Redes sociais podem acelerar queda de bancos em momentos de crise, avisa BCE

  • Lusa
  • 14:37

"As redes sociais podem alimentar o pânico, enquanto a banca por internet e móvel pode tornar a fuga de um banco mais fácil do que nunca", diz Pedro Machado.

O Banco Central Europeu (BCE) alertou esta terça-feira que as redes sociais podem acelerar a queda de um banco num momento de crise e, por isso, o seguimento das mesmas deve fazer parte da gestão de risco de um banco.

O membro do Conselho de Supervisão do BCE Pedro Machado disse, numa conferência em Frankfurt sobre a banca espanhola, que “as redes sociais podem alimentar o pânico, enquanto a banca por internet e móvel pode tornar a fuga de um banco mais fácil do que nunca”.

“Em tempos normais, nem o internet banking, nem a disponibilidade de aplicativos móveis têm um efeito sistemático na volatilidade dos depósitos”, mas, em períodos de tensão, um uso maior do internet banking amplifica as saídas extremas de depósitos”, considerou Machado.

O BCE chegou a esta conclusão após analisar empiricamente os dados dos 110 maiores bancos da zona euro, que supervisiona diretamente, entre 2016 e 2024. Um aumento de 20 pontos percentuais no uso do banco online na União Europeia (UE) nos últimos anos traduz-se numa amplificação de quase seis pontos percentuais de saídas extremas de depósitos, segundo dados do BCE.

Por isso, os supervisores devem monitorizar os depósitos digitais não assegurados e tê-los em conta nos cenários de stress dos testes de resistência, segundo Machado. As redes sociais aceleraram a fuga do Silicon Valley Bank em 2023 e intensificaram o contágio para bancos regionais, considerou Machado num discurso na conferência organizada pela Associação Espanhola de Bancos (AEB) e pela Confederação Espanhola de Caixas de Aforro (CECA).

De momento, não se observou um efeito causal das redes sociais nos fluxos de depósitos dos bancos europeus, exceto em casos concretos como foi o Credit Suisse em março de 2023. Mas uma explicação para isso é que os dados utilizados têm frequência mensal e não capturam totalmente as saídas de depósitos em prazos muito curtos que ocorrem em questão de horas ou dias.

Por isso, Machado considerou que os supervisores devem considerar exigir aos bancos mais importantes da zona euro informações mais frequentes sobre as saídas de depósitos de retalho em períodos de tensão, talvez, até mesmo, uma observação em tempo real das condições de liquidez.

Da mesma forma, a digitalização também favorece a saída de depósitos dos bancos tradicionais para alternativas que oferecem maior rentabilidade, especialmente os depósitos não assegurados, destacou Machado.

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