“Esmolas”, “injusto”, sindicatos criticam prémio do BPI aos trabalhadores
A direção do SINTAF considera que ao "dar uma ajudinha" aos seus trabalhadores com salários mais baixos, o banco reconhece "que o problema existe".
O Sindicato dos Trabalhadores da Atividade financeira (SINTAF) classificou esta quinta-feira de esmola o prémio de até 1.250 euros que o BPI vai atribuir aos trabalhadores, considerando que não é com “ajudinhas” que problema dos salários se resolve. Já o Sindicato dos Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) considerou que o prémio extraordinário é “injusto, desequilibrado e gera desigualdades”.
Numa reação ao anúncio do prémio extraordinário, a direção do SINTAF considera que ao “dar uma ajudinha” aos seus trabalhadores com salários mais baixos, o banco reconhece “que o problema existe”, sublinhado não ser “com ajudinhas pontuais que o problema se resolve. É com aumentos efetivos de ordenados”. Para o SINTAF, a atribuição deste prémio torna “mais incompreensível” a posição do BPI sobre os aumentos salariais para 2024, “onde acompanha a restante banca com a proposta miserável de 2%” apesar de ter apresentado “lucros fabulosos e recordistas”.
“Foram estes trabalhadores, que necessitam desta ajudinha da administração do Banco BPI, que produziram esses lucros fabulosos”, acrescenta o SINTAF num comunicado a que deu o título de “Esmolas no BPI”, sublinhando que estes lucros vão sobretudo “engrossar a economia espanhola”.
Já o SNQTB, em comunicado, afirma ainda que o complemento extraordinário anunciado “gera desigualdade entre trabalhadores no ativo e reformados”, além de excluir “um grupo de trabalhadores face aos respetivos rendimentos” e de não ser “pensionável no regime de fundos de pensões”.
O presidente do SNQTB, Paulo Gonçalves Marcos, refere que esta decisão do BPI contribui para “marginalizar os reformados e criar divisões artificiais entre trabalhadores em função do seu rendimento”, considerando que este não é um caminho aceitável, até porque se trata de uma medida “avulsa na sua natureza, absolutamente unilateral na forma e desenhada à margem da negociação coletiva”.
O BPI vai atribuir um prémio extraordinário entre 700 euros e 1.250 euros aos trabalhadores que tenha uma remuneração fixa anual até 40 mil euros, segundo um comunicado interno a que a Lusa teve acesso. Na informação, o banco diz que o “complemento extraordinário pretende contribuir para melhorar as condições de remuneração no banco, com especial atenção aos níveis mais baixos”, e que a medida é independente do prémio anual que deverá ser pago em março.
Este complemento será atribuído a todos os trabalhadores que tenham remuneração fixa anual até 40 mil euros, sendo de 1.1250 para quem tenha de remuneração até 25 mil euros anuais, 1.000 euros para quem tenha entre 25 mil e 30 mil euros anuais e 700 euros para quem tenha entre 30 e 40 mil euros anuais.
Segundo o BPI, “são elegíveis para este complemento todos os colaboradores do banco à data do processamento (previsto para 19 de fevereiro), desde que tenham sido admitidos, em regime de contrato de trabalho (a termo ou por tempo indeterminado), até 30 de setembro de 2023”. Já para os funcionários que entraram em 2023 o valor será proporcional ao tempo trabalhado. O BPI teve lucros de 524 milhões de euros em 2023, mais 42% do que em 2022.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
“Esmolas”, “injusto”, sindicatos criticam prémio do BPI aos trabalhadores
{{ noCommentsLabel }}