Lucros dos bancos subiram 33% para 1,2 mil milhões no arranque do ano

Juros renderam mais 20% aos bancos no primeiro trimestre do ano, mas banqueiros admitem que pico já passou. Negócio estabilizou em termos de depósitos e crédito. Custos aceleram quase 10%.

O ambiente de altas taxas de juro continuou a impulsionar os resultados dos maiores bancos em Portugal no arranque do ano. Caixa, BCP, Santander, Novobanco e BPI lucraram mais de 1,2 mil milhões de euros nos três primeiros meses, uma subida de 33% em comparação com o mesmo período de 2023. Mas o “balão” da margem financeira começa a esvaziar, enquanto os banqueiros tentam controlar a subida dos custos perante a agudizar da luta dos sindicatos por aumentos salariais mais expressivos do que os bancos oferecem.

Sem surpresas, os rendimentos com as taxas de juro voltaram a dar força aos resultados dos bancos, com a margem financeira – que corresponde à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – a subir 20% para 2,4 mil milhões de euros. Os bancos admitem que o pico já terá passado, ainda assim. A Caixa superou o BCP.

A perspetiva de alívio do Banco Central Europeu (BCE) já se está a refletir numa redução da prestação da casa, uma tendência que irá acentuar-se se confirmar o desaperto dos juros – o primeiro corte nas taxas diretoras pode acontecer já no início do próximo mês.

Por outro lado, a concorrência nos spreads dos empréstimos e nas remunerações dos depósitos deixa os bancos a admitirem que a margem irá a partir de agora começar a estreitar.

O BCP já está a assistir a uma redução da margem de juros em Portugal, de resto, enquanto o BPI acredita que atingiu o pico no último trimestre do ano passado.

Já as comissões estabilizaram nos 608 milhões de euros, fazendo-se já sentir o impacto do fim de algum comissionamento que o Parlamento aprovou em meados do ano passado, como a comissão de processamento da prestação da casa.

Neste contexto de perspetiva de estabilização de receitas, os bancos olham para o lado dos custos, sobretudo quando crescem as pressões dos sindicatos para aumentarem os salários dos trabalhadores, depois dos lucros históricos alcançados no ano passado – e que deverão voltar a atingir recorde este ano.

Os custos operacionais tiveram um aumento de 9% para 980 milhões de euros. Nos “espanhóis” BPI e Santander estabilizaram, mas subiram de forma pronunciada no Novobanco e no BCP. O CEO deste último, Miguel Maya, assegurou que continua a fazer uma “gestão de custos muito rigorosa” e que o banco se encontra “num patamar de elevada eficiência”, mas revelou que concorrência por talento na Polónia está a aumentar os encargos com pessoal.

Em todo o caso, o primeiro trimestre manteve-se com níveis de rentabilidade robustos para a banca nacional, com os lucros expressivos a refletirem em ROE (rentabilidade dos capitais próprios) iguais ou superiores a 15%. O Santander alcançou o melhor desempenho neste capítulo, com um ROE de 27%.

Ao nível do balanço, a evolução do volume de negócio dá conta de uma certa recuperação tanto nos depósitos como no crédito em relação ao “retrato” de há um ano.

Os depósitos tiveram um aumento de 1% para 216 mil milhões de euros em comparação com março do ano passado, altura em que os bancos estavam a assistir a uma fuga para os Certificados de Aforro que se prolongou até o Governo cortar a taxa de juro em junho.

Quanto ao crédito, a carteira dos bancos cresceu mais de 3% para 188,9 mil milhões de euros, mas o nível restritivo dos juros deverá continuar a condicionar através de duas formas: menos procura e mais famílias a amortizarem antecipadamente os empréstimos da casa.

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