Moody’s corta rating da Altice France com perspetiva negativa
Agência de notação financeira prevê que o rácio de endividamento da Altice France suba em 2024, apesar das intenções da administração de o fazer descer com o patrocínio dos credores.
A agência de notação financeira Moody’s cortou esta quarta-feira o rating atribuído à holding da Altice France, dias depois de a gestão ter sugerido aos credores que será necessário um perdão de dívida para ajudar a empresa a cumprir uma meta de descida do endividamento mais ambiciosa.
Segundo a Reuters, o rating da dívida da Altice France Holding foi cortado de “B3” para “Caa2”, uma descida de dois patamares que coloca a empresa apenas três degraus acima do fundo da tabela de notações da Moody’s. O outlook é negativo, um sinal de que a agência vai manter a Altice debaixo de olho e pode não ficar por aqui nas descidas da notação.
“A descida para Caa2 reflete a nossa expectativa de que o desempenho operacional da empresa e as métricas de crédito serão mais fracas do que o inicialmente esperado, com endividamento a subir para 7,4x em 2024″, explica Ernesto Bisagno, vice-presidente da Moody’s, citado pela Reuters.
Como o ECO explicou este fim de semana, a Altice France apresentou resultados do ano completo de 2023, que encerrou com um rácio de dívida/EBITDA de 6,4x (o EBITDA corresponde ao lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Mas a empresa propõe reduzir a sua dívida de quase 25 mil milhões de euros para um rácio de endividamento “bem abaixo de 4x”.
No entanto, numa chamada telefónica com os credores, um executivo da Altice France sugeriu que, para lá chegar, poderá ser exigida a participação dos obrigacionistas. As declarações assustaram os investidores, fizeram disparar os juros das obrigações da Altice France no mercado secundário, e até aceleraram os planos de alguns dos detentores de dívida da Altice France, que já se posicionavam para tentar discutir um plano de dívida com o dono do grupo, Patrick Drahi.
A Altice France é um dos três grandes ramos do grupo internacional. Os outros dois são a Altice International (à qual responde a Altice Portugal) e a Altice USA, que é cotada em Wall Street. Mas tanto a Altice France como a Altice International já não negoceiam na bolsa.
Também importa referir que, em meados deste mês, dias antes de apresentar os resultados anuais, a Altice France desfez-se da Altice Media, através da qual detinha meios de comunicação social como BFM e RMC, por 1,55 mil milhões de euros, mas não é certo que este valor seja usado para abater no passivo da Altice France, que detém a operadora SFR em França. O comprador foi o grupo CMA CGM, da família Saadé, e a Merit France.
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