Venda do Novobanco é “boa para os bancos” e a “melhor solução para os consumidores”
Fontes do setor acreditam que venda do Novobanco aos franceses vai ser boa para os outros bancos pois reduz fardo do Fundo de Resolução. E também será a melhor solução para as famílias e empresas.
Fontes do setor financeiro consideram ao ECO que a venda do Novobanco aos franceses do Groupe BPCE vai ser “boa para os outros bancos”, pois irá reduzir o esforço do Fundo de Resolução no reembolso da dívida ao Estado. E é também “a melhor solução para os consumidores”, porque traz diversificação geográfica e concorrência para o mercado nacional, evitando uma maior concentração da banca espanhola.
“Uma dispersão em bolsa teria sido interessante, porque iria animar o mercado de capitais”, diz uma fonte que acompanhou de perto o processo do Novobanco.
“Mas, colocando esta opção de lado, a venda ao Groupe BPCE é a melhor solução possível porque diversifica a propriedade de capital. Não havia capital francês na banca comercial, mantém a concorrência do mercado e a autonomia do centro de decisão de um banco com grande capacidade de financiamento do tecido empresarial de pequenas e médias empresas”, explica.
Nesse sentido, afirma que “foi a melhor solução para os consumidores portugueses”, incluindo famílias e empresas. “Passamos a ter um banco com um acionista com outra perspetiva sobre o mercado e que não está formatado a partir de Madrid”, observa — além do grupo francês, também o Caixabank, dono do BPI, esteve na corrida pela compra do Novobanco, com interesse espanhol a levar o Governo português a manifestar-se publicamente contra o aumento do peso da banca espanhola no mercado nacional.
Outra fonte lembra que os bancos também serão beneficiados com o negócio. O Groupe BPCE vai pagar 6,4 mil milhões de euros por 100% do capital do Novobanco. O Fundo de Resolução irá receber cerca de 867,8 milhões de euros por conta da participação de 13,56% que tem no banco.
“O esforço dos bancos para o Fundo de Resolução vai ser menor”, aponta esta fonte. O Fundo de Resolução, que é financiado pelas contribuições dos bancos, deve sete mil milhões de euros ao Estado. Assim, o encaixe com a venda da participação no Novobanco vai ajudar o fundo liderado por Máximo dos Santos a abater a dívida, como já anunciou que irá fazer.
Nenhum dos bancos quis comentar o negócio ou esteve disponível para responder às questões do ECO.
O Groupe BPCE espera concluir a transação no primeiro semestre do próximo ano. “É um banco de origem muito conservadora. Depois não há aqui um risco de concorrência. Não estaria à espera de dificuldades junto das autoridades regulatórias”, nomeadamente Banco Central Europeu e Autoridade da Concorrência, adianta a primeira fonte.
Novobanco permite a franceses exporem-se a taxa variável
Numa nota de análise publicada esta terça-feira e a que o ECO teve acesso, a agência Moody’s frisou que a aquisição do Novobanco irá “apoiar as perspetivas de crescimento do BPCE”, por duas razões: devido ao crescimento da economia portuguesa acima da média da União Europeia e também por conta dos bons números do banco português.
“O negócio irá apoiar a diversificação do BPCE, tanto a nível geográfico como em termos de receitas, através do aumento da proporção de empréstimos a taxa variável no seu balanço”, frisam os analistas da agência de notação de risco.
No final de 2024, 82% dos empréstimos da casa do Novobanco estavam associados a taxas variáveis. Já o banco francês tem uma carteira de crédito predominantemente com taxa fixa.
Assim, conclui a Moody’s, a aquisição do banco português “proporcionará uma proteção natural em caso de cenários futuros de inflação em rápido crescimento”.
Segundo a agência de rating, a compra do Novobanco não terá um impacto significativo no capital do BPCE devido à capacidade de geração orgânica de capital (32 pontos base no primeiro trimestre) e de retenção de mais de 90% do lucro anual.
O analistas estimam que o rácio Common Equity Tier 1 manter-se-á acima dos 15% após o negócio, em relação ao rácio de 16,2% no final de março.
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