Um quarto dos professores não quis concorrer para entrar nos quadros

  • ECO
  • 6 Junho 2023

Risco de colocação longe da área de residência a partir de 2024 afastou 25% dos candidatos a tentarem ficar nos quadros.

Das mais de 8.200 vagas para professores entrarem nos quadros, cerca de 25% ficaram por ocupar. Estes são os resultados do concurso de entrada nos quadros de zona pedagógica para o ano letivo 2023/2024, que permitem que professores com o equivalente a três anos de trabalho possam integrar os quadros do Ministério da Educação.

No concurso apresentaram-se 6.159 professores, quando havia mais de 2.000 docentes que também reuniam as condições para tal, refere nesta terça-feira o jornal Expresso (acesso pago), com base em dados do Ministério da Educação. A obrigatoriedade de a partir de 2024 os profissionais que entrarem na vinculação dinâmica terem de concorrer em escolas de todo o país terá afastado potenciais candidatos.

A estas mais de oito mil vagas somar-se-ão outras cerca de 2.400 que decorrem da chamada “norma-travão”. Contas feitas, há cerca de 10.500 professores em condições de se vincularem já a partir de setembro, tal como sinalizou por diversas vezes o ministro da Educação, João Costa.

As vagas que os professores vão ocupar já em setembro são provisórias e podem não ser as mesmas em que ficarão a dar aulas após o concurso obrigatório do próximo ano. Por exemplo, um professor que esteja numa escola no norte do país, perto da sua residência, poderá ser colocado, no próximo ano, no Algarve, onde há há escassez de profissionais. Quem não aceitar a mudança ficará impedido de concorrer durante algum tempo e voltará a ficar sujeito a concursos anuais de professores. Este foi o principal motivo para os sindicatos terem criticado estes concursos.

Quem não participou no concurso ficará sujeito aos concursos anuais de professores, correndo o risco de andar com a casa às costas por mais um ano letivo.

O novo regime de recrutamento e colocação de professores foi promulgado pelo Presidente da República em 8 de maio, depois de ter sido aprovado em Conselho de Ministros em meados de março.

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Só Metro de Lisboa e transporte fluvial de passageiros não superam níveis pré-pandemia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 6 Junho 2023

No primeiro trimestre deste ano, o transporte de passageiros aumentou 54,3% por via aérea, 18% por comboio, 39,7% por metropolitano e 32,4% por via fluvial face ao mesmo período de 2022.

O transporte de passageiros durante os primeiros três meses deste ano continuou a crescer, tendo aumentado 54,3% por via aérea, 18% por comboio, 39,7% por metropolitano e 32,4% por via fluvial em termos homólogos, segundo os dados sobre a atividade dos transportes divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Face ao mesmo período de 2019, apenas o transporte fluvial registou uma diminuição do número de passageiros (-1,6%).

Entre janeiro e março, os aeroportos nacionais movimentaram 12,9 milhões de passageiros, uma subida de 54,3% em relação ao mesmo período de 2022 e de 15,1% face ao primeiro trimestre de 2019, ainda sem os efeitos da pandemia de Covid-19. Cerca de 49 mil aeronaves comerciais aterraram nos aeroportos nacionais, mais 28,2% face ao trimestre homólogo de 2022 (+7,1% relativamente ao pré-pandemia), enquanto o movimento de carga e correio caiu 0,2%, para 52,8 mil toneladas (+11,8% face ao primeiro trimestre de 2019).

Aeronaves, passageiros e carga/correio nos aeroportos nacionais

Fonte: INE

Só o aeroporto de Lisboa movimentou mais de metade do total de passageiros (55,3%, 7,1 milhões), valor que representa um aumento homólogo de 57,6% (ou +13,9% face ao mesmo período de 2019). Com 2,9 milhões, o aeroporto do Porto concentrou 22,7% do total de passageiros, mais 49,8% face aos primeiros três meses do ano passado (+12,1% face ao primeiro trimestre de 2019), enquanto o aeroporto de Faro foi o terceiro aeroporto com maior movimento de passageiros no período em análise, com 1,1 milhões (8,6% do total).

Por comboio e metropolitano, foram transportados, no primeiro trimestre do ano, 44,3 milhões e 64,6 milhões de passageiros, respetivamente, números que representam acréscimos de 18% e 39,7%, pela mesma ordem, face ao mesmo período do ano passado. Comparando com o primeiro trimestre de 2019, verificaram-se aumentos de 19,3% e 3,7%, respetivamente.

Movimento de passageiros no transporte ferroviário pesado

Fonte: INE

No entanto, o movimento de passageiros no metro de Lisboa ainda não superou os valores pré-pandemia. Ao todo, transportou 41,5 milhões de utentes nos meses em análise, 3,4% abaixo dos números no primeiro trimestre de 2019 e 44,5% acima dos valores do mesmo período de 2022.

Já o movimento de mercadorias por ferrovia foi de 2,4 milhões de toneladas, mais 0,7% face aos primeiros três meses de 2022, mas menos 3,1% face a igual período de 2019. Esta melhoria global deve-se “unicamente” ao desempenho positivo observado no transporte internacional, com aumentos de 3,5% face ao primeiro trimestre do ano passado, realça o gabinete estatístico.

No trimestre em análise, foram transportados 4,8 milhões de passageiros por via fluvial, um incremento homólogo de 32,4%, mas uma queda de 1,6% face ao primeiro trimestre de 2019. Particularmente no rio Tejo, o movimento de passageiros atingiu 4,6 milhões, aumentando 32,8% face ao período de janeiro a março de 2022 e diminuindo 2,8% em relação aos primeiros três meses de 2019.

O movimento de mercadorias nos portos nacionais, por sua vez, decresceu 4,5% no primeiro trimestre do ano, para 20,1 milhões de toneladas (-8,7% relativamente ao primeiro trimestre de 2019). Foi o porto de Sines que movimentou o maior peso de mercadorias (9,2 milhões de toneladas), mas verificou-se um decréscimo de 12% em relação ao mesmo período de 2022 (-14,5% comparando com o primeiro trimestre de 2019).

Por fim, as mercadorias movimentadas por transporte rodoviário caíram 7,3% no trimestre em análise, para 35 milhões de toneladas, face ao trimestre homólogo. Em relação ao mesmo período de 2019, registou-se um decréscimo de 12,3%. “Ambas as tipologias de transporte, nacional e internacional, registaram reduções neste trimestre (-7,2% e -7,9%, respetivamente)”, refere o INE.

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Execução do acordo de rendimentos não corresponde à expectativa das empresas

  • Lusa
  • 6 Junho 2023

CCP vai questionar na Concertação Social o Governo sobre várias medidas do acordo que faltam implementar, como é o caso da majoração em 50% dos custos com a valorização salarial, em sede de IRC.

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) considerou hoje que a execução do acordo de rendimentos não corresponde às expectativas das empresas, nomeadamente quanto à implementação de medidas como o incentivo fiscal à valorização salarial.

“A execução do acordo não corresponde às expectativas das empresas”, afirma, em comunicado, o presidente da CCP, João Vieira Lopes, referindo-se ao acordo de médio prazo para a melhoria de rendimentos e competitividade assinado na Concertação Social em outubro, com exceção da CGTP.

Na reunião da Concertação Social marcada para quarta-feira, João Vieira Lopes afirma que vai questionar o Governo sobre várias medidas do acordo que faltam implementar, como é o caso da majoração em 50% dos custos com a valorização salarial, em sede de IRC.

A falta de implementação desta medida, prevista no Orçamento do Estado para 2023, “gera incerteza para as empresas e tem atrasado a negociação de alguns contratos coletivos de trabalho”, indica a CCP na nota à imprensa.

A confederação refere que “ainda não foi possível operacionalizar a forma como serão devolvidos às empresas os montantes entregues ao Fundo de Compensação do Trabalho, FCT, fundo que neste momento ultrapassa os 675 milhões de euros”.

“No que se refere a medidas específicas para o setor do comércio e serviços, a CCP, continua a aguardar pela Agenda para a Competitividade do Comércio e dos Serviços, a qual deverá conter medidas efetivas tendo em vista o reforço da competitividade das nossas empresas”, pode ler-se no comunicado.

Na reunião de quarta-feira, João Vieira Lopes afirma que vai apelar “a que se comece já a trabalhar em medidas previstas no acordo, na perspetiva de uma melhor preparação do Orçamento do Estado para 2024”.

O acordo de médio prazo de melhoria dos rendimentos, dos salários e da competitividade é um dos temas da ordem de trabalhos da reunião da Concertação Social agendada para quarta-feira no Conselho Económico e Social (CES), em Lisboa.

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Quem são os novos donos d’A Bola?

O grupo Ringier, comprador do diário A Bola e do canal A Bola TV, está presente em 19 países europeus e africanos, tem perto de 140 marcas e conta com cerca de 6.400 trabalhadores.

Já é oficial, o grupo suíço Ringier será o novo dono do jornal A Bola, conforme noticiou o +M na última terça-feira, que apurou que o grupo e Mário Arga e Lima, dono d’A Bola e a Bola TV, terão chegado a acordo para a venda do título desportivo português. O negócio marca assim a entrada do grupo suíço no mercado nacional, num segmento onde, para além d’A Bola, atuam também, com edições diárias em papel, o Record (da Cofina) e O Jogo (Global Media Group). Mas, com quase 200 anos de história, quem é afinal o Ringier?

A companhia apresenta-se como um grupo de media “inovador, digitalizado e diversificado”. Opera no continente europeu e africanos e no seu portfólio conta com cerca de 140 marcas de setores que vão desde a imprensa tradicional, jornais digitais e de desporto, a rádio, bilhética, entretenimento ou e-commerce.

Entre o total das marcas, 110 destas são dos setores de media e entretenimento. No portfólio incluem-se títulos como a Auto Bid (Hungria), Business Insider (Polónia), Elle (Roménia) ou Forbes (Polónia).

Entre as marcas desportivas – que serão reforçadas com o jornal A Bola – p grupo tem a Sportal Media Group and Digital Ventures OOD (Bulgária), o Gazeta Sporturilor (Roménia), o Sportal.gr (Grécia), o Sportal.rs (Sérbia) ou o Šport.sk (Eslováquia).

Fundado originalmente como um editora em 1833, em Zofingen, o Grupo tem-se expandindo tem investido no digital nos últimos anos. Em 2022 a empresa contava com cerca de 6.400 trabalhadores, distribuídos pelos 19 países onde está presente, e gerou receitas de 1,010 mil milhões de francos (cerca de 1,04 mil milhões de euros) – o maior montante dos últimos quatro anos. O grupo não está cotado em bolsa.

Atualmente, 79% do seu lucro operacional advém do digital, setor onde a Ringier se apresenta como uma líder entre as empresas de media europeias, afirmando pautar-se por valores como a “independência, liberdade de expressão e espírito pioneiro”.

Na Europa está presente na Suíça, Polónia, Sérvia, Eslováquia, Bulgária, Letónia, Lituânia, Estónia, Hungria, Roménia e, recentemente, na Grécia. Já no continente africano o grupo marca presença no Gana, Quénia, Senegal, Nigéria, Etiópia, Uganda, África do Sul e Costa do Marfim.

Quase 200 anos depois da fundação do grupo, o cargo de presidente do conselho de administração ainda é desempenhado por um membro de família, Michael Ringier. Uli Sigg é o vice-presidente do conselho de administração e Marc Walder o CEO.

Em maio 2022 o grupo adquiriu e incorporou o Sportal Media Group, num negócio que inclui o sportal.bg e Sportal365 (Bulgária), o Gazeta Sporturilor (Roménia), sportal.rs (Sérvia), sportal.hu (Hungria), sport.sk (Eslováquia) e Pulse Sport (África subsariana). Este ano, o grupo lançou na Grécia o Sportal.gr, uma plataforma digital que visa oferecer aos fãs de desporto notícias em formato vídeo, comentários, análises, estatísticas e resultados em direto.

Em setembro do ano passado, o Ringier apostou numa expansão no campo das apostas desportivas, investindo 50 milhões de libras (cerca de 57,9 milhões de euros) – através de um acordo estratégico – no grupo LiveScore, que integra marcas como a LiveScore Bet ou Virgin Bet, conforme divulgado na altura em comunicado.

Sendo o jornalismo uma “parte central do DNA do Ringier” e “continuando a ser a alma e coração do grupo”, o grupo tem ainda uma escola de jornalismo na Suíça – criada em em 1974 – e do “MediaLab”, uma iniciativa de “treino” das equipas editoriais que pretende investir nas marcas jornalísticas do grupo.

A entrada em Portugal dá-se através da Ringier Sport Media Group (RSMG), uma subsidiária Ringier AG fundada no verão do último ano.

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“Estamos prontos” para a Jornada, diz Carlos Moedas

  • Lusa
  • 6 Junho 2023

As obras de terraplanagem no Parque Tejo, em Lisboa, onde vai decorrer a Jornada Mundial da Juventude estão concluídas e até 9 de julho o altar estará pronto, anunciou Carlos Moedas.

“Estamos prontos. Estamos a 56 dias [do início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ)] e a obra no Parque Tejo de infraestrutura de terraplanagem está terminada“, começou por afirmar o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

As obras de terraplanagem no Parque Tejo, em Lisboa, onde vai decorrer a JMJ, estão, assim, concluídas e até 9 de julho o altar estará pronto. “Até dia 9 de julho todo o altar estará todo preparado. Até ao final de junho, a ponte pedonal também estará pronta”, acrescentou o autarca durante a apresentação do programa da visita do Papa a Portugal, que irá decorrer na primeira semana de agosto.

A JMJ começa oficialmente a 1 de agosto, mas o Papa Francisco irá estar em Portugal entre os dias 2 e 6.

O autarca aproveitou para lançar dois desafios aos jovens e às famílias que vivem em Lisboa. “Todos aqueles jovens que queiram ser embaixadores da cidade e que tenham oportunidade de ter uma semana de trabalho, de quatro horas por dia, inscrevam-se”, pediu.

“Os lisboetas que abram as suas casas a todos aqueles que vão estar aqui. Para nós é muito importante”, apelou, dizendo que sente uma “alegria e gratidão imensa por Lisboa ter sido escolhida” para a JMJ.

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Bruxelas envia à Polónia 17.º pedido de pagamento de multa por violação de Estado de direito

  • Lusa
  • 6 Junho 2023

Polónia acumulou multas no valor total de 550 milhões de euros por se ter recusado a cumprir as regras da UE sobre independência judicial e Estado de direito. Valor foi descontado de fundos.

A Comissão Europeia enviou nesta terça-feira o 17.º pedido de pagamento de multa à Polónia, na sequência do acórdão final do Tribunal de Justiça da UE que encerrou o processo de infração por violação das regras do Estado de direito.

“A Comissão notificou formalmente a Polónia, ontem [segunda-feira], do 17.º pedido de pagamento, que abrange o período de 21 de abril a 04 de junho”, disse o porta-voz do executivo comunitário, Christian Wigand.

Este foi, basicamente o último pedido de pagamento”, esclareceu Wigand, na conferência de imprensa diária da Comissão, acrescentando que “todos os pedidos de pagamento foram enviados até ao dia do julgamento e a Polónia tem de dar seguimento a esta questão”.

O porta-voz salientou também que Varsóvia tem agora de tomas as devidas medidas de conformidade com o acórdão de segunda-feira, o que Bruxelas “acompanhará de muito perto”.

O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) confirmou na segunda-feira que a Polónia se recusou a cumprir as regras da UE sobre independência judicial e Estado de direito, pelo que já tinha sido multada em 500 mil euros diários, montante que ultrapassa os 550 milhões de euros.

A Polónia sempre se recusou a pagar estas multas, mas Bruxelas deduziu parte delas dos fundos comunitários destinados à Polónia.

O acórdão do Tribunal Europeu levanta a sanção financeira com efeitos a partir de 05 de junho, mas a Polónia continua a ter de pagar os montantes anteriormente devidos.

A sentença final do TJUE confirma decisões anteriores, também no âmbito da ação por incumprimento das regras comunitárias apresentada pela Comissão Europeia em 01 de abril (C-204/21), de que a Polónia viola as regras sobre o Estado de direito, nomeadamente no que respeita à independência dos juízes do Supremo Tribunal e o acesso pelos cidadãos a um tribunal independente.

Em outubro de 2021, o tribunal da UE tinha condenado Varsóvia a pagar uma multa de um milhão de euros por dia – posteriormente revista para 500 mil euros – até acatar as medidas provisórias de respeito pelo Estado de direito, ordenadas em julho desse ano e até à “data da prolação da

Na sequência da adoção pela Polónia, em 20 de dezembro de 2019, de uma lei que alterou as regras nacionais relativas à Organização dos Tribunais Comuns, dos Tribunais Administrativos e do Supremo Tribunal (Lei de Alteração), a Comissão Europeia intentou uma ação por incumprimento solicitando ao TJUE a declaração que o regime implementado por esta lei viola várias disposições do direito da UE.

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Câmara de Loulé quer poupar mais de 15 mil metros cúbicos de água de junho a agosto

Município de Loulé avança com Plano Municipal de Contingência para Períodos de Seca para poupar 15.665 metros cúbicos (m3) de água, entre junho a agosto deste ano.

A Câmara Municipal de Loulé quer poupar 15.665 metros cúbicos (m3) de água, entre junho e agosto deste ano, com a implementação de um pacote de medidas para “mitigar os efeitos da escassez hídrica no território“. E que vão desde o condicionamento ou até mesmo o encerramento das piscinas municipais para reduzir os desperdícios hídricos até à suspensão da rega de espaços verdes com água da rede pública. O município está ainda a ponderar reduzir a pressão nas redes de abastecimento de água através da regulação de válvulas redutoras do caudal.

“Numa altura em que 36% do país se encontra em situação de seca severa ou extrema, a Câmara Municipal de Loulé vai implementar ações para mitigar os efeitos da escassez hídrica no seu território, em consonância com as medidas anunciadas pelo Governo”, avança a autarquia, liderada pelo socialista Vítor Aleixo.

“Através do ministro do Ambiente e Ação Climática, foi recomendado aos municípios a aplicação de medidas de suspensão temporária dos usos não essenciais de água da rede, designadamente lavagem de ruas, logradouros e contentores, rega de jardins e espaços verdes, novos enchimentos de piscinas, fontes decorativas e atividades com grande consumo de água, e é dentro dessas recomendações que a Câmara de Loulé irá atuar”, avança a autarquia.

As medidas que, agora entrarão em vigor, resultam da ativação do Plano Municipal de Contingência para Períodos de Seca do município de Loulé, aprovada esta segunda-feira por despacho do autarca Vítor Aleixo. E vêm complementar outras ações já decididas no último verão, quando a situação começou a agravar-se. “São ações ao nível da preparação, prevenção, contingência e adaptação, com um horizonte temporal de curto, médio e longo prazo, que permitirão uma poupança no consumo, entre os meses de junho e agosto, de 15.665 m3“, avança a autarquia.

Foi recomendado aos municípios a aplicação de medidas de suspensão temporária dos usos não essenciais de água da rede, designadamente lavagem de ruas, logradouros e contentores, rega de jardins e espaços verdes, novos enchimentos de piscinas, fontes decorativas e atividades com grande consumo de água.

Câmara Municipal de Loulé

A Câmara Municipal de Loulé pretende ainda criar condições de aproveitamento de afloramentos superficiais de água, como as nascentes das Bicas Velhas e da Goncinha, e água de extração da Mina de Sal-gema, para regas e lavagem de ruas em Loulé.

Entre as medidas a aplicar estão:

  • Suspensão da rega de espaços verdes com recurso à água da rede e utilização sempre que possível de outras fontes hídricas.
  • A lavagem de espaços públicos e equipamentos como contentores com recurso a fontes alternativas ou água para reutilização.
  • Implementação em 2024 de um sistema inteligente para a gestão da rega, o que permitirá uma significativa redução das perdas de água.
  • Piscinas exteriores funcionarão apenas de 15 de junho até ao final do mês de julho, mas os duches dos balneários estarão encerrados.
  • Em julho e agosto estão fechadas as piscinas interiores de Loulé e de Quarteira. Em Salir as piscinas manter-se-ão abertas, mas os balneários irão encerrar.
  • Encerramento até agosto dos chuveiros dos balneários de instalações desportivas como campos de futebol, pavilhões e campos de ténis, em todo o concelho de Loulé, ou a Pista de BMX em Quarteira.
  • Funcionamento restrito das fontes ornamentais.
  • Limitada água disponível em redes de fontanários do concelho.
  • Restrições na lavagem da frota municipal de viaturas e redução da periodicidade das lavagens de viaturas de transporte de passageiros.
  • Instalação de equipamentos de eficiência hídrica e de redução de consumos em espaços públicos como edifícios camarários, juntas de freguesia, escolas e espaços desportivos.
  • Atualização do cadastro de infraestruturas hidráulicas, a georreferenciação e a renovação do parque de contadores.

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Taxas Euribor descem a três e a seis meses e sobem a 12 meses

  • Lusa
  • 6 Junho 2023

As taxas Euribor desceram a três e a seis meses e subiram a 12 meses, face a segunda-feira.

As taxas Euribor, usadas no cálculo da prestação da casa, desceram a três e a seis meses e subiram a 12 meses, face a segunda-feira.

  • A taxa Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu para 3,917%, mais 0,030 pontos do que na segunda-feira, depois de ter aumentado em 29 de maio para 3,982%, um novo máximo desde novembro de 2008. Segundo dados de março de 2023 do Banco de Portugal, a Euribor a 12 meses representa 41% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representam 33,7% e 22,9%, respetivamente. A média da taxa Euribor a 12 meses avançou de 3,757% em abril para 3,862% em maio, mais 0,103 pontos.
  • No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 06 de junho de 2022, desceu para 3,715%, menos 0,024 pontos, contra o novo máximo desde novembro de 2008, de 3,781%, verificado também em 29 de maio. A média da Euribor a seis meses subiu de 3,516% em abril para 3,682% em maio, mais 0,166 pontos.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses recuou para 3,476%, menos 0,17 pontos, face a segunda-feira (3,493%), dia em que bateu um novo máximo desde novembro de 2008. A média da Euribor a três meses subiu de 3,179% em abril para 3,372% em maio, ou seja, um acréscimo de 0,193 pontos percentuais.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, em 4 de maio, o BCE voltou a subir, pela sétima vez consecutiva, mas apenas em 25 pontos base, as taxas de juro diretoras, acréscimo inferior ao efetuado em 16 de março, em 2 de fevereiro e em 15 de dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas em relação às duas registadas anteriormente, que foram de 75 pontos base, respetivamente em 27 de outubro e em 08 de setembro.

Em 21 de julho de 2022, o BCE aumentou, pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Pedro Nuno Santos defende revisão de contratos com a Airbus se TAP tiver sido prejudicada

O ex-ministro das Infraestruturas lembrou no Parlamento a auditoria que aponta para que a TAP terá sido lesada em até 440 milhões num contrato com a Airbus negociado por Neeleman.

Pedro Nuno Santos defendeu esta terça-feira, na Comissão de Economia do Parlamento, que o contrato de aquisição de 53 aviões da Airbus pela TAP seja revisto, caso fique demonstrado que a companhia área foi penalizada.

Quando ainda estava no Governo, Pedro Nuno Santos deu conta na Assembleia da República de uma auditoria que mostrava que a TAP teria pago a sua própria capitalização na privatização de 2015 à Atlantic Gateway e teria sido lesada na compra de aviões da Airbus.

Segundo uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados, pedida pela TAP e divulgada pelo ECO, o empresário David Neeleman negociou com a Airbus a desistência de um contrato para a compra de 12 aviões A350 pela companhia aérea e a aquisição de 53 novos aviões da família A320 e A330. Pelo negócio, o acionista da Atlantic Gateway (a par de Humberto Pedrosa) recebeu 227 milhões de dólares para capitalizar a TAP.

Uma auditoria pedida pela transportadora à consultora irlandesa Airborne, em 2022, conclui que a transportadora portuguesa poderá ter sido lesada em até 440 milhões pelo contrato.

“Não posso fazer de conta que a auditoria não existe. Há, pelo menos, 190 milhões de euros entre o preço que estava contratualizado para a venda a TAP [dos A350] e aquele a que foram vendidos a outro vendedor”, afirmou Pedro Nuno Santos, acrescentando que existiu ainda um “prémio de 254 milhões” sobre a compra dos 53 aviões.

Sérgio Monteiro, antigo secretário de Estado das Infraestruturas do Governo PSD/CDS, defendeu na comissão parlamentar de inquérito à TAP que David Neeleman recebeu os 227 milhões no âmbito de um desconto comercial, devido à grande dimensão da encomenda.

“Desconto comercial? Se esta outra explicação é verdade, é evidente que o desconto comercial é da TAP. Quem paga o avião é quem recebe o desconto” e não David Neeleman, defendeu o ex-ministro.

“A auditoria é suficientemente grave para não a ignorar, como se não soubéssemos que é possível que todos tenhamos sido enganados. A TAP, o Governo PSD, o país”, afirmou Pedro Nuno Santos. “Tem de se confirmar se a auditoria da TAP tem veracidade. Se tiver veracidade, temos de exigir que contratos sejam revistos. A Airbus também tem essa responsabilidade”, acrescentou o ex-ministro.

“A TAP ainda tem por receber vinte e tal aviões. Não sei se o Humberto Delgado tem espaço para os aviões todos e não tivermos alternativa para aquele aeroporto”, atirou.

Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, quis saber se o ex-ministro não tinha já informação sobre a existência dos fundos e porque o seu ministério não usou a alegada ilegalidade na negociação para comprar a participação de 22,5% de David Neeleman, na renacionalização de 2020 .

[Os fundos Airbus] eram falados. Não tinha informação. Não sabia o detalhe. Para todos os efeitos a empresa era de David Neelemam”, respondeu Pedro Nuno Santos. “A informação que tínhamos naquele momento era que a operação era legal”, insistiu. A análise legal da Serra Lopes e auditoria da Airborne só surgiram em 2022.

O ex-ministro afirmou que quando saiu do cargo “a TAP já estava em negociação com a Airbus para a renegociação dos contratos. Havia um trabalho que estava a ser feito pela comissão executiva. Não sei qual o ponto de situação”, disse.

No ano passado a TAP voltou a alargar o prazo de entrega de várias aeronaves do contrato com a Airbus. O administrador financeiro afirmou na comissão parlamentar de inquérito à TAP que a companhia estava em negociação com a Airbus, mas que era difícil uma cedência em relação aos valores.

Pedro Nuno Santos foi ministro das Infraestruturas entre fevereiro de 2019 e janeiro de 2023 e foi ouvido esta terça-feira na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre a “situação da TAP no período 2015-2023”, no âmbito de um requerimento do PSD.

O ex-ministro das Infraestruturas volta ao Parlamento no dia 15 de junho para a audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

(notícia atualizada às 12h44)

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Tecnologia aplicada à saúde: prevenir antes de remediar

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  • 6 Junho 2023

A conferência Saúde 5G, realizada em maio, abordou a utilização do 5G na medicina. A deteção precoce de doenças através da tecnologia e o consequente prolongamento de vida foram o mote da discussão.

Prolongar a vida com qualidade e prevenir as doenças através da identificação precoce de evidências poderá ser o denominador comum das “demo” de tecnologias aplicadas à saúde, parceiras da NOS, que o ECO foi conhecer à margem da conferência Saúde 5G, realizada em maio, no Palácio de Xabregas.

Os projetos tecnológicos, em diferentes fases de maturidade, recorrem à inteligência artificial ou a tratamentos à distância (telessaúde) e recurso às comunicações 5G, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas, de forma a evitar o pior ou a minimizar as consequências do incidente ou dos procedimentos clínicos.

Uma das soluções apresentadas na conferência foi a Hope Care, que é uma tecnologia de telessaúde e monitorização à distância de doentes. Já o Instituto Pedro Nunes (IPN) apresentou a solução ROSE, destinada à realização de ecografias à distância, em fase de validação e certificação em ambiente hospitalar, enquanto a VR4ICU apresentou uma solução de realidade virtual destinado a doentes internados em cuidados intensivos, atualmente em fase de testes clínicos.

Hope Care: maior qualidade de vida para doentes crónicos

A solução Hope Care permite monitorizar os dados de saúde de pessoas com doenças crónicas, para que possam viver autonomamente em casa e para que possam, através de métodos simples de comunicação, ter acesso aos cuidados de saúde. É possível, por exemplo, monitorizar doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), com insuficiência cardíaca, entre outras patologias.

Utilizando estas tecnologias, o utente ganha qualidade de vida em casa e a taxa de sobrevida é superior, como explicou José Paulo Carvalho, CEO da Hope Care.

A empresa de equipamentos médicos Hope Care nasceu de um processo pessoal. “A minha mãe estava doente no Porto e eu já trabalhava em Lisboa. Ela estava sozinha e tivemos de montar um sistema para a acompanhar. Este foi o primeiro conceito”, disse João Paulo Carvalho. “No final desde projeto, montei a empresa como resultado do final do meu executive MBA, na AESE, que resultou no financiamento que permitiu, em 2012, arrancar com o projeto”. A empresa foi criada há 11 anos.

Hoje os sistemas da empresa estão implementados em Portugal – em cerca de 16 hospitais, incluindo o Hospital de São João, Cova da Beira, Amadora-Sintra, USLA –, na Áustria, na Suíça com projetos no terreno. “A nível internacional acompanhámos doentes COVID na cidade de Viena e, atualmente, estamos a começar a integrar doentes crónicos de outra natureza”.

A aplicação está integrada com mais de 30 dispositivos, mas vai agora democratizar-se com a introdução do Bluetooth 5.2 – um padrão que eliminará a necessidade de integração –, passando a ser possível aos equipamentos médicos dialogar automaticamente com as soluções Hope Care.

O objetivo é que os doentes consigam gerir a sua saúde de forma autónoma, utilizando sistematicamente sistemas de monitorização (tensão arterial, glicémia…), enquanto os algoritmos analisam toda essa informação e alertam o sistema nacional de saúde.

Entre os parceiros da Hope Care está a NOS e a sua rede 5G, com quem a empresa está a trabalhar para garantir a conectividade dos equipamentos, em todo o momento.

As principais tecnologias envolvidas estão relacionadas com o algoritmo. O desafio inicial foi a conectividade, o que já está atualmente ultrapassado. “Hoje o desafio é o volume de informação que chega, pelo que criámos algoritmos de triagem que consegue valorizar cada dado, permitindo traçar o perfil do doente e alertar em caso de risco e necessidade de cuidados. O futuro passará por sistemas preditivos para antecipar situações de risco”.

Falando de números “reduzimos 50% os internamentos hospitalares, reduzimos 85% os casos de internamento em caso de insuficiência cardíaca. Pode significar uma redução do custo anual por doente de entre 50% a 60% para o sistema nacional de saúde.

O responsável deixa, no entanto, o alerta: “para isso é preciso que o sistema público esteja interessado em sistemas preventivos, em lugar de casos agudos”.

VR4ICU: Acelerar a recuperação dos doentes em Cuidados Intensivos

A solução realidade virtual para cuidados intensivos – VR4ICU é uma iniciativa de um grupo académico, composto por clínicos e engenheiros, dedicado à promoção da inovação na área da saúde, que visa melhorar os resultados globais dos pacientes em cuidados intensivos.

“Cerca de 50 a 75% dos sobreviventes que passam pelos cuidados incentivos acabam por sofrer do síndrome pós-cuidados intensivos” explica João Coimbra, médico no Centro Hospitalar Universitário de São João, onde a solução está a ser testada. Este síndrome compreende um conjunto de disfunções cognitivas e físicas que impede as pessoas voltar a uma vida de qualidade normal “seja trabalhar, seja fazer atividades do dia-a-dia como levantar dinheiro ou telefonar a alguém”, além de limitar a mobilidade, que é afetada pelo período passado em UCI, tendo em conta que as pessoas acabam por ficar em coma induzido e deitados durante bastante tempo.

A solução de realidade virtual imersiva, a primeira em realidade virtual para cuidados intensivos, resulta da adaptação em ambiente de jogo de terapias habitualmente utilizadas em testes e exercícios de fisioterapia, tornando a reabilitação mais interativa e disponível, explicou João Coimbra. Contribui ainda para colmatar a falta de fisioterapeutas.

O ensaio clínico vai começar, no terceiro trimestre deste ano, no Hospital de São João com cerca de 40 a 50 doentes. A equipa vai comparar a experiência de reabilitação com exercícios com o comportamento de placebos (ambientes relaxantes) também em UCI. O responsável acredita que a solução poderá ser adaptada para reabilitação cognitiva fora das UCI.

O projeto nasceu com a identificação de uma necessidade clínica, por parte de profissionais de saúde, que se juntaram a profissionais da área da tecnologia para resolver o problema. “Havia uma lacuna de cuidados de reabilitação em cuidados intensivos. Talvez originada por falta de recursos humanos ou por falta de investimento em recursos humanos nesta área, havendo ainda falta de awareness para este problema”, explicou. Com esta solução, um profissional de fisioterapia pode trabalhar com vários pacientes em simultâneo.

Os doentes internados em UCI, gravemente doentes e acamados muitas semanas, perdem massa corporal, deixando de conseguir realizar tarefas básicas como caminhar. Por outro lado, na vertente cognitiva registam-se perdas associadas ao ambiente ruidoso das UCI e às substâncias utilizadas para induzir o coma. João Coimbra cita estudos internacionais que mostram que as pessoas que passam por UCI têm quebras de rendimento de capacidades de 40 a 50%. Casos há em que não voltam a trabalhar e outros em que voltam a trabalhar em funções abaixo do rendimento anterior. “São perdas enormes para a sociedade no seu todo e um impacto enorme na vida da pessoas”.

A VR4ICU permitirá ajudar a ultrapassar as limitações físicas e cognitivas. Na dimensão física foram criados exercícios especialmente concebidos para estes doentes, ligados a máquinas e entubados com uma grande limitação na amplitude de movimentos. Na parte cognitiva a solução inclui um algoritmo e um teste neuropsicológico. O algoritmo contribuiu para o desenvolvimentos de jogos (de memória, para funções específicas, para o dia-a-dia) que visam prevenir a perda de faculdades básicas, como ir ao multibanco ou preparar algo na cozinha.

Neste momento a VR4ICU está em desenvolvimento há seis meses/um ano, tendo já recebido financiamento de investigação. A seguir ao ensaio clínico no Hospital de São João, pretendem entrar num projeto de aceleração com o objetivo de criar uma startup, com fins comerciais, para generalizar a tecnologia.

A solução envolve óculos de realidade virtual com comando e um desktop para controlo de segurança e um dashboard para dar feedback de desempenho. A aplicação corre dentro do sistema do próprio hospital.

Não obstante os benefícios específicos, as vantagens para os utilizadores, serviço nacional de saúde, hospitais têm muito em comum. “Quanto mais cedo reabilitarmos as pessoas e mais eficazmente, mais cedo têm alta e mais rápido voltam às suas atividades produtivas. Tudo o que está relacionado com a reabilitação acaba por ter impacto não só no sistema de saúde, mas também nas áreas de segurança social e de impostos”. João Coimbra assinala ainda as melhorias no funcionamento da reabilitação, permitindo aos profissionais tratar de mais pacientes e com mais eficácia.

ROSE: Ecografias à distância democratizam o acesso ao exame

O ROSE (RObot Sensing for tele-Ecography) foi desenvolvido para o mercado da telemedicina e permitiu, pela primeira vez, a realização de ecografias à distância em ambiente real, através da tecnologia robótica. O sistema está em desenvolvimento há mais de uma década.

O projeto envolve o Instituto Pedro Nunes, a Universidade de Coimbra, a empresa Sensing Future Technologies e a Luz Saúde, no apoio ao processo de validação, testes e implementação em ambiente real. A solução permite aos médicos especializados fazer ecografias à distância assistidos por tecnologia robótica, explicou António Cunha, diretor executivo do Instituto Pedro Nunes.

O diagnóstico por tele-ecografia é um novo paradigma, permitindo a médicos especializados e utentes interagir sem necessidade de proximidade física. As ecografias são exames complexos impossível de automatizar, obrigando sempre à presença de um médico. O sistema é composto por duas estações ergonómicas robotizadas, uma do lado do médico e outra do lado do utente (localizada, por exemplo, num centro de saúde ou num hospital com falta de médicos especialistas em ecografias), possibilitando a transmissão visual, áudio e háptica (um sistema que permite manobrar algo à distância sentido a força que se está a aplicar no outro lado) do exame.

As estações têm um conjunto de sondas ecográficas, um sistema de base de dados de utentes e estruturas de comunicações seguras asseguradas por redes 5G. Por questões de segurança, mecanicamente o robô não tem força para aleijar o paciente.

Além de evitar a deslocação de utentes não urgentes aos hospitais, permite também o acesso a este tipo de diagnósticos em zonas remotas, onde não é possível ter radiologistas em permanência. “Este exame está muito dependente do profissional e há hospitais que não têm estes médicos especializados disponíveis 24 horas por dia, sendo também difíceis de encontrar”, enquadrou.

A tecnologia de tele-ecografia é da responsabilidade do grupo de investigação sobre robótica médica liderado pelo professor Rui Cortesão, no Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra (ISR-UC). O grupo de investigação tem vindo a ter acesso a algum tipo de financiamento ao longo do desenvolvimento.

Neste momento, apresentados os resultados da investigação, o instituto Pedro Nunes fez uma avaliação do mercado, uma validação de necessidades e da ideia junto dos especialistas, nasceu o projeto de investigação aplicada ROSE, que está atualmente em processo de validação e certificação para se poder começar a comercialização. Queremos provar que o conceito funcione e esperamos que os primeiros clientes venham a ser instituições privadas.

A tecnologia 5G abre uma nova frente para o desenvolvimento da solução. “Podemos andar numa carrinha móvel para fazer o diagnóstico. Afinal não existe fibra ótica em todo o lado”, concluiu.

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CTT abrem candidaturas para programa de trainees

Com 20 vagas este ano, o programa tem a duração de 12 meses e começa em setembro.

Os CTT – Correios de Portugal já abriram as candidaturas para a sua VI edição do programa de trainees CTT 2023/2024, cujo objetivo é atrair jovens talentos em fase inicial da sua carreira profissional. Com 20 vagas este ano, o programa tem a duração de 12 meses e começa em setembro.

Para a escolha dos jovens recém-graduados, “será relevante o seu percurso académico, bem como as áreas de formação, preferencialmente as de Gestão, Economia, Comunicação, Recursos Humanos, Marketing, Digital, Matemática, Engenharia”, lê-se em comunicado.

Entre as competências mais sociais, a empresa valoriza a “vontade em aprender, foco em gerar valor, capacidade analítica, iniciativa e proatividade, responsabilização e muita energia e atitude positiva”.

Os trainees irão passar por três direções diferentes, onde serão acompanhados por um tutor por rotação, um mentor ao longo do programa, um buddy (que será um ex-trainee), e pela direção de gestão de talento.

O programa de trainees CTT tem, ainda, uma componente dedicada ao voluntariado. “Será disponibilizada, quinzenalmente, uma tarde para que os trainees possam colaborar com uma instituição à sua escolha. Paralelamente, e de forma a facilitar o desenvolvimento de competências, os trainees serão envolvidos num projeto lançado pelas direções de estratégia e de inovação e que, no final, terá de ser apresentado ao CEO e restantes elementos da comissão executiva”, detalha a companhia.

“A variedade de áreas de negócio, o crescimento do e-commerce, a crescente digitalização da empresa, a aposta na inovação e mobilidade, a presença em mercados internacionais e uma cultura de pessoas, liderança e mérito são uma mais-valia para os jovens talentos que ingressarem neste programa e uma excelente oportunidade para iniciarem a sua carreira profissional”, acreditam os CTT.

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Tecnologias na saúde: o paciente está primeiro

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  • 6 Junho 2023

A saúde deve ser tratada de forma holística onde quer que esteja o paciente. Priorizar a prevenção e os apoios à saúde foram as principais conclusões da conferência Saúde 5G, promovida pela NOS.

A tecnologia na saúde tem de partir de um pressuposto humanista. Os objetivos principais das soluções tecnológicas têm de deixar de estar centrados nas necessidades dos profissionais de saúde ou do sistema, mas pensar, em primeiro lugar, no bem-estar do paciente. Esta foi uma das ideias-chaves debatidas na conferência Saúde 5G, promovida pela NOS, em Lisboa.

A prevenção tem de ser prioritária para evitar que as pessoas atinjam estados crónicos, poupando deste modo muito dinheiro ao sistema de saúde. Aliás, foi apontada como urgente uma definição estratégica de políticas de saúde no âmbito do Governo, para ajudar os clínicos e os engenheiros a criar soluções que vão ao encontro das reais necessidades do país como um todo e no combate às assimetrias de acesso aos cuidados de saúde.

A NOS convidou um conjunto de clínicos e criadores de tecnologia para a área da saúde que tiveram a oportunidade de falar para uma sala completamente cheia. Conclui-se desta conferência que a tecnologia por si não é suficiente, é preciso trabalho de equipa de profissionais com valências diversificadas: médicos, engenheiros, matemáticos.

Colocar o paciente em primeiro lugar, onde quer que ele esteja, tem de ser a prioridade da inovação. Por seu lado, esta inovação precisa de boas redes de comunicação, latência tão baixa quanto possível, profissionais clínicos a trabalhar em qualquer ponto do mundo, a fazer operações remotamente ou a ajudar outros a fazê-las. A rede 5G era, provavelmente, o elo que faltava para tornar muitas ideias, protótipos, provas de conceito, ensaios clínicos realidade em Portugal e no mundo. O 5G é um grande empurrão na medicina à distância.

Vítor Hugo Pereira, cardiologista especializado em ressonâncias magnéticas cardiovasculares e imagem cardíaca, e CEO da AI4Med, disse que, até agora, no trabalho de inovação na área da saúde “havia uma limitação: a qualidade da rede. Agora há uma oportunidade única: o 5G pode ser a solução” para acelerar a inovação nos cuidados de saúde, assinalou.

Maria João Batista, CHUSJ, defendeu “a necessidade de uma rede excelente para que os médicos consigam fazer telemedicina”. Afinal, um procedimento delicado não pode ser interrompido apenas porque a Internet caiu.

O cardiologista da AI4Med destacou ainda os benefícios da Internet das Coisas (IoT), que representa uma capacidade preditiva sem precedentes. Exemplificou que, atualmente, muita gente tem um qualquer dispositivo que mede a pulsação. Salientou o potencial no campo da imagem aplicado a ressonâncias ou TAC. E acrescentou o potencial da IA que, ao compilar rapidamente os dados recolhidos, liberta os clínicos para falar com os doentes. Vítor Hugo Pereira citou um médico que se lamenta de “passar uma hora a analisar uma ressonância cardíaca, quando poderia estar a falar com os doentes”.

Clínicos e os engenheiros têm de trabalhar em equipa

Desenvolver projetos tecnológicos relacionados com a saúde tem de envolver equipas multidisciplinares. Os médicos sabem o que precisam, mas não têm as competências dos engenheiros, matemáticos e outros profissionais. “Se não sabemos como fazer, mas sabemos o que queremos devemos arranjar quem faça”, com esta mensagem Owase Jeelani, neurocirurgião pediátrico, iniciou a sua apresentação.

Owase Jeelani é um reconhecido médico no NHS – o equivalente ao nosso serviço nacional de saúde em Inglaterra – que se dedica ao procedimento complexo de separação de gémeos siameses. Ao longo da carreira, tem vindo a contar com o apoio tanto de engenheiros e matemáticos, mas também encontra inspiração para o desenvolvimento do seu trabalho em brinquedos de criança. Certo dia viu a filha a brincar com uma peça maleável para moldar plasticina. De imediato pensou aplicar aquela ideia para separar um par de siameses que tinham os cérebros distribuídos por ambos os crânios. Ao definir a que gémeo pertencia a massa encefálica, o médico consegue introduzir uma pequena divisória que obrigou os cérebros a mover-se gradualmente para o local ideal, sendo posteriormente possível separar os siameses.

"Temos de ser humildes, tornar claros a nossa visão e propósito, ser ainda mais inovadores.”

Owase Jeelani, médico no NHS

O especialista é apologista do trabalho em equipas multifacetadas; médicos, programadores engenheiros para encontrar a melhor forma de executar o que pretende fazer nas suas operações. “Temos de ser humildes, tornar claros a nossa visão e propósito, ser ainda mais inovadores”, disse. Acima de tudo tem de estar o “bem-estar do paciente”, sendo imprescindível uma visão integrada do problema.

Em linha com Owase Jeelani, do NHS, também Maria João Baptista, do CHUSJ, reforçou mais tarde a necessidade do trabalho de equipa entre pessoal da saúde, da biotecnologia, da engenharia, o que pode, inclusive, facilitar o recurso a fundos e financiamento europeus.

O problema da assimetria no acesso à saúde

Maria João Baptista começou a sua apresentação com uma questão de fundo: “como fazer a tecnologia chegar a todo o mundo”? A especialista salientou a necessidade de acabar com a assimetria do acesso aos cuidados de saúde, destacando a importância do 5G, “muito útil para a comunicação em tempo real entre cirurgiões”.

Sobre a sua casa, deu como exemplo a Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), onde estão muitos doentes sobre os quais é preciso recolher dados vitais. “Se tivermos formas de recolher dados [de modo automatizado] sobre os pacientes podemos libertar os profissionais para de facto cuidar dos doentes”, explicou. Esses dados permitem prever o desenvolvimento dos sinais, prever-se o oxigénio necessário e, quando em casa, pode-se agir de imediato.

Márcio Colunas, da Sword Health, tem como objetivo resolver os grandes problemas da dor. Com o kit desta empresa, o profissional pode apoiar vários doentes à distância, otimizando o seu trabalho. A Sword Health é uma empresa de tecnologias médicas de origem portuguesa que optou por sediar-se nos EUA e trabalha atualmente também no Canadá, na Austrália e noutros países europeus, estando em processo de internacionalização para a América do Sul.

Luís Pereira, da Medtronic, felicitou-se pela mudança de paradigma que aconteceu nas últimas duas décadas. Se antes, “a tecnologia se focava no médico e na otimização do seu trabalho, hoje está centrada no doente, focando-se mais na eficiência de recursos”.

O responsável da empresa assinalou que “ou recorremos a tecnologia ou não vai haver cuidadores suficientes no futuro, nem cuidados médicos”, explicou ainda que a Medtronic se pauta por 4 P: soluções preditivas, preventivas, personalizadas e participadas.

Ainda sobre as assimetrias, Maria João Baptista chamou a atenção para uma preocupação concreta: não obstante “o Hospital de São João ter uma app para marcação de consultas ainda há muitas pessoas que não conseguem usar essa tecnologia. Tem sempre de existir uma solução alternativa”.

Portugal precisa de uma visão estratégica para o setor da saúde

A necessidade de uma visão estratégica para o setor da saúde, de cima para baixo, foi um dos temas que o painel do papel social na tecnologia da saúde destacou. Maria João Baptista falou da necessidade urgente de uma visão nacional holística que resolva as assimetrias no acesso aos cuidados de saúde no país e é necessária uma definição superior sobre a forma ideal para distribuir as soluções. “São precisos mais hospitais? O que é crítico em cada um?”, exemplificou.

Luís Pereira falou da necessidade de agilização nos processos de aprovações de novas tecnologias. “O ciclo de vida de um dispositivo médico é de 18 a 24 meses, é preciso rapidez de ação no lançamento do produto e confirmação de evidências”. Além disso apontou para a necessidade de o setor da saúde “considerar não apenas o produto, mas a solução, incluindo serviços e manutenção”.

Mais tarde, durante a conferência, Vítor Hugo Pereira sugeriu a “migração do foco em incidentes agudos para uma visão mais holística”. Acrescentando que “é também necessário simplificar a regulação, atualmente a principal barreira para fazer chegar tecnologia ao mercado. “O ciclo de vendas na saúde é longo”, disse, confirmando o que já havia sido dito anteriormente.

António Cunha, do Instituto Pedro Nunes, acrescentou que “a extensão dos cuidados de saúde [por exemplo fisioterapia] para casa é essencial”, mas, para o efeito, é necessário criar sistemas de reembolso que incluam os tratamentos em casa, não devendo o foco estar apenas nos casos agudos, crónicos ou continuados no sistema hospitalar. Apenas os doentes crónicos, apenas, representam 70% dos custos do serviço nacional de saúde.

Por seu lado, José Paulo Carvalho, da Hope Care, defende que as soluções digitais devem ser prescritas como se de medicamentos se tratassem, incluindo reembolsos. “O investimento em inovação deveria ser recompensado para se continuar a investir em inovação”. A título de exemplo do que se pode poupar disse ter a trabalhar consigo um enfermeiro com 1000 pacientes.

António Cunha acrescentou que independentemente da tecnologia utilizada – no caso ultrassons/ecografias – os profissionais não estão em risco de perder os seus trabalhos. “Tem sempre de existir um médico para treinar profissionais não especialistas no funcionamento da ferramenta ou para acompanhar à distância”, tranquilizou. Na opinião de cirurgiões “o ultrassom será o estetoscópio do futuro”, disse.

José Paulo Carvalho, cuja solução Hope Care monitoriza dados recolhidos à distância, salientou que no caso da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é possível identificar sinais que evitam 50% dos internamentos hospitalares e que no caso da insuficiência cardíaca se atestou uma redução de 80% nos episódios de urgência. Além disso, 60% dos alertas deve-se simplesmente à falta ou má medicação que provoca descompensações, algo que pode ser facilmente resolvido sem internamento. Além disso, a recolha de dados à distância, tele-monitorização de dados vitais, permite aos pacientes tornar-se parceiros dos médicos, disse.

Prevenção centrada no utente

Márcio Colunas também havia salientado que é fundamental apostar na prevenção e não apenas no tratamento de doenças crónicas. “É uma forma de reduzir custos no sistema e não sobrecarregar os profissionais. As soluções “têm de ser centradas no paciente e simples de utilizar, havendo ainda um longo caminho a percorrer”. É fundamental investir na formação nas comunidades e nos profissionais de saúde para garantir a implementação das melhores práticas das melhores práticas de saúde disponíveis.

Luís Pereira afirmou que, tal como existe o IoT, temos agora o corpo como uma plataforma. Poderá surgir uma nova sigla: IoC? O responsável da Medtronic ressalvou a importância da eficácia das tecnologias: “a minha tecnologia será tanto mais eficaz quanto mais eficiente for para o hospital”. Reforçou a importância de “medir, medir, medir”.

O caso do Champalimaud Clinical Center

“Smart and Better Healthcare” foi o mote da apresentação de Pedro Gouveia, médico no Champalimaud Clinical Center. Aqui já foram feitas provas de conceito de uma soluções de realidade aumentada, através da qual é possível fundir a imagem do paciente com imagens virtuais, especificamente no caso da prevenção e tratamento do cancro da mama. Desta forma o profissional pode fazer uma interpretação rápida da imagem.

O profissional deu ainda um exemplo de Las Vegas no qual será, dentro de quatro anos, possível usar realidade aumentada numa sala de operações. Esta solução requer realidade virtual/aumentada, uma rede IoT para transferir dados, latência, e câmaras especiais 3D. Permitirá, quando em funcionamento treinar em ambiente de realidade virtual e outros procedimentos.

Pedro Gouveia exemplificou ainda casos de uso que podem melhorar em muito os cuidados com os doentes. Robôs nos hospitais para colmatar a falta de profissionais de saúde, “Homespitals” – hospital em casa – em que tudo está conectado numa única plataforma. Neste caso, deu o exemplo: em caso de AVC, o robô pode fazer o diagnóstico com recolha de dados antes mesmo da chegada do 112.

Referiu ainda a solução “hybrid hospital” através da qual os pacientes se tornam diretores operacionais dos seus próprios dados. O paciente “passa de um zero na organização [da sua saúde] para um cargo de gestão. Uma grande promoção”, congratulou-se Pedro Gouveia.

Referiu mais exemplos de casos de usos, acrescentando que dentro de um mês haverá três novos labs do Champalimaud Clinical Center na DocaPesca.

"Dentro de um mês haverá três novos labs do Champalimaud Clinical Center na DocaPesca, em Lisboa.”

Pedro Gouveia, médico no Champalimaud Clinical Center

70% das mortes devido a problemas cardiovasculares poderiam ser evitadas

No encerramento da sessão, Cristina Campos partilhou as suas reflexões e visão sobre “tecnologia & saúde” e como amplificar a vida tornando-se mais longa e com mais qualidade. Cristina Campos tem um percurso profissional relacionado com as ciências da vida e indústria farmacêutica e tem liderado e acompanhado projetos de transformação digital e de inovação.

A business angel chamou a atenção para os atuais desafios demográficos que passam por uma maior longevidade, pelo envelhecimento da população e pelo aumento da mortalidade. Referiu por exemplo que “70% das mortes devido a problemas cardiovasculares poderiam ser evitadas”, com recurso à prevenção aliada à tecnologia. Desafia os envolvidos nesta mudança em curso no setor da saúde a trabalhar na tecnologia com humanismo. Tendo como premissas uma série de “C”: criatividade e espírito crítico, colaboração, compaixão e coragem, sem descurar a comunicação.

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