ESG, estratégia e inovação são os temas favoritos dos CEO nos seus relatórios anuais

  • Servimedia
  • 21 Fevereiro 2024

Os critérios ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa), a estratégia e a inovação são os temas favoritas dos CEO nos seus relatórios anuais.

A MRM España, uma agência de comunicação e marketing digital, que faz parte da McCann Worldgroup, apresentou, em colaboração com a Cátedra Iberdrola de Ética Económica e Empresarial da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais (Comillas Icade) e o Corporate Excellence–Centre for Reputation Leadership, seu relatório ‘Les habla el Presidente’, onde analisa por que a mensagem do primeiro líder da empresa é uma peça fundamental para transmitir com transparência o propósito, a estratégia e a missão da empresa que representa.

O estudo evidencia como o representante máximo mostra, através desse formato, seu lado mais humano e sua preocupação com o meio social e ambiental. Nestes momentos em que a sociedade exige transparência, ética e governança, a carta do presidente deve abordar o propósito corporativo e os valores da empresa, explica. A apresentação e a subsequente conversa-colóquio contaram com a participação de especialistas no assunto, como José Luis Fernández Fernández, diretor da Cátedra Iberdrola de Ética Económica e Empresarial da Comillas Icade; Ángel Alloza, CEO do Corporate Excellence–Centre for Reputation Leadership; e Ana Santamarina, Head of ESG +T Solutions & Corporate Reporting da MRM España.

Nestes momentos em que a sociedade, cada vez mais, reclama seu direito de estar informada, de ser transparente e exige critérios de ética e governança, é muito importante que a carta do presidente explique o propósito e os valores da empresa, argumentam. Entre os principais temas tratados nessas mensagens, cabe destacar ESG. 100% dos relatórios mencionam, de alguma forma, questões sociais, de governança ou ambientais nas cartas dos seus presidentes. Os resultados da empresa são outro dos temas mais analisados (90%), juntamente com o contexto macroeconómico tratado em 86% dos relatórios analisados, e os planos futuros da empresa (55%).

Por outro lado, falar sobre aspetos menos positivos não é uma prática muito comum (apenas 12% das cartas analisadas fazem isso), mas é um sinal de transparência e, em alguns casos, pode servir para reforçar o propósito de aprender com os erros.

COMUNICAÇÃO DIGITAL

O estudo aponta que 6 em cada 10 relatórios contam com ‘microsites’ interativos que possuem, por um lado, um ‘storytelling’ como resumo com os principais dados e, por outro, uma memória mais extensa com diversos recursos que facilitam a leitura e a compreensão da mensagem.

Além disso, destaca-se que a vídeo ainda é predominante no universo da comunicação, e 33% dos ‘microsites’ possuem alguma mensagem em vídeo do CEO/presidente. Empresas como L’Oréal, Santander ou Cellnex se destacam nesse aspeto audiovisual.

Além disso, vale ressaltar que na maioria dos casos a informação multiplica-se graças aos hiperlinks. Assim, 30% das cartas em ‘microsite’ contam com links que redirecionam para conteúdo localizado ao longo do texto (56%) ou para “conteúdos relacionados” (44%).

A VISÃO DOS ESPECIALISTAS

José Luis Fernández Fernández, diretor da Cátedra de Ética Económica e Empresarial da Comillas Icade, comentou: “Uma abordagem ao estudo das mensagens do presidente é um primeiro passo no exercício de hermenêutica que pode levar a conclusões substanciais e aprendizados realmente relevantes para uma gestão mais responsável, eficiente e sustentável”.

Por sua vez, Ángel Alloza, CEO do Corporate Excellence–Centre for Reputation Leadership, afirmou: “As cartas de presidentes e CEO são excelentes ferramentas de comunicação onde os compromissos assumidos pelas organizações são valorizados e as provas da realidade são apresentadas. Sem dúvida, esse formato projeta e gera confiança, algo extremamente necessário em um mundo fortemente polarizado, onde o papel das empresas como agentes de mudança e impulso social se torna de vital importância para a sociedade. Os aprendizados e recomendações que emergem dessa pesquisa serão fundamentais para organizações que buscam aumentar exponencialmente o valor e o impacto das palavras dos seus principais líderes”.

Além disso, durante a apresentação do relatório, Ana Santamarina, da MRM España, explicou: “Essa análise nos permitiu observar de perto e em detalhes o trabalho que fazemos na área de ESG + T da MRM e corrobora como ESG, inovação ou resiliência são aspetos que estão ganhando cada vez mais importância na carta do Presidente, o ‘pirmadón’ dos relatórios anuais”.”

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5 coisas que vão marcar o dia

Serão conhecidos dados do financiamento das administrações públicas, bem como do uso de energias renováveis para produção de eletricidade. OCDE divulga dados sobre o crescimento do PIB.

Esta quarta-feira, o supervisor da banca nacional divulga as estatísticas sobre o financiamento das administrações públicas, enquanto o Eurostat publica dados sobre o uso de energias renováveis para produção de eletricidade. O IGCP realiza dois leilões de Bilhetes do Tesouro. Já a OCDE divulga os dados sobre a evolução da economia.

Banco de Portugal divulga financiamento das administrações públicas

O Banco de Portugal (BdP) divulga esta quarta-feira os dados estatísticos sobre o financiamento das administrações públicas referentes a dezembro. Trata-se de um indicador que mede os fluxos acumulados, desde o início de cada ano. O seu valor tende a aproximar-se do simétrico do saldo orçamental das administrações públicas. Em novembro, o financiamento do Estado foi negativo em 8.900 milhões de euros, face aos 600 milhões negativos no mesmo período de 2022, de acordo com os últimos dados divulgados pelo supervisor.

IGCP realiza dois leilões de BT

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realiza, pelas 10h30, dois leilões de Bilhetes do Tesouro, a sete meses e a 11 meses, com maturidades a 20 setembro e 2024 e 17 de janeiro de 2025, num montante indicativo global entre 1.250 milhões de euros e 1.500 milhões de euros.

Eurostat publica dados sobre uso de energias renováveis para produzir luz

O Eurostat publica dados sobre a utilização de energias renováveis para produzir a eletricidade, referentes a 2022. Um relatório da Agência Europeia do Ambiente (AEA) e da Agência de Cooperação dos Reguladores de Energia (ACER, na sigla inglesa), publicado em outubro do ano passado, instou os Estados-membros da UE a aumentar massivamente a capacidade de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis e fornecer recursos de flexibilidade adequada para não depender das alterações climáticas. Em 2023, a produção de energia renovável atingiu o valor mais elevado de sempre no sistema nacional.

Como evoluiu o PIB da OCDE?

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga os dados sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) referentes ao quarto e último trimestre de 2023. No terceiro trimestre, os países da OCDE cresceram 0,5%. Enquanto isso, o PIB de Portugal contraiu de 0,2% entre julho e setembro.

Pedro Nuno Santos, Montenegro e Rui Rocha no congresso da CIP

Termina esta quarta-feira o congresso “Pacto social. Mais economia para todos” organizado pela CIP — Confederação Empresarial de Portugal. No evento, que reúne vários empresários e tem como intuito discutir o estado da economia portuguesa, estarão presentes o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, o presidente do PSD, Luís Montenegro, e o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha.

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Estratégia para o setor da água dá poucos sinais sobre como reduzir perdas

Mais de metade dos 5,5 mil milhões previstos para o setor serão usados para reduzir as perdas de água na rede de abastecimento. PENSAARP 2030 define metas até ao final da década, mas carece medidas.

O Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030) prevê que sejam investidos cerca de 5.500 milhões de euros no setor até ao fim desta década. A estratégia, que esteve em consulta pública em 2023, e que foi aprovada e publicada em Diário da República, este ano, prevê que desse valor mais de metade seja destinado à reabilitação das redes que, todos os anos, perdem largas quantidades de água antes de chegar às torneiras do consumidor final.

Combater as perdas tornou-se na principal prioridade deste plano. No entanto, a estratégia não esclarece de que forma esse trabalho será feito, embora defina metas de redução do desperdício que devem ser atingidas em 2026 e 2030.

João Poças Martins, antigo secretário de Estado do Ambiente e professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto considera que o plano de ação do PENSAARP 2030 não “dá propriamente respostas concretas” ao problema das perdas de água, mas argumenta, simultaneamente, que “não é esse o seu papel”. “Quem tem de resolver o problema são as entidades gestoras”, diz.

De acordo com os dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e de Resíduos (ERSAR), em 2021, 197 milhões de metros cúbicos (m3) de água, ou seja 23,9% do total de água que entrou no sistema, foram perdidos. A maior parte, 174 milhões de m3, dizem respeito aos serviços em baixa, isto é, à parte da distribuição. Em alta, a parte do serviço relacionada com a captação e tratamento na origem, perderam-se 23 milhões de m3 – corresponde a 1,5 vezes o volume de armazenamento da albufeira de Odeleite, no Algarve, o que permitiria servir 2,9 milhões de habitantes em Portugal.

“Cerca de 30% [das entidades gestoras] já [resolveram o problema], mas 200 têm ainda perdas superiores a 20% e não melhoram há mais de dez anos. É uma situação difícil de compreender e de aceitar, apesar dos planos antecessores“, comenta Poças Martins, fazendo referência ao anterior plano do regulador da água que vigorou até 2020.

O combate às perdas não é novo. No relatório de monitorização do PENSAAP 2020, a ERSAR faz um balanço dos resultados obtidos através daquela estratégia que foi sendo executava até 2020, no qual afirmou que “sem prejuízo de algumas melhorias verificadas”, verificou-se uma “estagnação das médias nacionais nos últimos anos”, nomeadamente, no que respeita às perdas reais, à reabilitação e à recuperação de gastos. “Por isso se pode considerar que as metas do PENSAAP 2020 ficaram aquém do expectável“, lê-se.

A nova estratégia determina metas de redução das perdas reais de água até ao final da década. Nos sistemas em baixa, o objetivo é manter o nível de perdas abaixo dos três metros cúbicos por quilómetro por dia (m3/(km.dia)), tanto em 2026 como em 2030. Atualmente, esse valor encontra-se nos 2,3 m3/(km.dia).

Relativamente às perdas reais em alta, as metas preveem uma redução dos atuais 6,1 m3/(km.dia) para menos de 5 m3/(km.dia), até 2026, valor que deverá manter-se até 2030. E no que toca aos sistemas em baixa com uma densidade de ramais igual ou superior a 20 quilómetros de rede, o objetivo é reduzir dos atuais 128 l/ramal/dia para menos de 100 l/ramal/dia, em 2026, e para menos de 80 l/ramal/dia, em 2030. Mas o caminho para que estas metas sejam concretizadas é pouco esclarecedor.

"Quem tem de resolver o problema são as entidades gestoras. Cerca de 30 já o fazem, mas 200 têm ainda perdas superiores a 20% e não melhoram há mais de dez anos. É uma situação difícil de compreender e muito menos de aceitar.”

João Poças Martins, antigo secretário de Estado do Ambiente e professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

No capítulo do plano de ação dedicado às “medidas, incentivos e estímulos” para aumentar a eficiência hídrica, os incentivos destinados às áreas governativas assentam em alterações a nível legislativo, “com a obrigatoriedade de elaboração de planos de eficiência hídrica”.

Quanto aos “estímulos”, o plano pede aos “agentes do setor” que elaborem recomendações sobre eficiência hídrica e procedimentos de auditoria hídrica das entidades gestoras, cadernos de sensibilização para decisores, ações de divulgação de casos de referência no que toca a perdas e água e a promoção de ações de “formação e capacitação em contratos de redução de perdas de água remunerados em função dos resultados”.

Achamos que é um plano demasiado estratégico e pouco operacional. Essa é a primeira grande crítica que se pode fazer“, aponta Carlos Rodrigues, CCO e membro do conselho de administração da Aquapor, gestora de concessões municipais, abastecimento e saneamento de água. Segundo o responsável, a falta de “medidas concretas” em matérias de perdas de água torna o PENSAARP 2030 “bastante inócuo” face às metas que são definidas.

Na componente de resiliência e aumento da eficiência das redes fica muito por explicar”, acrescenta o responsável. “São dadas luzes e ideias de como se vai evoluir, mas fica despedida de conteúdo sobre como vai ser executado”, defende, relembrando, contudo, que em matéria de tratamento de águas residuais estão previstas mais de duas dezenas de intervenções, especialmente remodelações ou construções de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), seja por exemplo em Paços de Ferreira ou Oliveira de Azeméis, Coimbra ou Cantanhede, Golegã ou Vila Viçosa, Sines ou Albufeira, entre muitas outras localidades.

As medidas a implementar necessitam de suporte técnico, de investimento na reabilitação e reforço infraestruturas, da aposta em inovação e tecnologia, e do envolvimento e compromisso de todos: instituições, entidades gestoras de serviços de águas e consumidores”, defende Jorge Cardoso Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH). Mas a sua posição não é consensual.

“Já se gastou muito dinheiro em cadastros, tecnologia, consultoria e substituição de condutas”, argumenta Poças Martins referindo, a título de exemplo, que há entidades gestoras que conseguiram reduzir os níveis de perdas “para metade em apenas oito meses, praticamente sem investimentos”, argumenta.

Não se pode persistir em soluções e agentes que manifestamente não deram resultados: repetir os mesmos procedimentos e erros e esperar resultados diferentes é definição de insanidade, de acordo com Einstein“, atira o professor.

Acesso a fundos europeus levanta dúvidas

No PENSAARP 2030, também não é referido como serão recolhidos mais de metade dos 5.500 milhões de euros necessários para modernizar a rede, embora o regulador já tenha sinalizado que essa estratégia poderia ser financiada somente através de um aumento generalizados do tarifários dos consumidores domésticos

No plano estratégico, a ERSAR anuncia que os investimentos necessários e os correspondentes gastos operacionais apontam “para um tendencial acréscimo das tarifas médias domésticas“, entre 2,45 euros por metro cúbico e 3,28 euros por metro cúbicos.

O apelo para um aumento de preços já tinha sido feito pela presidente da ERSAR, Vera Eiró, numa entrevista ao Capital Verde, na qual defendeu que “as tarifas devem deixar de ser subsidiadas e devem traduzir o custo real do serviço“, sublinhando que tais aumentos seriam suficientes para cobrir a totalidade do investimento previsto no PENSAARP 2030.

Mas uma vez que o aumento de tarifas não é uma garantia (o regulador não têm competências para definir os tarifários no setor e os municípios “pouca vontade têm” de subir os preços, considera a Aquapor), está previsto que a principal linha de financiamento da estratégia, em matéria de fundos europeus, seja proveniente do Quadro Financeiro Plurianual – Portugal 2030.

Mas o acesso a estes fundos também não é garantido. Do lado da Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente (AEPSA), alerta-se para o facto de a versão do plano que foi aprovada em Conselho de Ministros faz com que cerca de 80% dos municípios estejam excluídos do acesso a fundos comunitários.

Segundo Eduardo Marques, presidente da direção da AEPSA e membro da Comissão Consultiva do PENSAARP 2030, um dos critérios previstos para a atribuição dos apoios é de que todos os investimentos devem beneficiar da escala de agregação em entidades intermunicipais ou de parcerias com entidades gestoras do grupo Águas de Portugal, tendo por objetivo promover a sinergia entre as entidades, aumentando a escala dos projetos, e a otimizar as suas condições de gestão e operação.

O responsável frisa que com a introdução destes requisitos, torna-se “absolutamente claro” que o financiamento através de fundos comunitários fica “vedado a cerca de 80% dos municípios portugueses” que não se encontram em agregações. Mas não serão só os municípios independentes que ficarão de fora do acesso aos apoios.

Este plano e os fundos vai beneficiar as agregações intermunicipais públicas e o grupo Águas de Portugal. A queixa [da AEPSA] é legítima e nós, entidades privadas, também ficamos automaticamente excluídos“, afirma o CCO da Aquapor, recordando que as concessões privadas, de acordo com os dados da ERSAR, tendem a ser aquelas com os níveis mais baixos de perdas de água face às gestões públicas.

Também João Levy, responsável pela consultora de serviços de eficiência hídrica, Ecoserviços, e professor no Instituto Superior Técnico, levanta questões sobre de que forma os apoios provenientes dos fundos europeus serão distribuídos.

“O problema de fundo é perceber de que forma serão distribuídas as verbas: pelas entidades em alta ou em baixa, gerida pelos municípios?”, questiona. “Se as verbas não forem atribuídas aos municípios — e se forem mas sob condições, como se agregarem obrigatoriamente ou se verticalizarem com as [entidades em] alta, — as perdas não serão resolvidas”, conclui.

A falta de medidas e as dúvidas em relação aos apoios não tranquilizam os operadores deste setor, embora manifestem interesse e vontade de melhorar as condições de uma rede de abastecimento que perde água numa altura em que os níveis de seca e os alertas face à escassez pedem por consumos mais responsáveis e equilibrados.

E o facto de o documento só ter sido aprovado em sede de Conselho de Ministros quatro anos depois de ter sido apresentado, tendo passado por dois processos de consulta pública, em 2023, e cujos relatórios são ainda desconhecidos, também não oferecem sinais de que a estratégia produzirá os resultados que se pretende.

“Certamente que [este atraso] terá impacto”, afirma João Levy. “Teremos resultados, mas não os que poderíamos ter com uma gestão agilizada“, vinca.

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Lisboa está aprisionada na armadilha do desenvolvimento

Lisboa, Roma, Berlim e Viena são as únicas regiões capital dos 27 Estados-membros que tiveram um desempenho inferior à média nacional em termos de PIB nas últimas três décadas.

Lisboa é uma das regiões ricas da Europa que está aprisionada na chamada armadilha do desenvolvimento, revela o relatório da Coesão publicado esta terça-feira.

Não é caso único. Na mesma situação estão várias províncias italianas na Lombardia e Piedmont, assim como a região das Midlands na Irlanda, sublinha o documento elaborado pelo grupo de investigadores criado pela comissária com esta pasta, Elisa Ferreira. “Estas regiões, de acordo com a economia urbana e as teorias de aglomeração, deveriam ter sido motores de desenvolvimento nos seus respetivos países”, lê-se no documento.

Mas o que é uma armadilha do desenvolvimento? Significa que uma região é incapaz de convergir com o PIB per capita da União Europeia, apesar dos milhões em fundos europeus que tem recebido no âmbito da política de coesão, precisamente para promover essa convergência.

O problema não é novo. Há regiões em Portugal que estão estagnadas, presas nesta armadilha, há mais de 30 anos. É o caso de Lisboa ou Alentejo que, numa análise de longo prazo, revela que entre 1991 e 2023 estas regiões tiveram um desempenho inferior à média do PIB nacional.

O relatório revela que “uma proporção significativa de regiões da UE” ainda estão a fazer o seu caminho já que, em 2023, 26,7% da população da UE habitava regiões NUTS2 onde o PIB per capita era inferior a 75% da média da UE. Este é o critério para que uma região possa ser classificada como menos desenvolvida no âmbito da atual Política de Coesão. Muitas dessas regiões situam-se ao longo das fronteiras orientais da UE, por todo o sul da Europa e até em centros económicos tradicionais como a Valónia na Bélgica ou Lorena e Picardia em França.

Por outro lado, o estudo mostra que “um número crescente de regiões tem vindo a cair em armadilhas de desenvolvimento”, “áreas que enfrentam desafios estruturais significativos para recuperarem o seu dinamismo económico anterior, ou para melhorar a riqueza e a prosperidade dos seus residentes”. As regiões numa armadilha de desenvolvimento também apresentam um desempenho inferior em termos de rendimento, produtividade e emprego em comparação com os seus pares nacionais e europeus, explica o relatório.

Por isso os investigadores sugerem que as políticas de coesão sejam mais centradas nos locais específicos onde são aplicadas, “com investimentos orientados para o futuro desenhados especificamente para as forças únicas, desafios e necessidades de cada região”. No relatório, elaborado ao longo de 2023, é também sugerida uma “abordagem holística para as políticas sociais, através do investimento no desenvolvimento do capital humano e integração social para prevenir desigualdades em todos os territórios” da UE.

Apesar de existirem regiões presas em armadilhadas de desenvolvimento em muitos países da UE, elas são muito menos prevalentes na Europa Central e Oriental e mais abundantes no norte de França, fora de Paris, e em muitas áreas de Itália, Grécia e interior da Croácia. Por outro lado, estas armadilhas podem ocorrer em vários níveis de rendimento.

“Os baixos níveis de desenvolvimento, juntamente com as armadilhas de desenvolvimento em níveis de rendimento baixos ou intermédios, podem resultar numa maior polarização regional”, alerta o documento. A polarização consiste num desenvolvimento económico regional cada vez mais desigual dentro dos países. “Embora o crescimento económico na Europa Central e Oriental tenha reduzido o fosso económico entre os países da UE, persistem disparidades intrapaíses persistentes e muitas vezes crescentes na UE”, lê-se no documento que aponta o facto de a polarização interna prevalece agora na maioria dos países da UE.

“Em 23 dos 27 Estados-membros, a região da capital teve um desempenho acima da média nacional em termos de PIB nas últimas três décadas. Em muitos casos, a capital é a região com melhor desempenho. As exceções são Berlim, Viena, Lisboa e Roma. Especialmente na Europa Central e Oriental, onde a convergência para os níveis do PIB per capita da UE foi acompanhada por uma elevada concentração da atividade económica em algumas cidades e principalmente na capital, muitas regiões foram deixadas para trás”, especifica o documento.

O estudo defende a necessidade de reforçar as instituições nacionais e regionais dos 27 Estados-membros através de investimento na inovação em paralelo com as infraestruturas e que as políticas de coesão estejam “mais integradas no sistema de governação económica”. Por isso, os investigadores propõem que sejam simplificados os processos administrativos, que continuam a pesar na capacidade que os países têm de colocar em práticas as políticas de coesão.

Citada no comunicado, Elisa Ferreira considerou que o objetivo deste relatório é “não deixar ninguém para trás” e que as políticas de coesão têm de acompanhar “circunstâncias que se alteram e novos desafios”.

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Partidos respondem à crise na habitação mas apenas a curto prazo

Promotores, inquilinos, proprietários e mediadores imobiliários apontam que entre o leque de propostas nos programas eleitorais há falta de medidas estruturais para a crise na Habitação.

  • O ECO vai divulgar 5 séries semanais de trabalhos sobre temas cruciais para o país, no período que antecede as eleições legislativas de 10 de março. Os rendimentos das famílias, o crescimento económico, a crise da habitação, o investimento em infraestruturas e os problemas da Justiça vão estar em foco. O ECO vai fazer o ponto da situação destes temas, sintetizar as propostas dos principais partidos e ouvir a avaliação dos especialistas.

Os seis programas eleitorais dos principais partidos que estão na corrida às urnas para as legislativas apontam algumas soluções para a crise na habitação, mas apenas a curto prazo e estão longe de captarem uma mudança estrutural para resolver a falta de casas a preços acessíveis no mercado.

Esta é a conclusão que as várias estruturas do setor — promotores, proprietários, inquilinos e imobiliárias — apontam ao ECO, após analisarem as propostas dos partidos, numa altura em que os líderes estão na reta final dos debates televisivos e já se sentem as turbinas da campanha a trabalhar.

Se, por um lado, os promotores, os proprietários e as imobiliárias se revêm mais nas propostas dos partidos da direita, sobretudo na Aliança Democrática (coligação composta pelo PSD/CDS/PPM) e no Iniciativa Liberal, os inquilinos consideram que são as medidas da esquerda — PS, BE e CDU — que dão uma resposta mais “estrutural” para a crise na habitação.

Mas há uma linha comum a todo o setor. Nenhum partido apresentou medidas “robustas” que a longo prazo resolvam a falta de casas no mercado a preços acessíveis.

“Dentro das várias propostas dos partidos há medidas que são a solução de um problema, mas não digo que sejam a resposta. Sozinhas não resolvem o problema. É preciso um conjunto de soluções para resolver o problema do acesso e trazer quem está fora do mercado, aumentar a oferta e a confiança a quem pode investir no mercado de arrendamento”, salienta ao ECO Hugo Santos-Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII).

Para haver casas acessíveis para os portugueses é preciso retirarmos a bruta carga fiscal que incide sobre a construção de uma casa.

Hugo Santos-Ferreira

Presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários

O representante dos promotores vinca que “é preciso coragem política”, esquecer a “demagogia” e “ideologia” sobre a habitação para avançar com um “pacto de regime a dez anos entre os partidos do arco da governação” e com um “choque fiscal” onde cabem o alívio do IVA para 6% na construção, a isenção do IMT e do imposto de selo para os jovens ou o fim do AIMI (adicional ao IMI) que é “uma aberração fiscal”, sublinha Hugo Santos-Ferreira, que garante que sem estas medidas “não haverá casas que os portugueses possam pagar” medidas elencadas nos programas da AD e do Iniciativa Liberal.

Isto porque, acrescenta ainda o presidente da APPII, o que “encarece uma casa é a carga fiscal, o atraso nos licenciamentos e os terrenos que chegam hoje ao mercado que são caros”. Por isso, “para haver casas acessíveis para os portugueses é preciso retirarmos a bruta carga fiscal que incide sobre a construção de uma casa”, defente Hugo Santos-Ferreira.

Também os proprietários consideram que “a generalidade das propostas demonstra que os partidos não conhecem a realidade do setor” e Luís Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), defende que a crise na habitação resulta da “falta de oferta para a procura existente”.

Medidas como a garantia do Estado no crédito à habitação (prevista pelo PS e pela AD) ou os subsídios para os inquilinos só fazem aumentar a procura de imóveis e não a oferta, colocando assim ainda mais pressão sobre os preços do arrendamento e venda da habitação.

Luís Menezes Leitão

Presidente presidente da Associação Lisbonense de Proprietários

Para o representante dos proprietários este é um problema que “só se resolve aumentando a oferta” dos proprietários privados “que representam 98% da habitação no país”. Menezes Leitão considera, inclusive, que, mesmo que a oferta pública suba 150% com os “enormes custos que isso representa, continuaria a deixar 95% da oferta nas mãos dos proprietários privados, pelo que não resolve nada e muito menos aqueles que são os problemas urgentes de quem não tem uma casa para habitar”.

Além disso, avisa o presidente da ALP, medidas como a garantia do Estado no crédito à habitação (prevista pelo PS e pela AD) ou os subsídios para os inquilinos só “fazem aumentar a procura de imóveis” e “não a oferta”, colocando assim “ainda mais pressão sobre os preços do arrendamento e venda da habitação”.

Num cenário de escassez habitacional é manifestamente absurdo a aplicação de tetos às rendas porque são políticas que tendem a deteriorar o parque habitacional, promovem a economia paralela e desencorajam a alocação de casas ao mercado do arrendamento.

Paulo Caiado

Presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal

Do lado dos inquilinos, Luís Mendes, dirigente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL), vê como “favoráveis” todas as propostas, mas considera que são as dos partidos da esquerda que são “mais exequíveis” e que resolvem o problema de forma estrutural, destacando a medida do PS e da CDU que “apela ao alargamento da oferta pública de habitação” assim como “a posse administrativa das casas devolutas”, sobretudo as do Estado.

Já as medidas inscritas nos programas dos partidos de direita, o dirigente da AIL reconhece uma “linha conjuntural interessante” mas acredita que “são insuficientes” e não conseguem “resolver o problema”.

“Todas as medidas da direita são subsídios para o arrendamento, de eliminação de algum tipo de encargo fiscal ou de parcerias público privadas”, que são “interessantes mas não atacam o problema na raiz”. Sem uma regulação do mercado, a subsidiação das rendas a longo prazo é “impraticável” porque os preços “continuam a subir e continua-se a distribuir subsídios”.

Os sinais vermelhos nas propostas

O tom crítico às propostas partidárias é também referido por Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), desde logo por conta da ausência de medidas que apontem para as “isenções fiscais para novas habitações destinadas ao mercado a preços controlados”.

Ao ECO, o representante dos mediadores imobiliários diz ainda que vê com preocupação as propostas dos partidos da esquerda sobre tetos à atualização das rendas. Num cenário de “escassez habitacional” é “manifestamente absurdo” porque são políticas que “tendem a deteriorar o parque habitacional, promovem a economia paralela e desencorajam a alocação de casas ao mercado do arrendamento”.

O mercado de arrendamento é uma das poucas atividades económicas do país sem qualquer tipo de entidade regulatória. Mas há uma coisa que falta na medida do PS, que é criar um registo nacional do arrendamento.

Luís Mendes

Dirigente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL)

E o mesmo dizem os proprietários que apontam que “todas as propostas de travão às rendas são preocupantes”, com Menezes Leitão a destacar a “absurda” intenção do PS de “ligar a evolução das rendas aos salários”, avisando, desde já, que se a medida avançar, “grande parte dos proprietários retiraria as suas casas do mercado” o que iria fazer com que o valor das rendas crescesse “exponencialmente”.

Apontando para a falta de uma medida que resulte na “abolição” do AIMI e da redução do IRS para todos os contratos de arrendamento, não apenas para os de longa duração, Menezes Leitão considera como positiva a intenção da AD e da IL em revogar as medidas do “Mais Habitação”, defendendo até que se deveria ir “mais longe” e revogar “todas as leis aprovadas desde 2016” no setor da habitação para adotar “leis liberalizantes no mercado de arrendamento”, acabando, por exemplo, “com os prazos mínimos de vigência dos contratos”.

Já os promotores veem com preocupação as propostas da esquerda que insiste em avançar com um “regime da expropriação à força”, lembrando que no ano passado estas intenções geraram “pânico”. “A tónica tem de ser ao contrário, tem de se convencer os proprietários a trazer os seus imóveis para o mercado” e os portugueses “têm de questionar” porque há, segundo o Censos, 350 mil fogos devolutos prontos a entrar no mercado com os proprietários a preferir ter a sua casa “abandonada sem gerar rendimento”, atira Hugo Santos-Ferreira, para quem a resposta “é simples”: “Ninguém acredita no mercado de arrendamento. As pessoas têm medo”, remata.

Por fim, os inquilinos consideram como incompleta a proposta do PS que prevê a criação de uma entidade fiscalizadora das rendas. “O mercado de arrendamento é uma das poucas atividades económicas do país sem qualquer tipo de entidade regulatória. Mas há uma coisa que falta na medida do PS, que é criar um registo nacional do arrendamento”, ou seja, uma plataforma aberta ao cidadão “onde estão elencadas todas as casas no mercado de arrendamento, quer em oferta disponível quer já contratualizadas”, que totalizam cerca de 900 mil, para tornar o mercado “mais transparente”, refere Luís Mendes, dirigente da AIL.

Sobre as propostas que fazem tocar os sinais de alerta para os inquilinos, Luís Mendes salienta a medida defendida pelo Chega que tem como intenção “abolir” totalmente o pagamento de IMT e de IMI ou de taxar os lucros extraordinários da banca para financiar programas de apoio à habitação através de uma “contribuição solidária temporária”.

“A banca não serve para esse fim, serve para gerar lucro e investimento na economia produtiva”, frisa o dirigente da AIL, lembrando que é ao Governo que cabe o papel de decidir que verba alocar, através do Orçamento do Estado, para a habitação.

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Santa Casa de Lisboa envia para Ministério Público relatório de auditoria externa

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2024

A auditoria externa, da responsabilidade da BDO, “ainda não está totalmente concluída, devido a dificuldades na obtenção de documentação administrativa e financeira relativa a participadas” no Brasil.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) enviou para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas o relatório sobre a auditoria externa feita à Santa Casa Global no Brasil, confirmou esta terça-feira a instituição à Lusa. Segundo a SCML, o relatório tem dados recolhidos até 31 de janeiro de 2024.

A instituição refere, no entanto, que a auditoria externa, da responsabilidade da BDO, “ainda não está totalmente concluída, devido a dificuldades na obtenção de documentação administrativa e financeira relativa a participadas” no Brasil.

A declaração oficial da SCML surge depois de os jornais Público e Observador terem noticiado que os resultados preliminares da auditoria apontam para ilícitos e indícios de crime económico nos negócios da instituição no Brasil, imputando responsabilidades ao anterior provedor Edmundo Martinho. A SCML refere que o processo se encontra em segredo de justiça, razão pela qual “não poderá pronunciar-se sobre o conteúdo da auditoria”.

“A Santa Casa está a envidar todos os esforços para atenuar as consequências negativas dos investimentos feitos pela Santa Casa Global no Brasil, tendo também vindo a tomar medidas económicas, financeiras e organizacionais de forma a assegurar a sustentabilidade da instituição”, diz a instituição, na nota enviada à Lusa. Acrescenta ainda que “elaborou um orçamento equilibrado para 2024, com reforço nalgumas áreas fundamentais na sua missão social, esperando que, brevemente, esteja terminada a revisão aos relatórios e contas relativos a 2021 e 2022”.

A empresa responsável pela auditoria à Santa Casa Global, sobre o processo de internacionalização dos jogos sociais, deveria ter entregado o relatório final até 31 de janeiro, segundo a ministra Ana Mendes Godinho, que, numa audição parlamentar, em 09 de janeiro, adiantou que essa data tinha sido decidida pela Mesa da SCML, órgão de administração, composto pela provedora, vice-provedora e mais quatro vogais.

Já em 4 de janeiro, a ministra havia recebido da provedora Ana Jorge “um relatório da auditoria na sua versão ‘em evolução’”. Ana Mendes Godinho não esclareceu o motivo desse aparente adiamento, tendo em conta que a própria ministra havia dito, em 12 de dezembro, que os resultados finais da auditoria seriam conhecidos “muito brevemente”.

A ordem, por parte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), para a realização de uma auditoria externa à Santa Casa Global, foi conhecida publicamente em 26 de junho de 2023, a par de uma reavaliação dos Relatórios de Gestão e Contas relativos aos anos de 2021 e 2022.

Ana Mendes Godinho afirmou sempre que nunca deu autorização para investimentos concretos no Brasil e que qualquer investimento referente à internacionalização estaria sempre dependente da sua aprovação.

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Junta de Freguesia lisboeta alerta para “iminente colapso” da rua da Madalena

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2024

“A Rua da Madalena é percorrida diariamente por uma média de 6.000 veículos, incluindo autocarros e outras viaturas pesadas”, alerta a junta de freguesia de Santa Maria Maior.

A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior alertou esta terça-feira para o “iminente colapso” da Rua da Madalena, na Baixa de Lisboa, na sequência do encerramento ao trânsito da Rua da Prata, acusando o executivo camarário de “pouco resolver”. “O colapso da Rua da Madalena é iminente e o atual executivo da Câmara Municipal de Lisboa insiste na estratégia de ‘parecer fazer’ e pouco resolver”, referiu, em comunicado, a junta de freguesia presidida por Miguel Coelho (PS).

Na nota, a junta de freguesia reconheceu que “o encerramento da Rua da Prata ao trânsito foi uma boa decisão”, mas alertou que “sem uma estratégia de suporte e mudanças de fundo no paradigma da mobilidade, não passará de uma medida propagandista”.

A Câmara de Lisboa, “apesar de todos os alertas, soluções alternativas e factos demonstrados” pela junta de freguesia acerca da sobrecarga da Rua da Madalena, “persiste em manter o escoamento do trânsito por esta via, desde o encerramento da Rua da Prata à circulação rodoviária”, lê-se no comunicado.

“A Rua da Madalena é percorrida diariamente por uma média de 6.000 veículos, incluindo autocarros e outras viaturas pesadas”, que, “todos os dias, poluem, provocam ruído excessivo, condicionam o trânsito e o acesso ao comércio e às habitações”, comprometendo a circulação pedonal e danificando, “rapidamente e aos olhos de todos, a infraestrutura viária”, apontou a junta.

Considerando que “a circulação pela Rua da Madalena está comprometida, bem como a preservação do edificado e a própria segurança dos cidadãos”, a junta de freguesia disse ter acolhido “com surpresa” a informação do vice-presidente da câmara de que a Rua da Madalena “comportaria até 8.000 veículos por dia”.

“Basta acompanhar o desenvolvimento acelerado da degradação do pavimento desta rua, para nos apercebermos quanto absurdo é sustentar esta ideia. A Junta de Freguesia notificou, por escrito, o município sobre a degradação desta artéria, nomeadamente para buracos e abatimentos e para o perigo que representam”, é salientado na nota.

Na semana passada, a convite de Miguel Coelho, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro da Mobilidade, “pôde confirmar in loco a veracidade da informação remetida, assegurando uma rápida intervenção no terreno, que nada resolveu”, acrescentou a junta de freguesia. “O buraco mais preocupante, disfarçado ou atamancado por uma intervenção-relâmpago, encontrou-se novamente a descoberto, hoje de novo ‘remendado’ e amanhã, porventura, outra vez reaberto”, referiu a junta de freguesia.

A junta de freguesia alertou ainda que “a vida de quem vive e trabalha em Lisboa está cada vez mais difícil, especialmente no centro histórico”, e defendeu que “é urgente um plano de mobilidade” que reduza “a carga rodoviária e que tenha como propósito fundamental a qualidade de vida de quem escolhe viver no coração da cidade”. A Rua da Prata, em obras desde dezembro de 2022, reabriu no final de novembro, com a reposição do percurso do elétrico 15 e um canal ciclopedonal, ficando interditada à circulação automóvel.

Segundo o município presidido por Carlos Moedas (PSD), a reconfiguração na circulação na Rua da Prata pretende facilitar e promover o acesso à Baixa através do uso do transporte público e dos modos suaves de deslocação. Na altura do anúncio da reabertura da Rua da Prata, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior lamentou ter tomado conhecimento da informação “através dos órgãos de comunicação social, dois dias antes, e através de um e-mail remetido” na véspera da reabertura “pelos serviços camarários”.

Na ocasião, embora “não discordando do princípio de que a Rua da Prata deve ser interditada ao trânsito automóvel”, Miguel Coelho lamentou que a câmara não tivesse considerado nenhuma proposta apresentada pela junta ou “pelos moradores da Baixa e concretamente da Rua da Madalena, severamente afetados pelo escoamento do trânsito”.

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Veja a chave do Euromilhões desta terça-feira. Há 73 milhões de euros em jogo

  • ECO
  • 20 Fevereiro 2024

Esta terça-feira está em jogo um jackpot de 73 milhões de euros no Euromilhões, depois de, no sorteio da passada sexta-feira, não ter havido totalistas.

Com um primeiro prémio no valor de 73 milhões de euros, decorreu esta terça-feira um novo sorteio do Euromilhões, após cinco rondas sem um vencedor do jackpot.

Veja a chave vencedora do sorteio desta terça-feira, 20 de fevereiro:

Números: 23, 31, 37, 42 e 48

Estrelas: 3 e 7

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Governo dos Açores contesta intenção da ANA/Vinci para o aeroporto da Horta

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2024

Executivo regional indica que a decisão da ANA/Vinci “implicará a redução das distâncias declaradas da pista atual em 180 metros", inviabilizando a operação de aeronaves como o Airbus A320.

O Governo dos Açores contesta a intenção da ANA/Vinci de utilizar parte da pista do aeroporto da Horta para implementar zonas de segurança e exige que qualquer solução não inviabilize a sua futura ampliação.

Em comunicado divulgado esta terça-feira, o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) revela que já endereçou uma carta ao secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, a manifestar “preocupação e desagrado face à proposta da ANA/Vinci para a utilização de parte da pista atual do aeroporto da Horta para proceder à implementação das RESA (runway end safety areas)”.

Recordando que o executivo tem sido “parte amplamente interessada e empenhadamente ativa” no processo para a ampliação da pista do aeroporto da Horta, o Governo Regional salientar ter ficado surpreendido com a intenção na ANA/Vinci. De acordo com o executivo açoriano, a concretizar-se, a decisão “implicará a redução das distâncias declaradas da pista atual em 180 metros (90 metros em cada soleira da pista), inviabilizando a operação de aeronaves ‘turboreator’, como o Airbus A320 atualmente utilizado pela Azores Airlines para ligações entre a Horta e Lisboa”.

“Esta situação penalizaria muito significativamente a conetividade e a mobilidade dos açorianos e afetaria o princípio da continuidade territorial, criando sérios constrangimentos às ligações diretas entre o território nacional continental e a ilha do Faial”, refere o Governo dos Açores. Além disso, é acrescentado na nota, surge em “clara contradição com os requisitos básicos relativos à exploração de serviços aéreos regulares de acordo com as obrigações de serviço público, já publicados em Jornal Oficial da União Europeia, que preveem ligações entre Lisboa e Horta e que pressupõem a utilização de aeronave ‘turborreator’”.

O Governo Regional lembra ainda que as RESA são “uma obrigação que decorre do Regulamento (EU) n.º 139/2014, existindo, há mais de 10 anos sem que a ANA/Vinci tenha procedido à sua execução, embora exista o compromisso de o fazer até final do corrente ano”. Por outro lado, lê-se na nota, o executivo açoriano assinou em março de 2023 um contrato, no montante de 800.000 euros, com a Câmara Municipal da Horta, “visando a comparticipação financeira de 40% do custo de elaboração do projeto de execução de ampliação da pista”.

“Por este motivo, o Governo dos Açores considera totalmente incompreensível que a ANA/Vinci pondere agora limitar a área útil de utilização da pista do aeroporto da Horta, quando já decorre o concurso público internacional para o projeto da sua ampliação e já é público que existem sete propostas para a respetiva elaboração”, salienta o executivo açoriano.

Na nota, o Governo dos Açores “exige que qualquer solução adotada para pista do aeroporto da Horta não inviabilize a sua futura ampliação, nem produza qualquer efeito sobre a atual operacionalidade da mesma”. A solução que está a ser “ponderada pela ANA/Vinci e que foi colocada à consideração da ANAC – Autoridade Nacional de Aviação Civil, é inoportuna e altamente lesiva dos interesses regionais”, insiste o executivo.

Assim, o Governo dos Açores insta que a ANAC “não dê diferimento à mesma e sugere-se que sejam exploradas alternativas, como a formalização de um pedido de derrogação da implementação das RESA à Comissão Europeia até à conclusão da obra de ampliação da pista do aeroporto da Horta”.

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Governo de Cabo Verde prepara-se para vender empresa de handling

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2024

A venda será feita através de um concurso limitado, com qualificação prévia para seleção de um parceiro estratégico para aquisição de até 51% da empresa. E também uma OPV de 10%.

O Governo cabo-verdiano quer vender, dentro de seis meses, a empresa CV Handling, que presta assistência ao transporte aéreo nos sete aeroportos e aeródromos do país, disse esta terça-feira fonte oficial. “Temos uma estimativa de, mais ou menos, seis meses, [para] concluir este processo”, previu Sandeney Fernandes, coordenador da Unidade de Acompanhamento do Setor Empresarial do Estado (UASE), em declarações à imprensa, na cidade da Praia, após lançamento do processo de privatização da empresa.

A venda vai ser feita de duas formas. Por um lado, através de concurso limitado, com qualificação prévia para seleção de um parceiro estratégico para aquisição de uma quota que pode ir até 51% das ações. Por outro, será feita uma oferta pública de venda de 10% do capital social, sendo 5% para trabalhadores e, no mínimo, 5% para emigrantes cabo-verdianos, nestes casos através da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC).

Nesta fase, toda a documentação será disponibilizada no portal do Ministério das Finanças, para manifestação de interesse de potenciais investidores, que acontece durante 30 dias, a partir do último anúncio que será publicado nos jornais internacionais na sexta-feira. O coordenador avançou que será a partir do capital próprio, de 9,6 milhões de euros, que será feita uma avaliação de ativos, mas também de negócio da empresa, que teve um volume de negócios de 16 milhões de euros no ano passado.

“Neste processo, vai-se ao mercado com um mínimo necessário para negociação, mas sempre na perspetiva de conseguir um valor que seja muito superior àquilo que é a avaliação da empresa”, salientou. Além de comprovada capacidade financeira, o parceiro terá de ter conhecimento e experiência no setor, tendo prestado assistência em escala em três aeroportos, nos últimos cinco anos, e assistência de, pelo menos, 15 milhões de passageiros, anualmente, nos últimos três anos.

“Estamos a arrancar este processo com as cartas todas na mesa para avaliação, quer por parte da sociedade, quer por parte dos potenciais concorrentes”, sublinhou Sandeney Fernandes. Na sua intervenção, no encerramento de cerimónia, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, sublinhou a importância da empresa para o país e disse que o Governo quer atrair “grandes marcas” para o arquipélago.

“Nós queremos continuar a tirar partido da nossa localização”, frisou, reforçando a ideia de transformar Cabo Verde num ‘hub’ aéreo, após, no ano passado, ter concedido a gestão dos aeroportos aos franceses da Vinci.

Criada em 2014, a CV Handling é a única operadora licenciada para a prestação de serviços de assistência ao transporte aéreo, mantendo a exclusividade até que cada aeroporto atinja um movimento igual ou superior a dois milhões de passageiros embarcados ou 25 mil toneladas de carga.

Com 498 trabalhadores, a empresa assistiu 1,2 milhões de passageiros nos aeroportos cabo-verdianos em 2023, e prevê chegar a 2,3 milhões em 2030, assistiu 13 mil aeronaves no ano passado e espera chegar às 27 mil dentro de seis anos.

Esta é a segunda empresa estatal cabo-verdiana a ser privatizada, este ano, depois da Oferta Pública de Venda (OPV) de 27,44% de ações da Caixa Económica, e estão também na lista empresas ligadas às operações portuárias, setor farmacêutico, telecomunicações, energia, estaleiros navais, transportes aéreos.

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Carga fiscal é “mochila” às costas de todos, diz “chairman” do BCP

O presidente do BCP alerta que uma situação como a que se viveu nos últimos anos, marcada por juros negativos não é normal.

Num momento em que se discute o início do corte de juros na Europa, o presidente (chairman) do BCP, Nuno Amado, defendeu esta terça-feira que “seria mau” um regresso das taxas de juro a níveis próximos de zero e lembrou que, em termos históricos, as taxas “não são tão altas assim”. E vincou que atual “a carga fiscal é a mochila que todos” levam “às costas”.

As taxas de juro, para quem tem idade, não são tão altas assim. Seria mau se as taxas voltassem a níveis perto de zero ou abaixo de zero”, adiantou numa conferência organizada pela CIP na cidade do Porto.

Questionado sobre o impacto da subida das taxas de juro para as empresas, Nuno Amado destacou que a situação financeira das empresas e dos próprios bancos é hoje muito diferente. “Nem os bancos, nem as empresas estão como estavam no passado. A economia está mais diversificada, as empresas estão muito melhor estruturadas e financiadas“, ressalvou.

Empresas e famílias foram confrontadas nos últimos meses com o agravamento das taxas de juro na Zona Euro, com o Banco Central Europeu a tentar travar a escalada da inflação. A taxa das operações principais de refinanciamento está atualmente em 4,5% e a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez em 4,75%.

Depois de um período de subida de juros, o debate está agora concentrado em quando a entidade liderada por Christine Lagarde irá iniciar o ciclo de descidas.

A participar na conferência também enquanto membro da direção da Associação Business Roundtable Portugal, Nuno Amado realçou que “um programa de crescimento, melhorar o Estado e desburocratizar são essenciais” para colocar Portugal no rumo do crescimento.

“Se a isso for acrescido com uma reafetação do PT2030 para ajudar a evoluir a economia e a não entrar num buraco negro que tem sido o Estado – absorve toda a massa em redor – temos condições para passar a crescer mais de 3% e não divergir”.

Em relação ao tema impostos, Nuno Amado defendeu que “a carga fiscal é a mochila que todos levamos às costas. É claramente a maior carga fiscal para o produto per capita equivalente, para o nosso nível de riqueza, salvo a Grécia, é o maior que existe”, explicou.

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11.700 migrantes chegaram às Canárias este ano

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2024

Espanha está a lidar com um pico inédito de chegadas de migrantes, de forma irregular, às Canárias, sobretudo, desde meados do ano passado.

Mais de 11.700 pessoas chegaram já este ano às ilhas Canárias de forma irregular, a bordo de embarcações precárias, um aumento de 630,6% em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados do Governo espanhol. Entre 1 de janeiro e 15 de fevereiro, as autoridades registaram a chegada de 11.704 migrantes às Canárias (arquipélago no Atlântico) a bordo de 176 embarcações conhecidas como ‘pateras’, quando no mesmo período de 2023 tinham sido 1.602 pessoas e 37 embarcações.

Já às costas espanholas do Mediterrâneo (Espanha continental e ilhas Baleares), chegaram, no mesmo período, 1.251 migrantes, um aumento de 55% em relação a 2023. Espanha está a lidar com um pico inédito de chegadas de migrantes, de forma irregular, às Canárias, sobretudo, desde meados do ano passado. As ‘pateras’ têm como origem as costas ocidentais de África e o Governo espanhol atribui à instabilidade na região do Sahel o aumento de chegadas de migrantes às Canárias.

Na semana passada, a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) revelou que quase todas as rotas migratórias para a União Europeia (UE) registaram uma descida em janeiro, que variou entre recuos de 71% no Mediterrâneo Central e de 30% nos Balcãs Ocidentais, mas a rota da África Ocidental contrariou a tendência de descida.

A agência europeia explicou o aumento apontando que, “nos últimos meses, os grupos criminosos envolvidos no tráfico de seres humanos na Mauritânia aproveitaram rapidamente as oportunidades oferecidas pelo aumento da procura por parte dos migrantes subsarianos que transitam pelo seu país para entrar na União Europeia através das ilhas Canárias”, onde chegam em pequenas embarcações de pesca normalmente sobrelotadas.

Segundo as autoridades de Espanha, mais de 80% das embarcações precárias ou em situação ilegal que chegaram às Canárias em janeiro com migrantes saíram da Mauritânia. Em 8 de fevereiro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, foram à Mauritânia, onde anunciaram ajudas de centenas de milhões de euros ao país africano, para gestão de fluxos migratórios e apoio a refugiados, entre outros objetivos.

Von der Leyen anunciou que Bruxelas vai desbloquear mais de 210 milhões de euros este ano em ajudas à Mauritânia e Sánchez revelou que Espanha destinará nos próximos anos mais de 300 milhões à cooperação bilateral. A presidente da Comissão lembrou a “situação muito precária” que vive a região do Sahel, com golpes de Estado e violência nos países vizinhos da Mauritânia, que assume “um papel primordial” na garantia da estabilidade nesta zona.

A Mauritânia, sublinhou, além de ser um país de origem de fluxos migratórios para a Europa, está também a acolher centenas de milhares de pessoas de outros Estados próximos, como o Mali, que fogem da violência. Espanha é um dos países da UE que lida diretamente com maior número de chegadas de migrantes em situação irregular que pretendem entrar em território europeu.

Como outros Estados-membros da UE, Espanha tem defendido o reforço da cooperação com os países de origem e trânsito de migrantes, insistindo numa “abordagem integral”, que não se limite ao controlo de fronteiras e abranja também o desenvolvimento económico e social. Espanha declarou em outubro de 2023 uma situação de emergência por causa do aumento das chegadas de migrantes e o Governo aprovou hoje, em Conselho de Ministros, mais 60,6 milhões de euros para serviços de resposta.

Desde outubro, foram já aprovados quase 170 milhões de euros para responder a necessidades básicas dos migrantes em situação vulnerável, cuidados médicos de urgência, acolhimento por asilo, apoio psicológico ou restabelecimento de contactos com familiares, segundo o Governo. A par dos números oficiais com as chegadas de migrantes a território espanhol, as organizações não-governamentais (ONG) chamam a atenção para o número de mortos.

Segundo a ONG Caminhando Fronteiras, 6.618 pessoas morreram no ano passado no mar quando tentavam chegar a Espanha, quase o triplo das vítimas de 2022 e o maior número desde que há registos (2007). Mais de 6.000 (6.007) dessas pessoas morreram na “rota das Canárias”, que voltou a ser “a região migratória mais letal do mundo”. Além da situação no Sahel, as ONG atribuem o aumento do número de chegadas a Espanha e de mortos no mar aos acordos do Governo de Madrid com Marrocos, para controlo das fronteiras, que levam os migrantes para as rotas mais longas e perigosas do Atlântico.

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