REN melhorou proposta salarial mas sindicatos dizem que ainda é fraca

  • Lusa
  • 29 Fevereiro 2024

A empresa propôs uma atualização salarial de 2,9%, com um mínimo de 60 euros. A proposta “ainda é muito fraca, mas pelo menos mostra que têm vontade de evoluir", dizem sindicatos.

A REN melhorou a sua proposta salarial nas negociações com os trabalhadores, mas os sindicatos consideram que continua a ser “muito fraca”, disse à Lusa Joaquim Gervásio, da Fiequimetal. Segundo o dirigente da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal), na reunião a empresa propôs uma atualização salarial de 2,9%, com um mínimo de 60 euros.

Anteriormente, indicou, o grupo tinha apresentado uma proposta de aumento de 2,5%, com um mínimo de 40 euros, referiu. A proposta “ainda é muito fraca, mas pelo menos mostra que têm vontade de evoluir, pelo menos a chegar a um mínimo igual ao do salário mínimo nacional”, disse Joaquim Gervásio.

A Fiequimetal quer atribuir um valor absoluto a cada trabalhador em vez de optar por uma percentagem, referiu. “Estão muito longe de nós, mas pelo menos mostram que têm vontade negocial, o que já não é mau”, disse. Ficou marcada uma reunião para o dia 14 de março para continuar as negociações, sendo que os sindicatos irão agora analisar a proposta da REN.

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Operação Marquês. Ida de Salgado para a prisão depende de médicos e de nova perícia, decide Supremo

Recurso de Salgado confirmou a pena a oito anos por três crimes de abuso de confiança. Mas o ex-banqueiro pode ter pena suspensa com nova perícia que confirme a fase de Alzheimer do arguido.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a condenação de oito anos por abuso de confiança aplicada a Ricardo Salgado – no âmbito da Operação Marquês – mas admite que pode vir a ser suspensa antes de começar a ser cumprida. Nova perícia e diagnóstico dos médicos serão decisivos para saber se o ex-banqueiro vai ou não para a cadeia.

Ou seja, o recurso é improcedente mas é favorável ao arguido na medida que os juízes acrescentam que “sem prejuízo porém dessa verificação cautelar avaliativa (que será feita pelos médicos) até à detenção do arguido”.

En passant, não cremos que se deva concluir (…) que a competência para a suspensão da execução da pena deva ser aferida apenas ou necessariamente apenas pelo tribunal de execução de penas mas, antes, nada impede (…) que a sua avaliação seja ou possa ser efetuada desde o momento em que seja possível e justificado, o que poderá ocorrer bem antes do início de execução da pena”, dizem os juízes conselheiros.

“Se, até ao início da execução da pena e desde que a anomalia psíquica superveniente ao crime seja detetada, havendo elementos suficientes que a comprovem no sentido em que a mesma determine e justifique uma suspensão, ela pode e deve ser aplicada mesmo antes da respetiva execução”:

Ou seja, o STJ contraria a tese dos anteriores acórdãos – de primeira instância e da Relação de Lisboa–- que diziam que a doença de Alzheimer e consequente pena suspensa só faria sentido ser decidida pelo Tribunal de Execução de Penas. Cuja função é o de garantir os direitos dos reclusos, pronunciando-se sobre a legalidade das decisões dos serviços prisionais. Agora, os juízes conselheiros defendem que essa avaliação deve ser feita à priori, antes de Salgado entrar na cadeia.

Continuando, diz o Supremo que “se a incapacidade de compreensão, entendimento e adaptação ao sentido e finalidade da pena fosse já de tal modo grave que não colocasse dúvidas relevantes, também não vemos impossibilidade legal direta e decisiva no sentido de declaração suspensiva mesmo antes da fase de execução propriamente dita”, explicam.

“Numa situação clínica em que seja evidente, indubitável, seguro e convincente a inapropriedade de aplicação da pena de prisão, face à doença indicada (ou outro tipo qualquer de anomalia psíquica superveniente ao crime) seria de todo injustificável e desumano sujeitar o condenado à execução da pena ou mesmo a iniciá-la para depois a suspender. Por isso, a Justiça deixa nas mãos de médicos especialistas para se concluir se Ricardo Salgado terá ou não de se apresentar na prisão.

Em janeiro, mais uma perícia independente confirmou que Ricardo Salgado sofre da doença. O relatório foi assinado por uma neurologista, um psiquiatra e uma consultora de psicologia do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF). “A doença de Alzheimer é causa mais provável do quadro clínico do arguido”, dizia a perícia médica de quase 50 páginas. Já em dezembro, Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) confirmou: o ex-banqueiro está no segundo grau mais grave da doença, com “dependência de terceiros para algumas atividades básicas”. O ex-presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado, apresentou, a 30 de outubro, uma reclamação para que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) admitisse o recurso da pena de oito anos de prisão a que foi condenado no processo da Operação Marquês. Recurso esse que foi agora decidido pelo STJ.

Em maio, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) aumentou a pena de prisão efetiva – da primeira instância – de Ricardo Salgado de seis anos para oito anos pelos três crimes de abuso de confiança, que saíram da Operação Marquês.

Ricardo Salgado (E), ex-presidente do BES, à saida do Tribunal Central de Instrução Criminal para uma audição no âmbito da Operação Marquês, Lisboa, 8 de julho de 2019. . MANUEL DE ALMEIDA/LUSAMANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Em causa está o processo separado da Operação Marquês, no qual o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) foi condenado na primeira instância, em março de 2022, a seis anos de prisão efetiva por três crimes de abuso de confiança.

À data, o juiz presidente do coletivo, Francisco Henriques — o mesmo que pertencia ao coletivo que julgou Armando Vara por um crime de lavagem de dinheiro, também saído do Marquês — não leu sequer o que se poderia chamar de uma súmula do acórdão. Limitou-se a dizer que crimes estavam em causa, baseados em que transferências e valores correspondentes, a que penas Salgado estava condenado (quatro por cada um dos crimes) e a pena final, por cúmulo jurídico, de seis anos.

Mas um dos aspetos essenciais e que mais curiosidade suscitava neste processo em concreto era o de saber até que ponto a doença de Alzheimer de Salgado seria ponderada para a aplicação da pena. No acórdão, o juiz considerou que ficou provado que o ex-banqueiro sofre desta doença neurológica mas não referiu esse mesmo estado de saúde ao aplicar a pena de prisão efetiva de seis anos. Por um lado, admitiu que existia mas, por outro não ponderou esse fator para a aplicação da pena.

O ex-banqueiro esteve acusado de 21 crimes no processo Operação Marquês mas, na decisão instrutória proferida em 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa deixou cair quase toda a acusação que era imputada ao arguido. Ricardo Salgado acabou pronunciado por apenas três crimes de abuso de confiança, devido a transferências de mais de 10 milhões de euros, para um julgamento em processo separado.

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Execução do PT2030 inferior à do quadro anterior

PT2030 apresenta uma taxa de execução de 1,8% em janeiro de 2024. No período homólogo, o PT2020 já tinha executado 2% da sua dotação, se não forem tidos em conta os fundos para a agricultura.

O Portugal 2030 (PT2030) tem 503 operações aprovadas até 31 de janeiro e 413 milhões de euros de fundo executado, ou seja, uma taxa de 1,79%, segundo o último boletim de monitorização. Um desempenho inferior ao registado no Portugal 2020, no período homólogo.

O novo quadro comunitário de apoio tem 840 milhões de euros de fundo aprovado e 413 milhões de euros de fundo executado, sendo que a maior parte deste desempenho é da responsabilidade do programa Pessoas 2030 que tem já 363,8 milhões de euros executados, dos 594 milhões aprovados, num total de 429 operações aprovadas.

“O Pessoas 2030 está ainda numa fase de arranque, já tem muitos avisos lançados, as candidaturas já foram apresentadas e estamos agora a pagar adiantamentos. Só depois é que virá a execução”, disse ao ECO Ana Coelho, a gestora do Programa.

A responsável revelou ainda que “o Pessoas 2030 ainda não fez nenhum pedido de pagamento a Bruxelas”. “Olhando para a cadeia de execução do Pessoas 2030, o foco da execução são os meses de novembro, dezembro, janeiro, porque as coisas demoram a arrancar”, explicou Ana Coelho. “Agora a despesa tem de ser certificada, vista pela equipa de auditoria, depois vai para Bruxelas que tem cerca de 60 dias para analisar e reembolsar. Estamos a lidar com prazos que são bastante longos e que nestas fases ainda não entraram em velocidade cruzeiro”, acrescentou.

Em termos de operações aprovadas segue-se o Compete 2030 (27), o Lisboa 2030 (14), o Programa de Assistência Técnica (nove), o Norte 2030 (oito), o Centro 2030 (sete) e o Algarve 2030 (cinco). Em termos globais, 3,7% do fundo programado já foi aprovado.

As operações aprovadas incidem em áreas ligadas à formação superior, igualdade de acesso a serviços de educação, nomeadamente no que se refere à recuperação de aprendizagens, qualificação e internacionalização de empresas e assistência técnica.

Só o Mar 2030 ainda não tem nenhuma operação aprovada, mas o Alentejo 2030, Açores 2030 e Madeira 2030 só têm uma operação aprovada cada um.

Em termos de execução o segundo e terceiro lugar do pódio são ocupados, respetivamente pelo Açores 2030 (45,6 milhões de euros), o Alentejo 2030 (2,3 milhões de euros). O programa da assistência técnica está em quarto com 1,6 milhões executados. Os restantes programas ainda não têm quaisquer fundos executados.

Este desempenho compara com uma taxa de execução de 4% do Portugal 2020, em dezembro de 2015 (na altura não havia um reporte mensal dos fundos e, por isso, não é possível saber a taxa de execução a 31 de janeiro de 2016, o ano comparável do quadro anterior com 31 de janeiro de 2024).

Mas é preciso ter em conta que no PT2020 a agricultura estava incluída e nessa altura já contava com uma taxa de execução de 14% influenciando muito positivamente os dados globais. Sem isso a taxa de desceria para 2%, num total de 579 milhões de euros executados – ou seja, acima do executado no PT2030.

Já o Programa Operacional Capital Humano, o antecessor do Pessoas 2020, a 31 de dezembro de 2015 já tinha 370 milhões de euros, ou seja, uma taxa de execução era de 12%, metade face ao desempenho do Pessoas 2030, mas a dotação do programa também era quase o dobro.

A monitorização mensal do PT2030 revela ainda que dos 3.688 milhões de euros colocados a concurso, 46% são referentes ao Fundo Social Europeu e 32% ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder).

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Livre já admite entendimentos à direita sem Chega

Pela primeira vez, Rui Tavares admite "dialogar" com a "direita democrática", mas afasta qualquer acordo de governação, clarificou mais tarde fonte oficial do partido.

Pela primeira vez, o porta-voz do Livre, Rui Tavares, admite entendimentos à direita, mas sem o Chega. Questionado sobre cenários pós-eleitorais, Tavares afirmou, esta quinta-feira, numa ação de campanha no centro de saúde de Odemira, que “a direita democrática tem de ter com quem dialogar”. Mais tarde, fonte oficial do partido explicou ao ECO que não está em causa qualquer possibilidade de acordo de governação com a direita.

E acrescentou que quando a direita, formada pela Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, e Iniciativa Liberal (IL), clarificar “que não conta com a extrema-direita para nada, é possível fazer muita coisa em conjunto que é necessária para melhorar a nossa democracia”, acrescentou.

“Há caminho a fazer, não é em tudo, não temos a mesma visão sobre o SNS. A direita propõe coisas para o SNS que não é o que a maior parte das pessoas quer, porque têm medo de perder o que lhes tem servido, mas há questões democráticas nas quais podemos dialogar”, referiu.

No esclarecimento enviado ao ECO, a assessoria do Livre explicou que a disponibilidade para o diálogo cinge-se a “temas como revisões constitucionais, que necessitem de consensos alargados, e não para a governação”. Se a direita ganhar, o Livre vinca que “será oposição, dialogando”. “Se a esquerda ganhar, faremos parte da solução”, segundo a mesma fonte oficial.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República. A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.

(Notícia atualizada com os esclarecimentos prestados pelo Livre)

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Emigração portuguesa para o Reino Unido no valor mais baixo em 13 anos

  • Lusa
  • 29 Fevereiro 2024

Na segurança social britânica em 2023 estavam registados menos portugueses do que em 2020 (6.664), mantendo o declínio acentuado desde 2019.

No ano passado emigraram para o Reino Unido 4.408 portugueses, o número mais baixo em pelo menos 13 anos, de acordo com as estatísticas da Segurança Social britânica publicadas esta quinta-feira.

O Ministério do Trabalho britânico indicou ainda que no ano passado se registaram, na segurança social, menos portugueses do que em 2020 (6.664), quando as restrições relacionadas com a pandemia covid-19 fizeram descer abruptamente a emigração portuguesa para o Reino Unido.

A inscrição na segurança social, compulsória para poder trabalhar ou receber apoios sociais no país, é uma forma de calcular fluxos demográficos. O valor de 2023 representa uma descida de 44% face aos 7.941 registos de portugueses em 2022, mantendo o declínio acentuado desde 2019.

A imigração europeia no Reino Unido também tem vindo a descer desde o início do processo de saída do país da União Europeia em 2016.

Esta quinta também foram divulgados os últimos dados sobre o Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia, que contabilizou 512.680 candidaturas por cidadãos portugueses até 31 de dezembro de 2023 para obter uma autorização de residência, das quais 506.440 foram concluídas.

Destes, 278.600 portugueses receberam um título de residência permanente, 170.990 um título provisório e 56.840 tiveram os processos rejeitados ou invalidados. O número de candidaturas não é equivalente ao número de portugueses residentes no Reino Unido, estimado em cerca de 450 mil, pois algumas são repetidas.

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Sabseg Group fechou a aquisição da Sabseg Portugal

O negócio de troca de participações entre Sabseg e a Miura Partners está concluído. Miguel Machado vai liderar a gestão de Portugal. Querem ser os maiores corretores independentes na Ibéria.

O Grupo Sabseg, corretor espanhol de seguros independente, selou a aliança com a Sabseg Seguros, a maior sociedade corretora de seguros em Portugal. Em conjunto, o grupo fechou 2023 superando os 530 milhões em prémios intermediados, um crescimento de 18%, excluindo aquisições, em relação ao ano anterior. A Sabseg, agora ibérica, quer duplicar esse atual volume de prémios intermediados para 1.000 milhões de euros dentro de cinco anos.

Miguel Machado continuará a liderar os negócios da Sabseg em Portugal e países lusófonos para além de uma posição de referência na estrutura ibérica.

A equipa de gestão, liderada pelo seu presidente e CEO Miguel Machado, continuará a assumir o projeto em Portugal e nos países de língua portuguesa. Miguel Machado vai reinvestir e torna-se o acionista de referência no Sabseg Group, com posição na administração do grupo ibérico.

“O nosso objetivo é sermos número 1 na península ibérica entre os grupos de corretagem independentes”, diz Miguel Machado, acrescentando que irão prosseguir com passos para crescer negócios em Portugal que considera ter um mercado de corretagem muito “atomizado”. Vê ainda oportunidades de crescimento em Espanha, país em que, por exemplo, os seguros de acidentes de trabalho não são obrigatórios.

Miguel Machado, conclui que “com esta aliança a Sabseg fica muito mais forte, ao mesmo tempo que iniciamos um novo capítulo na nossa história de sucesso. Além disso, estamos perfeitamente alinhados com nossos novos parceiros. A sua visão e ambição de crescimento enquadram-se nos nossos valores fundadores”.

Carles Alsina, CEO do Grupo Sabseg, disse ao fechar o acordo esta quinta-feira: “Estamos muito satisfeitos por termos fechado a aliança com a Sabseg Seguros, incorporando ao grupo o maior corretor de Portugal, além de experiência, capacidades e extensa rede comercial”. Alsina reforçou que esta operação “confirma a nossa estratégia baseada na incorporação de corretores adequados, num forte investimento em tecnologia e na aposta no talento das equipas, ao mesmo tempo que definimos o rumo do nosso plano de crescimento que visa atingir 1.000 milhões de prémios nos próximos cinco anos”.

A operação, que teve assessoria financeira da Clearwater International, estabeleceu que a entrada no capital foi realizada através da aquisição de uma participação de 60% da holding portuguesa Sabseg, S.A, pelo Miura Fund III, um fundo gerido pela catalã Miura Partners, SGEIC, assumindo assim o controlo indireto na Sabseg – Corretor de Seguros, S.A, a maior sociedade com autorização da ASF para operar na corretagem de seguros em Portugal.

A Sabseg Corretora obteve, em 2022, um volume de negócios superior a 36 milhões de euros atingindo quase sete milhões de euros de lucros, sendo ambos os indicadores cerca de 15% superiores aos obtidos em 2021, enquanto a Sabseg S.A., também em 2022, atingiu um lucro líquido de 6,8 milhões de euros e um EBITDA de 7,3 milhões de euros.

Os valores do negócio não foram revelados, mas fonte familiar à transação indicou que a avaliação da empresa, em junho passado, estaria próximo dos 200 milhões de euros.

Carlos Alsina, CEO do Sabseg Group: “O rumo do nosso plano de crescimento que visa atingir 1.000 milhões de prémios nos próximos cinco anos”.

Por sua vez, a Sabseg SA passou a deter 40% do capital da espanhola Sabseg Group e impôs o seu nome ao novo conglomerado, quando a ele se juntou nas conversas preparatórias realizadas no ano passado. Segundo ECOseguros apurou, os acionistas principais da Sabseg S.A. que, para além de Miguel Machado, são Fernando Araújo, Mário Ferreira, Inácio Sousa e José António Pereira, vão manter as suas participações proporcionais na nova estrutura, bem como as suas atuais funções na gestão.

A Sabseg Seguros foi fundada em 1999, está presente, com 38 escritórios próprios, em Portugal, tendo também escritórios no Brasil, em Angola e em Moçambique. Emprega mais de 300 colaboradores, indica que gere anualmente mais de 350 milhões de euros em prémios de seguro e que conta com mais de 200 mil clientes particulares e empresariais.

Já a Sabseg Group acelerou a sua consolidação em Espanha, incorporando cinco corretoras nos últimos seis meses: Adell, Poolsegur, Carantia, ICBA e Arrenta. Após estas aquisições, o grupo reafirma o seu modelo de crescimento e proposta de valor baseado na “incorporação de corretoras líderes por nicho de especialidade e abrangência geográfica”. Nesse sentido, o Sabseg Group assumiu posição relevante nos segmentos empresarial, agrícola, crédito e fiança, crédito internacional, náutico, clientes particulares e arte, além de oferecer seguros gerais.

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Governo lança novo apoio à formação de trabalhadores de empresas que parem produção

Empresas que parem a produção para se adaptarem, por exemplo, a alterações tecnológicas têm direito a um novo apoio financeiro à formação dos trabalhadores. Dotação, para já, é de 10 milhões de euros.

As empresas que parem a sua produção para fazerem alterações tecnológicas ou automatizarem os processos vão ter acesso a um novo apoio à formação dos trabalhadores. Em declarações ao ECO, o secretário de Estado do Trabalho explica que o objetivo é “incentivar a mudança no seio do tecido empresarial“, mas também prevenir o desemprego desses trabalhadores. A dotação desta medida, para já, é de 10 milhões de euros, mas Miguel Fontes sinaliza que tal será reavaliado em função da adesão dos empregadores.

“Que não seja pelo receio das dificuldades na organização do trabalho que as empresas tenham qualquer inibição em modernizarem os seus modelos de negócio. Queremos incentivar a mudança no seio do tecido empresarial”, sublinha o responsável, em conversa com o ECO no dia em que foi publicada em Diário da República a portaria que fixa as regras do Qualifica On.

Este apoio dirige-se, convém detalhar, às empresas que estejam em “processo de reestruturação da organização produtiva, com momentos de paragem na produção, que decorra, nomeadamente, de alterações tecnológicas, nas técnicas ou processos de fabrico, automatização de instrumentos de produção, de controlo ou de movimentação de cargas, bem como informatização de serviços ou automatização de meios de comunicação”.

Estão abrangidos empregadores de todos os setores, desde que tenham a situação contributiva e tributária regularizada, não tenham salários em atraso, e não tenham feito despedimentos nos últimos três meses.

Cumpridos estes critérios, estão disponíveis apoios tanto para cobrir os custos de formação (7,12 euros por cada hora) como os custos com salários (7,5 euros por hora).

Ou seja, no total, o empregador pode receber até cerca de 15 euros por hora por trabalhador em formação, sendo que, no máximo, cada empregado pode fazer 200 horas de formação.

“O objetivo é que os trabalhadores não sintam qualquer diferença no seu quotidiano laboral“, salienta o secretário de Estado do Trabalho. Por outras palavras, os trabalhadores abrangidos não devem sofrer qualquer corte salarial, ainda que estejam em formação.

A formação, importa ainda realçar, pode ser ministrada de modo presencial, misto ou à distância. As horas cumpridas neste âmbito não são contabilizadas para efeito de cumprimento da obrigação de promoção de formação contínua obrigatória prevista no Código do Trabalho.

Os empregadores interessados devem pedir este apoio ao Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), sendo que o concurso para o fazerem ainda será lançado.

Para já, e tendo em conta o “caráter inovador” deste medida, o secretário de Estado não adianta quantos empregadores e trabalhadores deverão ser abrangidos.

De notar que, perante a crise internacional, o Governo lançou no final do verão um apoio semelhante, o Qualifica Indústria, mas só para as empresas dos setores afetados por quebras de encomendas, como o têxtil e o calçado. Ao ECO, Miguel Fontes adianta que agora o Qualifica Indústria será também alargado à indústria automóvel.

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Numa semana, já foram feitos mais de 55 mil pedidos para devolução de propinas

Há uma semana passou a estar disponível o formulário para que os jovens trabalhadores que concluíram o Ensino Superior e que estejam a trabalhar em Portugal possam pedir a "devolução" de propinas.

No espaço de uma semana, já foram submetidos 55.685 pedidos do prémio salarial de valorização das qualificações, que também ficou conhecido por “devolução de propinas” e é dirigido aos recém-licenciados que fiquem a trabalhar em Portugal, de acordo com os dados consultados pelo ECO no portal ePortugal ao início da tarde.

Este prémio pode ser pedido pelos jovens até aos 35 anos (inclusive), que tenham concluído a licenciatura ou o mestrado no ensino público ou privado e que estejam a ganhar rendimentos de categoria A (rendimentos de trabalho dependente) ou B (rendimento empresariais e profissionais) do IRS, isto é, também os recibos verdes estão abrangidos. Além disso, devem ser residentes em território nacional e ter a situação tributária e contributiva regularizada.

O pedido para o prémio salarial é feito exclusivamente online através do ePortugal, sendo que o formulário começou a estar disponível na passada quinta-feira, 22 de fevereiro. Pode ser pedido até 31 de maio.

Este prémio é pago anualmente pela Autoridade Tributária “por transferência bancária, através do international bank account number (IBAN) constante do sistema de registo de contribuintes”, durante o número de anos de duração regular do ciclo de estudos. E não está sujeito a IRS ou contribuições sociais.

Neste contexto, cumpridos os requisitos, quem tenha terminado a licenciatura terá direito um apoio anual de 697 euros, enquanto no caso do mestrado o prémio é, no máximo, de 1.500 euros por ano.

De acordo com o Orçamento do Estado para 2024, o Governo espera gastar 215 milhões de euros este ano com a devolução integral das propinas nos primeiros anos de trabalho declarado em Portugal.

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Brasil defende imposto global para super-ricos

  • Lusa
  • 29 Fevereiro 2024

“Apesar dos avanços recentes, é um facto inquestionável que os bilionários do mundo continuam a evadir os nossos sistemas tributários por meio de várias estratégias", disse o ministro brasileiro.

O ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, defendeu esta quinta-feira a criação de imposto global para os super-ricos na abertura de uma reunião do G20. “Tenho a certeza de que há muito que os países podem fazer por si mesmos, no entanto, soluções efetivas para que os super-ricos paguem a sua justa contribuição em impostos dependem de cooperação internacional”, disse Haddad na abertura do segundo dia da reunião de ministros das Finanças e governadores de Bancos Centrais do G20.

O ministro brasileiro participou presencialmente na abertura dos trabalhos do segundo dia da cimeira, que reúne em São Paulo, capital financeira do Brasil, representantes do grupo das vinte maiores economias do mundo e países convidados, incluindo Portugal, representado pelo ministro da Finanças, Fernando Medina.

Haddad mencionou o avanço da cooperação internacional nos últimos dez anos no que se refere à troca de informações, transparência e níveis mínimos de tributação, citando ações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a Organização das Nações Unidas e o próprio G20.

“Apesar dos avanços recentes, é um facto inquestionável que os bilionários do mundo continuam a evadir os nossos sistemas tributários por meio de várias estratégias. O mais recente relatório do EU Tax Observatory sobre evasão fiscal demonstrou que pagam uma alíquota efetiva equivalente a entre zero e meio por cento da sua riqueza”, apontou. O ministro brasileiro das Finanças exortou por isso os países membros do G20 a agirem juntos para taxar os bilionários levando-os a darem a sua contribuição para as “sociedades e para o desenvolvimento sustentável do planeta”.

Haddad também defendeu que a tributação da riqueza se torne um terceiro pilar na agenda e cooperação da agenda tributária internacional, e pediu que as Nações Unidas e a OCDE juntem esforços para avançar na agenda de cooperação tributária. Assim, segundo o ministro brasileiro, será possível diminuir as oportunidades que um pequeno número de bilionários “continue tirando proveito de buracos nos sistemas tributários para não pagar a sua devida contribuição”.

O representante do Governo brasileiro anunciou que pretende apresentar uma declaração conjunta sobre tributação internacional até julho. “Quero anunciar que esta Presidência procurará construir uma Declaração do G20 sobre tributação internacional até a nossa reunião ministerial em julho. Consultaremos todos os membros e trabalharemos em conjunto para termos um documento equilibrado, porém ambicioso, que reflita as nossas legítimas aspirações”, concluiu.

O Brasil, que detém a presidência do fórum que reúne as maiores economias do mundo, é o anfitrião desta primeira reunião ministerial no domínio das finanças do G20. Os encontros acontecem em São Paulo, onde 450 delegados em representação dos membros do G20 e dos nove países e 17 organizações internacionais convidadas estão presentes.

Portugal estará presente em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho do G20, a nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras, culminando a presidência brasileira com a Cimeira de chefes de Estado e de Governo, que será realizada no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro. Angola foi também convidada pela presidência brasileira e marca presença em São Paulo com uma delegação chefiada pela ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa.

A reunião, que conta também com a presença dos governadores dos Bancos Centrais (sem a presença de Mário Centeno, de Portugal) decorre num contexto global volátil, marcado por novas tensões geopolíticas e em pleno debate sobre o ritmo da flexibilização monetária, na sequência da escalada inflacionista pós-pandemia

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Autarca de Viseu preocupado com redução de voos da carreira aérea que liga Trás-os-Montes ao Algarve

  • Lusa
  • 29 Fevereiro 2024

A Sevenair informou que a carreira aérea Trás-os-Montes-Algarve tem um novo horário e menos voos, com dois dias sem serviço, outros sem escala em Vila Real e outros só com ligação Bragança-Cascais.

O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas (PSD), mostrou-se esta quinta-feira preocupado com a redução de voos da carreira aérea que liga Trás-os-Montes ao Algarve, que deixa a região servida apenas três dias da semana. “Não nos agrada, achamos que é muito redutor em relação ao serviço que prestava”, afirmou Fernando Ruas aos jornalistas, no final da reunião do executivo camarário.

Na última noite, a empresa que presta o serviço, a Sevenair, informou que a carreira aérea Trás-os-Montes-Algarve tem um novo horário e menos voos, com dois dias sem serviço, outros sem escala em Vila Real e outros só com ligação Bragança-Cascais.

O contrato da concessão do serviço de transporte aéreo regular Bragança/Vila Real/Viseu/Cascais/Portimão terminou na quarta-feira. Na semana passada, fonte oficial do gabinete do secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas tinha dito à agência Lusa que o Governo e a Sevenair “encontraram uma solução contratual transitória” para que a ligação aérea não fosse interrompida a partir desta quinta-feira.

“Para além de ser uma situação provisória, ainda por cima é provisória e redutora”, lamentou Fernando Ruas, acrescentando que Viseu só ficará servido por voos à segunda-feira, sexta-feira e sábado.

Segundo o grupo Sevenair, no âmbito do novo horário que vigorará até 07 de junho, os voos de segunda e sexta-feira são feitos em todas as escalas, às terças e quintas-feiras os voos são diretos entre Bragança e Cascais e aos sábados não há escala em Vila Real. Às quartas-feiras e domingos não há voos.

A carreira é deficitária e o Governo fazia um grande esforço para que o interior tivesse um meio expedito. Deixou-se esgotar o concurso e quando à pressa as pessoas tiveram reação fez-se o tal ajuste direto, que ainda por cima é redutor.

Fernando Ruas

Presidente da Câmara Municipal de Viseu

Até agora os voos eram feitos de forma regular entre Bragança e Portimão, com paragem em Vila Real, Viseu e Cascais. O autarca social-democrata lembrou que esta carreira aérea sempre foi apontada como uma ajuda à coesão territorial. “A carreira é deficitária e o Governo fazia um grande esforço para que o interior tivesse um meio expedito. Deixou-se esgotar o concurso e quando à pressa as pessoas tiveram reação fez-se o tal ajuste direto, que ainda por cima é redutor”, referiu.

Só no início de fevereiro é que o Conselho de Ministros aprovou autorização da despesa de 13,5 milhões de euros para a adjudicação de uma nova concessão, escolhida através de um concurso público, processo que poderá demorar vários meses.

De acordo com uma resolução publicada, a 7 de fevereiro, em Diário da República , o Governo autorizou a despesa de 13,5 milhões de euros para a adjudicação em regime de concessão do serviço aéreo regular Bragança-Vila-Real-Viseu-Cascais-Portimão, por quatro anos. A resolução prevê o lançamento de um concurso público, com publicação no Jornal Oficial da União Europeia, para selecionar a transportadora que irá concessionar o serviço.

O objetivo deste modelo foi “garantir a diminuição do distanciamento geográfico e social e assegurar a mobilidade dos cidadãos residentes no interior e nordeste transmontano ao sul do país com horários, tempo de viagem e preços competitivos, salvaguardando deste modo o interesse público e a não-discriminação das populações aí residentes”.

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Putin avisa Ocidente para risco de conflito nuclear com envio de tropas para a Ucrânia

  • Lusa
  • 29 Fevereiro 2024

"Agora, as consequências para os potenciais intervencionistas serão muito mais trágicas", advertiu o presidente russo, acusando o Ocidente de fazer ameaças que poderão levar a um conflito nuclear.

O Presidente russo, Vladimir Putin, aproveitou esta quinta-feira o discurso anual sobre o estado da nação para reafirmar ameaças contra o Ocidente, incluindo de um conflito nuclear, e a confiança numa vitória militar na Ucrânia. No plano interno, Putin prometeu combater a pobreza, admitiu a existência de 13 milhões de pobres no país de cerca de 140 milhões de habitantes, e anunciou apoios às famílias mais carenciadas.

Vladimir Putin, 71 anos, há mais de duas décadas no poder, é candidato a um quinto mandato nas eleições presidenciais que se realizam de 15 a 17 de março, com a reeleição praticamente garantida dada a ausência de oposição. Putin começou o discurso anual, de cerca de duas horas, com a promessa de uma vitória na guerra contra a Ucrânia, onde disse que as tropas russas avançam “com confiança” em várias frentes.

Dois anos depois do início da “ofensiva militar especial”, a designação oficial da invasão, assegurou que nenhum soldado recuará nem trairá a Rússia. “Acredito nas nossas vitórias e nos nossos êxitos, acredito no futuro da Rússia”, afirmou. O Ocidente voltou a ser um dos alvos, com Putin a advertir que o país tem armas que podem alcançar países ocidentais, numa alusão a armamento fornecido à Ucrânia capaz de atingir território russo.

Putin respondeu também à possibilidade do envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, admitida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, lembrando que a Alemanha o fez durante a Segunda Guerra Mundial sem êxito. “Agora, as consequências para os potenciais intervencionistas serão muito mais trágicas”, advertiu, acusando o Ocidente de fazer ameaças que poderão levar a um conflito nuclear, “o que significaria a destruição da civilização”.

Acusou o Ocidente de práticas coloniais e de procurar impedir o progresso da Rússia, replicando no país “o que fizeram em muitos outros”, incluindo a Ucrânia. “Querem (…) semear a discórdia na nossa casa e enfraquecer-nos a partir de dentro”, denunciou, elogiando a “firme resolução e determinação” do povo russo.

Disse que a ofensiva na Ucrânia tem permitido às forças russas adquirir “muita experiência em termos de coordenação de todas as alas militares, bem como de domínio das mais recentes táticas e métodos de guerra”. Putin reafirmou também a disponibilidade da Rússia para dialogar com os Estados Unidos sobre “questões de estabilidade estratégica”, mas acusou Washington de “tomar medidas abertamente hostis” em relação a Moscovo.

Criticou o que qualificou como hipocrisia do Ocidente ao fazer “alegações infundadas” sobre planos russos para instalar armas nucleares no espaço. Lembrou que a Rússia fez uma proposta para um acordo sobre a questão em 2008, sem nunca ter obtido resposta. “Estas narrativas falsas (…) têm por objetivo envolver-nos em negociações sobre as suas condições, que apenas beneficiarão os Estados Unidos”, afirmou.

Acusou ainda os Estados Unidos “e os seus satélites” de terem desmantelado o sistema de segurança europeu e manifestou o interesse da Rússia na criação de “um novo contorno de segurança igual e indivisível na Eurásia”. “Ao mesmo tempo, gostaria de reiterar (…) que não é possível uma ordem internacional duradoura sem uma Rússia forte e soberana”, afirmou. Com as eleições de março em vista, anunciou um novo projeto nacional de apoio à natalidade, a que chamou “Família”.

“Uma família com muitos filhos deve tornar-se a norma”, disse, ao elogiar os “valores tradicionais” da sociedade russa. Putin disse ainda que o salário mínimo no país deverá duplicar até 2030, atingindo o equivalente a cerca de 360 euros, e prometeu investimentos na educação e saúde.

O discurso ocorreu na véspera do funeral do principal opositor de Putin, o ativista anticorrupção Alexei Navalny, que morreu na prisão em 16 de fevereiro em circunstâncias obscuras. Putin, que nunca mencionou o nome de Navalny em público, ainda não comentou a morte do ativista de 47 anos, que chocou os países ocidentais.

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O Lobo que se fez alfa na política, advocacia e agora na EDP

Lobo Xavier vai ser o novo chairman da EDP. Conhecido pela liderança na sociedade de advogados Morais Leitão e pelo papel no CDS, tem também sido ativo na administração de várias empresas.

Sócio, administrador, consultor, membro do Conselho de Estado, comentador político, líder parlamentar do CDS. Muitos são os cargos decisórios, experiência política e empresarial que se conhecem a António Lobo Xavier, e há mais um que, em breve, o advogado juntará ao seu currículo: foi o escolhido para presidir o Conselho Geral e de Supervisão da EDP em substituição de João Talone, tal como o ECO avançou em primeira mão.

Desde 2006 que é um dos principais rostos da sociedade de advogados Morais Leitão. Assumiu o papel de sócio, depois de a Morais Leitão, Galvão Teles Soares da Silva & Associados se ter fundido nesse mesmo ano com outra sociedade, fundada por Lobo Xavier em 1989, a Osório de Castro, Verde Pinho, Vieira Peres, Lobo Xavier e Associados. É advogado especializado em Direito Fiscal e, depois da notícia do ECO, foi também já revelado que Lobo Xavier renunciou à Morais Leitão para eliminar quaisquer riscos de conflito de interesse, porque aquela sociedade presta serviços jurídicos à EDP.

Pequeno-almoço e debate "The Day After" Legislativas 2022 - 02FEV22

Efetivamente não foi apenas agora, com o convite de Lobo Xavier para presidente do Conselho de Administração da EDP, que os caminhos da Morais Leitão se cruzaram com os da elétrica. A EDP já recorreu aos serviços desta sociedade para assessorar alguns dos seus negócios. No entanto, de acordo com os estatutos da elétrica, é incompatível que um administrador não executivo tenha presença numa empresa que preste serviços à EDP, pelo que Lobo Xavier terá de abdicar da sua posição na Morais Leitão.

Da advocacia às grandes empresas

Fecha-se, desta forma, um capítulo de 18 anos da carreira de Lobo Xavier na Morais Leitão, mas outros mantêm-se abertos. O jurista desempenha atualmente as funções de administrador não-executivo noutras empresas, nomeadamente na gigante das telecomunicações Nos e na BA Glass, o maior operador em Portugal na produção de embalagens e garrafas de vidro.

Em simultâneo, e desde setembro do ano passado, assumiu as funções de vice-presidente do banco BPI, ao lado do presidente Fernando Ulrich, cujo mandato se prolonga até 2025, e no qual Lobo Xavier também integra a comissão de auditoria.

Anteriormente, na Sonaecom, também já foi membro do conselho de administração e da comissão executiva, na qual foi responsável pela área de sustentabilidade, conta a nota biográfica na página da Nos. Foi ainda administrador não-executivo da Mota-Engil até 2021.

No papel de administrador e consultor de empresas nacionais e multinacionais, descreve a Morais Leitão no seu site, Lobo Xavier foi responsável por diversas operações de reorganização e de reestruturação, fusões e aquisições, envolvendo questões relacionadas com a dupla tributação, IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado e IRC -Imposto sobre o Rendimento Coletivo.

Ultimamente, tem-se também dedicado ao planeamento sucessório para acionistas de “várias das mais relevantes empresas” de controlo familiar em Portugal, bem como colaborado na organização e gestão destas entidades, lê-se na mesma página da sociedade de advogados.

O passado político ainda aceso

A ligação mais direta de Lobo Xavier à política nacional é, desde 2016, o papel que desempenha como Conselheiro de Estado junto do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Também se mantém presente através do comentário político, tendo lugar cativo no programa “O Princípio da Incerteza”, exibido, semanalmente, na CNN Portugal.

No entanto, já era conhecido dos portugueses como ex-deputado e ex-líder parlamentar do CDS, um passado que “ressuscitou” recentemente. E recentemente, em setembro do ano passado, já com Nuno Melo, foi responsável pela elaboração da Declaração de Princípios do partido. O CDS “tem de lutar pela sua sobrevivência” e “renascer”, defendeu António Lobo Xavier, citado pelo Expresso, em setembro do ano passado.

Lobo Xavier foi deputado à Assembleia da República entre 1983 e 1996 e líder parlamentar de 1992 a 1994. Integrou ainda a Comissão da Reforma Fiscal de 1998 e foi presidente da Comissão de Reforma do IRC de 2013.

Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1982, e com Mestrado em Ciências Jurídico-Económicas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1988), chegou a exercer mais tarde, durante a década de 90, a docência universitária no meio académico português.

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