Das máscaras às compras online, o que mudou no dia-a-dia com a pandemia de Covid-19?

Já se passou um ano desde que a Covid-19 entrou por Portugal adentro e mudou as nossas vidas. Usamos máscara, gastamos mais internet e também eletricidade. O que mudou?

A pandemia de Covid-19 veio abalar o mundo como o conhecemos. Atualmente, passado um ano do primeiro caso diagnosticado em Portugal, fazemos muitas coisas diferentes daquelas às quais estávamos habituados, seja por proteção sanitária, seja por passarmos mais tempo em casa.

Os avisos soavam da China, de Itália e até de França. A Covid-19 já tinha chegado à Europa e era apenas uma questão de semanas ou dias até que fosse diagnosticado o primeiro caso em Portugal. O dia chegou, a 2 de março de 2020.

Desde então, a nossa vida enquanto sociedade nunca mais foi a mesma. Em apenas duas semanas fomos mandados para casa, num cenário de emergência. E mesmo quando voltámos a sair, o mundo não era igual ao que conhecemos. Era a “nova normalidade”. Assim tem sido ao longo do último ano: não saímos à rua sem máscaras ou sem um gel desinfetante para podermos higienizar as mãos; muitas profissões encontram-se em teletrabalho, sem nunca ter voltado ao escritório desde março; o gasto da internet e da eletricidade aumenta; e os nossos hábitos de consumo adaptaram-se. Afinal, o que mudou?

Compramos (e usamos) máscaras

Se no início da pandemia parecia que conseguíamos evitar o uso de máscara, bastou uns meses para perceber o contrário. Um ano depois elas são mesmo obrigatórias em vários países do mundo, inclusivé em Portugal.

Das máscaras sociais, com menor proteção, às máscaras FFP2 e FFP3 com um grau elevado de proteção, vê-se um pouco de tudo na rua. No início da pandemia as máscaras cirúrgicas voaram das prateleiras, os cidadãos aprenderam a fazer máscaras em casa e o têxtil reinventou-se para dar resposta à enorme procura que havia. Um mundo em que saímos de casa sem máscara parece cada vez mais distante.

Higienizamos mais os espaços

Olhando para a vida em 2019, ou até mesmo no início de 2020, quase que parece que vivíamos no meio pouco assético. Mas não. Apenas temos mais cuidados. Transportes, cafés, lojas, empresas, até a rua, são alvo de desinfeções regulares (ou até mesmo diárias). E nas casas individuais vários são os relatos de pessoas que fazem o mesmo, ou que, no mínimo, limpam a casa com mais regularidade. Lavar as mãos deixou de ser suficiente, é importante que tudo à nossa volta esteja igualmente limpo.

Gastamos mais internet

O número de utilizadores de internet em Portugal cresceu em 2020. Num ano em que o ensino passou a ser feito à distância e o trabalho saiu do escritório para dentro de casa, era praticamente impossível não ter acontecido.

Segundo os dados do Eurostat, 78% dos cidadãos com idade entre 16 e 74 anos acederam à internet pelo menos uma vez nos três meses anteriores ao inquérito. A maioria das pessoas usa a internet para enviar mensagens, ou para procurar informação sobre produtos e serviços. Os portugueses também acedem a notícias, às redes sociais ou até ao seu banco. 40% disse ter feito videochamadas – tarefa que mais cresceu na Europa, à boleia da pandemia, das reuniões e aulas digitais.

Fazemos mais compras online

Já que passámos tanto tempo na internet e, em muitos meses, com várias lojas e serviços encerrados, houve um crescimento natural das compras online. A tendência verificou-se logo em abril, no primeiro confinamento. No geral, em 2020 o número de utilizadores do e-commerce teve o maior aumento em 18 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística.

Em 2021 parecemos estar a ir pelo mesmo caminho, uma vez que, segundo os dados da SIBS, “em janeiro registou-se um incremento de 37% das compras online, em comparação com o mesmo período do ano passado”.

Passamos mais tempo em serviços de streaming

Um estudo realizado no início do verão de 2020, mostra que os portugueses aumentaram o consumo de serviços de informação e entretenimento online. Especificamente, entre os que subscreveram um novo serviço, mais de 40,7% foram serviços de streaming de vídeo como a Netflix, HBO, Amazon Prime, Disney+ e outros.

Aliás, a Netflix, à escala mundial, angariou mais 37 milhões de subscritores em 2020, ultrapassando assim a fasquia dos 200 milhões. E a culpa é da pandemia? Em parte sim, uma vez que houve uma diminuição dos novos subscritores nos meses de verão, altura marcada por diversos desconfinamentos, na Europa e não só.

Gastamos mais eletricidade

Com tanto tempo passado em casa, entre teletrabalho, telescola, compras online e entretenimento, seria difícil não ver a conta da luz a aumentar. Já no final de março a Deco previa que as famílias portuguesas, fechadas em casa 24 horas por dia, aumentassem o consumo de energia em média, pelo menos 20%.

Agora com o último confinamento, iniciado em janeiro, os consumos de eletricidade aumentaram 31%, segundo os dados da Agência para a Energia. De acordo com a REN, o mês de janeiro foi mesmo o mês em que o consumo de energia elétrica registou o valor mensal mais elevado de sempre. Além do confinamento, janeiro de 2021 foi o quarto janeiro mais frio dos últimos 20 anos, o que não veio ajudar a baixar a fatura final.

Usamos mais o cartão contactless e aplicações de pagamento

Certo que as compras online aumentaram, mas nem por isso ficámos completamente presos em casa. Quer nos serviços que permaneceram abertos nos dois confinamentos, quer nos meses em que a economia permaneceu aberta com restrições, os portugueses utilizaram mais o cartão contactless e as aplicações de pagamento, como MB Way ou Revolut.

A tendência verificou-se logo em março, mês em que, segundo dados do Banco de Portugal (BdP), as compras com tecnologia contactless dispararam 115%. No mesmo mês houve uma queda de 50% na utilização dos cartões sem esta tecnologia e nos levantamentos. Aliás, a estratégia do BdP aponta para que em 2023 todos os cartões e terminais de pagamentos sejam contactless.

No caso do MB Way, a utilização desta aplicação disparou. Face ao ano anterior, teve um aumento na ordem dos 300% ao longo do segundo semestre de 2020 em compras físicas. Já no que se refere às compras online, atingiu os 269% em janeiro de 2021, em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Encomendamos mais comida

O serviço de entrega de comida, bem como o take away, tem sido a única maneira de o setor da restauração continuar no ativo. Logo em abril a SIBS notou que este setor teve um aumento de 52%.

Segundo o que Diogo Aires Conceição, general manager da Uber Eats, disse ao ECO em dezembro, no primeiro semestre do ano passado, houve um crescimento das vendas de 160% em Portugal, grande parte devido à pandemia.

Também Ricardo Batista, country manager da Glovo em Portugal admitiu um grande crescimento. O responsável disse à revista Grande Consumo que estabeleceram 700 novas parcerias no setor da restauração e que “os pedidos desta categoria cresceram 112%”, adicionalmente, referindo-se apenas a julho passado, deu conta de “um salto de 1.211 parceiros, no início do ano, para 3.270, em julho, e um crescimento global de pedidos de 111%”.

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