Banco de Portugal atento a ‘guerra’ no crédito à habitação
Supervisor tem em curso inspeções aos bancos para perceberem como estão a fixar os preços nos empréstimos numa altura em que a baixa dos juros vai intensificar a 'guerra' pelo cliente.
O Banco de Portugal lançou um conjunto de inspeções junto dos bancos para perceber como estão a fixar os preços nos empréstimos para a compra de casa. A intervenção do supervisor surge numa altura em que a redução das taxas de juro vai pressionar as receitas dos bancos e intensificar a ‘guerra’ pela captação de mais clientes.
Foi o próprio presidente do BPI quem revelou que está em curso “um conjunto de auscultações e inspeções aos bancos para perceber exatamente como marcam os seus preços”.
“Há uma preocupação do supervisor relativamente aos preços, acredito possa haver alguma guerra, mas há limites que o regulador impõe sobre a racionalidade da marcação dos preços. Não se pode marcar preços de qualquer forma, tem de haver um racional por detrás”, disse João Pedro Oliveira e Costa esta quinta-feira na apresentação dos resultados anuais.
O alívio da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) já está a pressionar as receitas dos bancos nacionais que foram os mais beneficiados com a escalada das taxas nos últimos dois anos. Agora olham para o crescimento do volume de crédito como uma forma de contrariar o impacto da descida dos juros na margem financeira.
BCP e BPI contam com isso para continuarem a crescer de atividade nos próximos anos, de acordo com os respetivos planos estratégicos que apresentaram recentemente. E o líder da Caixa já disse que quer manter a liderança do mercado do lado do banco público.
“Em relação ao crescimento [do BPI], eu não diria caça ao cliente, mas uma concorrência feroz que vai ficar mais patente quando as taxas de juro começarem a dar sinais de baixa”, frisou João Pedro Oliveira e Costa, que observa com otimismo esta atuação do Banco de Portugal para evitar uma ‘guerra’ desenfreada no setor. “É importante para a sustentabilidade dos bancos. Como vimos no passado, o problema não é como se comportam todos, é como se comportam alguns bancos”.
Questionado pelo ECO sobre estas inspeções, o Banco de Portugal referiu que “acompanha de perto as instituições, verificando se cumprem as suas obrigações e/ou seguem as melhores práticas internacionais e intervindo para que eventuais falhas sejam corrigidas, sem nunca eximir as instituições das suas responsabilidades”.
“No acompanhamento regular das instituições pode recorrer a várias técnicas de supervisão, podendo, se necessário, recorrer a inspeções ou análises temáticas”, adiantou o supervisor, lembrando que desde junho de 2021 que se encontram em vigor orientações da Autoridade Bancária Europeia (EBA) sobre a concessão e monitorização de empréstimos.
Essas orientações, recorda o regulador, determinam que as instituições devem dispor de um enquadramento de pricing “suportado por adequadas estruturas de governo e que estabeleça uma abordagem de determinação de preços por tipo de mutuário e qualidade de crédito”.
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