Exclusivo Novobanco tenta “limpar” mais 300 milhões de malparado antes da venda

Banco liderado por Mark Bourke continua a varrer os cantos ao balanço antes de avançar para a venda. Colocou no mercado uma carteira de empréstimos sem garantias no valor de 300 milhões de euros.

Mark Bourke, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 02FEV24
Mark Bourke, CEO do Novobanco, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

A passos largos rumo à venda, o Novobanco continua o esforço de limpeza do seu balanço. Nas últimas semanas colocou à venda uma carteira de malparado com o valor contabilístico de 300 milhões de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO. Outros bancos como Santander, BCP e Crédito Agrícola também estão no mercado com operações que totalizam os 400 milhões.

No caso do banco liderado por Mark Bourke, a carteira em causa é composta por créditos tóxicos unsecured, ou seja, são contratos de empréstimo sem garantias associadas, o que deverá retirar algum apetite dos investidores por este portefólio designado “Pegasus”. Os interessados tiveram de manifestar o seu interesse até ao início deste mês. O processo prossegue e o banco espera a conclusão até final do ano, segundo anunciou ao mercado.

A este esforço de limpeza do balanço não é alheio os planos que o banco (Lone Star, que detém 75% do capital) tem para o futuro próximo.

Neste momento, o Novobanco e o Fundo de Resolução estão a negociar o fim antecipado do mecanismo de capital contingente, criado em 2017 aquando da venda ao fundo americano e que só termina no final do próximo ano, num passo que abrirá a porta dos dividendos e da venda, algo que se espera que venha a acontecer na primeira metade do próximo ano.

Como o ECO avançou em primeira mão, o Ministério das Finanças já tem uma versão do contrato para colocar um ponto final ao acordo, o que significará que o banco e o fundo já têm uma base de entendimento. Para o ministro Joaquim Miranda Sarmento há mesmo um grande incentivo a avalizar a cessação antecipada do mecanismo: dividendos de 250 milhões de euros para os cofres públicos que deverão resultar da libertação de mil milhões de euros de excesso de capital que o Novobanco acumulou nos últimos quatro anos.

Com o fim do dividend ban, o banco fica com a via aberta para a venda, que poderá passar pela bolsa. Pelo menos é com esse objetivo que o CEO Mark Bourke tem vindo a trabalhar nos últimos meses. E uma das tarefas passa justamente por melhorar a qualidade dos ativos que o Novobanco detém no seu balanço.

É certo que o grande esforço ocorreu a partir do momento em que foi vendido ao Lone Star, aproveitando a garantia de cobertura de perdas que o mecanismo de capital contingente proporcionou entre 2018 e 2021, tendo injetado no banco cerca de 3,4 mil milhões de euros. Desde 2016 até junho, este esforço traduziu-se numa redução do rácio de NPL (non performing loans) de 33,6% para 4,1%.

Ainda assim, o Novobanco ainda contabilizava mil milhões de euros em crédito malparado no seu balanço no final do primeiro semestre. A instituição fará a atualização dos resultados relativos aos primeiros nove meses do ano na próxima quinta-feira.

Malparado em queda livre

Fonte: Novobanco

Fim de ano agitado na banca

O mercado de malparado está a passar por um período de ressaca depois das vendas massivas de grandes carteiras (a começar pelo Novobanco) nos últimos anos.

Mas os últimos meses do ano trouxeram alguma agitação com vários bancos ativos no mercado. O BCP acabou de vender o Projeto Spring no valor de 265 milhões com dívidas da Inapa e da promotora do Autódromo do Algarve e colocou agora à venda o Projeto Lyra no valor de 90 milhões.

Como o ECO também avançou, o Crédito Agrícola também tem em curso a venda de um portefólio de 93 milhões de euros, sobretudo de pequenas e médias empresas (PME).

Santander Totta (140 milhões), Bankinter (30 milhões) e Banco Montepio (valor não apurado) também estão no mercado, segundo apurou o ECO junto de diversas fontes.

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