Exportações para os EUA representam 1,3% do PIB e do emprego. Têxtil e produtos metálicos são os setores mais expostos
Estudo da PLANAPP sobre a dependência da economia portuguesa face às exportações norte-americanas conclui que os setores têxtil e produtos metálicos são os que apresentam maior risco.
As exportações para os Estados Unidos representam 2,1% da produção, 1,3% do PIB e 1,3% do emprego em Portugal, indica um estudo divulgado esta segunda-feira pelo PLANAPP Centro de Planeamento e de Avaliação de Políticas Públicas.
“As sucessivas políticas tarifárias da atual Administração norte-americana, incluindo a recente negociação que determinou uma tarifa de 15% sobre bens da União Europeia (UE), abrem um capítulo de incerteza nas relações comerciais entre países”, assinala o estudo. “A introdução deste custo adicional tem o potencial de reduzir o volume de exportações da UE para os Estados Unidos da América (EUA), com efeitos também sobre a economia portuguesa“, acrescenta.
O estudo considera, além da exposição dos setores nacionais que exportam diretamente para os EUA, também os que vendem produtos que são usados na cadeia de valor dessas exportações, seja a partir de Portugal ou de outros países da União Europeia. Tem ainda em conta o valor acrescentado e o emprego nacionais gerados pelas exportações e suas respetivas cadeias de produção.
A conclusão é que “2,1 % da produção, 1,3 % do PIB e 1,3 % do emprego em Portugal dependem das exportações de bens para os EUA”, quer pelas exportações portuguesas e as suas relações intersetoriais quer pelas exportações dos restantes países da UE que dependem de fornecimentos de setores da economia portuguesa.
O estudo avalia também o “risco face à eventual redução de exportações da UE para os EUA” dos diferentes setores. O têxtil, apesar de ser o segundo maior exportador nacional, é o mais exposto, com cerca de 400 milhões de euros de valor acrescentado e 14 mil empregos dependentes das vendas para o outro lado do Atlântico Norte.
Em segundo lugar está a indústria de “produtos metálicos, exceto equipamentos”, com uma contribuição líquida de quase 200 milhões de euros e de mais de cinco mil empregos associados. Destes empregos, 40% resultam dos efeitos indiretos nacionais e indiretos de outros países da UE.

O “comércio por grosso, exceto automóveis” surge como o terceiro mais exposto às exportações para os EUA, com cerca de 200 milhões de euros. O que se deve ao facto de ser um setor com “uma dependência relevante das exportações para os EUA através de ligações indiretas”.
Já o setor que mais exporta para os EUA, os “derivados de petróleo”, com um peso de 30% nas vendas para o país de Donald Trump, tem na verdade um contributo “residual” para o PIB e para o emprego. “Isto deve-se, por um lado, ao facto de a principal matéria-prima – o petróleo – ser totalmente importada e, por outro, ao caráter capital intensivo do setor, com reduzida capacidade de gerar empregos diretos”, explica o estudo feito para o PLANAPP pelos economistas Diogo Sousa (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra) Vicente Ferreira (Universidade de Roma “La Sapienza”) João Pedro Ferreira (Universidade da Virgínia, EUA).
Em termos de dependência do emprego, essencialmente por via indireta, sobressaem ainda as “atividades de segurança, investigação e apoio administrativo”, com cerca de 3.600 postos de trabalho, e a agricultura, com cerca de 3.000 empregos.
“No caso específico da agricultura, embora apenas uma pequena parte da produção seja diretamente exportada para os EUA – e, portanto, potencialmente sujeita a tarifas – o impacto mais significativo ocorreria de forma indireta, através do fornecimento de bens e serviços à indústria nacional e europeia que exporta para o mercado norte-americano”, esclarece o estudo.
O peso dos EUA nas exportações portuguesas de bens atingiu um máximo em termos de valor absoluto (5 244 mil milhões de euros) em 2024, correspondendo a cerca de 1,9% do PIB, 6,7% das exportações totais e 23,2% das trocas comerciais de bens com países fora da UE.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Exportações para os EUA representam 1,3% do PIB e do emprego. Têxtil e produtos metálicos são os setores mais expostos
{{ noCommentsLabel }}