Porque é que todos querem casar com a EDP? Negócio das renováveis atrai as gigantes do setor
O negócio das renováveis é um dos principais fatores de atração que está a despertar o interesse pela EDP. Depois da Gas Natural e da Enel, chega a vez do namoro por parte da Engie.
A EDP parece ter-se tornado numa das mais desejadas “noivas” dos movimentos de consolidação. A elétrica volta a estar na ribalta, suscitando o interesse da Engie em adquirir a empresa liderada por António Mexia. Apesar de a EDP ter negado, oficialmente, quaisquer contactos ou negociações com vista a uma eventual fusão com o segundo maior grupo energético mundial, certo é que os pretendente à elétrica nacional têm sido vários.
Logo que o Estado decidiu abrir o capital da elétrica há seis anos surgiram os primeiros interessados. Aquando do processo de privatização da EDP, em 2012, houve logo um conjunto de interessados internacionais que se colocaram na fila para se habilitarem a ficar com uma “fatia” substancial do capital da empresa portuguesa. A corrida acabou por ser ganha pela China Three Gorges, mas no total foram quatro os candidatos que passaram à segunda fase do processo de privatização. Para além dos chineses participaram nesta corrida, os alemães da E.On e as brasileira Eletrobras e Cemig.
O apetite em torno da elétrica foi de tal ordem que justificou mesmo a intervenção de Angela Merkel. Na altura, o Financial Times deu conta que a chanceler alemã intercedeu junto de Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro português à data, com o objetivo de levar a bom porto as negociações do casamento com a E.On, empresa que recentemente se fundiu com a RWE.
A empresa alemã terá chegado a mostrar-se disponível para trazer para Portugal alguns dos ativos da área das energias renováveis. Mas após avanços e recuos, a “mão da tão desejada noiva” acabou não ser dada aos alemães, para ficar sim com os chineses.
Na altura, a China Three Gorges desembolsou 2,7 mil milhões de euros para ficar com 21,35% do capital da EDP. Mas o apetite dos chineses pela elétrica portuguesa não se ficou por aí. Desde o final do ano passado, em outubro, que a empresa chinesa começou a reforçar a sua posição, detendo atualmente já 28,25% do capital da EDP.
Mas isto já depois de a relação entre os acionistas chineses e António Mexia ter “esfreado”, com o seu nome a ser colocado em causa, agastado com as polémicas que marcaram o último ano. No início de junho, este foi constituído arguido na investigação do Ministério Público no caso das rendas dos CMEC atribuídas à EDP e onde há suspeitas de corrupção.
Esse contexto de instabilidade acabou por abrir a porta a uma “investida” da Gas Natural. Foi a 3 de julho que surgiram as primeiras notícias que davam conta de que a Gas Natural teria sondado a EDP para uma eventual fusão ibérica. A notícia avançada pela Reuters, citando fontes próximas do processo, referia-se a uma operação que poderia ficar avaliada em cerca de 35 mil milhões de euros, e que daria origem à quarta maior empresa energética da Europa em valor de mercado.
Já no final de setembro, António Mexia afastava a possibilidade da concretização desse negócio, dizendo não haver “nada de concreto” quanto a essa possibilidade.
Mas o certo é que nessa ocasião os radares da consolidação estavam já novamente focados na EDP. Em novembro, era a vez de surgir a notícia de que a elétrica nacional estaria entre os potenciais alvos de interesse da italiana Enel.
Apetite pelas energias renováveis
Passados esses rumores, a EDP volta agora a ser notícia perante o eventual interesse de consolidação que terá gerado junto da francesa Engie. De salientar que o casamento entre as duas empresas daria origem a um gigante mundial do setor energético. A Engie é o segundo maior grupo do mundo do setor energético, estando avaliada em cerca de 33 mil milhões de euros. Já a EDP conta com um valor de mercado em torno de 11 mil milhões de euros.
A EDP é considerada um dos ativos mais procurados perante o momento de consolidação do setor da energia que se vive na Europa, e sobretudo pela posição relevante na área das energias renováveis. “O portefólio da EDP, com cerca de 73% da capacidade instalada em energias renováveis (hidro, eólica e solar), é o principal fator de interesse, num enquadramento de mercado em que as energias renováveis são cada vez mais preferenciais face à produção convencional”, explica o BiG Research.
“Adicionalmente, a EDP também apresenta uma presença geográfica atrativa, com destaque para o Brasil e os EUA”, complementou ainda ao ECO a equipa de research do BiG.
Para já, a EDP diz não terem havido contactos com vista a uma fusão com a Engie. A questão que se coloca é: “Haverá fumo sem fogo?”.
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