“Não vamos transformar os portos nas autoestradas”. Operadores avisam que não basta pedir dinheiro aos privados
Operadores portuários estão disponíveis para concorrer às concessões que vão ser lançadas, mas alertam que falta o mais importante: conhecer as condições. Não basta pedir dinheiro aos privados.
Os operadores portuários privados, que vão financiar 75% dos cerca de quatro mil milhões de investimento previstos para os portos nacionais até 2035, estão disponíveis para concorrer às novas concessões que vão ser lançadas, dependendo das condições apresentadas para os diferentes concursos. Mas avisam que nem todos os problemas se resolvem com investimento. “Não vamos transformar os portos nas autoestradas”, desabafa a Yilport
O plano do Governo para os portos nacionais, que prevê um aumento de 50% da carga em relação a 2023 parece muito ambicioso” a Nuno David Silva, da Yilport Iberia, que está na gestão de vários portos nacionais. “O que vemos todos é a falta de carga”, atira. Acrescenta que não basta pedir dinheiro aos privados: “mesmo com [um prazo de concessão de] 75 anos, o investimento tem de fazer sentido”.
“Não vamos transformar os portos nas autoestradas, em que é só obra, obra, obra“, criticou o mesmo responsável, lembrando que “há portos que têm 50% de capacidade utilizada”.
Alejandro Beas, do Grupo Nogar, que está em Viana do Castelo, realça que o Portos 5+ é um “programa importantíssimo para Portugal”, mas “investir num porto, não é investir num carro”. “Estamos a falar de investimentos muito grandes e de rentabilidades reduzidas”, salvaguarda. Sobre o plano de novas concessões, concorda que “falta a parte mais importante, que é o detalhe.

Os privados, através de 15 novas concessões que vão ser lançadas, vão financiar cerca de 75% dos 3.967 milhões de euros de investimentos previstos para o setor portuário no período entre 2025 e 2035. Assim, ficará a cargo de empresas privadas o financiamento de 2.941 milhões de euros, enquanto os restantes 1.026 milhões de euros serão investidos pela Autoridade Portuária e através de fundos comunitários.
Questionados sobre se vão aos concursos, os operadores portuários dizem que sim, mas não sem a garantia que as condições garantem retorno. “Temos de estar disponíveis para ir a concursos”, admite Rui Azevedo, da PTM Ibérica, que gere o porto de Aveiro através de licença e não por concessão. “Aveiro é o porto que nos diz respeito e nos interessa. Temos mais de 40 milhões investidos em pouco mais de dez anos”, sintetiza.
Também o grupo Yilpor diz que quando houver novas concessões vai “avaliar”. Entretanto compromete-se a continuar a investir nas atuais concessões. O mesmo acontece com o Grupo ETE, que está “disponível” para concorrer, reconhece Andreia Ventura. Quanto às condições dos concursos, destaca que foi apresentada uma estratégia, não é o momento para apresentar nem a base das concessões, nem dos concursos.
A responsável destacou ainda que “a clarificação dos prazos de concessões é fundamental para operadores”. “Há um reconhecimento por parte do Governo que é o investimento privado que vai fazer diferença, o que fez foi dar condições a quem investe“.
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