Angola rendeu mais de 700 milhões ao BPI na última década

Um terço dos lucros de 2,2 mil milhões de euros que o banco português acumulou nos últimos dez anos veio do Banco de Fomento de Angola.

O Banco de Fomento Angola (BFA) rendeu mais de 700 milhões de euros ao BPI na última década, tendo contribuído para um terço dos lucros de 2,2 mil milhões que o banco português acumulou entre 2014 e 2023, de acordo com as contas feitas pelo ECO.

O Estado angolano já deu o pontapé de saída para a venda do BFA através de uma oferta pública inicial (IPO) na bolsa de Luanda com vista a alienar uma participação de 15% detida pela operadora de telecomunicações pública Unitel, que detém uma posição maioritária de 51,9%.

A operação será aproveitada pelo BPI, que não faz comentários sobre o tema, para reduzir a sua exposição a Angola, algo que tem procurado fazer nos últimos anos para responder às exigências do Banco Central Europeu (BCE).

Segundo o Jornal Económico, o banco português deverá vender também uma participação de 15% do capital do BFA no IPO. O negócio poderá representar um encaixe de mais de 100 milhões de euros em face da avaliação de 340 milhões que o BPI assume no seu balanço em relação à posição de 48,1% que detém na instituição angolana.

Sempre que foi questionado sobre este tema, o CEO João Pedro Oliveira e Costa nunca deixou de sublinhar a rentabilidade da operação angolana, apesar da necessidade de vender. E assim é.

Desde 2014, o BFA entregou aproximadamente 722,8 milhões de euros ao BPI, representando 33% dos lucros de 2,19 mil milhões que o banco detido pelos espanhóis do Caixabank acumulou neste período de dez anos.

Entre 2014 e 2018, o BPI recebeu 370 milhões através da apropriação dos resultados gerados pelo BFA em função da percentagem de capital detida no banco angolano – era de 50,1% até vender 2% à Unitel em 2017.

A partir de 2019, o BPI passou a assumir a participação de 48,1% no BFA como um investimento meramente financeiro e a contabilizar nos seus resultados os dividendos recebidos de Angola, que ascendem a 306,8 milhões de euros até 2023.

Desde 2020 que o banco português deixou de estar representado nos órgãos sociais do BFA, atualmente liderado por Luís Roberto Gonçalves (CEO) e Maria do Carmo Bernardo (chair).

Com ativos totais de 3,9 mil milhões de euros e 2,9 milhões de clientes, o banco em Angola emprega mais de 2.600 trabalhadores, tem quase 200 balcões e nos últimos três anos apresentou rentabilidades de 30% em relação aos capitais próprios. Até junho, o banco português lucrou 327 milhões de euros, com Angola a lucrar 41 milhões.

Caso esta operação se concretize, a estrutura acionista do BFA ficará assim composta: a Unitel passará a deter 36,9%, o BPI reduz a sua posição para 33,1% e 30% do capital estará disperso na bolsa. O BPI é detido integralmente pelos espanhóis do Caixabank.

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