Investidores australianos injetam capital no primeiro projeto de mina “zero resíduos” em Espanha

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  • 7:35

A Tectonic Investment, a EMR Capital e um terceiro parceiro consolidam o seu apoio ao projeto Mina Muga, fundamental para o autoabastecimento de potássio da UE.

A Highfield Resources Limited, empresa australiana controladora da Geoalcali, efetivou a injeção de capital no valor de 10 milhões de dólares australianos (mais de 5,6 milhões de euros) proveniente de alguns dos seus principais acionistas estratégicos, como a Tectonic Investment Management e a EMR Capital Management Limited.

A entrada destes fundos permitirá à empresa sediada em Pamplona resolver os trâmites pendentes com a concessão mineira de Goyo, avançar nas negociações com parceiros estratégicos na Mina Muga e reforçar a sua liquidez para operações ordinárias, segundo fontes da empresa.

«A Mina Muga mantém o apoio sólido e constante dos seus investidores, que nos acompanharam durante 14 anos de complexos trâmites administrativos e legislativos, nos quais se trabalhou de forma muito profissional e estamos muito convencidos do enorme potencial de geração de valor que representa», sublinhou Carles Alemán, CEO da Geoalcali.

Esta operação reforça a posição financeira da empresa e é estruturada através de novas notas convertíveis, adaptando também as emitidas em 2023 aos novos termos e prolongando o seu vencimento para o mesmo horizonte temporal. A entrada efetiva de fundos reflete a confiança dos acionistas na viabilidade e sustentabilidade do projeto, consolidando a Mina Muga como um projeto estratégico a nível europeu e como um modelo industrial circular, no qual todos os recursos extraídos têm um destino útil, cumprindo assim as normas ambientais europeias.

A Mina Muga produzirá potassa (granulada e padrão), potassa branca, sal a vácuo e sal de degelo (em menor escala). Este sal a vácuo, de grande pureza (mais de 99,9% de NaCl), é obtido por purificação e cristalização a vácuo e é essencial para a indústria química e eletroquímica espanhola, especialmente na produção de cloro, soda cáustica, PVC, poliuretanos, desinfetantes e tratamento de águas.

A oferta nacional atual de sal vacuum depende de importações da Alemanha, França e Holanda, gerando vulnerabilidade estratégica e custos logísticos. A mina Muga produzirá inicialmente 270 000 toneladas por ano, expansíveis para 540 000, que cobrirão a procura interna e fortalecerão a soberania industrial espanhola.

Por outro lado, graças ao inovador processo de backfilling seco, o restante dos resíduos minerais será reintroduzido diretamente na mina, evitando a sua acumulação no exterior nas chamadas «montanhas de sal». Esta técnica pioneira numa mina de potássio permitirá a gestão controlada e sustentável destes sais, fechando o ciclo de aproveitamento e tornando a operação num exemplo de mineração circular.

«O projeto combina inovação tecnológica com sustentabilidade», salientam fontes da Geoalcali, lembrando que todos os processos cumprem a normativa em vigor e são supervisionados pelas autoridades competentes. A combinação de produção circular e diversificação de produtos de alto valor acrescenta um importante valor estratégico, alinhando a Mina Muga com os objetivos da reindustrialização verde europeia, impulsionando a eficiência dos recursos, a inovação tecnológica e a sustentabilidade, e consolidando a Espanha como referência em mineração responsável e autoabastecimento de matérias-primas críticas.

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