Portugal “nunca aceitará anexação da Crimeia”, avisa Marcelo em discurso na ONU

  • Lusa e ECO
  • 24 Setembro 2025

"Apoiaremos, sempre, e estaremos ao lado da Ucrânia e do povo ucraniano. Nunca aceitaremos a anexação da Crimeia", disse o Presidente da República em Nova Iorque.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta quarta-feira na ONU, em Nova Iorque, que Portugal nunca aceitará a anexação da Crimeia pela Rússia e estará sempre ao lado da Ucrânia.

Numa intervenção na 5.ª Cimeira da Plataforma Internacional da Crimeia, organizada pela Ucrânia, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), Marcelo Rebelo de Sousa apelou à libertação imediata dos civis detidos ilegalmente e crianças raptadas pela Rússia.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discursou no início desta cimeira, intitulada “Reconhecendo o Papel da Assembleia Geral da ONU na Promoção do Respeito pela Carta da ONU no Contexto da Crimeia”.

O chefe de Estado português, que discursou em inglês, condenou “a ocupação ilegal da Crimeia em 2014” que enquadrou como “o início de uma campanha mais ampla da Rússia de agressão e desrespeito pelo direito internacional, pela Carta da ONU e pelas resoluções da ONU”.

“Apoiaremos, sempre, e estaremos ao lado da Ucrânia e do povo ucraniano. Nunca aceitaremos a anexação da Crimeia. Apoiaremos a Declaração de Nova Iorque. E fá-lo-emos enquanto a Rússia persistir na ocupação ilegal do território ucraniano e na sua violação sistemática do direito internacional. A Crimeia é Ucrânia”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Em 2014, a Assembleia Geral da ONU aprovou, com o voto a favor de 100 países, entre os quais Portugal, uma resolução apelando ao não reconhecimento da anexação da Crimeia pela Rússia, considerando inválido o referendo organizado pelas autoridades pró-russas.

Moldávia acusa Rússia de tentar “tomar o poder em Chisinau”

Também esta quinta-feira, o primeiro-ministro da Moldova, Dorin Recean, acusou a Rússia de tentar “tomar o poder em Chisinau” através de alegadas ações de desestabilização e corrupção eleitoral, a poucos dias das eleições parlamentares marcadas para domingo.

“O objetivo da Rússia é tomar o poder em Chisinau, violando a vontade soberana dos moldavos”, afirmou Recean, numa conferência de imprensa citada pelo jornal moldavo Jurnal. O chefe do Governo da Moldova garantiu que as autoridades vão “fazer tudo o que for possível” para travar o que classificou de “plano de ocupação russo”.

Segundo Recean, as pressões de Moscovo “aumentam de forma evidente” e incluem “ações subversivas” que se intensificaram nas últimas semanas. Na segunda-feira, a polícia moldava deteve mais de 70 pessoas no âmbito de uma investigação sobre o envolvimento da Rússia em possíveis distúrbios e protestos violentos ligados ao processo eleitoral.

“O Kremlin tem cúmplices na Moldova”, acusou, na mesma linha de pensamento, a Presidente, Maia Sandu, que alertou para “consequências imediatas” caso Moscovo consiga alargar a sua influência política no país. “Se a Rússia assumir o controlo da Moldova, as consequências ameaçarão não apenas o nosso país, mas toda a região”, insistiu Sandu.

Na mesma conferência de imprensa, o chefe de Governo apelou ainda à mobilização popular nas urnas, sublinhando que “a batalha final pelo futuro do país está a ser travada”. Recean pediu ainda à oposição pró-russa que se demarque publicamente das acusações de compra de votos e do alegado esquema que foi desmantelado pelas forças de segurança. “Se não o fizerem, estarão a confirmar que são beneficiários diretos da corrupção eleitoral financiada pelo Kremlin”, avisou Recean.

As autoridades moldavas indicaram que o esquema em investigação envolvia pagamentos ilícitos, manipulação de votos e ataques cibernéticos destinados a comprometer o processo eleitoral. O Governo de Chisinau considera que tais práticas visam favorecer partidos próximos do Kremlin (presidência russa).

As eleições de 28 de setembro são consideradas decisivas para o futuro da Moldova, marcada pela divisão entre as forças pró-Moscovo e os partidos que defendem a integração europeia, liderados pelo Partido de Ação e Solidariedade (PAS), da Presidente Maia Sandu.

Contudo, as sondagens sugerem que o PAS poderá perder a maioria parlamentar, abrindo espaço para negociações com formações pró-Rússia, que concorrem em bloco, ou até para uma repetição do escrutínio.

Na intervenção perante a Assembleia-Geral da ONU, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, avisou que a Europa não deve “perder a Moldova para a Rússia”, como já perdeu Bielorrússia e Geórgia.

Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, a Moldova situa-se entre a Roménia e a Ucrânia. A região separatista moldava da Transnístria ganhou destaque após o início da guerra na Ucrânia (em fevereiro de 2022) devido aos laços com a Rússia e à sua importante posição geoestratégica.

A Rússia mantém um contingente de 1.500 soldados na Transnístria, cujos separatistas pró-Moscovo controlam o território desde a guerra civil na Moldova, em 1992.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Portugal “nunca aceitará anexação da Crimeia”, avisa Marcelo em discurso na ONU

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião