CEO dos CTT diz que futura concessão do correio “irá requerer contribuições do Orçamento do Estado”
João Bento diz que preços do correio tornar-se-ão "desproporcionalmente" altos com queda dos volumes nos próximos anos. Concessão a partir de 2029 não pode ser exclusivamente "autofinanciada".
O CEO dos CTT CTT 2,24% afirmou esta terça-feira que o serviço postal universal “irá requerer contribuições do Orçamento do Estado” a partir de 2028, dado que não é sustentável manter o atual modelo de “autofinanciamento” na futura concessão, na ótica da empresa.
De acordo com João Bento, será necessário encontrar “novas formas de financiamento” do serviço postal universal quando for negociado com o Governo o próximo contrato de concessão. O atual contrato estará em vigor até 31 de dezembro de 2028 e pressupõe que o serviço é financiado pelos próprios utilizadores.
Ao longo de várias intervenções esta terça-feira, no âmbito do Capital Markets Day dos CTT, João Bento considerou que o modelo atual “já não é viável” após 2028, devido à previsão de queda muito acentuada dos volumes de correio nos próximos anos: “É nossa convicção forte, e uma certeza absoluta pessoal, que o atual modelo de financiamento do serviço postal universal não será viável depois de 2028, porque os volumes têm caído tanto que os preços se irão tornar desproporcionalmente elevados”, explicou João Bento.
O CEO insistiu que “há uma necessidade” de “encontrar novas formas de financiamento do serviço universal” quando a empresa e o Governo que estiver em funções negociarem um novo contrato de concessão do serviço postal universal. Para João Bento, “isto precisa de ser feito e começar a ser feito durante o novo período estratégico”, compreendido entre 2026 e 2028.
Mais adiante, em resposta a uma questão de um analista, João Bento confirmou que a intenção dos CTT é que, no futuro, a partir de 2029, o serviço postal universal tenha “contribuições do Orçamento do Estado” — na prática, financiamento pelos contribuintes. Esse financiamento poderia ser parcial e não total.
O ECO questionou o atual Governo sobre esta matéria, concretamente o gabinete do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, na medida em que as negociações deverão ocorrer ainda na atual legislatura. Encontra-se a aguardar resposta.
É nossa convicção forte, e uma certeza absoluta pessoal, que o atual modelo de financiamento do serviço postal universal não será viável depois de 2028, porque os volumes têm caído tanto que os preços se irão tornar desproporcionalmente elevados.
Garantir proximidade com soluções self-care
O financiamento do serviço postal não é a única dimensão em que os CTT querem ver alterações na próxima concessão. Noutra intervenção, João Ventura Sousa, administrador da empresa, explicou que a empresa também irá defender alterações no “escopo”, “simplificando os produtos” que têm de ser oferecidos, alinhando-os com “a importância do correio na sociedade” (que está em declínio), bem como nos indicadores de qualidade.
“Não creio que, independentemente do Governo [que estiver em funções] nesses dias, não venha a existir alguma redução, ou alívio, nos níveis de serviço”, afirmou o CEO dos CTT, referindo-se aos objetivos de qualidade estipulados pelo Governo em conjunto com a Anacom, o regulador do setor. “Acredito que é matéria de negociação”, reiterou.
Ademais, os CTT esperam alterações ao nível da “cobertura geográfica” do serviço postal universal. Numa altura em que a empresa é obrigada a manter estações de correio físicas em todos os concelhos, uma política defendida desde o primeiro momento pelo atual CEO quando assumiu o cargo em maio de 2019, o grupo espera abertura do Governo para a “manutenção da proximidade” através de “soluções de self-care”, de que são exemplo os cacifos Locky.
Sobre este aspeto específico, João Bento sinalizou que os CTT não têm planos para “reduzir a sua presença física” — “a não ser que essa seja a escolha” tomada no âmbito das negociações com o Governo que estiver em funções.

Tanto João Bento como João Sousa falaram esta terça-feira perante uma plateia de analistas financeiros, durante o Capital Markets Day do grupo, que se realiza esta terça-feira, 4 de novembro. A empresa anunciou em simultâneo a intenção de se tornar líder na logística e no comércio eletrónico nos próximos três anos.
(Notícia atualizada às 12h26 com mais informação)
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