Guilherme e Victor viram aulas complexas em vídeos de 10 minutos para ajudar universitários

Plataforma criada no Porto durante a pandemia disponibiliza mais de 500 aulas das áreas de economia, gestão e engenharia para acabar com as más notas no ensino universitário.

A Hollow transforma disciplinas complexas em aulas de até 10 minutos para estudantes universitários. Cadeiras da faculdade como estatística, contabilidade e microeconomia são condensadas em vídeos gravados e ainda podem ser criados planos de estudo personalizados. A ideia nascida no Porto há dois anos, em plena pandemia, está a alcançar algumas das principais universidades portuguesas, quer entrar na formação para empresas e, para 2024, já tem Espanha na mira.

“O nosso objetivo é transformar a maneira como as pessoas aprendem, proporcionando uma experiência de aprendizagem personalizada, colaborativa e centrada no aluno”, sinalizam ao ECO Guilherme Calassi (responsável tecnológico) e Victor Souza (presidente executivo), os dois brasileiros que fundaram a Hollow. “Com a pandemia e o ensino remoto compreendemos a importância de promover uma educação mais inclusiva, flexível e adaptada ao contexto atual. Percebendo a necessidade de oferecer apoio aos estudantes, começamos a criar um site com vídeos e conteúdos que pudessem ajudá-los”, recordam. A ideia é apoiar as universidades.

Guilherme Calassi (esquerda) e Victor Hugo Souza são os fundadores da Hollow. A startup foi desenvolvida no UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto)

Atualmente, a Hollow tem vídeos gratuitos em oito disciplinas: matemática, estatística, macroeconomia, microeconomia, contabilidade e relato financeiro, controle de gestão, investigação operacional e pré-matemática (resumo dos conteúdos do ensino secundário). Para recolher as informações, a equipa da startup verifica o plano curricular das universidades e conta com o apoio das associações de estudantes para ter acesso aos materiais das disciplinas. Os dados são fundamentais para também serem criados os planos personalizados, mediante uma subscrição.

“O plano curricular é subdividido em tópicos menores, permitindo que o conteúdo seja abordado de maneira fragmentada. Ao invés de aulas de uma hora, as aulas são divididas em diversas sessões, de 5 a 10 minutos. Desta forma, os alunos reveem as aulas mais vezes e assimilam o conhecimento de forma mais consistente ao longo do tempo“, justificam os fundadores. Com uma equipa de 12 pessoas (inclusive os fundadores), a startup conta com mais de 2.000 utilizadores ativos e recebeu um apoio de 15.000 euros de um business angel brasileiro.

O poder da educação e as dificuldades por serem estrangeiros

Victor e Guilherme mudaram-se para Portugal na hora de irem para a faculdade. “Após concluir o ensino secundário no Brasil, tive a oportunidade de ingressar na Universidade do Porto e realizar o grande sonho de ser a primeira pessoa da minha família a entrar no ensino superior. Ao chegar a Portugal, tinha grandes expectativas sobre como seria meu processo de aprendizagem para me tornar um economista”, recorda Victor Souza. O cofundador lembra-se de ter de andar numa escola pública e numa privada entre os 12 e os 14 anos “para me nivelar com os restantes colegas”. Apenas uma bolsa de mérito permitiu-lhe frequentar a escola privada

Guilherme é o especialista na área tecnológica. Teve de aprender de forma autodidata e fez uma “imersão total em diversos bootcamps de grandes tecnológicas com presença no Brasil”. Aí, “pude conhecer muito mais o ecossistema e ver o poder que a tecnologia tem na transformação do mundo e as suas aplicações como ferramenta fundamental na solução de uma pluralidade de problemas”.

Com a mudança para Portugal surgiram vários problemas. “Percebemos que muitas abordagens e práticas tradicionais estavam desalinhadas com as necessidades da geração atual. A educação ainda era predominantemente focada na sala de aula, com menos ênfase no protagonismo e na participação ativa dos estudantes. Além disso, o suporte adicional disponível dependia principalmente de associações estudantis e professores particulares, o que limitava as opções e tornava o acesso a recursos extras mais difícil.”

Já como empreendedores “enfrentamos o desafio de sermos estrangeiros introduzindo mudanças num ambiente já estabelecido. Demonstrar nossa credibilidade e especialização exigiu perseverança e uma abordagem estratégica para conquistar a confiança dos envolvidos”.

Ensino secundário e entrada em Espanha

A Hollow desenvolve internamente toda a plataforma e conta com a ajuda da fundação OpenAI para as soluções que envolvem inteligência artificial. Enquanto as universidades estão de férias, a equipa está a criar uma solução para programas de formação para empresas e ambiciona chegar ao ensino secundário até ao final deste ano.

“Pretendemos criar a primeira plataforma nacional que apoie os estudantes na preparação para o exame nacional, utilizando gamificação, machine learning e tecnologia avançada para ajudar os estudantes de todas as escolas a ingressarem na faculdade e no curso dos seus sonhos”, assume Victor Souza. No ensino superior, a startup pretende chegar a 10 universidades e atingir mais de 5.000 alunos.

A empresa, além disso, pretende levantar 120.000 euros em ronda pre-seed, para impulsionar o crescimento da empresa. Em 2024, a Hollow quer chegar a Espanha, onde “há mais de 1,5 milhões de estudantes” e existe a “taxa mais elevada de abandono escolar no ensino secundário da União Europeia. “Os estudantes estão abertos (e ansiosos) por novas soluções”, antevê. A expansão internacional implicará contratar mais pessoas para resumir as aulas de 10 minutos a aumentar o sucesso escolar.

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Metade dos portugueses tenciona gastar menos nestas férias

  • ECO
  • 13 Julho 2023

Barómetro da Intercampus para o Negócios, CM e CMTV revela que quase metade dos portugueses vão reduzir as despesas nas férias em comparação com o ano passado.

Perante a conjuntura de fortes subidas de preços, quase metade dos portugueses (46,9%) pretende gastar menos nas férias de verão deste ano em comparação com o ano passado, segundo um barómetro da Intercampus para o Jornal de Negócios, Correio da Manhã e CMTV. Quase um terço dos inquiridos (32,6%) diz que vai gastar o mesmo, enquanto 13,5% asseguram que vão gastar mais.

Mesmo assim, mais de dois terços (75,8%) dos portugueses que participaram neste inquérito têm intenção de passar férias fora de casa, enquanto 24,2% não pretendem sair da respetiva residência habitual, mostra a sondagem realizada no início deste mês.

O barómetro da Intercampus revela também que aproximadamente um quinto dos inquiridos (19,6%) vão passar, pelo menos, parte das férias no estrangeiro, enquanto quase metade (47,2%) dizem que vão desfrutar das férias em território nacional.

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Bard, o “ChatGPT” da Google, acaba de chegar a Portugal

"Chatbot" com inteligência artificial da Google já fala português - e, agora, passa a estar disponível em Portugal. Melhor ou pior, consegue responder a todas as perguntas e pedidos dos utilizadores.

O Bard recorre à inteligência artificial para responder aos utilizadores.Mojahid Mottakin via Unsplash

O Bard, uma ferramenta criada pela Google parecida com o ChatGPT, foi disponibilizado esta quinta-feira em Portugal, anunciou a empresa sedeada na Califórnia. A partir de agora, os portugueses já podem “conversar” em linguagem natural com o famoso motor de busca graças ao poder da inteligência artificial.

Desde maio que o Bard já estava disponível ao público em dezenas de outros países, mas não na União Europeia, onde as regras de proteção de dados são vistas como mais apertadas. Os impedimentos terão sido ultrapassados e, doravante, o programa está disponível na “maior parte do mundo” e em “mais de 40 idiomas”, incluindo em português, anunciou a Google.

Esta é a reposta da Google à crescente popularidade do ChatGPT, um programa lançado em novembro por uma empresa chamada OpenAI, que responde a todas as perguntas e solicitações dos utilizadores. Muitas centenas de milhões de pessoas já usam programas como o ChatGPT no dia-a-dia, incluindo para fins profissionais, onde esta tendência tem causado tanta surpresa como preocupação.

Para tal, programas como o ChatGPT e o Bard estão ligados a modelos que foram “treinados” recorrendo a quantidades gigantescas de dados, incluindo conteúdos disponibilizados na internet, desde artigos como este a publicações nas redes sociais. Assim, estes programas conseguem gerar conteúdos que se assemelham aos produzidos pelos humanos.

“O Bard procura combinar a amplitude do conhecimento mundial com o poder, a inteligência e a criatividade dos nossos grandes modelos de linguagem. Baseia-se em informações da web para proporcionar respostas novas e de alta qualidade. É uma experiência inicial que permite colaborar com inteligência artificial generativa. Pode ser uma saída para a criatividade e uma plataforma para despertar a curiosidade”, explica a Google.

Ou seja, em vez de procurar no Google receitas de bacalhau com natas e percorrer os melhores resultados, um utilizador pode perguntar diretamente ao Bard uma boa receita para cozinhar esta iguaria. Pode até dizer quais os ingredientes que tem em casa e pedir uma receita simples que abranja só aquilo que já tem.

Tal como o ChatGPT, o Google Bard é capaz de responder, melhor ou pior, a todos os pedidos dos utilizadores.Google

Contudo, esta é apenas uma tecnologia experimental, o que significa que está sujeita a erros. “Enquanto tecnologia experimental, o Bard poderá ocasionalmente fazer declarações imprecisas em resposta a comandos do utilizador”, admite a empresa, apelando aos utilizadores para reportarem esses erros. É também uma forma de a Google obter informação preciosa para aprimorar esta tecnologia.

"O Bard poderá ocasionalmente fazer declarações imprecisas em resposta a comandos do utilizador.”

Google

Em fevereiro, quando apresentou o Bard, a Alphabet (empresa dona da Google) perdeu cerca de 100 mil milhões de dólares em valor de mercado num só dia, depois de a Reuters ter detetado que um anúncio da empresa mostrava o programa a responder incorretamente a uma pergunta sobre ciência.

O caso representou uma humilhação para a Google, que, nessa altura, se batia com o crescimento do motor de busca concorrente Bing, da Microsoft. A concorrente foi mais rápida a perceber o potencial da tecnologia do ChatGPT neste tipo de aplicação, tendo lançado o Bing Chat, com o qual o Bard se assemelha.

Além do lançamento em vários países, incluindo Portugal e Brasil, e da compatibilidade com a língua portuguesa, a Google introduziu “novos recursos”, incluindo a possibilidade de juntar imagens aos comandos. “Quer o utilizador queira mais informações sobre uma imagem ou precise de inspiração para o texto da imagem — por exemplo, uma nota de agradecimento sobre um presente –, é agora possível carregar imagens com comandos (prompts) e o Bard analisa a foto para ajudar”, detalha a Google. Porém, para já, esta funcionalidade só está disponível em inglês.

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Hoje nas notícias: Despesas nas férias, CReSAP e TAP

  • ECO
  • 13 Julho 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Quase metade dos portugueses tenciona gastar menos nas férias de verão face ao ano passado, segundo um barómetro publicado esta quinta-feira. A comissão que avalia candidatos a altos cargos públicos queixa-se de “dificuldade em atrair candidatos com mérito”. A privatização da TAP deverá ser aprovada no final deste mês. Conheça estas e outras notícias em destaque nos jornais nacionais.

Metade dos portugueses vai gastar menos nas férias

Num contexto de fortes subidas de preços, quase metade dos portugueses (46,9%) tenciona gastar menos nas férias de verão deste ano em comparação com o ano passado, concluiu um barómetro da Intercampus feito para o Jornal de Negócios, Correio da Manhã e CMTV. Quase um terço dos inquiridos (32,6%) diz que vai gastar o mesmo, enquanto 13,5% das pessoas admitem que vão gastar mais.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

CReSAP diz que faltam candidatos “com mérito”

A Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), que gere o recrutamento de dirigentes da Administração Pública, queixa-se de “dificuldade em atrair candidatos com mérito para o exercício das funções de dirigente de topo”, o que tem conduzido à repetição “um “número significativo” de concursos. Nessas situações, que deviam ser excecionais, o Governo pode escolher quem quiser.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Venda da TAP deve ser aprovada no final de julho

O Governo tenciona acelerar processo de privatização da TAP, tendo em vista conseguir preparar o decreto-lei até ao final deste mês, antes das férias de verão. Nas últimas semanas têm sido feitos vários contactos com bancos de investimento que estão a fazer comparações com outras companhias aéreas, segundo o Jornal de Negócios. A consultora EY e o Banco Finantia foram as entidades selecionadas pela Parpública para fazerem as duas avaliações independentes, que deverão estar concluídas no final deste mês.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Militantes ganham milhares com contratos sem concurso nas juntas de freguesia de Lisboa

Em várias freguesias de Lisboa, segundo uma análise feita pela CNN Portugal, há contratos por ajuste direto, de vários milhares de euros, pagos a empresas de ex-deputados na Assembleia da República e membros de assembleias municipais que são, ao mesmo tempo, assessores nas freguesias da mesma cor política. Luís de Sousa, politólogo e especialista em corrupção, afirma que esta prática “distorce a livre concorrência e, além de danos financeiros, pode gerar danos reputacionais”.

Leia a notícia completa na CNN Portugal (acesso livre).

Contas do ex-secretário de Estado vão ser investigadas

As contas bancárias do ex-secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, vão ser investigadas pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária, no âmbito do processo “Tempestade Perfeita”. A investigação pretenderá averiguar se o ex-governante ficou com os 61.500 euros que recebeu do contrato celebrado com a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) ou se parte desse dinheiro terá sido canalizado para eventual benefício de terceiros.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 13 de julho

  • ECO
  • 13 Julho 2023

Ao longo desta quinta-feira, 13 de julho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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“Borla” nos bilhetes de museus para turistas vai mesmo acabar e preços vão subir

  • Lusa
  • 13 Julho 2023

Entrada nos museus, palácios e monumentos sob alçada do Estado vai passar a ser gratuita aos domingos e feriados para os residentes em Portugal e paga para os turistas estrangeiros.

Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

A entrada nos museus, palácios e monumentos sob alçada do Estado vai passar a ser gratuita aos domingos e feriados para os residentes em Portugal e paga para os turistas estrangeiros, anunciou o ministro da Cultura.

“Vamos fazer uma revisão da bilhética, estamos a terminar isso, que vai colocar a gratuitidade, integral [durante todo o dia], ao domingo e ao feriado para os residentes em Portugal — os portugueses e os estrangeiros que residem em Portugal — mas os turistas vão passar a pagar ao domingo e ao feriado”, afirmou Pedro Adão e Silva na quarta-feira à noite, durante o programa “Grande Entrevista”, na RTP3. Atualmente, a entrada é gratuita aos domingos e feriados, durante a manhã, para todos.

Pedro Adão e Silva lembrou que “70% dos visitantes dos museus portugueses são estrangeiros” e, dos 30% de visitantes portugueses, “só 15% é que paga bilhete inteiro, tudo o resto tem descontos muito significativos, de 50 a 60%”. “Nós podemos, com este género de alteração, ter um efeito na receita significativo”, defendeu.

De acordo com o ministro, a acompanhar esta alteração na gratuitidade das entradas, será também feita uma “pequena revisão [do valor] da bilhética, uma coisa não muito significativa”.

“Há uma espécie de política da indignação permanente”

Numa entrevista em que voltou a falar do modelo de reorganização da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e da transferência da gestão de alguns museus para as autarquias, Pedro Adão e Silva voltou a ser confrontado sobre as afirmações que tem feito nos últimos dias sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à tutela política da gestão da TAP.

“O que me preocupa é o modo como esta CPI [da TAP] demonstrou algumas tendências, que vão além da CPI, que se manifestam em Portugal e em todas as democracias ocidentais, e isso é que merece reflexão. Desde logo, uma subordinação da lógica política à lógica mediática”, afirmou Pedro Adão e Silva, retomando argumentos que já expusera em Évora, na segunda-feira, e em Melgaço, na terça-feira, em deslocações no âmbito da sua ação como ministro da Cultura, quando questionado por jornalistas sobre o mesmo assunto.

Adão e SIlva salientou “a sensação de que há uma espécie de política da indignação permanente, com um sensacionalismo que é acompanhado em loops noticiosos”, e defendeu que “merece reflexão a forma como aquilo que se passa no parlamento parece estar a decorrer para ser visto nas televisões, e depois ser comentado nas televisões, numa espécie de ciclo de 24 horas”.

Para Adão e Silva, “isso leva a uma tendência de alguma judicialização do Parlamento, que não é benéfica, e que tem enormes consequências”. “Acho que ninguém ganha com a política espetáculo”, afirmou.

No mesmo âmbito, o ministro da Cultura lamentou que a oposição esteja mais centrada neste tipo de questões do que em apresentar — nomeando o PSD – propostas para o setor que tutela.

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Cartão Universo lança unidade focada na poupança e investimento

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13 Julho 2023

Nova unidade de negócio da Universo disponibiliza três produtos de poupança associados a fundos de investimento, sob a forma de seguro e com subscrição digital.

O Cartão Universo, que conta com mais de um milhão de clientes e uma carteira de crédito de aproximadamente 400 milhões de euros, vai ter uma nova unidade de negócio focada na poupança e investimento. A unidade de crédito ao consumo da retalhista Sonae juntou-se à seguradora MAPFRE para criar três produtos financeiros, estando ainda nos planos o lançamento de uma opção de capital garantido.

Em comunicado, a Universo detalha as três opções de carteiras de fundos de investimento: uma com perfil Defensivo, uma com perfil Equilibrado e outra com perfil Dinâmico Ações.

Direcionada para investidores conservadores, com expectativa de deter a poupança durante pelo menos três anos, a carteira com perfil Defensivo tem, neste momento, uma exposição objetivo de aproximadamente 25% a ações e 75% a obrigações. A exposição a ações pode variar entre 10% e 35%.

A carteira com perfil Equilibrado tem, à data do lançamento, uma exposição objetivo de aproximadamente 50% a ações e 50% a obrigações, sendo destinada a investidores que procuram rentabilidade e que esperam deter a poupança durante um período mínimo de cinco anos. Neste caso, a exposição a ações pode variar entre 30% e 60%.

Para quem procurar maximizar a rentabilidade e tiver a expectativa de deter a poupança durante, pelo menos, oito anos, a carteira com perfil Dinâmico Ações tem uma exposição objetivo de aproximadamente 70% a ações e 30% a obrigações. A exposição a ações estará compreendida entre 50% e 90%.

“Cada uma das três carteiras disponíveis alocará diferentes proporções do valor investido, entre ações, obrigações, imobiliário e ouro. Além disso, todos os produtos investem parte do seu portfólio em empresas que cumprem determinados critérios de sustentabilidade”, escreve a Universo no comunicado, acrescentando que a exposição a ouro e imobiliário é de cerca de 2%.

No futuro, a Universo planeia ainda lançar uma opção de Capital Garantido, direcionada para investidores que procuram a garantia total do seu capital.

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5 coisas que vão marcar o dia

O INE divulga preços da habitação do primeiro trimestre de 2023, CPI aprecia e vota relatório final e Eurogrupo reúne-se em Bruxelas esta quinta-feira.

Esta quinta-feira, dia 13 de julho, o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar a estimativa dos preços de habitação do primeiro trimestre de 2023 e ainda as estatísticas rápidas do transporte aéreo em maio. Já a Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP vai votar o relatório final. O Eurostat divulga a produção industrial na União Europeia em maio. Por fim, o Eurogrupo reúne-se esta quinta-feira em Bruxelas.

INE divulga preços da habitação

O gabinete de estatísticas vai divulgar esta quinta-feira a estimativa dos preços de habitação ao nível local referente ao primeiro trimestre de 2023. Em 2022, o preço mediano da habitação vendida em Portugal foi de 1.484 euros por metro quadrado, subindo 14,4% face a 2021, com uma subida de 2,6% no último trimestre no ano face ao terceiro trimestre.

Votação do relatório final da CPI

Esta quinta-feira vai ficar marcada pela apreciação e votação do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP pelas 15h00. Esta comissão tomou posse em fevereiro e após 141 dias chega ao fim, após ter ouvido centenas de personalidades e analisado toda a documentação. Este relatório final segue depois para apreciação no plenário da Assembleia da República.

Eurostat divulga produção industrial na União Europeia

O Eurostat vai divulgar os preços da produção industrial no mercado interno relativos a maio de 2023. Em abril, os preços na produção industrial recuaram 3,2% na Zona Euro, face ao mês anterior, e 2,9% na União Europeia. Já se a comparação for feita com abril de 2022, os preços subiram. Em Portugal, os preços na produção industrial caíram tanto em cadeia como face ao período homólogo.

Ministros das Finanças reúnem-se em Bruxelas

O Eurogrupo vai reunir-se esta quinta-feira em Bruxelas. Os ministros dos Estados-membros da zona Euro responsáveis pelas Finanças irão debater a situação económica e orçamental na zona euro e as orientações de política orçamental para 2024, o papel internacional do euro, o futuro dos mercados financeiros e de capitais europeus e ainda o euro digital, na sequência do pacote legislativo sobre a moeda única publicado pela Comissão Europeia.

INE revela estatísticas sobre viagens aéreas

Também esta quinta-feira o INE vai avançar com as estatísticas rápidas do transporte aéreo em maio deste ano. Em abril passaram pelos aeroportos nacionais um total de 5,9 milhões de passageiros que aterraram nos 20,5 mil aviões que operaram voos comerciais para embarques, desembarques e trânsitos diretos, e 18,4 mil toneladas de carga e correio. Estes números representam uma subida de 18,7% no número de passageiros e de 0,6% na carga e correio, face ao período homólogo.

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6 dicas para cuidar bem do seu dinheiro nas férias

Tome note de meia dúzia de dicas para a sua carteira que prometem poupar-lhe tempo, dinheiro e chatices nas próximas férias além-fronteiras.

É provável que a esta hora já tenha tudo planeado: hotel reservado, bilhetes de avião comprados, planos de atividades orientados, restaurantes marcados, locais a visitar definidos. E se fez tudo isto com tempo, terá com certeza conseguido poupar uma boa maquia.

Mas para que este esforço não acabe em vão, é importante dedicar algum tempo a preparar as suas finanças antes de embarcar até ao paraíso para reduzir o stress depois de aterrar e, sobretudo, para evitar dores de cabeça no regresso a casa.

É comum as pessoas esquecerem-se de precaver uma série de decisões antes de irem de férias, que podem poupar-lhes tempo, dinheiro e chatices. Ter um cartão de crédito recusado porque o banco suspeitou de uma cobrança internacional fraudulenta pode arruinar um jantar durante as férias, por exemplo. Ou não trocar o dinheiro que resta das férias antes de sair de um país de “moeda fechada” pode obrigá-lo a deixar para trás uma quantia significativa de dinheiro. Pode até ter problemas após regressar a casa, se descobrir que lhe foram cobradas várias taxas de multibanco e de transações internacionais.

Para afastar todas estas maleitas da sua carteira, tome note de seis dicas que prometem retirar preocupações e ajudá-lo a ter umas férias tranquilas.

  1. Usar notas e moedas
    O dinheiro em numerário é uma das formas de pagamento mais económicas e convenientes quando se está fora do país, mas há algumas considerações importantes a ter em conta. Por exemplo, terá de conhecer a taxa de câmbio e saber se se trata de um país de “moeda fechada”, como Marrocos, Tunísia ou Cuba, o que significa que o dinheiro não pode ser trocado fora das fronteiras. Isto obriga a que tenha de gastar ou trocar qualquer moeda estrangeira destes países antes de partir para casa.
  2. Câmbios de referência
    Viajar para um país que não tenha o Euro como moeda oficial obriga a que tenha de saber quantos euros correspondem na moeda local. Há várias aplicações para smartphones que o ajudam nesta tarefa, como é o caso do XE Currency Converter ou o Currency converter plus. O Banco de Portugal também tem um conversor de moedas, que apesar de não estar disponível sob a forma de aplicação pode ser acedido pelo seu site. O Banco Central Europeu também não tem uma aplicação, mas todos os dias, pelas 15 horas, publica a taxa média de câmbio do Euro face a 30 divisas, com base num procedimento de concertação diária entre os bancos centrais da Europa. Procure consultar a taxa de câmbio média do Euro face à moeda do país para onde irá viajar antes de ir de férias e leve no seu smartphone uma destas aplicações, para o ajudar na hora de converter os seus euros.
  3. Conversão de dinheiro
    Levar consigo euros e convertê-los no destino é sempre preferível do que optar por carregar consigo moeda estrangeira, sobretudo se for uma divisa pouco comum. É natural que tanto o seu banco como qualquer casa de câmbio, em virtude da baixa procura por essa moeda acabe por cobrar uma comissão elevada ou pior, esteja a praticar um preço bem acima da taxa de câmbio média. Opte por converter entre 50 a 100 euros logo no aeroporto de destino para fazer face às primeiras despesas e depois procure uma casa de câmbios oficial na cidade (normalmente os roteiros de viagens fazem algumas sugestões) ou mesmo no hotel onde está hospedado para trocar o dinheiro. Com base na lei da oferta e da procura, é muito provável que as taxas no aeroporto sejam mais penalizadoras para a sua carteira do que as praticadas na cidade, onde a concorrência é maior.
  4. Compras com cartão
    As taxas de câmbio utilizadas pelos cartões de crédito da Mastercard e Visa (as duas referências de cartões bancários) são mais vantajosas do que qualquer casa de câmbios onde troque dinheiro. O problema que se coloca na utilização destes cartões quando faz uma compra no estrangeiro é as comissões cobradas pelo seu banco pela sua utilização num terminal de pagamento (TPA) ou numa caixa de levantamento (ATM) além-fronteiras. Segundo a legislação europeia, os pagamentos efetuados com cartões na União Europeia estão abrangidos pelo princípio da igualdade de encargos, ou seja, os bancos não podem cobrar comissões diferentes pela utilização do cartão em qualquer país da União Europeia diferente das comissões que cobram em Portugal, desde que a transação seja feita em euros. A questão coloca-se quanto viaja para fora da comunidade europeia. E nesse caso é importante consultar o preçário. Há alguns cartões que já isentam o pagamento das comissões associadas às transações realizadas no estrangeiro, mas há muitos que chegam a cobrar elevadas comissões. Se o seu cartão for amigo da sua carteira, opte sempre por pagar com ele. Caso contrário opte por pagar em dinheiro.
  5. Cuidado com os “amigos do alheio”
    Tenha cuidado onde passa o seu cartão de débito e de crédito. Não corra riscos desnecessários. Procure fazer levantamentos apenas em ATM localizados em espaços fechados (aeroportos, hotéis, agências bancárias), que possam ser vigiados e monitorizados constantemente, e faça apenas pagamentos em lojas seguras. E nunca, mas nunca perca de vista o cartão numa loja ou num restaurante. Peça sempre o terminal de pagamento ou dirija-se à zona de pagamento para passar o cartão. O risco de clonagem de cartões é real e continua a crescer.
  6. Informe o seu banco
    Atualmente, as “batalhas” entre vigaristas e instituições financeiras podem criar alguns danos colaterais inesperados nas suas férias. Os bancos, por segurança, podem bloquear rapidamente a sua conta bancária ou o seu cartão de crédito após constatarem que estão a ser feitas compras ou levantamentos da sua conta num país estrangeiro. Para evitar estas situações, contacte o seu gestor de conta e diga-lhe que irá ausentar-se uns dias para fora do país e garantir que os seus contactos no banco estão atualizados para que, caso o seu banco necessite de o contactar sobre uma qualquer transação não o deixe envergonhado com uma mensagem de “não autorizado” no ecrã de um TPA.

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Alegados crimes de Rui Rio podem dar até quatro anos de prisão

Peculato e abuso de poderes são os crimes de que Rui Rio e outros dirigentes do PSD são suspeitos. A moldura penal pode ir até aos quatro anos de prisão.

Rui Rio, antigo presidente do PSD, a sede nacional do partido, bem como outros dirigentes do PSD foram alvo de buscas esta quarta-feira por suspeitas de crimes de peculato e abuso de poderes. Ao todo estes crimes oscilam entre os seis meses e os quatro anos de prisão.

Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) adiantou que em causa está a utilização de fundos de natureza pública, em contexto político-partidário, a factos cujo início relevante da atuação se reporta a 2018.

Entre os crimes suspeitos está o de peculato. Este crime recaem sobre titular de cargo político que no exercício das suas funções ilicitamente se aproprie, em “proveito próprio ou de outra pessoa”, de dinheiro ou qualquer coisa móvel ou imóvel, pública ou particular, que lhe tenha sido entregue, esteja na sua posse ou lhe seja acessível em razão das suas funções.

O agente que incorra neste crime é punido com pena de prisão de três a oito anos e multa até 150 dias, segundo artigo 20.º/1 da Lei n.º 34/87, de 16 de Julho.

Ainda assim, o número 2 deste artigo acrescenta que se o infrator der de “empréstimo, empenhar ou, de qualquer forma, onerar quaisquer objetos referidos no número anterior, com a consciência de prejudicar ou poder prejudicar o Estado ou o seu proprietário, será punido com prisão de um a quatro anos e multa até 80 dias”.

Entre as suspeitas tornadas públicas esta quarta-feira está também a de abuso de poderes. Caso algum dos suspeitos seja acusado por este crime pode ser punido com uma pena de prisão até três anos ou com pena de multa até 100 dias.

O crime de abuso de poderes (art.º 26.º da Lei n.º 34/87, de 16 de Julho) recai sobre o titular de cargo político que abusar dos poderes ou “violar os deveres inerentes às suas funções”, com a intenção de obter, para si ou para terceiro, um “benefício ilegítimo ou de causar um prejuízo a outrem”. Este crime público pune o agente com pena de prisão de seis meses a três anos ou multa de 50 a 100 dias, “se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal”.

A lei dos crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos estipula ainda que no crime de abuso de poderes incorre ainda o titular de cargo político que “efetuar fraudulentamente concessões ou celebrar contratos em benefício de terceiro ou em prejuízo do Estado”.

A investigação da PJ está a ser conduzida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção. Foram realizadas ao todo esta quarta-feira 20 buscas, 14 delas domiciliárias, cinco a instalações de partido político e uma em instalações de Revisor Oficial de Contas, na zona da Grande Lisboa e na zona norte do país.

A operação foi acompanhada por seis magistrados do Ministério Público, um juiz de Instrução Criminal e contou com a colaboração do DIC de Setúbal, da ULIC de Évora, da UPFC e UPTI da PJ, tendo participado nas buscas cerca de 100 inspetores e diversos peritos informáticos e financeiros.

“A investigação prosseguirá com o exame integral aos elementos probatórios alcançados, visando o cabal esclarecimento dos factos que integram o objeto do inquérito”, disse a PJ em comunicado.

Na quarta-feira, o PSD confirmou “que a sede nacional e a sede distrital do Porto foram objeto de buscas por parte da Polícia Judiciária”, sinalizando que “a investigação em curso, visa factos que remontam ao período de 2018 a 2021”, período que abrange a gestão de Rui Rio, dado que Luís Montenegro só foi eleito em maio de 2022. O partido assegurou ainda que “prestará toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciais”.

Segundo a CNN, a PJ suspeita de que poderá ter existido utilização indevida de dinheiros públicos na anterior gestão do partido. Em causa estão suspeitas de um esquema de pagamento de ordenados a funcionários do PSD com recurso a verbas da Assembleia da República que são destinadas a cargos de assessoria dos grupos parlamentares.

Hugo Carneiro, deputado do PSD, confirmou também em declarações às RTP3 que também foi alvo de buscas, tanto na residência em Lisboa como no Porto, e que colaborou “totalmente” com Ministério Público e PJ. Avançou que, até ao momento, não foi constituído arguido.

Já esperava há muito tempo que isso pudesse acontecer, porque julgo que praticamente todos os colaboradores, quer do grupo parlamentar quer do PSD, há muitos meses foram chamados ao Ministério Público e à PJ para prestar declarações”, disse o deputado do PSD.

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A comissão de inquérito à TAP valeu a pena? Sim, mas deixou um triste retrato

A CPI à TAP deixou a nu os problemas de governança nas empresas e no Governo e os defeitos de uma democracia dominada pela partidocracia. A crença na mudança é pouca.

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP termina esta quinta-feira, 141 dias depois de ter tomado posse em fevereiro, tempo em que ouviu presencialmente e por escrito 56 personalidades e recolheu um imenso manancial de documentação. Valeu a pena? Os economistas e politólogos ouvidos pelo ECO consideram que sim, mas o que se viu não foi bonito.

Os deputados vão hoje discutir e votar o relatório final na derradeira reunião da CPI. O voto contra da direita é certo, resta saber se Bloco e PCP também acompanham. Ao longo de cinco meses escalpelizou-se a privatização da TAP em 2015 e ficaram-se a saber detalhes sobre a forma como a empresa foi capitalizada usando os “Fundos Airbus” ou a situação limite em que se encontrava a tesouraria da companhia.

Ficou a conhecer-se melhor os contornos da compra do negócio da manutenção e engenharia da Varig no Brasil, essencial para alguns, ruinoso para a maioria, os salários, bónus e outras regalias dadas aos administradores, os casos de ingerência política e, claro, os temas mais polémicos, da saída de Alexandra Reis aos desacatos no Ministério das Infraestruturas, já conhecidos como o “Galambagate”.

Mas o que fica destes cinco meses de CPI? Valeu realmente a pena? O presidente do ISEG, João Duque, acredita que sim. “Permitiu perceber melhor os meandros do que muita gente não sabia”, afirma. Por exemplo, a forma como a tutela das empresas públicas é exercida pelos ministros. “Não há interferência? É manifesta a prova. Temos poucos processos montados e estabelecidos que sejam mais fortes que as pessoas. Noutras organizações não é assim”, aponta.

Temos poucos processos montados e estabelecidos que sejam mais fortes que as pessoas. Noutras organizações não é assim.

João Duque

Presidente do ISEG

O presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), João Moreira Rato, considera que a CPI foi uma oportunidade perdida. “Acho que não foi suficientemente enfatizado na CPI a importância da governance. Atirou-se o tema para cima da mesa e foi menorizado e desvalorizado pelos políticos”, considera.

“Há inconsistências entre os deveres das tutelas financeira e setorial, que deviam estar definidos à partida. Há zonas sombra em que não se sabe quem é responsável. É o que se deve evitar“, refere o antigo presidente do conselho de administração do Banco CTT. “Não me parece que deste exercício tenha saído uma clarificação”, lamenta.

Uma das recomendações que consta do relatório preliminar é “garantir a melhoria da articulação entre a tutela financeira e setorial, assegurando que a divisão e conexão de responsabilidades é clara e concebida para servir o interesse público”. Outra aconselha “robustecer os canais de relacionamento institucional entre o Governo e as empresas do setor público empresarial”.

Acho que não foi suficientemente enfatizado na CPI a importância da “governance”. Atirou-se o tema para cima da mesa e foi menorizado e desvalorizado pelos políticos.

João Moreira Rato

Presidente do Instituto Português de Corporate Governance

Sobre a indemnização a Alexandra Reis, João Moreira Rato defende que “devia ser definido ex-ante e seguir um caminho pré-estabelecido”, acrescentando que “há um problema gravíssimo de falta de transparência do Estado”.

“Se numa empresa pública com o escrutínio que havia na TAP depois de lá termos enfiado 3,2 mil milhões de euros aconteceu o que aconteceu, o que podemos imaginar sobre as outras empresas públicas”, comenta apenas Luís Aguiar-Conraria, economista e professor da Universidade do Minho.

O presidente do IPCG revelou que está a preparar um grupo de trabalho para definir linhas de orientação sobre governance nas empresas públicas, que deverá começar a reunir depois do verão.

Falta de independência dos deputados

“Vale sempre a pena porque estamos todos a discutir isto”, afirma António Costa Pinto, professor jubilado e investigador de ciência política da Universidade de Lisboa, sobre a comissão de inquérito. Ainda que considere que a CPI “pode não ter sido boa para a imagem da democracia”, apontando “os exageros em direto”. “Foi um ministro que disse que era um reality show [Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura]. Sim, foi um reality show“.

A nu ficou também a forma como as lógicas políticas acabam por se sobrepor. “Todas as comissões parlamentares de inquérito são limitadas pela maioria vigente. A maioria tenta impedir que a oposição marque pontos”, começa por referir António Costa Pinto. “Os deputados não são independentes. São dependentes de um diretório oculto que é o partido que os acolheu“, aponta.

Os deputados não são independentes. São dependentes de um diretório oculto que é o partido que os acolheu.

António Costa Pinto

Professor jubilado e investigador de ciência política da Universidade de Lisboa

Um ponto sublinhado também pelo presidente do ISEG. “A CPI serviu para nós avaliarmos a qualidade do sistema político nacional. A forma como elegemos os parlamentares propicia este tipo de espetáculo. Há uma pessoa que não estando lá manda no Parlamento, que é o primeiro-ministro. Luís Montenegro não está no Parlamento e também manda nos deputados”, atira João Duque.

Os deputados prestam contas a quem os coloca na lista em lugar elegível. Desta vez isso ficou ainda mais evidente. Os parlamentares não são independentes. No Reino Unido, os deputados do Partido Conservador removeram o líder do partido, Boris Johnson. Cá era inimaginável que uma maioria parlamentar fizesse o mesmo”, acrescenta. “Temos uma democracia refém de parlamentares que prestam vassalagem ao líder do partido”, conclui, defendendo os círculos uninominais.

Temos uma democracia refém de parlamentares que prestam vassalagem ao líder do partido.

João Duque

Presidente do ISEG

Temos uma democracia com uma partidocracia e a partidocracia sobrepõem-se à democracia. Uma CPI é uma coisa dependente de um diretório de um partido”, diz também António Costa Pinto. O problema está numa palavra que diz não ter correspondência direta em português: “accountability“, que é mais do que responsabilidade ou escrutínio. “Há falta de accountability na cultura democrática portuguesa”, observa.

O politólogo considera infeliz o relatório preliminar, da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo, que motivou críticas de toda a oposição pela forma como iliba o Governo. “O relatório preliminar, demasiado parcial e pró-governamental, não é bom para o PS“, aponta, acrescentando que foi mal recebido até por alguns deputados do PS. “É um processo de aprendizagem. Da próxima vez já não cometem este erro”.

Se a conclusão final é de que está tudo bem é porque não há problemas. Não se vai mudar nada.

João Duque

Presidente do ISEG

A CPI mostrou uma cultura seguidista, de rebanho, atrás do líder. Às vezes a pior forma de servir o líder é seguir o líder“, considera António Costa Pinto, que não tem dúvidas de que a comissão, ainda assim, fragilizou o Governo: “Foi obrigado a demitir um ministro e ficou com outro preso por cordéis”.

João Duque tem dúvidas que alguma coisa venha a mudar, a avaliar pelo relatório preliminar. “Se a conclusão final é de que está tudo bem é porque não há problemas. Não se vai mudar nada”, remata o presidente do ISEG.

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Rendas arriscam aumento de 8% em 2024. Governo admite repetir travão

Inflação que serve de base à atualização das rendas fixou-se nos 8% em junho. Governo está a acompanhar situação e espera por dados definitivos que serão conhecidos em setembro.

As rendas podem disparar entre 7% e 8% a 1 de janeiro de 2024, se o Governo não repetir a norma travão que limitou as atualizações a 2% no início deste ano – situação que admite estar a analisar até serem conhecidos dados definitivos.

Esta incerteza não agrada nem a inquilinos nem aos senhorios. Embora com interesses distintos, gostariam que o Executivo clarificasse as regras o quanto antes.

A inflação que serve de base para o cálculo do coeficiente de atualização anual das rendas dos diversos tipos de arrendamento, incluindo para habitação, fixou-se nos 7,91% em junho, segundo dados divulgados na quarta-feira pelo Instituto Nacional Estatística (INE).

O Código Civil determina que este coeficiente seja calculado com base na variação do índice de preços no consumidor, sem habitação, correspondente aos últimos 12 meses, tendo por referência os valores até 31 de agosto, que só serão publicados pelo INE em setembro e depois em Diário da República até 30 de outubro.

Embora seja preciso esperar mais dois meses para termos os valores finais, a evolução deste indicador nos últimos meses permite antecipar, e não se registando grandes oscilações até agosto, um coeficiente de atualização a 1 de janeiro de 2024 acima daquele (5,43%) que levou o Governo a avançar com uma norma travão nas rendas para limitar as atualizações a um máximo de 2% este ano.

É neste contexto que o Ministério da Habitação, questionado pelo ECO se vai repetir o travão nas rendas, adianta que “o Governo está a acompanhar a evolução dos dados” e que o “assunto se mantém em análise até existirem dados definitivos”.

Inflação que serve de base à atualização das rendas nos 8%

Fonte: Instituto Nacional de Estatística.

Aumentos acima de 3% ou 4% serão exagerados, dizem inquilinos

Para a maior parte dos inquilinos portugueses (cerca de 60%), e sem uma intervenção do Governo, isto significa que poderá enfrentar aumentos mensais entre 16 e 52 euros no valor das rendas a partir de 1 de janeiro do próximo ano, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados do Censos 2021. Razão pela qual a Associação de Inquilinos Lisbonenses (AIL) desejaria que o Governo ponderasse novamente a norma travão e anunciasse a medida rapidamente.

Era bom o Governo dizer de sua justiça sobre esta matéria para não alimentar dúvidas e especulações. Os senhorios já vieram reclamar que abaixo de 7% seria muito mau. Mas temos de enquadrar esta discussão dentro do aumento generalizado dos preços dos alimentos, da energia, do que é básico”, salienta António Machado, secretário-geral da AIL em declarações ao ECO.

Tudo o que sejam aumentos superiores a 3% ou 4% serão exagerados, tendo em conta o aumento geral do custo de vida”, acrescenta, admitindo que o aumento de rendimentos equilibrou os pratos da balança, mas que os inquilinos continuam entre a espada e a parede.

Proprietários esperam subir rendas em 7%

Tal como a associação de inquilinos, também os proprietários esperam por notícias do Governo a este respeito, mas na expectativa de que a norma travão não se volte a repetir.

“Neste momento, o que a lei diz é que o coeficiente será para aplicar, pois o diploma da norma travão já não se aplica a 2024”, refere Luís Menezes Leitão, presidente Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), apontando para que o coeficiente de atualização das rendas para o próximo ano se situe à volta dos 7%.

Para Menezes Leitão, avançar novamente com o travão nas rendas iria adicionar ainda mais instabilidade ao mercado de arrendamento em Portugal, com impacto novamente para os senhorios que também estão a lidar com os efeitos da escalada da inflação. “Esperemos que não repliquem [a norma travão]. Isso resultaria em grandes prejuízos para os proprietários e numa grande desconfiança no mercado”, diz.

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