exercício de 2021 aos acionistas, equivalente a um milhão de euros.

Numa nota ao mercado consultada pela Lusa, a Emose refere que por deliberação tomada em assembleia-geral ordinária realizada em 13 de outubro de 2022 irá proceder ao pagamento de 0,2591 meticais, bruto, por cada ação. Tendo em conta que, no final do exercício de 2021, o capital social da Emose era constituído por 295.000.000 ações, trata-se no total de mais de 76,4 milhões de meticais (um milhão de euros) a pagar em dividendos.

De acordo com o relatório e contas da seguradora, a Emose apresentou um resultado líquido do exercício de 2021 negativo em 1.193 milhões de meticais (16,8 milhões de euros). O Estado moçambicano detém uma participação de 39% diretamente no capital social da Emose, equivalente a 115.050.000 ações, e através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) outra de 31%, com 91.450.000 ações. Entre outros pequenos acionistas, contam-se ainda a Cooperativa dos Gestores Técnicos e Trabalhadores da Emose, com uma quota de 20% e 59.000.000 ações.

O mercado segurador de Moçambique conta com cerca de vinte empresas autorizadas e é liderado há mais de 40 anos pela Emose, criada dois anos após a independência nacional através da nacionalização e fusão das seguradoras Lusitânia, Tranquilidade de Moçambique e a Nauticus.

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Howden reforça posição líder em seguros de aviação

  • ECO Seguros
  • 24 Julho 2023

Howden consolida liderança no mercado suíço de seguros de aviação com aquisição da Hudson Sky International. A estratégia reforça oferta especializada para clientes nacionais e multinacionais.

O grupo global de seguros Howden anunciou nesta segunda-feira a aquisição da Hudson Sky International, a consolidar a posição como corretora de destaque no setor de seguros de aviação na Suíça. A aquisição integra a estratégia da Howden de se tornar líder em mercados especialistas selecionados, como é o caso da aviação, e enfatiza o investimento em expandir a oferta de produtos para clientes suíços e multinacionais.

Hans-Jörg Blumer, diretor-gerente de Aviação da Howden Suíça, disse: “temos observado uma procura considerável por serviços de consultoria especializada no setor de aviação e esta aquisição é um passo vital à medida que nos tornamos líderes de mercado nesse espaço”.

A Hudson Sky estabeleceu-se como corretora líder de (re)seguros de aviação no mercado suíço, com foco principal no segmento de helicópteros, e atende uma ampla gama de clientes globalmente. A aquisição irá reforçar a posição da Howden como uma força importante no setor da aviação, bem como melhorar a sua presença geográfica na Europa.

O diretor-gerente da Hudson Sky, Martin Accola, comentou: “para nós, a aquisição representa um passo importante e estratégico, pois avaliamos o plano de desenvolvimento a longo prazo num mercado global cada vez mais complexo. Os nossos clientes vão tirar partido da expertise da Howden em toda a indústria, bem como de serviços de colocação e networking, para além do atendimento personalizado da nossa equipa experiente”.

Hans-Jörg Blumer, diretor-gerente de Aviação da Howden Suíça, acrescentou: “temos observado uma procura considerável por serviços de consultoria especializada no setor de aviação e esta aquisição é um passo vital à medida que nos tornamos líderes de mercado nesse espaço. A Hudson Sky possui experiência no setor, o que será essencial à medida que atendemos à crescente procura por parte de clientes na região.”

O CEO da Howden Suíça, Felix C. Jenny, afirmou: “a Hudson Sky trará um reforço adicional às nossas operações na Suíça. Reflete o nosso compromisso em fornecer soluções de primeira classe aos nossos clientes e a combinação da Hudson Sky com as capacidades existentes irá melhorar significativamente a oferta de aviação. A aquisição é mais um sinal do nosso compromisso em nos tornarmos líderes em mercados selecionados na Europa. Estou ansioso por receber toda a equipa da Hudson Sky”, concluiu o líder.

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Aviva compra carteira habitação do Barclays

  • ECO Seguros
  • 24 Julho 2023

A Aviva fortalece a sua presença no mercado de seguros residenciais do Reino Unido com a aquisição da carteira de home insurance do Barclays, composta por 350.000 clientes.

O gigante britânica de seguros Aviva anunciou nesta segunda-feira o fortalecimento da sua posição no mercado de seguros residenciais do Reino Unido ao fechar um contrato com o Barclays UK de aquisição da carteira de seguros residenciais da instituição. Com a conclusão do acordo prevista para agosto, a Aviva vai beneficiar da inclusão de 350.000 clientes na sua carteira de seguros, o que impulsiona ambições de crescimento no setor de seguros de retalho.

“É importante destacar que a aquisição permite que os clientes do Barclays continuem a beneficiar da expertise da Aviva em subscrição e gestão de sinistros de seguros residenciais”, sublinhou Owen Morris, Diretor de Linhas Pessoais da Aviva no Reino Unido.

Em declarações à imprensa, Owen Morris, Diretor de Linhas Pessoais da Aviva no Reino Unido, expressou entusiasmo com a oportunidade de adquirir uma carteira estabelecida de seguros residenciais e enfatizou a importância da parceria duradoura com o Barclays. Sublinhou: “é uma oportunidade fantástica para adquirir uma carteira de seguros residenciais e reflete a parceria que temos com o Barclays ao longo dos últimos 18 anos.”

Morris acrescentou: “é importante destacar que a aquisição permite que os clientes do Barclays continuem a beneficiar da expertise da Aviva em subscrição e gestão de sinistros de seguros residenciais”, acrescentou o líder.

A transição para a Aviva será suave para os clientes do Barclays, sem necessidade de input, visto que as apólices serão transferidas automaticamente para a nova seguradora a partir de 31 de agosto.

A Aviva aproveitou a oportunidade para reforçar que a empresa continuará a ser a seguradora exclusiva dos clientes do Barclays no ramo de seguros de viagem, o que não será afetado pela aquisição da carteira de seguros residenciais.

A notícia chega após o anúncio, em maio de 2023, que a Aviva tinha assinado um contrato de distribuição de cinco anos com a Nationwide Building Society e consolidado a sua posição como fornecedora exclusiva de seguros de viagem para membros da conta FlexPlus a partir de maio de 2024.

Com as mais recentes iniciativas estratégicas, a Aviva demonstra o compromisso em expandir a sua presença no mercado de seguros do Reino Unido e em continuar a fornecer serviços de alta qualidade aos clientes.

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Grandes marcas destroem roupa que tinham prometido reciclar

  • Lusa
  • 24 Julho 2023

Os artigos foram doados às lojas H&M, Zara, C&A, Primark, Nike, The North Face, Uniqlo e M&S na Bélgica, França, Alemanha e Reino Unido, e outros doados a uma grande cadeia de vendas online.

A maior parte das roupas doadas a grandes marcas, que prometem reutilizá-las ou reciclá-las, é na verdade destruída, deixada em armazéns ou enviada para África, segundo uma investigação divulgada esta segunda-feira.

A investigação, da responsabilidade da organização “Changing Markets Foundation”, com sede nos Países Baixos, indica que várias cadeias internacionais “deitam fora roupas que prometeram salvar”. E trata-se de roupa, diz a organização, em perfeitas condições.

A organização não-governamental (ONG) explica num comunicado que usou “air tags” da Apple (dispositivos que enviam a localização) e assim conseguiu rastrear 21 peças de roupa usada, em perfeitas condições. Os artigos foram doados às lojas H&M, Zara, C&A, Primark, Nike, The North Face, Uniqlo e M&S na Bélgica, França, Alemanha e Reino Unido, e outros doados a uma grande cadeia de vendas online.

Grandes marcas comprometem-se a reciclar, produzir menos resíduos, acabar com produtos químicos perigosos, e fazem ofertas para quem entregar roupa em segunda mão, que dizem será para reciclar ou reutilizar. Segundo a organização, apesar das promessas, três quartos dos artigos (16 em 21) foram destruídos, deixados em armazéns ou exportados para África, onde cerca de metade da roupa usada é retalhada para outras utilizações ou abandonada.

A “Changing Markets Foundation” dá exemplos: um par de calças doado à M&S foi destruído numa semana, outro par doado à C&A foi queimado num forno de cimento, uma saia doada à H&M viajou 24.800 quilómetros, de Londres até um terreno baldio no Mali, onde parece ter sido despejada. Três artigos acabaram na Ucrânia, onde as regras de importação foram flexibilizadas devido à guerra. Apenas cinco artigos dos 21 foram reutilizados na Europa ou acabaram numa loja de revenda.

“A maior parte dos programas promete explicitamente não deitar fora a roupa utilizável. Mas nenhuma das marcas mencionadas mantém registos públicos sobre o destino das roupas que lhes são doadas. Em vez disso, entregam-nas a empresas especializadas em reutilização, reciclagem e eliminação final” diz a ONG no comunicado.

Urska Trunk, da ONG, diz citada no documento que as promessas das lojas são mais um truque de “lavagem ecológica” (greenwashing), porque os artigos doados em perfeitas condições são na sua maioria destruídos, deixados em armazéns ou enviados para o outro lado do mundo.

A “Changing Markets” lembra que a União Europeia está a reforçar as regras em matéria de resíduos e pede uma lei forte, que contemple objetivos obrigatórios de reutilização e de reciclagem. O greenwashing é uma estratégia de publicidade através da qual uma empresa poluidora pretende fazer passar uma imagem de responsabilidade ambiental, que na verdade não tem.

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Comissão de Trabalhadores da Meo quer saber razões e consequências para trabalhadores suspensos de funções

  • Lusa
  • 24 Julho 2023

"À CT devem ser indicadas as razões objetivas da alegada culpabilidade dos trabalhadores suspensos de funções", defende, para que possa medir o "alcance destas ações".

A Comissão de Trabalhadores da Meo, empresa da Altice Portugal, quer saber quais as razões e consequências da alegada culpabilidade dos trabalhadores suspensos de funções ou de licença visados na auditoria interna a compras aos fornecedores, foi anunciado esta segunda-feira.

Em comunicado, a CT precisa que deve ser dada a esta estrutura representativa dos trabalhadores “oportunidade para intervir nos detalhes” da auditoria interna “a todas as compras aos fornecedores alegadamente envolvidos num esquema lesivo à Altice Portugal”, dona da Meo.

“Visados nessa auditoria e/ou consequência da mesma, à CT devem ser indicadas as razões objetivas da alegada culpabilidade dos trabalhadores suspensos de funções (ou de licença)”, para que possa medir o “alcance destas ações e quais as direções, departamentos e equipas que estão a ser monitorizados, neste momento”.

A CT adianta ainda que, caso se verifique responsabilidade dos envolvidos, independentemente do grau de exposição dos mesmos e as funções desempenhadas, pretende “saber que tipo de ações pretende a empresa aplicar a esses e essas trabalhadores/as, provando-se dolo e/ou negligência”.

No comunicado, a CT refere que está disponível para colaborar com as investigações do Ministério Público “na medida da limitação do conhecimento dos factos apurados e que interessem à investigação”, e sublinha que está igualmente interessada em avaliar quais os ‘remédios’ que a administração “estará a considerar para o futuro, na medida em que a solvabilidade da empresa e a manutenção dos milhares de postos de trabalho não poderão estar em causa”.

Interessa, portanto, aferir o valor global em que a Altice foi penalizada – e por arrasto, a Meo”, lê-se no mesmo comunicado, que adianta também que terá de ser claro se a administração tem “alguma estratégia para reaver o valor alegadamente ‘perdido’ e qual o reforço dos capitais próprios previstos para a consolidação da empresa”.

A CT aproveita também para referir que terá em conta as conclusões da investigação e que não exclui a possibilidade de agir judicialmente contra os alegados autores dos crimes e a Meo ser ressarcida dos prejuízos, caso haja enquadramento legal para tal.

A “operação Picoas”, desencadeada em 13 de julho, levou a várias detenções, entre as quais a do cofundador do grupo Altice Armando Pereira, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a sede da Altice Portugal, em Lisboa, e instalações de empresas e escritórios em vários pontos do país, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP).

Esta foi uma ação conjunta do MP e da Autoridade Tributária (AT). Em causa, alegadamente, está uma “viciação do processo decisório do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. As autoridades consideram que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba “superior a 100 milhões de euros”. Em 2 de junho de 2015, a Altice concluiu a compra da PT Portugal.

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Altice. Prisão domiciliária para Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes sem vigilância electrónica ou policial

‘Operação Picoas’ revelou na passada semana um alegado esquema financeiro em torno da Altice, detentora da antiga PT, que terá lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros.

Prisão domiciliária para Hernâni Vaz Antunes e Armando Pereira, sem qualquer vigilância, eletrónica ou policial. Estas foram as medidas de coação aplicadas pelo juiz de instrução Carlos Alexandre, aos dois principais arguidos no âmbito da chamada Operação Picoas. Nenhum dos arguidos fica com possibilidade, em alternativa, de pagar caução.

Os outros dois arguidos do processo, a filha de Hernâni Vaz Antunes, Jéssica Antunes, e o economista Gil Loureiro, deverão ficar em liberdade. Ficam sujeitos ao pagamento de cauções de 500 mil e 250 mil euros, respetivamente.

Em causa estão suspeitas de “viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. O Estado terá também sido prejudicado com uma fraude fiscal “superior a 100 milhões de euros”.

O Ministério Público (MP) tinha pedido prisão preventiva para o arguido Hernâni Vaz Antunes, considerado o “braço-direito” do cofundador da Altice Armando Pereira. Em relação a Armando Pereira, o MP pediu ao juiz de instrução criminal Carlos Alexandre a aplicação de prisão domiciliária, podendo esta medida ser convertida ou substituída por uma caução de dez milhões de euros. Para Armando Pereira, o MP pediu ainda a proibição de contactos com outros arguidos ou pessoas e empresas fornecedoras da Altice.

Armando PereiraHenrique Casinhas/ECO

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP), em colaboração com a Autoridade Tributária (AT), lançou no dia 13 de julho uma operação com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias.

A defesa de Armando Pereira saúda “a libertação do nosso cliente, que se encontra agora em plena capacidade para se defender. O juiz considerou, na sequência das medidas de coação propostas pelo Ministério Público, que Armando Pereira apresentou todas as garantias de representação necessárias. As investigações, que continuarão a apurar as reais responsabilidades de todos dentro e fora da Altice, serão longas e Armando Pereira pretende continuar a participar ativamente neste processo, ficando à disposição da justiça para confirmar que as suas decisões sempre foram tomadas tendo em conta os interesses da empresa”, diz o comunicado de Manuel Magalhães e Silva e Pedro Marinho Falcão.

Seis crimes de corrupção ativa agravada no setor privado, com referência a colaboradores da Altice (como Luís Alvarinho, Alexandre Fonseca), um crime de corrupção passiva no setor privado, com referência a decisões da Altice, quatro crimes de branqueamento de capitais e ainda crimes de falsificação de documentos, ainda não contabilizados na totalidade. Estes são os crimes imputados a Armando Pereira, cofundador da Altice. Já Hernâni Vaz Antunes, braço direito de Pereira, terá contra si sete crimes de corrupção ativa agravada no setor privado (com referência a Armando Pereira e Alexandre Fonseca), oito crimes de fraude fiscal, seis crimes de branqueamento de capitais e ainda falsificação de documentos e falsas declarações, ainda não totalmente contabilizados. No total são mais de 35 crimes que o MP suspeita na chamada ‘Operação Picoas’.

Em causa estão ainda indícios de “aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira” através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas, a que se soma a suspeita da utilização de sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.

A influência de Armando Pereira

O cofundador da Altice Armando Pereira, que ficou detido no dia 13 na sequência das buscas, será alegadamente o líder de um esquema que, segundo o MP, terá lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros através do envolvimento de dezenas de sociedades controladas de forma indireta pelo seu homem de confiança, Hernâni Vaz Antunes.

O empresário terá utilizado a sua influência no grupo para controlar as decisões de contratação de fornecedores, que, alegadamente, passariam também a ter de contratar serviços a empresas controladas por Hernâni Vaz Antunes para conseguirem os contratos com a Altice.

A influência de Armando Pereira terá também sido concretizada na alienação de imóveis da Altice em Lisboa, cuja venda a empresas na órbita de Hernâni Vaz Antunes terá ficado por valores bastante abaixo da posterior revenda, com mais-valias de vários milhões de euros.

Os outros arguidos

Jéssica Antunes, Álvaro Gil Loureiro e Hernâni Vaz Antunes são os outros arguidos da “Operação Picoas”. Jéssica Antunes, filha de Hernâni Vaz Antunes e apontada pelo MP como ‘testa de ferro’ do pai em diversas empresas, foi a primeira a prestar declarações perante o juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal.

O interrogatório prosseguiu com Álvaro Gil Loureiro, economista que tem ligação a diversas empresas associadas aos negócios em torno da Altice e que estão igualmente ligadas a Hernâni Vaz Antunes.

Já Hernâni Vaz Antunes, conhecido como ‘braço direito’ de Armando Pereira, estava entre os visados da operação, mas não foi localizado e acabou por só se entregar numa esquadra da PSP no Porto no sábado à noite, aguardando detido pelo seu interrogatório. É suspeito de obter comissões milionárias em vários negócios e de colocar ‘testas de ferro’ à frente de empresas para contratos de fornecimento à Altice.

Buscas na sede da Altice Portugal e investigação interna do grupo

Um dos focos das buscas esteve na sede da Altice Portugal, em Picoas (Lisboa), com as autoridades a suspeitarem que a empresa tenha sido lesada em vários negócios. Após fonte oficial da empresa garantir nesse dia “toda a colaboração” com as autoridades, o grupo anunciou no dia 14 uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis da subsidiária portuguesa, bem como do grupo.

Conferência de imprensa de apresentação da nova CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo - 18MAR221
Alexandre Fonseca, ex-CEO da AlticeHugo Amaral/ECO

Alexandre Fonseca, co-CEO do grupo Altice a nível internacional e ex-CEO da Altice Portugal, decidiu suspender funções executivas e não-executivas na empresa, incluindo no mercado português, na sequência deste caso.

Como noticiou o ECO, a casa de Alexandre Fonseca também foi alvo de buscas, no âmbito da mesma investigação que levou as autoridades à quinta de Armando Pereira, cofundador da Altice. Armando Pereira foi uma das personalidades detidas para interrogatório na semana passada e passou o fim de semana atrás das grades, à espera de ser ouvido por um juiz. Alexandre Fonseca será “seguramente” constituído arguido, disse uma fonte judicial.

 

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