Banco de Fomento tem mil milhões em imparidades
Resultado líquido do banco de Fomento no terceiro trimestre de dez milhões de euros é explicado pelo objetivo de "não querer criar impostos encapotados" às empresas. Impacto no PIB é de 1,8%.
O Banco de Fomento registou um lucro consolidado de dez milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, uma ligeira subida face aos 8,9 milhões registados no primeiro semestre. A instituição atingiu um valor recorde de capital garantido e um impacto superior a 1,8 pontos percentuais do PIB. Mas tem mais de mil milhões de euros em imparidades.
Na apresentação no Museu do Tesouro Real, o CEO Gonçalo Regalado apresentou os dez objetivos estratégico do BPF que são “muito diferentes” da banca tradicional. O financiamento com garantia foi multiplicado mais de nove vezes, sublinhou o responsável. A produção de crédito garantido passou de 539 milhões em 2024 para 5.150 milhões nos primeiros dez meses do ano.
Os meses de janeiro e fevereiro foram muito difíceis de transição, a equipa só começou a funcionar totalmente em março, com equipas incompletas, o que penalizou os resultados dos três primeiros meses. Gonçalo Regalo sublinhou que, das 792 recomendações do regulador por implementar, fecharam 300 em dez meses.
O responsável revela que há mil milhões de euros em imparidades acumuladas, sendo que 450 milhões já utilizaram o aval do Estado ao longo dos anos, ou seja, são perdas para o Estado português. Por outro lado, 600 milhões já foram registados como imparidade nas contas do banco, mas “tudo o que for recuperado será positivo para o BPF e para o país”. Depois há 90 milhões que ainda não foram registados como imparidades, mas que é esperado ser recuperado. Mas, “o rácio de NPE é quase dez vezes o rácio europeu”, sublinha Gonçalo Regalado.
“É no stock e não no fluxo que está o desafio”, sublinhou o CEO. “Não há constituição de novas imparidades muito relevante nem de recuperação das mesmas”, acrescentou.
“Estamos a implementar novos sistemas informáticos para ajudar a recuperar as verbas em incumprimento e foi criado um novo departamento para a recuperação de crédito e, perante os early warning signs, agir imediatamente”, avançou o CEO. “Vamos montar uma máquina de recuperação de crédito semelhante à que existe na banca comercial. Há dez anos os rácios na banca comercial não eram diferentes dos que temos hoje no BPF”, contextualiza o responsável, assegurando que todos os meses vai melhorando o rating que é agora de 5 contra os 6 de 2024 (numa escala de 1 a 15).
Gonçalo Regalo explicou ainda que o resultado líquido de dez milhões de euros é explicado pelo objetivo de “não querer criar impostos encapotados às empresas”. Não vamos esmagar o custo das empresas para ceder às garantias”, explicou, sublinhando que o objetivo é apenas criar capacidade de estrutura e não criar o máximo de rentabilidade possível como existe na banca comercial. Para o BPF o objetivo é maximizar o impacto na economia e colocar seis mil milhões de euros em instrumentos a favor das empresas e da economia. O impacto na economia é de 1,8 pontos percentuais, mas a ambição é passar os 2% e apoiara mais de 14 mil empresas. “Queremos ser um banco exemplar e entregar às empresas um banco ao seu dispor”, frisou.
Estes seis mil milhões de euros representam uma revisão em baixa de mil milhões face à previsão anterior, porque há mil milhões de euros que poderá não ser possível realizar neste ano civil: os 500 milhões da convenção Portugal-Angola que dependem da banca e dos Estados, mas já tem o plafond disponível e 500 milhões relativos a investimento direto estrangeiro de 500 milhões “que estão numa fase muito avança e que não dependem diretamente do BPF”, explicou o CEO.
Luís Guimarães explicitou que em causa estão mais de 20 projetos de IDE de diferentes geografias — maioritariamente da Europa, mas também da América do Norte e da América Latina — e em diversos setores de atividade como infraestruturas refinaria de matérias-primas, mobilidade elétrica. “São projetos como nome e apelido”, frisou o CCO do BPF.
Os valores das imparidades é de 1,04 milhões de euros é de 14 mil empresas, há uma enorme capilaridade e serão oferecidos “acordos de recuperação” às empresas. Além disso, este valor é também penalizado pelo facto de o Banco de Fomento ter usado 163 milhões de euros por sem implementing partner do Invest-EU e que corresponde à taxa de sinistralidade deste programa, explicou Bruno Rodrigues, o CFO que está de saída
O Banco de Fomento quer “chegar ao final do ano sem dívidas”. Gonçalo Regalo anunciou que a questão das dívida às empresas decorrente da pandemia está concluído com o pagamento de 37 milhões de euros a empresas. Já ao nível do Portugal 2020 o banco já pagou 29 dos 48 milhões e já encontrou uma solução para que os 18 milhões de euros remanescentes sejam regularizados até ao final do ano.
Ao nível das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência, o CEO revelou que recebeu “o PRR com uma taxa de execução de 27% e com uma elevada taxa de litigância, com 87 processos judiciais de litigância contra empresas e sociedade de capital de risco”, elencando as dificuldades herdadas que levaram o responsável a classificar o BPF como o “banco do tormento”.
Na apresentação dos resultados, o banco revela que o número de empresas cresceu de 2,4 mil para 12,5 mil e com 82% de novos clientes, graças ao projeto de garantias pré-aprovadas, o que ajuda a que o banco suba no ranking de 16.º para 5.º no ranking dos bancos promocionais com maior impacto no PIB.
(Notícia em atualização)
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