BE também vai apresentar moção de rejeição ao programa de Governo. Leia a reação dos partidos

  • Joana Abrantes Gomes e Lusa
  • 10 Abril 2024

Executivo da AD entregou esta quarta-feira o programa governamental, que dizem reunir 60 propostas de todos os partidos com assento no Parlamento. PS anuncia abstenção a moções de rejeição.

Com o programa do Governo chefiado por Luís Montenegro entregue esta quarta-feira na Assembleia da República, os partidos já começaram a reagir ao documento que, segundo o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, reúne cerca de seis dezenas de propostas das restantes forças políticas com assento parlamentar.

PS anuncia abstenção nas moções de rejeição do programa do executivo

A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, anunciou que os socialistas vão abster-se nas votações das moções de rejeição do Programa de Governo apresentadas por PCP e BE.

“O PS, através do seu secretário-geral, já tinha dito que nesta primeira fase não iria bloquear o início de funções do Governo e portanto irá viabilizar o Programa do Governo, abstendo-se nas moções de rejeição”, anunciou aos jornalistas Alexandra Leitão na declaração após a sua eleição como líder parlamentar do PS.

Chega vota contra moção de rejeição do PCP e saúda “aproximação” em algumas áreas

O Chega vai votar contra a moção de rejeição ao programa do Governo apresentada pelo PCP e saudou uma “aproximação” em algumas matérias, como combate à corrupção ou fiscalidade, apesar de considerar também que é “muito vago e pouco ambicioso”.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o presidente do partido, André Ventura, considerou ser “importante que o Governo consiga cumprir as promessas que fez e tenha tempo para poder fazê-las e trabalhá-las nestes próximos meses, não daqui a um ano ou dois”.

“Ao mesmo tempo, é importante que quem apresenta moções de rejeição compreenda que não há outra alternativa neste quadro parlamentar. Aprovar uma moção de rejeição sem apresentar uma alternativa é o mesmo que dizer ao país ficarão ingovernáveis durante seis ou sete meses, é pura irresponsabilidade política”, justificou.

Ainda assim, o líder do Chega, partido que não integra o Executivo, disse existirem “pontos de aproximação e de contacto positivos”, nomeadamente a nível fiscal, em termos de IRS e IRC, de IMT e na relação com a aquisição de habitação jovem, e no combate à corrupção. “Há aqui elementos que poderão ser negociados e trabalhados, vemos com boas perspetivas”, afirmou Ventura.

Programa “aquém” das necessidades do país, critica IL

A primeira reação veio da Iniciativa Liberal (IL), que considera que o programa de Governo “fica aquém” das necessidades do país. Em declarações aos jornalistas a partir da Sala dos Passos Perdidos, a líder parlamentar da bancada liberal, Mariana Leitão, elencou três exemplos em como o documento não vai ao encontro “do que os portugueses merecem”.

São eles a falta de uma “reforma estrutural” na Saúde; a previsão de crescimento para o salário médio – de 1.750 euros até 2030 –, que é “muito insuficiente” para contrariar a emigração jovem; e não haver uma redução ou simplificação dos escalões do IRS.

Questionada se não vê, no programa, pontos de contacto com as ideias dos liberais, Mariana Leitão respondeu que a IL “é muito mais ambiciosa” e prometeu que continuará a insistir, no Parlamento, em muitas das suas medidas.

Bloco anuncia moção de rejeição contra programa “feito para concentrar riqueza”

Com as palavras mais duras até agora, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, prometeu apresentar uma moção de rejeição a um programa “que tem uma visão do orçamento, do país, da economia que não pode acompanhar”.

Para Mariana Mortágua, Portugal será “um país mais desigual” caso o programa apresentado esta quarta-feira avance, visto que é feito “para concentrar riqueza, para privatizar serviços públicos, para criar negócios para grandes fundos de investimento”.

Os bloquistas criticam que o salário mínimo nos 1.000 euros até 2028 não seja um compromisso do Governo, visto que o programa refere, por outro lado, que o valor “vai evoluir de acordo com a produtividade e a inflação”.

“Na descida do IRC, isso já não acontece. Já não há qualquer condicionante, há uma promessa”, nota Mariana Mortágua, apontando que quem vai deixar de pagar o imposto não são as pequenas e médias empresas, mas “a banca, as grandes companhias de eletricidade (como a EDP), a Galp”.

A coordenadora do BE resume que “o programa faz uma escolha muito clara sobre quem é que quer proteger: grandes empresas, patrões, grandes lucros, interesses privados muito particulares”.

Livre aponta dedo ao Governo por falta de diálogo prévio

Apesar de, segundo o Executivo, o programa de Governo abranger medidas de todas as forças políticas, a líder parlamentar do Livre assinalou que, como não houve reuniões prévias, desconhece as medidas do partido que constam do documento. “Houve inclusão de medidas avulsas sem diálogo prévio“, afirmou Isabel Mendes Lopes.

Da análise que o Livre já fez ao documento, nota um “desfasamento entre as promessas eleitorais da Aliança Democrática (AD) com o programa“, sobretudo quanto a matérias que foram bandeiras da campanha. A deputada dá como exemplo a descida do IRS, que no programa eleitoral da AD era “muito pormenorizada”, enquanto no programa de Governo “há um conjunto de intenções, não há calendarização, não há apresentação de contas”.

Uma medida que preocupa o partido é a descida do IRC para 15%. “Sabemos que a maior parte das empresas em Portugal não paga IRC; a maior parte da receita de IRC vem das grandes empresas, portanto, esta descida vem beneficiar sobretudo as grandes empresas, diminuindo a receita do Estado que permite suportar o Estado social e também dar apoio às pequenas e médias empresas (PME)”.

Adicionalmente, Isabel Mendes Lopes criticou que medidas inscritas no Orçamento do Estado para 2024 por proposta do Livre não sejam mencionadas no programa, como “o alargamento do passe ferroviário nacional, que tem de ser alargado até ao final do primeiro semestre”, e “a efetivação do fundo de emergência da habitação”. Outra questão que não está no programa é a semana de 4 dias, acrescentou.

A líder parlamentar do Livre disse ainda que o programa de Governo será discutido pela assembleia do partido na quinta-feira, bem como a moção de rejeição anunciada pelo PCP, para decidir o sentido de voto.

PCP entrega moção de rejeição ainda hoje

Os comunistas já tinham anunciado que avançariam com uma moção de rejeição ao Governo ainda antes da apresentação do programa. Agora, a líder parlamentar Paula Santos anunciou que será entregue ainda esta quarta-feira na Assembleia da República.

Para o PCP, o documento “confirma a justeza” da moção de rejeição, não constituindo qualquer surpresa “relativamente aos conteúdos e à opção política de direita”, que “está na origem dos problemas que afetam a vida das pessoas” e que “não dá resposta nem contém soluções para os problemas dos trabalhadores”.

O Governo vir dizer que incluiu propostas do PCP no seu programa é um logro. A referência que foi feita pelo ministro sobre o desenvolvimento da capacidade produtiva da indústria conserveira deixa de fora a dimensão, a amplitude e a abrangência com que o PCP propôs um conjunto de medidas concretas para valorizar o setor da pesca do nosso país”, disse ainda a deputada comunista.

PAN preocupado com “visão conservadora” da mulher

Já a deputada única do PAN vê “retrocessos preocupantes” no documento, a começar pela devolução da tutela das Florestas e da Proteção Animal ao Ministério da Agricultura, em vez de se manterem sob a alçada do Ambiente. “Precisamos de ter um território que seja mais resistente às alterações climáticas, que seja um território mais biodiverso em matéria florestal, com maior proteção e preservação, e isso não se traduz neste programa de Governo”, apontou Inês Sousa Real.

Em matéria de igualdade, o programa “associa o papel da natalidade apenas à mulher e não à família”, criticou também a porta-voz do PAN, apontando que o retorno a uma “visão conservadora é muito preocupante enquanto mulher”.

Inês Sousa Real lamentou, por fim, o “monólogo” do Executivo de Montenegro, ao acolher medidas de outros partidos sem dialogar previamente com os mesmos. “Temos de fazer aqui uma busca [pelas medidas] como se estivéssemos à procura dos ovos da Páscoa, mas não nos podemos esquecer que o diálogo é uma via de dois sentidos”, apontou.

(notícia atualizada pela última vez às 21h35)

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Governo avança com estratégia de armazenamento, reforço das redes, do licenciamento e apoios à eficiência

O Governo de Luís Montenegro tem várias propostas para o setor energético. Reforça a aposta no armazenamento, mas também nas redes e licenciamento.

O Governo de Luís Montenegro, que conta com Maria da Graça Carvalho para chefiar a pasta do Ambiente e Energia, avança várias propostas para dar respostas a três dos principais desafios para o desenvolvimento do setor energético: as redes, o licenciamento e o armazenamento. Promete desenvolver uma Estratégia Nacional de Armazenamento de Energia até 2026, rever os planos para as redes de transporte e distribuição para uma “execução efetiva”, reforçar as entidades licenciadoras e distribuir mais apoios à eficiência energética.

“O objetivo [da estratégia para o armazenamento] será acelerar o investimento na capacidade nacional de armazenamento, nomeadamente através de baterias associadas a parques eólicos e fotovoltaicos”, lê-se no programa lançado pelo Governo, esta quarta-feira. O Executivo pretende reforçar as capacidades armazenamento energético, seja ao nível da eletricidade ou dos gases renováveis.

No que toca as redes, o Governo pretende uma “execução efetiva” das infraestruturas de transporte e distribuição de eletricidade e gás. “considerando os desafios e implicações da transição energética, nomeadamente a variabilidade da tecnologia renovável e a descentralização da produção”. Nesse sentido, o Executivo quer rever os planos de desenvolvimento e investimento nas redes energéticas nacionais, “para serem mais eficazes, coerentes e articulados”, e também avançar “na concretização dos compromissos assumidos entre Portugal, Espanha e França ao nível das interligações energéticas para aumentar a conectividade europeia”.

Ao mesmo tempo, “importa garantir que os procedimentos [de licenciamento] se tornam mais ágeis, eficazes e desburocratizados”, para isso, o Governo compromete-se a reforçar a capacidade de resposta das instituições envolvidas nestes procedimentos.

Apoios à eficiência, regulado como “plano B”

Da ótica do consumidor, o Governo promete ainda reforçar os programas de apoio que incentivem a melhoria da eficiência energética nas habitações.

No que diz respeito à comercialização de energia, o Governo quer “alinhar o âmbito do mercado regulado com as melhores práticas europeias“, e assume que este pode ter um papel relevante de backup para situações de inacessibilidade e para garantia de estabilidade económica. Propõe ainda a adoção de políticas que coloquem Portugal numa tendência de descida do défice tarifário.

Ao mesmo tempo, quer incentivar o aparecimento de novos agentes, e “contribuir para a diversificação de projetos e de ofertas comerciais que beneficiem os consumidores”.

Em paralelo, há referência à intenção de estimular o conceito de consumidor-produtor, desburocratizando e acelerando o licenciamento das formas de produção descentralizada, incluindo as Comunidades de Energia Renovável e Unidades de Autoconsumo coletivo, bem como de partilha de energia, “de forma a garantir, a médio e longo prazo, custos de energia mais baixos”.

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Mudar os prazos, custas judiciais e revisão da carreira dos oficiais de justiça. Este é o programa do Governo para a Justiça

O Governo assume no seu programa que a Justiça precisa de uma reforma sólida, profunda e com um horizonte que "vá para além de uma legislatura". Assim, baseiam essa reforma em dois eixos.

O Governo assume no seu programa que a Justiça precisa de uma “reforma sólida, profunda” e com um horizonte que “vá para além de uma legislatura”. Assim, baseiam essa reforma em dois eixos: desgovernamentalizar as escolhas políticas de Justiça e democratizar a reforma.

No que concerne à desgovernamentalização das escolhas políticas de Justiça, o Executivo assume que as políticas públicas têm sido excessivamente governamentalizadas. “O que não é compatível com uma matéria cuja dignidade político-constitucional postula uma visão exigente do princípio da separação e independência dos poderes”, lê-se.

Já sobre a democratização da reforma da Justiça, o Governo alerta que é necessário um consenso alargado, político e social, para que a “mesma seja implementada com solidez e tenha resultados com eficácia”.

O Governo assume ainda que a justiça económica é um “pilar fundamental” para o desenvolvimento sustentável, a coesão social e a competitividade do País. Só uma justiça económica que funcione de forma “célere, eficaz e transparente” conseguirá garantir a confiança dos cidadãos, dos investidores e dos agentes económicos, bem como para prevenir e combater a corrupção, a fraude e a evasão fiscal.

“Neste domínio, Portugal enfrenta vários desafios e problemas, como sejam a morosidade e a complexidade dos processos, a falta de recursos humanos e materiais, a insuficiência de meios alternativos de resolução de litígios, a desigualdade no acesso à Justiça, a falta de transparência e de prestação de contas, e a insuficiente articulação entre os vários intervenientes do sistema”, referem.

No que toca à morosidade da Justiça e do tratamento da litigância complexa, o Governo propõe um conjunto de medidas, algumas com intervenção legislativa, que estimulem a adoção de novas técnicas de gestão processual, para além de uma cultura de eficiência nos tribunais.

Já relativamente ao montante elevado das custas judiciais, que consideram que representam um “obstáculo ao acesso dos cidadãos à Justiça”, o Governo assume que devem ser “claras, transparentes, determináveis e previsíveis”. “Devem ser ajustadas ao serviço efetivamente prestado e pagas em função da situação, circunstâncias e da posição das partes”, lê-se.

Nenhuma reforma da Justiça pode lograr sucesso sem o empenho e a motivação de todos os seus agentes. É urgente atrair talentos e valorizar a carreira dos magistrados. Assim como valorizar as carreiras dos funcionários da Justiça e dos guardas prisionais. É, igualmente, fundamental que os tribunais disponham de adequadas condições físicas, administrativas e financeiras, que garantam o seu normal funcionamento”, nota o Governo.

Assim, de forma a levar a cabo a reforma na Justiça, o Executivo irá atuar em seis áreas distintas:

Reforma da Jurisdição Administrativa e Fiscal

  • Propor Medidas Urgentes para a Jurisdição Administrativa e Fiscal, elaboradas a partirde contributos já existentes, com vista à respetiva implementação imediata;
  • Promover o estudo e um amplo debate sobre as vantagens e desvantagens da unificação da jurisdição comum com a jurisdição administrativa e fiscal.

Celeridade processual

  • Desenvolver alterações da legislação processual penal no sentido de combater a formação dos chamados megaprocessos, que entorpecem a ação dos tribunais e se arrastam anos a fio, frustrando a aplicação de uma Justiça célere e eficaz;
  • Proceder à revisão das normas processuais, nomeadamente em processo civil, em processo penal e em processos administrativo e tributário, de modo a reduzir as situações em que, injustificadamente, é possível a apresentação de expedientes processuais com a única finalidade de atrasar a marcha do processo;
  • Proceder à revisão dos prazos judiciais, de forma a garantir a sua adequação à complexidade dos processos e, assim, assegurar a sua efetiva aplicação;
  • Rever a fase de instrução, tendo em conta as conclusões do Grupo de Trabalho criado no âmbito do Conselho Superior da Magistratura;
  • Criar um mecanismo permanente de avaliação das pendências e celeridade processual, através da publicação de um relatório anual;
  • Rever o regime geral de contraordenações, harmonizando os regimes setoriais;
  • Promover uma cultura de eficiência nos tribunais, nomeadamente através da adoção de medidas de gestão processual, tais como: o cumprimento efetivo pelas secretarias dos tribunais e pelos magistrados dos prazos já previstos na lei para execução dos atos processuais; diminuição da extensão das peças processuais, incluindo decisões dos tribunais; melhoria dos procedimentos para citação e notificação de partes e intervenientes acidentais; agendamento das diligências judiciais com prévia articulação de agendas entre os intervenientes; e aumento do número de salas de audiência disponíveis, por forma a evitar retardamento nos agendamentos;
  • Reforçar a disponibilização de assessores para as magistraturas.

Justiça económica

  • Criar unidades de recuperação de atrasos nos processos, priorizando os mais antigos;
  • Apoiar e fomentar a especialização dos juízes, e não apenas dos tribunais, especialmente nas áreas de contencioso económico em transformação acelerada;
  • Reforçar e simplificar os procedimentos de resolução alternativa de conflitos no âmbito de causas de pequeno valor e de grandes litigantes, libertando os tribunais cíveis, e garantindo uma Justiça mais rápida e eficiente;
  • Facilitar a recuperação extrajudicial das empresas, com a instituição de um procedimento de mediação extrajudicial entre credores e devedores, que incentive a negociação fora dos Tribunais, de modo a aumentar a celeridade nos processos de recuperação, que crie um clima de contexto favorável à recuperação de empresas em situação económica difícil, mas não insolvente, e que evite o estigma que constitui para a recuperação de uma empresa a intervenção judicial na homologação de uma recuperação empresarial;
  • Reformar os regimes de insolvência, com alteração de paradigma nos regimes de insolvência e recuperação de empresas;
  • Agilizar os processos de heranças, em particular quando envolvam bens imóveis e participações sociais em empresas, facilitando o espoletar da sua alienação e/ou divisão
    (convertendo-se em liquidez essa parte dos ativos da herança), favorecendo em simultâneo a sua resolução fora dos tribunais e evitando pendências de décadas;
  • Simplificar os processos de registo de propriedade, combinando o registo de âmbito notarial e fiscal, e diminuindo os custos de transação em particular de propriedades rústicas de pequena dimensão, contribuindo para uma menor pulverização da propriedade e uma mais rentável gestão do território.

Valorização de carreiras

  • Rever os modelos de formação contínua dos magistrados;
  • Encetar um processo de revisão e valorização das carreiras profissionais dos Oficiais de Justiça;
  • Encetar um processo de revisão e valorização das carreiras profissionais dos Guardas Prisionais;
  • Garantir o reforço e otimização dos recursos humanos, bem como assegurar a qualificação dos profissionais para problemáticas criminais específicas;
  • Aprofundar a especialização dos magistrados.

Sistema Prisional

  • Alargar programas específicos de intervenção nas áreas da Saúde Mental/Toxicodependência/Novas adições e da Delinquência juvenil;
  • Reforçar e alargar as equipas de vigilância eletrónica;
  • Promover políticas de reforço da formação profissional e da recuperação da formação escolar dos reclusos;
  • Reforçar a prestação de trabalho a favor da comunidade como alternativa à reclusão;
  • Redimensionar a rede de Estabelecimentos Prisionais e das equipas de reinserção social e promover a diferenciação e individualização da intervenção dos Estabelecimentos Prisionais.

Acesso à Justiça e funcionamento dos tribunais

  • Promover a reforma do Regulamento das Custas Processuais;
  • Atribuir autonomia administrativa e financeira aos Tribunais de primeira instância;
  • Requalificar os edifícios dos tribunais e reforçar o desenvolvimento dos respetivos equipamentos tecnológicos.

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“É urgente baixar IRS”. Governo aponta para redução com foco na classe média

Baixar o IRS para a classe média, alargar o IRS Jovem e isentar de impostos os prémios de desempenho. Eis as medidas do Governo de Luís Montenegro para reforçar os ordenados líquidos.

A redução significativa do IRS é uma das prioridades do Governo de Luís Montenegro, de acordo com o programa que foi aprovado esta quarta-feira em Conselho de Ministros e entregue no Parlamento. Tal como já constava do programa eleitoral da Aliança Democrática, a intenção é baixar esse imposto até ao oitavo escalão, com um foco especial na classe média.

“É urgente baixar a elevada carga fiscal sobre o trabalho que erode o valor líquido dos salários e desincentiva o esforço e melhores desempenhos. A principal prioridade na redução da carga fiscal é o desagravamento, significativo, do IRS, especialmente sobre jovens e classe média”, lê-se no documento que recebeu “luz verde”.

Em concreto, e “em primeira linha”, o Governo compromete-se com a redução do IRS para os contribuintes até ao oitavo escalão, através da redução das taxas marginais entre 0,5 e três pontos percentuais face a 2023, mas também com a adoção “duradoura e estrutural” do IRS Jovem, com uma redução de dois terços nas taxas de 2023, tendo uma taxa máxima de 15% aplicada a todos os jovens até aos 35 anos, com exceção do último escalão de rendimentos. Hoje, o IRS Jovem abrange apenas os primeiros cinco anos da vida ativa dos jovens.

Além disso, o Governo quer fixar a “obrigação legal de atualização dos escalões e tabelas de retenção em linha com a inflação e o crescimento da produtividade”. Os escalões do IRS foram atualizados várias vezes durante o Governo de António Costa, mas também houve anos em que tal não aconteceu. Por exemplo, não o fez em 2022, o que acabou por gerar 523 milhões de euros em receita adicional para o Estado.

Outra das medidas com as quais o Governo de Luís Montenegro se compromete é a isenção de contribuição e impostos dos prémios de desempenho até ao limite equivalente de um vencimento mensal.

Com esta última proposta, o Executivo dá a mão aos patrões, já que essa foi uma das medidas pedidas pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) para estimular os vencimentos. A esquerda crítica fortemente esta medida, garantindo que o que é necessário é reforçar os ordenados, e não atribuir prémios que não têm um impacto mais efetivo e regular na carteira dos portugueses.

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Dos impostos ao financiamento. O que promete o novo Governo às empresas?

Veja as 20 medidas que podem mexer com a vida da sua empresa na próxima legislatura, divididas por cinco áreas: impostos, financiamento, tesouraria, burocracia e internacionalização.

Com Pedro Reis a “ponta de lança” na Economia, o Programa de Governo promete remover “obstáculos” às empresas, como uma “carga fiscal muito pesada que desincentiva o trabalho e limita a acumulação de capital necessária para que as empresas possam investir mais e crescer, assim como a carga burocrática que as obriga a aplicar recursos em atividades não produtivas”.

A partir do documento aprovado esta quarta-feira em Conselho de Ministros, que inclui 60 propostas da oposição e em que promete uma economia “competitiva, próspera e equilibrada”, dos impostos à burocracia, passando pela internacionalização, pelo financiamento e pelos apoios à tesouraria, o ECO selecionou 20 medidas que podem mexer com a vida da sua empresa na próxima legislatura.

Impostos

  • Redução das taxas de IRC, começando com a redução gradual de dois pontos percentuais por ano;
  • Reduzir em 20% as tributações autónomas sobre viaturas das empresas em sede de IRC;
  • Eliminação, de forma gradual, da progressividade da derrama estadual e da derrama municipal em sede de IRC;

Financiamento

  • Eliminar ou reduzir custos relativos a comissões, taxas, emolumentos ou escrituras na utilização dos instrumentos de apoio à capitalização e à recapitalização;
  • Criação de um fundo para investimentos híbridos de capital (títulos convertíveis) disponíveis para fundos de capital de risco, aceleradoras, business angels e corporate ventures que pretendam reforçar o capital e assegurar almofada financeira para empresas em carteira;
  • Criação de um fundo de fundos, financiado pelo Portugal 2030, que possa adquirir unidades de participação em fundos de venture capital orientados para empresas em fase de scale-up;
  • Criação de fundos imobiliários em conjunto com os bancos e proprietários para que as empresas possam financiar a atividade através da entrega e arrendamento dos seus imóveis, com um prazo de recompra;
  • Programa Capitalizar+ para apoiar a transição geracional e valorização de ativos empresariais, incluindo o tratamento fiscal privilegiado do reforço de capitais próprios e ações para transição geracional das empresas familiares e dirigidas a ganhos de escala, fusões e aquisições e à recuperação de ativos;

Apoios à tesouraria

  • Aplicação efetiva, aceleração e automatização da compensação de créditos tributários;
  • Implementar a conta-corrente de empresas com o Estado;
  • Iniciar esforços junto da Comissão Europeia por forma a ampliar o regime de IVA de caixa existente dos atuais 500 mil euros de faturação;
  • Garantir o pagamento de faturas a 30 dias pelo Estado.

Burocracia

  • Eliminar ou reduzir os constrangimentos identificados pelas associações setoriais, dando prioridade aos que têm maiores barreiras à entrada e à concorrência: transportes (incluindo ferrovia), energia e comunicações;
  • Imposição de sunset clauses às regras de licenciamento: as regras/exigências burocráticas expiram no final de determinado prazo ou na ausência de uma clarificação relativa a um processo;
  • Reforma dos regimes de insolvência e recuperação de empresas para facilitar acordos de reestruturação, de financiamento floating charge, conversão de dívida em capital, e dar mais poder de negociação aos credores;
  • Rever o regime dos avales pessoais exigidos pelas instituições financeiras e que destroem a responsabilidade limitada das empresas (e/ou a sua capacidade de financiamento e tomada de risco);

Internacionalização

  • Reintegração da AICEP no Ministério da Economia e reforço da rede externa da agência, possibilitando a cobertura de novos mercados e o reforço das equipas e orçamentos de promoção nos mercados prioritários;
  • Criar unidades especializadas de captação de investimento direto estrangeiro na AICEP para identificar empresas com planos de investimento passíveis de serem feitos em Portugal;
  • Programa específico (com medidas fiscais e não-fiscais) para a captação de grandes projetos industriais e aproveitamento do movimento global de reorganização das cadeias de valor e nearshoring;
  • Criação de um regime de “validação prévia de Investimento” para atrair investimento privado, sobretudo IDE, incluindo através de um regime fiscal e de incentivos;

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Novo Governo quer “resolver o impasse na estrutura acionista” da Lusa

  • Lusa
  • 10 Abril 2024

O Executivo pretende "clarificar a situação da agência Lusa e resolver o impasse na sua estrutura acionista de forma equilibrada, imparcial e envolvendo todos os agentes do setor".

O Programa do XXIV Governo Constitucional prevê a manutenção da posição maioritária do Estado na agência Lusa, bem como “resolver o impasse na sua estrutura acionista”.

No documento entregue esta terça-feira na Assembleia da República, o programa do Governo liderado por Luís Montenegro diz pretender “manter a posição maioritária do Estado na Agência Lusa contribuindo para um serviço público de informação de rigor, seriedade e qualidade”.

O Executivo pretende ainda “clarificar a situação da agência Lusa e resolver o impasse na sua estrutura acionista de forma equilibrada, imparcial e envolvendo todos os agentes do setor“.

A Lusa é controlada em 50,15% pelo Estado português, sendo que a Global Media tem uma posição de 23,36% e a Páginas Civilizadas 22,35%.

O anterior Governo, chefiado por António Costa, pretendia avançar com a compra destas participações de Global Media e Páginas Civilizadas, mas o negócio acabaria por falhar. “No momento atual, não existindo um consenso político alargado, a operação revelou-se inviável”, disse o Ministério da Cultura, que tinha então a tutela, num comunicado divulgado no final de novembro.

No texto, o Ministério da Cultura afirmava que caberia “ao próximo Governo assumir as suas responsabilidades e encontrar uma solução que garanta o salutar pluralismo, independência e salvaguarda do serviço público prestado pela Lusa – essencial para o conjunto da comunicação social”.

Na altura, recorde-se, o PSD defendeu que a compra das posições da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa fosse decidida pelo Governo seguinte.

O Programa do Governo da Aliança Democrática (AD) foi aprovado esta terça-feira, na véspera de dois dias de debate no parlamento, na quinta-feira e sexta-feira.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que o documento tem como base o programa eleitoral da AD, mas incorpora mais de 60 medidas que coincidem com as de outros partidos.

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Montenegro admite “ajustar” condição de recursos do complemento para reformados

Governo compromete-se a reforçar valor de referência do complemento solidário para idosos. Proposta, que foi das mais polémicas na campanha eleitoral, consta do programa do Executivo.

O aumento do valor de referência do complemento solidário para idosos (CSI) foi uma das propostas mais polémicas apresentadas durante a campanha eleitoral e está agora incluído no programa do Governo, que foi aprovado esta quarta-feira em Conselho de Ministros. O Executivo de Luís Montenegro admite mesmo “ajustar” a condição de recursos de acesso a essa prestação, que se dirige aos reformados mais vulneráveis.

“Para combater a pobreza, reforçar gradualmente o valor do complemento solidário para idosos numa trajetória orientada para que em 2028 os reformados em situações de maior fragilidade possam ter um valor de referência garantido de 820 euros, e tendo como objetivo a equiparação ao valor do salário mínimo nacional, na legislatura seguinte. Pode, ainda, ser ponderado o ajustamento da condição de recursos de acesso“, lê-se no documento, que foi entregue no Parlamento.

O CSI, como o nome indica, é um apoio que complementa as pensões dos idosos mais vulneráveis, garantindo que têm à sua disposição, todos os meses, pelo menos um certo montante: atualmente, esse valor está fixado em 488,22 euros e o Governo quer puxá-lo para 820 até ao fim da legislatura.

Não se trata, contudo, de uma pensão mínima, já que a Segurança Social tem em conta rendimentos que vão para lá das próprias reformas, incluindo os rendimentos de capital, os rendimentos prediais, os incrementos patrimoniais, uma percentagem do património mobiliário e imobiliário, o valor pago pela Segurança Social para ajudar com o custo do lar, transferências de dinheiro realizadas por pessoas singulares ou coletivas, públicas ou privadas, e até, nalguns casos, os rendimentos dos filhos, mesmo que esses nada transfiram para os pais.

No fim do ano, Luís Montenegro acendeu a polémica, porque prometeu um “rendimento mínimo garantido por pensionista” de 820 euros até 2028. Não faltou quem pensasse que o líder do PSD estaria a prometer uma subida da pensão mínima, mas foi esclarecido que a intenção era reforçar o CSI, conforme consta agora do programa do Governo. Hoje, o CSI abrange cerca de 135 mil beneficiários.

No âmbito do envelhecimento digno, o Governo de Luís Montenegro compromete-se ainda com a criação de novos modelos e respostas sociais, que apoiem a permanência de idosos nas suas casas e com a criação de modelos que visem a sustentabilidade financeira das instituições do setor social e solidário.

Já no âmbito da Segurança Social — matéria que tem estado em foco, tendo em conta a divulgação das propostas dos especialistas que estiveram a estudar a sustentabilidade deste sistema –, o Executivo aponta para a diversificação das fontes e para a “melhoria do papel da gestão de ativos, preparando a Segurança Social pública para gerir fundos de capitalização de adesão voluntária, em competição com o setor privado e mutualista”.

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Solução para atrasos no pagamento de fundos europeus vai passar pela banca

Governo promete "máxima exigência na aprovação" dos fundos europeus, quer reforçar meios de fiscalização e controlo e aumentar a transparência. Acelerar a execução dos fundos é a grande preocupação.

O Governo quer acelerar a execução dos fundos europeus, evitar redundâncias, melhorar a fiscalização e evitar atrasos nos pagamentos aos beneficiários. Para isso, o Executivo pretende “promover soluções de cedência gratuita de liquidez, que poderão envolver a banca comercial ou o Banco de Fomento”, lê-se no programa do Governo.

Promover soluções de cedência gratuita de liquidez, que poderão envolver a banca comercial ou o BPF, para eliminação dos atrasos acumulados na disponibilização de fundos já aprovados”, é uma das sete medidas que o Governo quer lançar para que os fundos “promovam de forma efetiva o desenvolvimento sustentado e inclusivo do país”.

O ministro da Coesão, que passou a ter a tutela política dos fundos, terá a responsabilidade de assegurar que “o foco na gestão dos fundos europeus passará por eliminar redundâncias entre os vários programas, reduzir atrasos na sua implementação e alocar os recursos financeiros a projetos de elevada qualidade”. Além disso, o objetivo do Executivo é que no Estado seja “dada primazia às despesas em investimentos em substituição de despesas correntes”, ou seja, que os fundos europeus não sejam usados para pagar despesas que, na avaliação do PSD, deveriam ser suportadas pelo Orçamento do Estado.

No capítulo dos atrasos, o Governo pretende reforçar os meios humanos e tecnológicos para poder acelerar a implementação do
Portugal 2030, que tem presentemente 17,9% da dotação a concurso e apenas 413 milhões de euros executados, “e recuperar do atraso que se regista”.

Ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o objetivo é “corrigir as deficiências que têm sido identificadas pelos diferentes órgãos de supervisão, tais como a falta de capacidade para evitar o duplo financiamento e os conflitos de interesse, bem como acelerar a sua implementação“. No entanto, não são dados detalhes de como se vai conseguir acelerar a implementação, num momento em que já foram pagos 4,12 mil milhões de euros aos beneficiários finais.

O Governo pretende ainda reforçar os meios de fiscalização e mecanismos de controlo da correta aplicação dos fundos europeus, alargando canais de denúncia e reforçando as fiscalizações no local. Por outro lado, pretende aumentar a transparência das decisões de atribuição de fundos, ampliando os instrumentos de divulgação.

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Juíza tomou posse como secretária de Estado sem precisar de autorização do Conselho Superior de Magistratura

  • Lusa
  • 10 Abril 2024

A juíza Maria Clara Figueiredo tomou posse como secretária de Estado Adjunta e da Justiça sem precisar de autorização do CSM, apesar das reservas no setor relativamente às portas giratórias.

A juíza desembargadora Maria Clara Figueiredo tomou posse como secretária de Estado Adjunta e da Justiça sem precisar de autorização do Conselho Superior da Magistratura (CSM), apesar das reservas no setor relativamente às portas giratórias entre justiça e política.

Questionado pela Lusa, o CSM não quis tomar uma posição oficial sobre esta matéria, limitando-se a referir que não foi apresentado pedido de autorização e que o órgão de gestão e disciplina dos juízes foi apenas informado da situação.

Maria Clara Figueiredo tem quase 30 anos de serviço na magistratura e estava colocada no Tribunal da Relação de Évora, segundo a lista de antiguidade dos magistrados.

Em março de 2023, o CSM aprovou em plenário uma proposta de alteração ao Estatuto dos Magistrados Judiciais (EMJ) para limitar a circulação de juízes entre carreiras, com passagens pela política e regressos à justiça, um tema que também já tinha sido anteriormente alvo da atenção da Associação Sindical de Juízes Portugueses.

Segundo a proposta, que resultou da ação de um grupo de trabalho constituído em 2022 pelo presidente do CSM e do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Henrique Araújo, os juízes que saíssem para comissões de serviço em cargos políticos ou outros cargos públicos teriam de o fazer ao abrigo de licenças sem vencimento prévias.

Os juízes que depois regressassem ficariam impedidos de exercer funções jurisdicionais durante três anos, ou seja, não poderiam decidir processos, ficando remetidos a cargos técnicos e de assessoria nos tribunais.

Contudo, a proposta de alteração do EMJ enviada ao anterior governo acabou por não ter qualquer desenvolvimento, com a redação ainda em vigor a permitir a nomeação de juiz para membro do Governo sem autorização prévia do CSM.

Henrique Araújo, que termina o mandato em maio por atingir o limite de 70 anos de idade, informou a Lusa, através da assessoria do STJ, que não está disponível para comentar este caso. Porém, o presidente do STJ já criticou por diversas vezes o regime de comissões de serviço e a circulação de juízes entre a justiça e a política.

Para o vice-presidente da Frente Cívica, João Paulo Batalha, a nomeação de juízes para funções governativas e cargos públicos de confiança política “é uma questão sensível” e pode colocar em causa a perceção de independência da magistratura.

“Não é por acaso que tem sido colocada no debate público pela própria magistratura, porque este fenómeno de portas giratórias de magistrados de carreira que fazem algumas interrupções para exercer cargos políticos ou de nomeação política cria depois problemas”, referiu, continuando: “Pode sempre haver perceções negativas relacionadas com o facto de juízes que exerceram cargos de nomeação pública de algum governo estarem em processos que digam respeito a pessoas ligadas ao mesmo governo”.

O especialista em ética e transparência lembrou ainda que o programa eleitoral da AD (Aliança Democrática) tinha “um compromisso que parece útil” sobre o tema, sobretudo se em termos legislativos criar um impedimento, mas visou o entendimento dos partidos da coligação de que o impedimento seria para exercício de altos cargos públicos e não de cargos políticos.

“Não faz sentido rigorosamente nenhum. Parece que há aqui uma enorme incongruência”, criticou João Paulo Batalha, considerando que a prática de recrutar magistrados para cargos políticos “não vale o prejuízo”, porque “está a minar a imagem de confiança e de independência das magistraturas”.

De acordo com os dados do último relatório anual do CSM disponível, referentes a 2022, existiam então 133 juízes em comissões de serviço, sendo que algumas já vinham de anos anteriores.

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Processo para rever carreiras na PSP e GNR “com caráter prioritário”

  • Lusa
  • 10 Abril 2024

Governo vai iniciar "com caráter prioritário" um processo para dignificação das carreiras e valorização profissional e remuneratória dos polícias, sem especificar se vai aumentar o subsídio de risco.

O Governo vai iniciar “com caráter prioritário” um processo para “dignificação das carreiras” e “valorização profissional e remuneratória” dos polícias, segundo o programa entregue esta quarta-feira na Assembleia da República, sem especificar se vai aumentar o subsídio de risco.

“Encetar, com caráter prioritário, um processo de dignificação das carreiras e de valorização profissional e remuneratória dos homens e mulheres que servem nas forças de segurança, estimulando e impulsionando as adequadas motivações profissionais desde a base da pirâmide até às chefias e procurando recuperar a atratividade das carreiras de segurança“, refere o programa do Governo no capítulo dedicado à segurança.

No documento, o executivo liderado por Luís Montenegro precisa também que quer “encetar um processo para recuperar a atratividade das carreiras de segurança, designadamente, por via da referida revisão remuneratória”.

A atribuição de um suplemento de missão aos polícias, idêntico ao que foi atribuído pelo anterior Governo aos elementos da Polícia Judiciária, é a principal reivindicação dos elementos da PSP e da GNR, que protagonizaram vários protestos nos primeiros dois meses do ano.

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Governo quer rever modelo das ULS e direção executiva do SNS

O Executivo de Luís Montenegro promete "reformular a direção executiva do SNS", nomeadamente no que concerne às suas "competências funcionais", de modo a dar resposta "mais adequada" à saúde.

O Governo liderado por Luís Montenegro compromete-se a rever a planificação das Unidades Locais de Saúde (ULS), nomeadamente aquelas que “integram hospitais universitários”. Por outro lado, quer ainda avançar com “Sistemas Locais de Saúde flexíveis” recorrendo a “entidades públicas, privadas e sociais” e “reformular a direção executiva do SNS”.

Entre os compromissos assumidos no programa de Governo, entregue esta quarta-feira na Assembleia da República, está a avaliação do “desempenho das Unidades Locais de Saúde”, bem como a revisão da sua “planificação com particular destaque para as que integram hospitais universitários”.

A generalização das ULS, organismos que integram hospitais e centros de saúde numa mesma instituição de gestão, era, aliás, uma das medidas principais da reorganização do SNS desencadeada pelo anterior Executivo, liderado por António Costa. Não obstante, a aplicação deste modelo nos maiores hospitais levou ao pedido de demissão de Ana Paula Martins, agora ministra da Saúde, do cargo de presidente do Hospital Santa Maria.

“Não discordo do modelo de ULS, discordo do modelo ULS para um hospital universitário”, justificou na altura, em entrevista ao Público a agora ministra, referindo que um hospital universitário “não pode e não deve ser financiado por capitação” (modelo de financiamento das ULS em que há um valor de referência por utente).

O Governo compromete-se ainda a avançar com “Sistemas Locais de Saúde flexíveis com participação de entidades públicas, privadas e sociais“, bem a “reformular a direção executiva do SNS”, nomeadamente no que diz respeito às “suas competências funcionais” de modo a tornar a simplificar a entidade e torná-la “menos verticalizada e mais adequada à complexidade das respostas em saúde” e com “articulação entre redes de cuidados e modelos de contratualização e financiamento, infraestruturas, recursos humanos e transformação digital na saúde”. Esta intenção já constava no programa eleitoral da Aliança Democrática (AD).

Da revisão da carreira dos gestores hospitalares ao programa de saúde oral com privados

Além de várias medidas que já constava no programa eleitoral como a redefinição da rede de urgências, a abertura de novas unidades de cuidados paliativos e unidades de cuidados continuados ou a complementação de um plano de motivação dos profissionais de saúde – o programa de Governo traz também outras novidades para o setor da saúde.

O Executivo promete “rever a carreira da administração hospitalar, qualificando a gestão das unidades de saúde”, bem como a avançar com um “novo programa nacional de Saúde Oral com unidades privadas de Medicina Dentária“, definindo como meta que este seja apresentado até ao final de 2024″.

Por outro lado, quer “alargar os cuidados prestados pelas farmácias comunitárias”, de modo a garantir “uma maior proximidade aos cidadãos nas áreas de competências das mesmas”.

Numa altura em que há cerca de 1,5 milhões de portugueses sem médico de família atribuído, o Executivo compromete-se a assegurar consultas “em tempo útil até ao final de 2025”, começando “pelas pessoas mais frágeis”. Esta medida insere-se no plano de Emergência do SNS que vai ser apresentado a 2 de junho e que visa também “garantir que os tempos máximos de resposta são garantidos, para consultas de especialidade, e cirurgias e meios complementares de diagnóstico e terapêutica”.

Ainda para reforçar a rede de cuidados primários, o Executivo promete “promover incremento sustentado das USF modelo B em todo o território nacional”, em que os profissionais são remunerados mediante indicadores de desempenho. Além disso, quer “abrir projetos pilotos de USF modelo C”, “reforçar as equipas de apoio domiciliário” e “alargar a implementação de consultas de psicologia clínica, terapia de reabilitação e nutrição” nos centros de saúde.

(Notícia atualizada)

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Governo compromete-se a aumentar salário mínimo nacional em linha com inflação e produtividade

Montenegro inclui no programa do Governo a promessa que tinha feito na campanha: aponta salário mínimo para mil euros até 2028. Defende aumentos em linha com inflação e ganhos de produtividade.

O Governo de Luís Montenegro quer que o salário mínimo nacional chegue aos mil euros até 2028, comprometendo-se para isso a fazer aumentos em linha com a inflação acrescida dos ganhos de produtividade “como regra geral”. Compromisso consta do programa do Governo, que foi aprovado esta quarta-feira em Conselho de Ministros e entregue no Parlamento.

O aumento do salário mínimo para mil euros até ao final da legislatura já estava no programa eleitoral da Aliança Democrática (coligação que juntou o PSD ao CDS e ao PPM), sendo que também o PS o defendia.

Consta agora do programa do Governo, que também inclui a promessa de ser criada uma comissão técnica independente que avalie o impacto das subidas do salário mínimo nacional no emprego e “proponha políticas a médio prazo tendo em vista a redução da pobreza e a dignidade no emprego dos trabalhadores com baixos salários”.

Importa notar que nos primeiros anos do Governo de António Costa chegou a ser feito um acompanhamento dos efeitos da evolução do salário mínimo nacional, que subiu de 505 euros em 2015 para 820 euros em janeiro deste ano.

Ainda no capítulo dedicado aos salários e à captação de talento, o Governo de Luís Montenegro compromete-se a potenciar as relações laborais estáveis, e a apostar na “maior adaptabilidade dos tempos e modos de trabalho de forma a dar resposta aos desafios que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional colocam aos trabalhadores e empresas”, isto é, quer facilitar a transição entre teletrabalho e trabalho presencial e entre diferentes regimes de horário.

O Governo quer ainda introduzir a reforma a tempo parcial para prolongar a vida ativa e procurar convergência na Concertação Social em torno do objetivo de aumentar a produtividade.

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