Do “repúdio ao pacote laboral” a um “Governo descolado da realidade”, conheça a reação dos candidatos presidenciais
Os candidatos presidenciais mais à esquerda pedem ao Governo que "retire a proposta" da reforma laboral. Gouveia e Melo critica Governo por "desvalorizar" a greve.
Em dia de greve geral, os candidatos a Belém reagiram a conta-gotas à paralisação de três milhões de trabalhadores, segundo contas da CGTP e UGT, e às declarações do Governo, que primeiro, pela voz do ministro António Leitão Amaro, classificou a adesão de “inexpressiva” e, depois, o próprio primeiro-ministro fez questão de frisar que só “uma minoria” parou.
À esquerda, os ‘presidenciáveis’ defenderam que o “Governo está descolado da realidade do país” quando garante que a adesão é inexpressiva e pedem ao Executivo, liderado por Luís Montenegro, que “retire a proposta” da reforma laboral. José António Seguro criticou o Governo por não “ter mais bom senso e humildade para perceber que criou um problema”, tal como o Henrique Gouveia e Melo afirmou que “desvalorizar a greve” não era a “atitude correta”.
Mais à direita do espetro político, André Ventura disse que não foi “um dia bom para o Governo” e admitiu que existem razões para um “compreensível” descontentamento. Já o candidato liberal João Cotrim Figueiredo considerou que é “necessário flexibilizar a legislação laboral”. Luís Marques Mendes preferiu olhar para a frente, ao afirmar que “existem condições de negociação” e que as “partes vão fazer cedências”.
António Filipe garante adesão à greve é um “sinal esmagador do repúdio ao pacote laboral”
António Filipe, candidato à presidência da República, afirma que “há uma imensa adesão dos trabalhadores a esta greve geral”, destacando que a “manifestação é um sinal esmagador do repúdio ao pacote laboral”.
“O único caminho que o Governo tem a seguir é retirar esta proposta e deixar os trabalhadores em paz”, afirma António Filipe. “A legislação laboral que temos já fragiliza muito os trabalhadores e devia ser melhorada”, reitera.
Em reação às declarações do ministro da Presidência, que indicou que esta greve está a ter uma adesão inexpressiva, António Filipe, candidato à presidência da República, afirma que o “Governo está em negação” e “não tem noção do estado do país”.
António Filipe pede o Governo que “respeite os direitos dos trabalhadores” e realça que o país “não pode continuar a ter uma economia que não tem respeite os trabalhadores, assente em baixos salários e na precariedade laboral”.
Jorge Pinto diz que é “ofensivo” Governo dizer que a adesão à greve é inexpressiva
O Governo desvalorizou a adesão à paralisação e o candidato presidencial Jorge Pinto refere que é a leitura típica de um “Governo que não ouve os trabalhadores” e que “não ouve as milhares de pessoas que estão na rua a fazer greve”.

“É quase ofensivo dizer-se que a adesão a esta greve é inexpressiva, sabendo nós os números reais, a quantidade de pessoas que decidiu abdicar de um dia do seu salário para defender não só os seus direitos, mas os direitos de todos os portugueses, os direitos dos trabalhadores, os direitos das suas famílias”, realça Jorge Pinto.
O candidato apoiado pelo Livre realça que o “Governo não ouve os partidos políticos na Assembleia da República, não ouve os trabalhadores e os seus representantes e uma vez mais decidiu não ouvir aqueles que decidiram fazer greve”, lamenta Jorge Pinto.
“Temos um Governo descolado da realidade do país”, afirma Catarina Martins
A candidata presidencial Catarina Martins afirma que o “Governo está descolado da realidade do país”, quando garante que a greve foi inexpressiva e que “os trabalhadores em greve são uma minoria”.
“Temos um Governo descolado da realidade, um Governo que acha que a saúde está bem e um governo que acha que a greve não tem significado”, lamenta Catarina Martins, que se juntou à manifestação em Lisboa contra o pacote laboral.
Catarina Martins recorda que já não havia uma greve geral há 12 anos e que a greve é “uma luta dos trabalhares por uma economia mais qualificada com salários a sério”, destacando que o “Governo tem que recuar” nesta revisão laboral.
“Em Portugal trabalha-se mais horas do que a média europeia, os salários são muito baixos e o Governo tem que deixar de insultar as pessoas que trabalham e que lutam pelos seus direitos porque são elas que estão a defender Portugal”, atira Catarina Martins.
“Salários só sobem com menos impostos”, diz Cotrim Figueiredo
O candidato presidencial João Cotrim Figueiredo considera que é “necessário flexibilizar a legislação laboral” e assegura que os “salários só sobem com menos impostos”.
Há vários vídeos a circular na Internet que mostram pessoas a serem impedidas de ir trabalhar por parte da CGTP. Cotrim Figueiredo afirma que isto “não é democracia” e “este tipo de comportamento não é democrático”.
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“O direito à greve deve existir, mas também existe direito a trabalhar. Ninguém deve ser impedido ou pressionado a deixar de trabalhar”, disse Cotrim Figueiredo através de uma publicação na rede social X.
“Hoje não é um dia bom para o Governo”, diz Ventura
André Ventura assume que o Governo deveria perceber que hoje não é um dia bom para o Governo, sendo antes um dia em que as pessoas reconheceram que os direitos de quem trabalha, e “de quem se esforça” foram postos em causa.
“Porque o Governo não conseguiu convencer, na verdade atentou contra os direitos daqueles que trabalham e sentem que os seus direitos e os seus salários estão a ser atacados por uma ação do Governo sem qualquer justificação”, assumiu em declarações à Sic Notícias.
Ventura sublinha que se o Governo considera que está tudo “normal” é porque não está a perceber nada do que está a acontecer no país, criticando também aqueles que estão a fazer desta greve uma “grande vitória política, num dia que a economia contraiu de certeza, em que há paragens de serviços e de estruturas e em que deviam reconhecer era que hoje era o dia de trabalharmos a ver o que poderíamos melhorar”, assume.
O líder do Chega admite que existem razões para um “compreensível” descontentamento e alerta: “O Governo não tem tratado bem a economia” e que não deveria ter chegado a este ponto.
“Governo tem de ter mais bom senso e humildade para perceber que criou um problema”, diz Seguro
O candidato presidencial António José Seguro, apela ao governo que “devolva à concertação social o diálogo que tem de existir entre empresários e trabalhadores e o próprio Governo”.
“É um apelo. Sou um defensor da estabilidade política e da paz social. O que o país não precisa é de instabilidade social. O governo tem de ter mais bom senso e humildade para perceber que criou um problema e se meteu nesse problema e que agora a melhor maneira de o resolver é retirar a sua proposta”, disse em declarações à CNN.
Marques Mendes está convencido que “as partes vão fazer cedências”
O candidato presidencial Luís Marques Mendes está convencido que as “partes vão fazer cedências” e está convencido que “existem condições de negociação”.
“O mais importante é que a partir de amanhã ou da próxima semana, as três partes que estão envolvidas neste processo (empregadores, sindicatos e Governo) sejam capazes de se juntar novamente para dialogar e negociar”, disse Marques Mendes, em declarações aos jornalistas em Oeiras.
Marques Mendes assegura que só “há uma solução por via do diálogo”, destacando que “vai existir condições de negociação”. “Estou convencido que todas as partes vão perceber que têm que fazer as suas cedências em nome do equilíbrio e de um acordo final“.
“Desvalorizar greve não me parece ser atitude correta”, diz Gouveia e Melo
Em reação às palavras do ministro da Presidência que disse que a “greve era inexpressiva”, Henrique Gouveia e Melo criticou o Governo por “desvalorizar a greve”, realçando que “não lhe parece ser “a atitude correta”.
“Desvalorizar uma greve não me parece ser uma atitude correta. A greve é um direito constitucional”, disse o candidato à presidência da República.
“Quando as pessoas decidem fazer uma greve, é porque tem um significado muito específico e devemos respeitar esse significado e perceber que, a seguir, temos de voltar à negociação com vontade de negociar, e não com vontade de exigir ou de achar que a nossa solução é a única. Acho que os trabalhadores merecem o respeito de todos nós”, afirmou Gouveia e Melo em declarações à imprensa.
O almirante apela a que os “sindicatos, as entidades patronais e o Governo se voltem a sentar à mesa das negociações”, defendendo que é necessário “avançar com uma economia com coesão social, uma economia que motive os trabalhadores, mas que flexibilize”.
(Notícia atualizada com mais informação)
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