Gouveia e Melo avisa empresários que a economia não pode ser campo de batalha

  • Lusa
  • 25 Novembro 2025

“Tenho a certeza absoluta que nenhum dos senhores empresários quer uma sociedade precarizada, uma sociedade em que não haja praticamente classe média”, disse o candidato presidencial.

O candidato presidencial Gouveia e Melo afirmou esta terça-feira, perante uma plateia de empresários, que a economia não pode ser um campo de batalha e considerou que o país está numa conjuntura de “águas estagnadas” há duas décadas.

No final de um almoço debate promovido pela CIP (Confederação Empresarial de Portugal), o ex-chefe do Estado-Maior da Armada declarou também que o seu principal foco, se for eleito Presidente da República, será a estabilidade, “porque é impossível haver uma estratégia se os governos mudarem de regras de dois em dois anos, ou de três em três anos”.

Um ponto em que também criticou a “sazonalidade da abertura dos cordões à bolsa” pelos governos em vésperas de eleições, para logo depois se fecharem os cordões à bolsa, dizendo que isso não é estratégia de desenvolvimento para um país.

Perante os membros da CIP, o almirante voltou a defendeu a necessidade de introduzir flexibilidade no mercado laboral, sobretudo para permitir adaptação às novas tecnologias. Mas também deixou o recado sobre a indispensabilidade da coesão social, apontando neste contexto que o tecido empresarial precisa sempre de operar num mercado que tenha “uma classe média forte”.

Depois de enunciar estes princípios, Gouveia e Melo classificou como “lateral” o conjunto das questões atualmente em discussão no anteprojeto do Governo de revisão das leis laborais. E procurou deixar uma garantia: “Podem contar comigo, sei que se houver um acordo entre empresários e trabalhadores, com flexibilidade de ambos os lados, a nossa economia tem muito mais capacidade de progredir”.

“Tenho a certeza absoluta que nenhum dos senhores empresários quer uma sociedade precarizada, uma sociedade em que não haja praticamente classe média”, rematou. Ainda sobre a questão referente ao atual impasse nas negociações em torno da revisão do Código de Trabalho, Gouveia e Melo, assumiu mesmo que, como candidato presidencial, não deseja ir mais longe nos seus comentários. E justificou:

“Politicamente, estar a pronunciar-me agora é dar um sinal a um lado ou um sinal ao outro lado, o que pode prejudicar as negociações. Porque as negociações devem ser feitas entre empregadores e trabalhadores – e o Estado só deve moderar essa negociação. Não deve introduzir ideologia nessa negociação”, advertiu.

Para o ex-chefe do Estado-Maior da Armada, os pontos cruciais ao nível da economia não é uma regra ou outra no direito do trabalho ou se uma taxa de imposto baixa um ou meio ponto percentual, mas antes a burocracia, os custos de contextos gerados pelo Estado e a estabilidade em termos de regras e de carga fiscal.

“Tivemos um salto tremendo após o 25 de Abril de 1974, entrámos na Europa, continuámos a dar um salto, mas parece que a partir da crise de 2008 estagnámos. Nós estamos em águas estagnadas – e as soluções que alguns apresentam dão a sensação que não querem sair dessas águas estagnadas”, criticou.

Na sua intervenção, Gouveia e Melo realçou as “boas condições geoestratégicas” de Portugal, no atlântico e longe da fronteira leste da Europa, mas apontou como fator crítico a ausência de estabilidade.

“Não podemos estar a governar para ciclos curtos e muito menos para os noticiários das oito, porque quando se começa a fazer isso o taticismo tira o foco e sentido de orientação – e é isso que tem acontecido no país. Quando se aproximam determinados ciclos eleitorais, o Estado abre os cordões à bolsa. Depois, passa o ciclo eleitoral e tem de recuperar e volta a tomar medidas restritivas”, apontou.

“A estabilidade é essencial e eu, por ser independente de lógicas partidárias, garanto que se houver uma governação – independentemente daquela que o povo escolher, mais à direita, mais ao centro ou à esquerda – se ela tiver a possibilidade de governar, eu farei tudo para que tenha a governação mais prolongada possível, para fazer reformas estruturais que o país precisa”, prometeu. Neste contexto, o almirante advogou que “as reformas estruturais necessitam de tempo”.

“Conheço exatamente o que é que se pode fazer não só dentro do Estado para o melhorar, mas também como é que a tecnologia e o conhecimento podem mudar as empresas e o próprio Estado. Sou a pessoa capaz de mobilizar isso fruto dos meus conhecimentos”, acrescentou.

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