Cinco anos depois do resgate da troika, Portugal ainda enfrenta desafios, diz o jornal espanhol Expansión
Cinco anos depois de sair do resgate financeiro da troika, Portugal ainda tem pela frente alguns desafios, diz o jornal espanhol. Elevada dívida pública e reclamações da função pública são alguns.
Portugal terminou o resgate financeiro com a troika em maio de 2014 mas, cinco anos depois, ainda enfrenta desafios, diz o jornal espanhol Expansión. Uma dívida pública elevada, crédito moroso, reclamações da função pública e o pagamento de 50 milhões de euros em empréstimos dos credores europeus são os desafios que o país ainda tem pela frente.
Foi em maio de 2014 que Portugal deixou oficialmente de estar sob a tutela da troika, três anos depois de um severo programa de austeridade em troca de 78 milhões de euros emprestados pela UE e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Cinco anos depois, os dados macroeconómicos mostram uma realidade muito diferente daquela que o país viveu na altura em que teve de recorrer à ajuda externa pela terceira vez.
Nos três anos consecutivos — 2011 a 2013 — que a economia do país esteve em recessão, encerrou o ano passado com uma subida de 2,1%, enquanto a taxa de desemprego, que atingiu cerca de 13% em 2013, fechou o ano passado com 7%. Já o défice público ficou nos 0,5%, longe dos 11% em que terminou em 2011.
Contudo, diz o Expansión, embora os números tenham melhorado e os portugueses tenham dito adeus a algumas das medidas de austeridade impostas pela troika, os efeitos da crise ainda são visíveis. “Há muitas áreas onde esses efeitos ainda não desapareceram e, no geral, há um receio no subconsciente dos portugueses de regressar ao passado”, disse Manuel Puerta da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF), ao jornal espanhol.
Do exterior, as agências de rating e as organizações internacionais apontam outros desafios que o país ainda tem pendentes, especialmente ao nível da dívida pública e do crédito moroso no setor bancário. No caso da dívida pública, embora não tenha parado de crescer em termos absolutos, encerrou 2018 em 121,5%, abaixo do pico de 133% que tinha registado em 2014. Já na banca, vários bancos ainda continuam a revelar problemas. O Novo Banco, criado com os ativos saudáveis do falido Banco Espírito Santo (BES), teve de receber uma injeção de capital de 1.149 milhões de euros esta semana.
Além disso, cinco anos depois de sair do resgate, Portugal ainda tem de pagar os mais de 50 milhões de euros emprestados pelos credores europeus. O empréstimo que veio do FMI foi completamente liquidado, cerca de 26 milhões de euros, levando o país a poupar 100 milhões de euros.
Estes desafios não negam que Portugal parece ter recuperado a credibilidade externa, como mostram as classificações das agências de rating, e até mesmo a nomeação de Mário Centeno como presidente do Eurogrupo. Contudo, ainda há riscos: “Os riscos de sustentabilidade dos défices públicos (próximo do zero) e a incapacidade de fazer novos investimentos públicos para melhorar os serviços de saúde, educação e infraestruturas, e para alcançar acordos de regime para as reformas estruturais necessárias são ainda assuntos pendentes”, rematou Manuel Puerta da Costa.
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