Exclusivo “Estamos no consórcio.” Defined.ai confirma “investimento financeiro e de dados” na gigafábrica de Sines
'Scaleup' participará no financiamento da gigafábrica que o BPF quer atrair para Sines. Daniela Braga mostra-se "muito confiante" de que Portugal irá conseguir convencer a Comissão Europeia.

- A Defined.ai confirmou a sua participação no consórcio liderado pelo Banco de Fomento que pretende atrair para Sines uma das cinco gigafábricas de inteligência artificial cofinanciadas pela Comissão Europeia.
- Daniela Braga, fundadora da Defined.ai, afirmou estar “muito confiante” na candidatura portuguesa, destacando o apoio governamental e defendendo maior iniciativa privada no financiamento europeu de IA, sem dependência excessiva de fundos públicos.
- O projeto português requer um investimento de quatro mil milhões de euros e junta, alegadamente, empresas como Altice, EDP, Bial e até Nvidia, assim como instituições académicas.
A Defined.ai integra o consórcio público-privado que está a tentar atrair para Sines uma das cinco gigafábricas de inteligência artificial (IA) cofinanciadas pela Comissão Europeia, disse ao ECO a fundadora e CEO da scaleup portuguesa, que comercializa dados éticos e licenciados para treino de modelos de IA.
Em declarações à margem da Web Summit, Daniela Braga confirmou que a Defined.ai terá uma participação no projeto liderado pelo Banco de Fomento, ajustada à sua própria escala. Para tal, é preciso que a proposta portuguesa, que tem o apoio do Governo, vença o concurso da Comissão Europeia que está previsto ser lançado ainda durante o quarto trimestre.
“Estamos no consórcio”, afirmou Daniela Braga, apontando que a Defined.ai deterá equity neste empreendimento que exigirá um investimento total da ordem dos quatro mil milhões de euros — repartido entre fundos públicos, europeus e nacionais, assim como capital e dívida. A responsável também sublinhou que conta vir a utilizar os serviços das gigafábricas europeias com “descontos”.
Em causa está um plano da Comissão Europeia para instalar na União Europeia cinco data centers de elevada capacidade de computação, especializados no treino e inferência de modelos e aplicações de IA. Bruxelas espera mobilizar 20 mil milhões de euros no total, entre fundos públicos e privados, e promoveu uma muito participada consulta preliminar ao mercado, que recolheu 76 propostas de candidaturas.
Uma dessas propostas foi elaborada pelo Banco Português de Fomento e entregue à Comissão em meados de junho deste ano. A instituição liderada por Gonçalo Regalado tem estado a mobilizar um consórcio de empresas privadas para concorrer à chamada da Comissão, com vista à instalação de uma dessas gigafábricas em Sines.
Entre os parceiros do Banco de Fomento neste projeto encontram-se várias empresas de dimensão muito superior à Defined.ai, como o grupo Altice, a EDP e a farmacêutica Bial, além de instituições académicas, sabe o ECO. Foi também noticiada a participação da fabricante norte-americana de chips Nvidia. As declarações de Daniela Braga representam, por isso, uma das primeiras confirmações oficiais.
“Obviamente, é um investimento financeiro e de dados”, detalhou a empreendedora. “Nós somos um player de dados e, na realidade, somos um verdadeiro player de IA na sua génese”, frisou Daniela Braga, referindo que a proto-candidatura portuguesa “é finalmente uma coisa como deve de ser”.
Questionada sobre o quão confiante está de que Portugal vencerá o concurso europeu, a fundadora da Defined.ai garantiu estar “muito confiante”.
“Acho que finalmente temos o país mobilizado como deve de ser e o apoio governamental”, ressalvou, defendendo que “é importante que o Estado e a União Europeia participe”. “Mas a Europa está muito dependente desta atitude de ‘eu só faço e só arrisco se 80% do investimento for feito pelo público’. Não deve ser isso”, criticou.
A propósito da gigafábrica, o Banco de Fomento promove esta quarta-feira, no seu stand na Web Summit, um painel de discussão sobre o consórcio nacional. Daniela Braga é uma das oradoras convidadas em representação da Defined.ai, assim como Rui Lobo (da Tekever) e Pedro Amaral (do Instituto Superior Técnico). A conversa será moderada por Tiago Mateus (do BPF).
(Notícia atualizada às 11h27 para clarificar que a concretização do projeto ainda depende de um concurso que será lançado pela Comissão Europeia)
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