Líder da IL não gostou de ver Rui Rio a “colocar a justiça em causa”

  • Lusa
  • 15 Julho 2023

Rui Rocha prefere pensar que "a justiça funciona bem" e não gostou de ouvir o antigo presidente do PSD colocar em causa a independência do seu funcionamento.

O presidente da Iniciativa Liberal (IL) criticou hoje Rui Rio por “colocar a justiça em causa” e disse que gostava de ver os partidos “mais claros” em relação às suas práticas e menos a atacar a justiça.

Obviamente eu não quero uma justiça instrumentalizada pelo Ministério Público (MP), mas também não fico satisfeito quando vejo políticos a colocarem a justiça em causa da maneira que foi feito ontem (sexta-feira)”, afirmou o líder da IL, no Peso da Régua, referindo-se à entrevista dada pelo ex-presidente do PSD à SIC.

Rui Rio acusou o MP de se “intrometer politicamente” ao ordenar buscas, esta quarta-feira, à sua residência e sede nacional do PSD, e insistiu na necessidade urgente de uma reforma da justiça.

“Porque imediatamente o que é feito depois de um discurso daqueles de Rui Rio é o aproveitamento já por pessoas ligadas ao PS para desvalorizarem todas as situações que têm acontecido”, afirmou Rui Rocha, que disse que prefere pensar que “a justiça funciona bem”.

Quanto à reforma da justiça de Rio, o líder da IL referiu que o que se conhece é, por exemplo, uma “tentativa de politizar os conselhos superiores de magistratura”, e frisou que defende uma “justiça independente” e “não a politização da justiça”.

Na quarta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) mobilizou cerca de 100 inspetores e peritos para buscas na casa do ex-presidente do PSD Rui Rio e na sede nacional do partido, por suspeitas dos crimes de peculato e abuso de poderes.

Em causa está a utilização de verbas destinadas ao pagamento de assessores parlamentares para pagar a funcionários do partido entre 2018 e 2022. “Há uma coisa, todavia, em que Rui Rio pode ter alguma razão, que é, pelos comentários que fui ouvindo ao longo destes dias, parece tratar-se de uma prática corrente em diferentes partidos”, salientou.

Acrescentou: “Parece ser uma prática antiga, de partidos velhos e portanto, eu olho para isto e parece-me que, se é verdade que Rui Rio e o PSD estão a ser investigados por algum tipo de práticas desta natureza, se calhar há outros partidos que também o fizeram e ainda não ouvi ninguém negar”.

Eu posso garantir que a IL, pela sua parte, relativamente a verbas recebidas da Assembleia da República (AR), essas verbas são usadas para trabalho em benefício do trabalho da AR e, portanto, eu preferiria ver os partidos mais claros relativamente às suas práticas e menos a atacar a justiça porque acho que não vem daí vantagem nenhuma para a política em Portugal”, sublinhou.

Questionado sobre se é necessário um esclarecimento da lei de financiamento dos partido, Rui Rocha disse considerar que a “lei atual é suficientemente clara”.

A interpretação da lei é clara, é que as verbas recebidas da AR devem ser utilizadas para pagar trabalho feito para a AR. Portanto, por aí, parece-me que não há grande questão a discutir. Se outros e aparentemente começa a haver várias vozes que dizem que há praticas comuns antigas, recorrentes, noutro sentido, pois são esses que têm que justificar”.

Rui Rocha considerou que o discurso inflamado e muito assertivo de Rio “é um bocadinho deslocado” e que o ex-líder do PSD “foi sempre muito mais proficiente na oposição aos meios de comunicação social e ao MP” do que a António Costa e ao Governo PS.

O presidente do Iniciativa Liberal termina hoje um périplo de dois dias no distrito de Vila Real, no âmbito da iniciativa Rota Liberal.

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Chega vai recorrer da decisão do TC que invalida convocatória de convenção do partido

  • Lusa
  • 15 Julho 2023

André Ventura assegurou que "a situação do partido mantém-se exatamente na mesma e mantêm-se todos os órgãos até uma decisão final".

O presidente do Chega anunciou hoje o recurso da decisão do Tribunal Constitucional (TC) que declarou inválida a convocatória da última convenção do partido, que, na prática, torna nulas as decisões tomadas, como a eleição do líder.

“Vamos propor o recurso ao Tribunal Constitucional”, afirmou André Ventura, em conferência de imprensa realizada na sede do partido, em Lisboa, expressando otimismo numa vitória em sede de recurso. “Temos um vasto leque de decisões nos últimos meses em que foi dada razão ao Chega. O TC apenas se deve pronunciar quando esgotados os meios internos dos partidos para recursos”, disse.

Embora tenha explicado que o partido ainda não foi notificado da decisão do TC, Ventura assegurou que “a situação do partido mantém-se exatamente na mesma e mantêm-se todos os órgãos até uma decisão final”.

O Tribunal Constitucional (TC) declarou inválida na sexta-feira a convocatória da V Convenção Nacional do Chega, na sequência de uma impugnação apresentada pela militante número três do partido, Fernanda Marques Lopes, que já tinha recorrido ao Conselho de Jurisdição Nacional do partido mas não obteve resposta.

Com a invalidação da convocatória, as decisões tomadas por essa convenção ficam consequentemente sem efeito, entre as quais a eleição dos novos órgãos e a reeleição de André Ventura como presidente.

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Advogado de Armando Pereira opõe-se a eventual prisão preventiva. “Indiciação é extensa mas não é forte”

  • ECO
  • 15 Julho 2023

O advogado Pedro Marinho Falcão rejeita que a fortuna de Armando Pereira e o facto de viver em França venham a justificar uma medida de coação severa. Cofundador da Altice só deve ser ouvido na terça.

O cofundador da Altice, Armando Pereira, deverá ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre na terça-feira e só depois conhecerá a medida de coação que lhe vai ser aplicada. O advogado vai já dizendo que está contra uma eventual medida de privação da liberdade, como a obrigação de permanência na habitação ou a prisão preventiva.

Do ponto de vista das razões que determinam uma medida de coação de privação da liberdade não há razão nenhuma para que seja aplicada“, defendeu Pedro Marinho Falcão, advogado de Armando Pereira, à saída do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. O facto de o cofundador da Altice ter residência em França (embora não nacionalidade) não o justifica, argumentou: “Viver na Europa não significa fugir à Justiça”

O mesmo disse sobre o facto de ser milionário. “A circunstância de ser alguém com capacidade financeira não determina o perigo de fuga“. “Uma caução é uma medida que satisfaria as necessidades deste processo”, considerou.

Pedro Marinho Falcão esclareceu que até às 16h de segunda-feira o seu cliente não será ouvido, porque antes decorrerá o interrogatório dos outros dois suspeitos. Acredita que isso só deverá acontecer na terça-feira. “Em princípio falará na terça-feira. Os trabalhos estão bastante atrasados. Não antevejo que na segunda-feira inicie as declarações”, disse. Só depois é que serão conhecidas as medidas de coação.

O jurista disse que o cofundador da Altice não concorda com as acusações e que “terá a oportunidade de explicar ao juiz porquê”. “A indiciação é extensa mas não é forte”, considerou.

Além de Armando Pereira, foram também detidos Álvaro Gil Loureiro, administrador em sociedades ligadas a Hernâni Vaz Antunes, parceiro de negócios do co-fundador da Altice, e uma das filha, Jéssica Antunes. Hernâni Vaz Antunes também está indiciado pelo Ministério Público, que não o localizou. Esta tarde, fez saber através dos seus advogados que está disponível para ser ouvido.

Pedro Marinho Falcão esclareceu que os detidos foram identificados durante a manhã e o procurador Rosário Teixeira entregou “uma pen com praticamente todo o dossiê”. Os três aceitaram prestar declarações e responder ao juiz Carlos Alexandre. A primeira foi Jéssica Antunes, que segundo o advogado continuará a ser ouvida na segunda-feira. Segue-se Álvaro Gil Loureiro e Armando Pereira.

Só depois é que serão conhecidas as medidas de coação. Os detidos irão ficar na prisão do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP.

De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do MP, a operação desencadeada na quinta-feira, que levou às três detenções, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, entre as quais instalações de empresas e escritórios de advogados em vários pontos do país.

Em causa está, alegadamente, uma “viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. As autoridades destacam ainda que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba “superior a 100 milhões de euros”.

A investigação indica também a existência de indícios de “aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira” através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o MP que terão também sido usadas sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.

Nas buscas, o DCIAP revelou que foram apreendidos documentos e objetos, “tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros”.

A Altice não é arguida e na sexta-feira anunciou que deu início a uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis da Altice Portugal, bem como de todo o Grupo Altice.

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Braço direito de Armando Pereira disponível para ser ouvido. Defesa diz que não está “em fuga”

  • Lusa
  • 15 Julho 2023

Defesa de Hernâni Vaz Antunes, parceiro de negócio de Armando Pereira, cofundador da Altice, diz que empresário "não está, nem esteve, ‘em fuga’ ou ‘em parte incerta’"

O empresário Hernâni Vaz Antunes, suspeito no processo ligado ao cofundador da Altice Armando Pereira, disse estar disponível para ser ouvido pelas autoridades e rejeitou, através da sua defesa, que esteja “em fuga ou em parte incerta”.

“Por referência ao processo que vem sendo noticiado, [Hernâni Vaz Antunes] não está, nem esteve, ‘em fuga’ ou ‘em parte incerta’, tendo já, através dos seus advogados, dado nota formal às autoridades competentes da sua disponibilidade para formalidades processuais e para ser ouvido, onde e quando determinado”, pode ler-se na nota enviada à Lusa pela defesa do empresário.

Os advogados Rui Patrício e Tiago Monfort acrescentaram ainda que não vão fazer “quaisquer outros comentários públicos sobre o assunto (…) por respeito ao processo e suas regras, às autoridades e aos envolvidos”.

Hernâni Vaz Antunes é conhecido como o braço direito do cofundador da Altice Armando Pereira, que ficou detido na quinta-feira, na sequência da operação desenvolvida pelo Ministério Público (MP) e pela Autoridade Tributária (AT) sobre suspeitas em torno de negócios relacionados com a Altice Portugal.

Também já detidos nessa operação foram Jéssica Antunes, filha de Hernâni Vaz Antunes, e o economista Álvaro Gil Loureiro. Os três detidos foram hoje identificados perante o juiz Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal e vão prestar declarações em interrogatório.

Em causa está, alegadamente, uma “viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. As autoridades destacam ainda que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba “superior a 100 milhões de euros”.

A investigação indica também a existência de indícios de “aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira” através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o MP que terão também sido usadas sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.

Nas buscas, o DCIAP revelou que foram apreendidos documentos e objetos, “tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros”.

A Altice não é arguida e na sexta-feira anunciou que deu início a uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis da Altice Portugal, bem como de todo o Grupo Altice.

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📹 O retrato das PPP em Portugal

Maioria das Parcerias Público-Privadas ocorre no setor rodoviário, que representa mais de 80% dos encargos públicos com este regime que vai gerar receitas a partir de 2036. Investimento está em queda.

Os gastos com as Parcerias Público-Privadas têm vindo a cair, bem como o investimento dos parceiros privados. Atualmente, existem 40 parcerias destas em Portugal. Segundo os dados da UTAO, a maioria está no setor rodoviário, que representa mais de 80% dos encargos com PPP. Na saúde, várias têm chegado ao fim, mas em Cascais ainda houve renovação.

Veja o vídeo.

http://videos.sapo.pt/vKzWQ599iM5ZCmDotfJ2

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Montenegro contra “desproporção” nas buscas ao PSD. “Não há vacas sagradas nem do lado da política nem do lado da justiça”

O presidente do PSD, Luís Montenegro, criticou o que considera ser a "desproporção" das autoridades nas buscas à sede do partido e à casa de Rui Rio.

“Não há vacas sagradas nem do lado da política nem do lado da justiça”, afirmou esta tarde Luís Montenegro em reação às buscas na sede do PSD e na casa do antigo líder do partido, Rui Rio, que considera desproporcionais. Pede também à procuradora-geral da República que evite a devassa da informação levada pelos investigadores.

“O que sucedeu esta semana é normal e natural numa investigação no que concerne há recolha de elementos, mas houve uma desproporção entre aquilo que foi a ação das autoridades investigatórias, os elementos que foram recolhidos e o objeto da investigação”, considerou Rui Rio após uma reunião do Conselho Nacional Estratégico do PSD, no Porto.

“É preciso que tenhamos uma justiça na qual os cidadãos acreditem. Não há ninguém que esteja acima da lei. Os partidos políticos não devem estar acima da lei. E aqueles que são os executores da justiça, sejam eles os magistrados do Ministério Público, sejam eles os agentes das forças de segurança ou das forças de investigação criminal, todos têm de se ater à legalidade”, afirmou o líder do PSD, acrescentando que “não há vacas sagradas nem do lado da política nem do lado da justiça”.

A Polícia Judiciária (PJ) realizou na quarta-feira buscas na sede nacional do PSD, na sede da distrital do Porto e em casa do antigo presidente social-democrata Rui Rio, por suspeitas de peculato e abuso de poder. A Polícia Judiciária mobilizou cerca de 100 inspetores e peritos para a operação. Em causa está a alegada utilização de verbas da Assembleia da República, destinadas ao pagamento de assessores parlamentares, para pagar a funcionários do partido entre 2018 e 2022.

O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, escreveu uma carta à procuradora-geral da República a contestar a “grande desproporcionalidade” da operação judicial e a pedir a proteção da informação do partido. “Nós fizemos chegar à senhora procuradora-geral da República para que ela o possa apreciar e sobretudo para que ela possa cuidar de salvaguardar os elementos que foram recolhidos e que não têm a ver com esta investigação e têm a ver com o nosso trabalho político“, explicou Luís Montenegro em declarações transmitidas pelas televisões.

Não podemos aceitar nenhum tipo de condicionamento há nossa ação política. Há elementos que são nossos, documentos de conteúdo político e comunicações que temos com outras pessoas e entidades.

Luis Montenegro

Presidente do PSD

Não podemos aceitar nenhum tipo de condicionamento há nossa ação política. Há elementos que são nossos, documentos de conteúdo político e comunicações que temos com outras pessoas e entidades. Só queremos que nada disso possa ser alvo de devassa e de alguma maneira interferir no nosso trabalho político“, acrescentou.

“Há coisas difíceis de explicar. Como se fizeram clonagens de vários equipamentos eletrónicos, de computadores na sede nacional do partido. Como é que se levou o telefone pessoal do ex-líder do PSD”, questionou Luís Montenegro.

Procuradora vai analisar queixa do PSD

Lucília Tiago respondeu ontem em declarações à SIC: “A procuradora-geral não despacha processos, a procuradora-geral não define estratégias investigatórias, nem os seus tempos, nem os seus modos. Esse processo, como os restantes têm titulares, têm magistrados responsáveis pela investigação, que obviamente seguirão uma linha e polarão em prática”.

A queixa “será alvo de acompanhamento e análise, como todas as notícias que, como imagina, me chegam diariamente. Serão ponderadas, analisadas e se for o caso alvo de medidas gestionárias adequadas se merecerem essa apreciação. Não sei se merecem, naturalmente”, disse ainda a procuradora-geral da República.

O líder do PSD admitiu apoiar uma clarificação da lei sobre o financiamento dos partidos, como já propôs o PS, se necessário for. “A lei está a ser cumprida agora e é minha convicção que foi sempre cumprida ao longo dos últimos anos”, quis salientar Montenegro. “Se houver alguma clarificação que retire qualquer espaço de dúvida, com certeza que o PSD intervirá construtivamente nesse processo e parece que há partidos que já o propuseram.”

“Se fosse eu a decidir Pinto Monteiro não estava no Parlamento”

O presidente dos social-democratas foi também questionado sobre a permanência do deputado Joaquim Pinto Moreira no Parlamento, depois de na sexta-feira o antigo autarca de Espinho ter sido acusado formalmente pelo Ministério Público de ter recebido 50 mil euros em 2020 para favorecer um empreendimento do Grupo Pessegueiro. Pinto Moreira optou por não suspender o mandato de deputado.

“A direção do partido, pela sua decisão, esse deputado já não estava em exercício de funções. Isso é público e conhecido”, afirmou Luís Montenegro.

“Há duas dimensões do mandato de deputado. Há uma dimensão política, global, partidária. Nessa dimensão já dissemos publicamente que tiramos a confiança política a este deputado. Há uma dimensão que é pessoal, cabe ao deputado, e eu não posso decidir em nome dele. Se fosse eu a decidir ele não estava no parlamento“, disse o presidente do PSD.

(notícia atualizada às 16h10)

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“Vão acabar com o trabalho que construímos”. Pequenos proprietários de alojamento local protestam contra o Governo

  • Lusa
  • 15 Julho 2023

A Praça D. João I, no Porto, foi ocupada com 304 sacos azuis em representação de 200 famílias que dependem do seu pequeno negócio de alojamento local e temem que ele acabe com as medidas do Governo.

Várias dezenas de pequenos titulares de alojamento local manifestaram-se hoje no Porto contra o poder concedido pelo Governo aos condomínios para dissolver os seus negócios, alertando para os riscos que pode trazer para o turismo, entre outras medidas do pacote “Mais Habitação”.

Com a Praça D. João I ocupada com 304 sacos azuis, onde em vários idiomas se liam palavras relacionadas com o turismo e as queixas, os pequenos empreendedores procuraram chegar a residentes e a turistas, denunciando as medidas do Governo que, consideram, os atinge na sua atividade. A votação final do pacote Mais Habitação no Parlamento está prevista para o dia 19.

Ana Sofia Rego, uma das proprietárias presentes, resumiu à Lusa o sentido do protesto: “estamos em protesto contra as medidas que vão acabar com o trabalho que construímos”. “Eu, durante a crise entre 2008 e 2011 fiquei sem trabalho. Reuni tudo o que tinha, com a ajuda dos meus pais e dos meus sogros, e recuperei uma fração que estava vazia há mais de 20 anos no centro do Porto, assim criando o meu próprio emprego”, prosseguiu.

Cada um destes 304 sacos de trabalho simbolizam 200 famílias que, tal como eu, dependem do seu pequeno negócio de alojamento local“, contou a copromotora do protesto, referindo “um estudo feito pela Associação de Alojamento Local de Portugal, que concluiu haver cerca de 60 mil famílias em Portugal a depender diretamente do seu negócio de alojamento local”.

As palavras nos sacos estão escritas em português, inglês, alemão e espanhol porque, continuou, “esta vilanização dos pequenos titulares de alojamento local não está a ter o eco mediático a nível internacional que deveria ter e que deveria envergonhar o Governo pelo que está a fazer aos pequenos empreendedores”.

Detalhando as medidas da sua insatisfação, começou pela ‘taxa Medina’, que considerou proibitiva. “Se eu, por acaso, for emigrante que tem cá casa, que a utiliza durante o verão, durante as festas, quando vem visitar a família e, durante o resto do ano a quiser ter bem mantida e até ter algum rendimento extra, ou não, desde que esteja registada no alojamento local, vou ter de pagar uma taxa cega”, disse.

Outra medida “é a taxa dos condomínios, em que o Governo, em vez de ter uma ação conciliadora e de paz social, não, está a criar um ambiente de hostilidade, em que os condóminos, só porque sim, por preconceito e sem qualquer tipo de queixa, podem reunir e decidir o encerramento do alojamento local“, continuou a manifestante.

Esta questão entronca com “a questão das licenças a prazo (…) porque estando registados e legais as licenças vão perder a validade até 2030”, pois com o “poder” concedido aos condomínios “o horizonte pode reduzir-se para dois ou três meses”, acrescentou.

Neste contexto, Ana Sofia Rego alertou “os grandes operadores do setor, não só do alojamento local, mas do turístico” para que “avancem e denunciem esta grande injustiça”.

“É frustrante ouvir o Governo dizer que há 76 mil famílias à procura de casa e, por coincidência, há 76 mil registos de alojamento local. Isto demonstra um desconhecimento completo da realidade, quer a nível de necessidades de habitação quer do impacto dos pequenos empreendedores na economia local”, criticou.

Luís Baltar começou a conversa com a Lusa com outro alerta, o de que “importa chamar a atenção que ao contrário do que se tenta passar, de que o alojamento está associado a grande grupos e a grandes empresas que monopolizam, o que está por detrás disto são pequenas famílias que têm um, dois, três apartamentos e que, muitas delas, vivem exclusivamente desse negócio“.

“No meu caso, a minha esposa vive 100% disto. Tem dois apartamentos em que faz ela todo o serviço, das limpezas ao ‘check-in’ e à gestão das plataformas”, relatou. O protesto vai durar até às 17:00.

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Patrões acusam Finanças de serem entrave à gestão da Saúde

  • ECO
  • 15 Julho 2023

O Conselho de Saúde, Prevenção e Bem-estar da CIP afirma que se mantém o subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde e que a Lei de Enquadramento Orçamental não está a ser respeitada.

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) criticou no Parlamento o peso excessivo do Ministério das Finanças na Saúde, afirmando que o setor está “refém” da pasta liderada por Fernando Medina

A Saúde não pode estar refém de restrições das Finanças, que põem em causa o funcionamento do Serviço Nacional da Saúde (SNS) e a prossecução dos seus objetivos e competências”, afirmou Óscar Gaspar, Presidente da Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP), que foi ouvido na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito da discussão sobre o Estado da Nação, em representação do Conselho de Saúde, Prevenção e Bem-estar da CIP.

Óscar Gaspar citou mesmo o antigo Ministro da Saúde Correia de Campos, que, recentemente, disse numa entrevista que “as Finanças não confiam na Saúde e são quem hoje gere o sector“, segundo um comunicado divulgado pela CIP.

“O número de pessoas sem médico de família, o aumento das listas de espera para exames, consultas e cirurgias revelam um problema estrutural de base, que é o subfinanciamento do SNS”, referiu ainda o presidente da APHP. “Tem havido uma violação do artigo 27º da Lei de Enquadramento Orçamental e da Base 23 da Lei de Bases da Saúde, dado que o financiamento do SNS previsto em cada Orçamento do Estado fica aquém das necessidades previstas, o que, tal como denuncia o Conselho de Finanças Públicas, conduz à suborçamentação das instituições do SNS e, consequentemente, à desresponsabilização e descredibilização da gestão hospitalar, ao aumento de dívidas e a um desinvestimento na prevenção”.

Óscar Gaspar alertou ainda para o risco de não se aproveitar o verdadeiro potencial do PRR. “Se a taxa de execução do investimento este ano não ultrapassa 9%, há fortes possibilidades de se perder a oportunidade que o PRR representa para a necessária modernização do SNS, com forte impacto na transição digital de todo o sector da saúde”, referiu. Pediu ainda que a transferência do Orçamento do Estado de 2024 para o SNS seja de 15 mil milhões de euros.

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Presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo admite aeroporto em Santarém

  • ECO
  • 15 Julho 2023

Teresa Almeida, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, diz que o essencial é que sejam asseguradas ligações eficazes e com tempos curtos de duração.

A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo não enjeita a possibilidade de o novo aeroporto se situar em Santarém. “O longe tem de ser medido em tempo e não em quilómetros”, defende Teresa Almeida em entrevista ao Diário de Notícias.

“A minha preferência é que o aeroporto de Lisboa tem de ser na região de Lisboa”, afirma a presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, rejeitando a hipótese de Beja, que já não faz parte das nove opções estratégicas que estão a ser estudadas pela Comissão Técnica Independente encarregue de fazer a Avaliação Ambiental Estratégica do Novo Aeroporto. Teresa Almeida integra a Comissão de Acompanhamento, por inerência do cargo.

A responsável admite que a infraestrutura venha a ser localizada em Santarém, apesar da distar 92 quilómetros do concelho de Lisboa. “Essas questões estão a ser avaliadas, porque o longe tem de ser medido em tempo e não em quilómetros. O que efetivamente importa é que haja um serviço de proximidade temporal ao aeroporto que serve a região de Lisboa. E, portanto, isso é algo que estará a ser pesado nestas avaliações que estão a ser feitas”, afirma ao Diário de Notícias.

Santarém “é uma hipótese como são as outras”, diz, defendendo que o fundamental é que “estejam assegurados movimentos de pendularidade que sejam eficientes, eficazes e com tempos curtos de deslocação”. Para isso “é preciso também uma revolução na ferrovia”.

A localização da nova infraestrutura em Santarém tem suscitado polémica, depois do Ministro das Infraestruturas, João Galamba, ter considerado que era demasiado distante. “Se acho que o aeroporto em Santarém é longe? Acho. Se acho que a probabilidade de ser viável é alta? Não, é muito baixa”, afirmou numa entrevista à CNN Summit. “Não me manifestei contra Santarém”, disse na terça-feira o governante, no CNN Town Hall, sublinhando que a comissão independente avalia várias dimensões. Manteve, no entanto, que é distante da capital.

A Comissão Técnica Independente divulgou no passado fim de semana os fatores críticos de decisão para avaliar a melhor solução para o novo aeroporto, que vão estar em consulta pública até 4 de agosto. As opções em cima da mesa para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa são: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas e Rio Frio + Poceirão.

Na entrevista ao Diário de Notícias, Teresa Almeida rejuta ainda a ideia de que novos poderes das CCDR sejam descentralização encapotada e admite que há “similitude” com uma regionalização.

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Armando Pereira só conhecerá medidas de coação na próxima semana, diz advogado

  • ECO
  • 15 Julho 2023

O cofundador da Altice e outros dois suspeitos já estão no tribunal para serem inquiridos pelo juiz Carlos Alexandre. Medidas de coação só deverão ser conhecidas segunda, terça ou mesmo quarta-feira.

Armando Pereira, cofundador da Altice, e outros dois suspeitos já estão no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa para serem interrogados pelo juiz Carlos Alexandre, depois de terem sido detidos na quinta-feira no âmbito de uma investigação da Inspeção Tributária de Braga, por suspeitas de crimes de crimes de corrupção privada, na forma ativa e passiva. Medidas de coação só deverão ser conhecidas segunda, terça-feira, podendo derrapar para quarta, diz advogado. Pelo menos até lá ficam detidos.

Segundo a CNN Portugal os suspeitos começaram a chegar pelas 9h00 para identificação pelo juiz e serem presentes a primeiro interrogatório. Além de Armando Pereira, foram também detido Álvaro Gil Loureiro, administrador em sociedades ligadas a Hernâni Vaz Antunes, parceiro de negócios do co-fundador da Altice, e uma das filha, Jéssica Antunes. Hernâni Vaz Antunes também está indiciado pelo Ministério Público mas não foi ainda localizado pelas autoridades para ser detido.

Pedro Marinho Falcão, o advogado de Armando Pereira, esclareceu à porta do tribunal que os detidos já foram identificados e o procurador Rosário Teixeira já entregou “uma pen com praticamente todo o dossiê”.

“Foi dado prazo para consulta do processo e entregues os factos de que são neste momento objeto de imputação, para decidirmos se vão prestar declarações”, disse em declarações transmitidas pelas televisões. “É uma decisão que a defesa vai tomar depois de analisar a informação, de analisar o processo e depois de conferenciarmos com os nossos clientes”, acrescentou. A decisão será tomada após o almoço.

A CNN Portugal avançou entretanto que todos os arguidos irão prestar declarações. A primeira a ser ouvida será Jéssica Antunes, seguindo-se Álvaro Gil Loureiro e, por fim, o cofundador da Altice. Os trabalhos do tribunal terminam às 17h e no domingo estará encerrado, retomando na segunda-feira às 9h00.

Até que sejam conhecidas as medidas de coação provavelmente só na segunda ou terça-feira“, antecipou ao fim da manhã Pedro Marinho Falcão. Uma vez que os depoimentos poderão ser longos, o advogado disse depois à estação de televisão que Armando Pereira poderá só conhecer as medidas de coação na quarta-feira. Até lá, ficarão detidos no Comando Metropolitano de Lisboa da PSP.

Armando Pereira, Álvaro Gil Loureiro e Jéssica Antunes foram detidos na quinta-feira. O Ministério Público explicou em comunicado que “as suspeitas que levaram à realização das diligências indiciam a viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência. Esses factos são suscetíveis de constituir crimes de corrupção privada, na forma ativa e passiva”.

O Ministério Público e a Autoridade Tributária suspeitam de que o Estado e o grupo Altice podem ter sido lesados em mais de 100 milhões de euros.

Um dos negócios suspeitos é a venda de quatro prédios em Lisboa por cerca de 15 milhões de euros, tendo os compradores ligações a um circuito empresarial que foi criado em Braga, na Zona Franca da Madeira e no Dubai, e com relações com o empresário Hernâni Vaz Antunes, familiares e sócios.

(notícia atualizada às 12h44 com mais informação)

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Líderes da UE e América Latina reunem em Bruxelas com acordo comercial na agenda

  • Lusa
  • 15 Julho 2023

Após oito anos sem cimeiras, mais de 50 líderes da União Europeia e da América Latina reúnem-se na próxima semana em Bruxelas com acordo UE-Mercosul na agenda.

Mais de 50 líderes da União Europeia (UE) e da América Latina reúnem-se na próxima semana em Bruxelas para reforçar os laços diplomáticos, após oito anos sem cimeiras, um evento já marcado por divergências sobre a declaração final.

Depois de oito anos sem reuniões de alto nível, a cimeira da UE com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) decorre na segunda-feira e terça-feira em Bruxelas, juntando os 27 líderes dos Estados-membros europeus e 27 responsáveis (ao nível dos chefes de Governo e de Estado ou de ministros dos Negócios Estrangeiros) do bloco latino.

Fontes europeias explicaram que esta que é a terceira cimeira da UE com a CELAC, após a última se ter realizado em 2015, e que se vai focar no “relançamento da parceria” entre as duas regiões para as preparar para “os novos desafios de hoje”, como as consequências da covid-19 e da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.

O regresso ao poder do Presidente brasileiro, Lula da Silva, também faz com que este seja “o momento propício” para discutir este reforço dos laços diplomáticos do bloco europeu e latino-americano, dada a posição pró-europeia do líder daquele que é o maior país da CELAC, que confirmou há uma semana que estaria presente na ocasião, como a Lusa avançou.

De acordo com as fontes europeias, haverá “uma excelente participação de líderes”, com “mais de 50 chefes de Estado e de Governo” da UE e da CELAC, nesta cimeira que será “um espaço para intercâmbios dinâmicos”, tanto na reunião plenária como ao nível bilateral.

Ainda assim, apesar da vontade comum de estreitar laços, certo é que a declaração final da cimeira está a causar divergências entre o bloco europeu e latino-americano, num trabalho ainda em curso ao nível dos embaixadores e que só deverá estar concluído na véspera do evento, após sete rascunhos e de o texto ter passado de 13 páginas para três na versão mais recente.

“Queremos utilizar esta declaração como uma forma de enviar novamente um sinal de que estamos a procurar reforçar e modernizar as relações entre os dois continentes e a procurar uma parceria mais estruturada”, afirmaram as fontes europeias.

A causar maior fricção está a referência ao acordo da UE-Mercosul – o Mercado Comum do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – por haver países que no bloco comunitário (como França e Áustria) contestam essa menção por razões comerciais e ambientais.

A solução poderá passar por colocar apenas um parágrafo geral sobre os acordos comerciais, segundo fontes europeias, embora a presidência espanhola da UE espere que a cimeira seja um ponto de partida para eventuais desenvolvimentos durante este semestre na conclusão do acordo UE-Mercosul, que abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.

O acordo comercial foi estabelecido pelas partes em 2019, altura em que foram concluídas as negociações, mas a sua ratificação está paralisada por causa das reservas ambientais e também por receios comerciais de países europeus.

Outro dos pontos divergentes é referente à inclusão de uma menção à Ucrânia na declaração final, dadas as diferentes posições no bloco latino-americano (nomeadamente por parte do Brasil), estando para já apenas prevista a condenação do conflito.

A presidência espanhola do Conselho chegou a defender a participação na cimeira do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas essa possibilidade foi afastada, por também poder ofuscar o foco no reforço das relações UE-CELAC.

Pela primeira vez na história, a declaração final poderá ainda conter uma referência ao passado colonial europeu na América Latina, prevendo-se que os mais de 50 líderes “reconheçam e lamentem o sofrimento de milhões de pessoas” no colonialismo.

A gerar consenso entre os dois blocos está a intenção de fazer cimeiras com mais regularidade, de dois em dois anos, estando a próxima prevista para a Colômbia em 2025, e de criar um mecanismo de cooperação permanente para reuniões regulares.

Em termos mundiais, a UE e a CELAC representam quase 60 países, cerca de um terço do território, 14% da população (mil milhões de pessoas) e 21% do Produto Interno Bruto.

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Hotéis só para adultos estão fora da lei, mas são “tendência crescente” em Portugal

  • Ana Petronilho
  • 15 Julho 2023

A lei impede que os clientes sejam discriminados pela idade, mas são várias as unidades hoteleiras que se posicionam como "adults only". Evolução demográfica alimenta a tendência.

Em Portugal, a lei impede que os clientes dos hotéis sejam discriminados pela idade. No entanto, tal como acontece no estrangeiro, há várias unidades hoteleiras no país que se assumem como adults only, sobretudo no Algarve e na Madeira — e esta é uma tendência que pode vir a ser adotada por cada vez mais hotéis.

São estabelecimentos que não estão preparados para receber crianças ao não terem, por exemplo, quartos comunicantes, menus infantis ou berços e camas extra, o que acaba por afastar as famílias com menores de idade. E tendo em conta a “evolução demográfica, em que se casa cada vez mais tarde e se tem cada vez menos filhos”, esta pode mesmo vir a ser uma “tendência crescente” no mundo da hotelaria nacional, prevê ao ECO a consultora especializada em turismo, Neoturis.

Há ainda casos de hotéis de grandes dimensões com várias piscinas, mas que reservam uma delas apenas para hóspedes adultos, ou que nos spas praticam horários específicos só para adultos, exemplifica ainda a Neoturis.

Trata-se de uma estratégia comercial “de posicionamento de mercado” e de “alinhamento com as expectativas dos clientes”, defende ao ECO a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), acrescentando que as unidades hoteleiras podem “posicionar-se para o segmento que considerem mais adequado”, cabendo “ao cliente fazer a sua escolha”.

No decreto-lei 15/2014, que estabelece o regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos, lê-se no artigo 48.º que “é livre o acesso aos empreendimentos turísticos”. Só em casos de eventos especiais, como um hotel ser reservado por uma empresa, por exemplo, ou em situações de “perturbação normal do funcionamento” (como cenários de desacatos ou de embriaguez), é que “a entidade exploradora ou o responsável pelo empreendimento turístico podem recusar o acesso ao mesmo”.

Ao ECO, a Deco lembra que o imperativo é a “liberdade de escolha” tendo em conta que “da mesma forma que existem pais que ficam horrorizados com locais onde a entrada com filhos menores não é permitida”, há outros que “agradecem e optam pela oportunidade de um fim de semana sem gritos, sopa a voar, birras ou saltos na piscina”.

A associação de defesa ao consumidor, que salienta não ter recebido queixas ou reclamações por causa destas situações, considera ainda que os “hóspedes com crianças têm o direito à informação”. E uma vez que as opções sem esta restrição “são mais do que aquelas que lhes vedam a entrada, os pais têm assim liberdade de escolha por outros espaços diversificados que não colidem com as opções de quem opta por este segmento, quando quer escapar da sua rotina, do trabalho e do stress”.

Apesar de a recusa de crianças em empreendimentos turísticos não ter sustentação legal, “o empreendimento poderá definir políticas de admissão, desde que publicitadas e conhecidas pelos hóspedes antecipadamente”, sublinha ainda associação de defesa ao consumidor.

Nos motores de busca são vários os hotéis de diversas cadeias que surgem como adults only. O ECO tentou contactar várias redes, como o Pestana, o Tivoli ou o NH, que não quiseram responder às questões colocadas sobre este assunto.

O Vila Galé diz ao ECO que, entre os 31 hotéis que tem em funcionamento em Portugal, há “três vocacionados para maiores de 16 anos”: o Vila Galé Collection Praia, na praia da Galé, que tem uma ocupação média anual de 55%; o Vila Galé Estoril, com uma ocupação média de 60%; e o Vila Galé Collection Monte do Vilar, em Beja, que abriu em abril e regista “uma ocupação média de 45%”.

Com um total de 41 hotéis em Portugal e no Brasil, o grupo Vila Galé tem três unidades vocacionadas para hóspedes com mais de 16 anos.

Há cinco anos, esta que é a segunda maior rede hoteleira nacional contava apenas com uma unidade focada para adults only – o Collection Praia – e esta aposta do grupo está em linha com uma “maior procura por parte de unidades mais vocacionadas para adultos”.

O Vila Galé lembra ainda que, do total de 41 hotéis do grupo em Portugal e no Brasil, as restantes 38 unidades “têm uma forte oferta dedicada a famílias”, com estadia gratuita para as crianças até aos 12 anos. Sendo esta, aliás, uma das características “diferenciadoras” da marca, com os três hotéis orientados para adultos a serem classificados como “um complemento da oferta”.

Por outro lado, a 1 de junho, o Vila Galé abriu, em Beja, o Nep Kids, onde os adultos só podem ser hóspedes se estiverem acompanhados de crianças.

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