Moedas anuncia pacote de medidas anti-inflação para Lisboa

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

Presidente da Câmara de Lisboa propôs 22 medidas de combate à inflação na cidade, destacando-se um montante de 12 milhões de euros para apoiar empresas com dívida Covid-19.

O presidente da Câmara de Lisboa propôs 22 medidas de combate à inflação na cidade — algumas coincidem com as apresentadas pelos vereadores da oposição –, destacando-se um montante de 12 milhões de euros para apoiar empresas com dívida Covid-19.

A proposta de Carlos Moedas, para “aprovar um conjunto de medidas de combate à inflação destinadas a apoiar as famílias e as empresas da cidade”, vai ser discutida esta quinta-feira numa reunião extraordinária, em que estão também em cima da mesa iniciativas apresentadas pelo BE, vereadora do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), Livre e PCP. O PS foi o único partido da oposição à liderança PSD/CDS-PP que decidiu “não apresentar qualquer proposta sem conhecer o envelope financeiro que Carlos Moedas está disposto a locar ao programa de apoio”.

Entre as medidas no pacote anti-inflação proposto por Carlos Moedas estão a criação de um programa de apoio ao relançamento da atividade económica de empresas com dívida Covid-19, no valor de 12 milhões de euros, e a implementação de um programa de apoio à transição energética nas empresas, com uma dotação de 300 mil euros. Esse programa é dirigido à promoção de medidas concretas a fundo perdido, orientadas para a poupança de energia, como a aquisição de lâmpadas de baixo consumo, redutores de consumo de água, substituição de ar condicionado, substituição de reclames luminosos, células fotoelétricas sensíveis ao movimento e reciclagem.

No apoio às famílias, o presidente da câmara sugere a criação do Cabaz Bebé, “com uma dotação de 120.000 euros, destinado a apoiar a aquisição de um cabaz mensal contendo produtos alimentares e de higiene no valor de 20 euros por criança até aos 18 meses, a entregar aos respetivos pais ou tutores residentes no concelho de Lisboa, que sejam beneficiários do Rendimento Social de Inserção”.

O pacote de medidas de combate à inflação inclui também a criação de um Gabinete de Apoio às Famílias Sobreendividadas, com dotação estimada em 150 mil euros, para “informar, aconselhar e acompanhar as pessoas nesta situação, incluindo ao nível da reestruturação dos seus créditos e organização de ações de sensibilização para uma adequada gestão do orçamento familiar e para a poupança, nomeadamente energética”.

A Câmara de Lisboa propõe ainda a dinamização da Rede Social de Lisboa, com o objetivo de contribuir para o esforço de erradicação ou atenuação da pobreza e exclusão social e promoção do desenvolvimento social na cidade, procurando encontrar soluções sociais articuladas entre os diferentes agentes.

Assumindo o compromisso já anunciado e também defendido pelos vereadores da oposição, Carlos Moedas inscreve na proposta “o não aumento do valor das rendas da habitação municipal em 2023 (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 650 mil euros)”, assim como o não aumento das rendas municipais para as instituições de caráter social, cultural e desportivo e para os estabelecimentos comerciais instalados em bairros municipais, até final do próximo ano.

Na área da habitação, o presidente da câmara quer “o reforço, para o dobro, do orçamento do Subsídio Municipal ao Arrendamento Acessível (para que possa ser substancialmente alargado o número de agregados familiares apoiados pela medida (1.000 famílias), com dotação acrescida de 714 mil euros)”.

No âmbito do arrendamento municipal é proposto ainda o não aumento do valor das rendas nos mercados municipais em 2023 (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 80 mil euros) e o não aumento do valor de taxas e serviços municipais em mercados, feiras e espaço público (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 300 mil euros).

A implementação do mecanismo de acesso automático à tarifa social da água é outra das medidas inscritas no pacote anti-inflação, assim como a proposta do PCP para “a alteração das condições de acesso ao Fundo de Emergência Social (FES), na vertente de apoio a agregados familiares (FES Famílias), para os beneficiários do apoio que tenham um rendimento mensal per capita superior a 70% da Remuneração Mínima Mensal Garantida [705 euros]”, de forma a possibilitar que seja considerada a dedução de 30%, ao invés dos atuais 20%, por elemento do agregado, do valor das despesas referentes a rendas, aquisição de medicamentos, serviços básicos e prestação de alimentos a filhos e dependentes.

Carlos Moedas incluiu também as propostas do PCP para a retoma da componente do Fundo de Emergência Social – Apoio ao Movimento Associativo Popular para apoio nas despesas de água, luz, gás, renda e deslocações, até final do primeiro semestre de 2023 e para a redução da comparticipação a suportar pelas famílias referente à frequência das Atividades de Animação e de Apoio à Família e da Componente de Apoio à Família para os escalões A (redução de 60%, passando de cinco euros para dois euros), B (redução de 33,33%, passando de 15 euros para 10 euros) e escalão C (redução de 20%, passando de 25 euros para 20 euros), durante o ano letivo 2022/2023, com correspondente reforço das transferências para as juntas de freguesia ou para a entidade responsável pela gestão destas atividades.

Na área da cultura, o pacote anti-inflação prevê o alargamento da gratuitidade do acesso aos equipamentos culturais do universo municipal aos jovens até 23 anos, inclusive, (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 250 mil euros) e o não aumento do preço de entrada nos equipamentos culturais da cidade (com impacto ao nível de perda de receita estimada em 250 mil euros).

A implementação da gratuitidade do sistema Gira, de bicicletas partilhadas, para as pessoas que residam em Lisboa, analisando-se a possibilidade de esta medida ser alargada aos que estudem ou trabalhem na capital, é a única medida na área da mobilidade proposta por Carlos Moedas, que coincide em parte com a do PCP.

O pacote anti-inflação inclui ainda o não aumento da Taxa de Resíduos Urbanos (com impacto ao nível de perda de receita estimada variável entre nove e 24 milhões de euros); a dinamização das Comunidades de Energia Renovável, para promover a implementação de projetos de geração descentralizada de energia solar fotovoltaica; a redução do prazo de pagamento dos apoios já estabelecidos e contratualizados no âmbito do Regulamento de Atribuição de Apoios pelo município de Lisboa; e a elaboração e concretização, no prazo máximo de 45 dias, de um plano de alargamento do programa das hortas municipais (a novos locais/lotes e novos beneficiários, considerando uma redução de 20% no valor da comparticipação anual por estes últimos).

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Ponte da Barca critica Governo por transferir escolas “degradadas” sem apoios

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

Ponte da Barca critica Governo por transferir escolas “degradadas” sem os apoios financeiros necessários, no âmbito do processo de descentralização de competências na área da educação.

O presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, critica o Governo por transferir escolas “degradadas” para as autarquias sem o envelope financeiro necessário para a sua requalificação e por “não financiar algumas intervenções nos espaços escolares”.

Contactado pela agência Lusa, a propósito da abertura do concurso público para a requalificação das escolas básica e secundária Diogo Bernardes, pelo valor base de 832,699.47 euros, Augusto Marinho congratulou-se com o início do processo de reabilitação “urgente das cantinas, sem condições de trabalho e higiene alimentar”. Lamentou, contudo, que o Estado transfira os equipamentos para os municípios “sem atribuir as verbas necessárias para as requalificar, nem financiar todas as intervenções necessárias”.

“Neste momento, nem atribuiu as verbas necessárias para a intervenção, nem todas as intervenções necessárias estão contempladas”, frisou, sublinhando, contudo, ter ficado “muito contente” com o concurso para a beneficiação das duas escolas do concelho, com mais de 30 anos de existência.

Segundo Augusto Marinho, o anúncio da abertura do concurso publicado em Diário da República (DR) para a reabilitação das escolas básica e secundária Diogo Bernardes, com cerca de 1.200 alunos, tem o preço base de 832,699.47 euros, mais IVA (6%) e receberá uma comparticipação do Estado de 400 mil euros.

“Estas intervenções são, algumas delas, em equipamentos que recebemos agora do Estado. É isso que nas transferências de competências deve atender: recebemos equipamentos muito degradados, a necessitar de intervenção”, frisou.

Augusto Marinho defendeu que “só há duas maneiras de se fazer de uma forma rigorosa estas transferências. Ou o Estado faz a intervenção e atribui as verbas para o funcionamento ou, então, dá as verbas para nós [municípios] fazermos as intervenções que são necessárias”, especificou.

A empreitada prevê a “beneficiação e conservação das cozinhas, refeitórios, polivalentes, mobilidade do recreio exterior e proteção lateral do recreio coberto”, tendo um prazo de execução de 180 dias. “As cantinas estavam a necessitar de uma intervenção já há muito tempo. Estamos a falar de condições de trabalho, higiene alimentar. Portanto, são obras extremamente importantes que temos batalhado muito para as conseguir”, realçou.

Augusto Marinho apontou ainda que, “além destas obras, “há também um conjunto de intervenções em outros espaços da escola, que, infelizmente, não se consegue candidatar”. Logo, seja, explicou, “não se consegue financiamento e, portanto, a Câmara vai suportar este investimento. São medidas de autoproteção, ou seja, um conjunto de sinalética e indicação de forma a proteger o funcionamento em caso de emergência de todo aquele espaço escolar, com muitos jovens”.

As obras visam ainda melhorar “o comportamento acústico e energético daqueles espaços, de modo a potenciar a sua eficiência, bem como ao nível da iluminação interior e mobiliário de apoio”. Vão também ser feitas intervenções nas áreas complementares, tais como sala de pessoal da cozinha e respetivos vestiários. Previstas estão ainda obras de conservação e manutenção dos espaços exteriores de ambas as escolas.

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Banco de Inglaterra sobe taxas de juro em 50 pontos base

Banco de Inglaterra voltou a subir esta quinta-feira as taxas de juro em 50 pontos base, num esforço para conter a escalada da inflação, "deverá continuar acima dos 10% nos próximos meses".

O Banco de Inglaterra voltou a subir as taxas de juro em 50 pontos base, colocando em 2,25%, de acordo com o comunicado divulgado esta quinta-feira pela instituição liderada por Andrew Bailey. O banco central avisa que a inflação “deverá continuar acima dos 10% nos próximos meses”, mas representa uma revisão em baixa face ao estimado na anterior reunião.

No encontro de política monetária que se realizou na quarta-feira, “cinco membros votaram para aumentar a taxa de juro em 0,50 pontos percentuais”, ao passo que outros três membros defenderam um aumento de 0,75 pontos percentuais para 2,5%. Apenas um membro considerava necessário um aumento de apenas 0,25 pontos percentuais, para 2%.

A decisão é justificada tendo em vista conter a escalada da inflação, que apesar de ter abrandado ligeiramente de 10,1% em julho, para 9,9% em agosto, “deverá continuar acima dos 10% nos próximos meses, antes de começar a recuar”, dado que se prevê que os preços da energia continuem a subir.

Nesse sentido, o Banco de Inglaterra garante que está comprometido em atingir o objetivo de 2% da taxa de inflação “de forma sustentável” e a “médio prazo”, referindo que “tomará as medidas necessárias” para atingir esta meta e sublinha que “a escala, o ritmo e o momento” de mudanças nas taxas de juro serão decididos com base nas perspetivas económicas e nas pressões inflacionistas.

“Caso as perspetivas sugiram pressões inflacionistas mais persistentes, inclusivamente para uma procura mais forte, o comité responderá com força, conforme necessário“, lê-se na nota de imprensa. O Banco de Inglaterra destaca ainda que “a economia tem sido sujeita a uma sucessão de choques muito grande”.

Além da subida das taxas de juro, a instituição liderada por Andrew Bailey decidiu reduzir a carteira de dívida pública em 80 mil milhões de libras nos próximos 12 meses para 758 mil milhões.

Recorde-se que na quarta-feira, o comité de política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) anunciou o aumento das taxas de juro em 75 pontos base, pela terceira vez consecutiva.

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Então e o que faz um subscritor de Responsabilidade Civil? E qual a sua importância?

  • ECOSeguros + Innovarisk Underwriting
  • 22 Setembro 2022

Paulo Simão, subscritor de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk Underwriting, fala do papel e da importância do subscritor quando se fala de Seguros de Responsabilidade Civil.

É comum, quando me questionam no que consiste o meu trabalho de subscritor de Responsabilidade Civil, existir grande desconhecimento sobre a matéria, seja porque não estão por dentro do ramo dos seguros, seja por desconhecimento da complexidade e multidisciplinaridade associada a esta função. Daí surge o objetivo deste artigo, em resumir a função de um subscritor de Responsabilidade Civil, do segmento Corporate e elencar o impacto que pode ter na vida das empresas.

Pode definir-se um subscritor como o técnico especializado de uma seguradora que avalia um determinado risco e define quais as condições de aceitação (a que preço, coberturas aplicáveis e franquias específicas). Para o ramo especializado de Responsabilidade Civil do segmento Corporate, entramos na esfera de grandes empresas e de riscos habitualmente de maior dimensão, onde estamos perante atividades mais complexas e Limites de Indemnização das apólices altos (podem ser vários milhões), daí a necessidade de existir um técnico especializado para esta análise e tarifação.

"Pode definir-se um subscritor como o técnico especializado de uma seguradora que avalia um determinado risco e define quais as condições de aceitação (a que preço, coberturas aplicáveis e franquias específicas).”

Paulo Simão, subscritor de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk Underwriting

Sendo esta a função core do subscritor, existem outras funções que se interligam entre elas, sendo que vou elencar as principais.

Dependendo da estrutura de cada seguradora (com funções de desenvolvimento de produto em separado ou agregadas à subscrição), é responsabilidade do subscritor desenhar/apoiar o desenvolvimento de novos produtos, aprovação de clausulados, controlo do portfolio e definição de segmentos alvo a explorar. Hoje em dia, com o uso de grandes bases de dados, a gestão dos últimos pontos acima acaba por se tornar mais dinâmica, na medida em que se podem fazer leituras praticamente ao segundo.

Paulo Simão, subscritor de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk Underwriting

Aliado a este perfil mais analista, surge a presença comercial, isto é, o contacto com a rede de mediação e corretagem de seguros surge igualmente como função do subscritor, diria mesmo uma função vital, não só para a adequação de determinadas regras de pricing e acompanhar as flutuações do mercado segurador. Numa outra vertente, o subscritor deve, além de conhecer o mercado, estar por dentro das novas tendências socioeconómicas mundiais, assim como estar atualizado perante novas disposições legais que possam surgir.

Esta exposição do subscritor ao mercado vai igualmente depender das políticas organizativas de cada seguradora, sendo, no entanto, uma função cada vez mais diferenciadora, especialmente se considerarmos a preocupação com a qualidade do serviço prestado.

Não devemos abordar a qualidade somente pelo timing de resposta, mas considerar igualmente a adequabilidade da solução apresentada, assim como outra componente cada vez mais valorizada no mercado segurador, a de consultoria. Refiro-me à capacidade do subscritor de propor alterações à apólice, destacar eventuais coberturas adicionais que podem ser contratadas, evidenciar quais os potenciais riscos que a empresa incorre e aconselhar eventuais melhorias na gestão de risco da empresa.

As interligações destas funções tornam o subscritor mais capacitado para desempenhar a sua função core, de avaliar/tarifar um determinado risco. Esta avaliação do risco compreende o cumprimento dos critérios e parâmetros de subscrição internos, assim como a análise criteriosa de toda a informação do risco, atividade e empresa.

Senão vejamos:

  • Imaginemos que temos 2 empresas, com atividades (fabrico de móveis) e Volume de Faturação iguais, mesma antiguidade e número de empregados.

Numa primeira análise, a inexperiência pode levar-nos a considerar que se trata de riscos semelhantes, logo com uma abordagem de subscrição similar em termos de cobertura e prémio.

Acontece que uma das empresas tem várias certificações, programas regulares de formação dos seus empregados, uma política de manutenção das suas máquinas trimestral e um processo de controlo de qualidade em todo o processo produtivo.

Por outro lado, a outra empresa não efetua nenhuma monitorização do seu processo produtivo nem é certificada.

Deixo a questão: Estes riscos devem ser tarifados e analisados de forma igual?

A importância do subscritor deriva desta capacidade de diferenciar cada risco e de conjugar o binómio “política de subscrição vs. pretensões do cliente”, especialmente em segmentos mais complexos.

Com a aposta em subscritores dotados de elevado conhecimento, know-how e anos de experiência na função que tenham a capacidade de avaliar cada caso e apresentar soluções diferenciadas para cada risco, as seguradoras têm a capacidade de protegerem os seus ativos e investimentos, ao mesmo tempo que dão soluções sustentadas aos seus clientes.

Texto por Paulo Simão, Subscritor de Responsabilidades & Specialties

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Indústria de plásticos antecipa “tempos muito difíceis” face à crise energética

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

O presidente da APIP alerta que o aumento dos custos energéticos está a pesar sobre o setor dos plásticos. Empresários já consideram paragens na produção e despedimentos.

O presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) antecipa “tempos muito difíceis” para o setor na sequência do aumento dos preços da energia, alertando que a situação “torna as empresas inviáveis”.

“Afiguram-se tempos muito difíceis para esta indústria que necessite ou que vá ter preços de energia que, neste momento, são incomportáveis”, avisou Amaro Reis. Segundo Amaro Reis, toda a cadeia de valor dos plásticos que está a contas com o fim ou rescisão do contrato de energia “está a viver uma situação dramática”.

“Hoje, as empresas que ficam sem contrato de energia e têm de ir para o mercado livre vão pagar entre cinco a seis vezes mais do que o preço que tinham no passado, o que, em muitos casos, praticamente, torna as empresas inviáveis”, declarou Amaro Reis, administrador executivo da empresa Sacos 88, sediada no concelho de Leiria.

O presidente da APIP, que conta com cerca de 200 associados, referiu que as opções das empresas passam pelo aumento de preços, “mas depois podem não conseguir vender”, pela redução da sua atividade laboral, incluindo ‘lay-off’ (redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho), ou “tentar reestruturar a empresa para aquilo que conseguem vender”.

Considerando que a indústria do setor dos plásticos “sempre foi muito resiliente”, Amaro Reis disse que das empresas associadas nenhuma fechou, mas admitiu que “umas podem estar com redução de horários, outras poderão estar a trabalhar só em períodos em que a energia possa estar mais barata”.

Segundo o presidente da APIP, a única forma com que as empresas “podem atenuar um bocadinho isto, mas carece sempre de investimento, é continuar a reforçar – aquelas que já têm – a produção para autoconsumo de energia fotovoltaica” ou outras “acelerar os seus investimentos” em parques fotovoltaicos”.

“Mas, a maior parte da indústria do plástico trabalha por turnos e à noite não há sol. Por muito que se queira, não se consegue ter uma totalidade da necessidade de energia através das energias renováveis”, apontou, reconhecendo, contudo, que esta área requer investimento.

Esperando que “haja uma redução dos preços de energia o mais rápido possível”, o dirigente da APIP assinalou ainda que “o gás continua a ter uma importância muito grande na composição do preço” da eletricidade do mecanismo ibérico.

Amaro Reis considerou, por outro lado, a propósito do anúncio do Governo na semana passada que “todas as medidas são bem-vindas”, admitindo que o Estado “não pode dar tudo”, e que “as linhas de crédito disponibilizadas são importantes e têm de ser ajustadas às necessidades das empresas e com juros bonificados.

Ao executivo, sugeriu que o “custo acrescido que as empresas têm [agora] com a energia pudesse ser, no futuro, deduzido através de benefícios fiscais”.

O responsável da APIP defendeu também que o Governo deve olhar para as empresas que, na área da reciclagem de plástico, contribuem para a economia circular, redução dos resíduos e valorização destes, mas “estão a ser afetadas, enormemente, pelo aumento de custos energéticos”.

“Não sei até que ponto, também, este tipo de empresas podia ter algum benefício”, dado o seu compromisso ambiental relativamente à reciclagem, referiu, lembrando que há países na Europa que “estão a subsidiar os custos de energia destas empresas”.

De acordo com a APIP, o setor dos plásticos tem, em Portugal, 43 mil trabalhadores distribuídos por 1.150 empresas. O volume de negócios é de oito mil milhões de euros, cerca de 4% do Produto Interno Bruto.

Empresários do setor dos plásticos alertam para perda de competitividade

Empresários do setor dos plásticos alertaram para a perda de competitividade devido ao aumento dos custos da energia, que impede o crescimento das empresas e pode originar desemprego.

“Afeta muito a competitividade das empresas”, disse à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração da Vizelpas, sediada em Vizela (Braga), que se dedica à produção de filmes técnicos flexíveis para as áreas alimentar e médico-cirúrgica, entre outras.

Segundo Modesto Araújo, em agosto do ano passado a fatura de eletricidade oscilava entre os 70 e os 80 mil euros. “Em agosto de 2022, passou para cerca de 300 mil euros”, declarou.

O empresário esclareceu que a Vizelpas tinha a possibilidade de no início do ano fazer “um contrato a oito ou a 10 anos a 0,85 euros o megawatt”, quando o preço então era de 0,50 euros. “Éramos para fechar o negócio, mas a operadora veio dizer em fevereiro ou março que era melhor não o fazermos, porque o Governo estava a negociar uma redução no preço da energia e ia pôr um teto para o gás que iria condicionar o preço da eletricidade e era melhor aguardarmos até agosto”, referiu.

Modesto Araújo esclareceu que a empresa esperou até final de junho e, “qual espanto, a fatura de julho é quase 250 mil euros”.

“Os nossos governantes negociaram um teto para o gás, mas meteram um mecanismo de ajuste que é pago pelas empresas, ao contrário de Espanha”, esclareceu, reconhecendo que se tivesse feito o contrato em fevereiro “a energia estava mais barata”.

O empresário equaciona “parar uma ou duas linhas de produção porque há produtos que deixam de ser competitivos”, admitindo: “Se calhar vamos parar e mandar pessoas para o desemprego”.

A Vizelpas, com 24 anos de existência, tem 210 funcionários e exporta 65% da produção.

“Tínhamos um projeto para outro concelho que vamos ponderar”, adiantou, salientando ainda que também iniciou a compra de terrenos para instalar energia renovável, mas a burocracia inerente é “um trinta e um”.

Modesto Araújo lembrou que “nunca na história da empresa se elaborou um orçamento que esteja sujeito à sorte, isto é, à variação do preço de energia”, pedindo ao Governo que olhe para a situação, porque é “preciso que haja uma uniformidade de preço” para todas as empresas.

“Estamos na União Europeia e, por isso, devemos ter regras similares para todos, não é uns terem energia a oito e outros a oitenta. Têm de ser tomadas medidas nesta área para haver mais equidade na competitividade das empresas”, defendeu.

No caso da RCDPLAS, de Vale de Cambra (Aveiro), empresa especializada na reciclagem de plásticos, em julho de 2021 a fatura da eletricidade era de 34 mil euros, passando para 88 mil euros em julho último.

“Em termos da estrutura de negócio, face aos preços de venda e ao volume de vendas, o negócio deixou de ser viável. Passamos a ter um prejuízo todos os meses”, afirmou o sócio-gerente Rui Carvalho, quando questionado sobre os impactos do aumento do custo da energia.

Rui Carvalho explicou que “a subida de preços que se tem de fazer e caso não haja aceitação dos clientes, a empresa deixa de ter mercado e em três, quatro meses, deixa de ter fundo de maneio para suportar os custos de energia e outros tantos custos”.

De acordo com este sócio-gerente, a empresa, que tem no estrangeiro o destino de 40% da produção, deixará de ter competitividade, pois “não consegue sequer concorrer” com empresas do mercado nacional.

“Há empresas que não estão a pagar o mecanismo de ajuste e têm metade do custo da energia que nós temos, porque têm contratos mais antigos”, declarou, assumindo “não ser fácil concorrer com estas empresas que não têm culpa desta situação”.

Diogo Mourão, também sócio-gerente da RCDPLAS, empresa com quatro anos e meio de existência e 20 funcionários, salientou que esta “vinha a ter um caminho sustentável”, apesar de a pandemia de covid-19 ter trazido mais dificuldades.

Reconhecendo que o aumento do preço da energia “põe em causa planos de crescimento e desenvolvimento da empresa” ou “até pagar melhor aos colaboradores”, Diogo Mourão concretizou: “A empresa fica estrangulada e a trabalhar para pagar uma fatura da eletricidade”.

“Ou seja, uma empresa que gerava um ‘cash-flow’ positivo, tinha visão e dinheiro para investir, boa carteira de clientes internacionais, de repente vai trabalhar para pagar a fatura de eletricidade”, lamentou.

Ao executivo, Diogo Mourão pede “um apoio que seja direcionado em concreto à diminuição da fatura da eletricidade”, porque o resto a RCDPLAS tem: “Uma boa gestão, um plano, pessoas e clientes”.

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Um dia por semana sem carros poupa 3% a 5% de combustíveis em meio urbano

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

Associação Zero defende que um dia sem carros por semana seria fundamental para a poupança energética e poderia ter um papel determinante na mitigação dos efeitos da crise atual.

Um dia por semana sem carros poupará o equivalente a 3% a 5% do gasóleo e gasolina consumidos em meio urbano, indica um estudo citado esta quinta-feira pela associação ambientalista Zero.

A propósito do Dia Mundial Sem Carros, e também Dia Europeu sem Carros, que se assinala esta quinta-feira, destinado a sensibilizar para a necessidade de reduzir o tráfego rodoviário nas cidades, a associação diz que um novo estudo revela que 62% das pessoas em cidades europeias apoiam a ideia de um dia sem carros por semana. O estudo foi feito no âmbito da Campanha Cidades Limpas, um consórcio europeu que a Zero integra.

A associação lembra a atual crise energética na Europa para dizer que “é urgente reduzir a dependência do continente em relação ao petróleo e gás”, e acrescenta que um dia sem carros por semana seria fundamental para a poupança energética e poderia ter um papel determinante na mitigação dos efeitos da crise atual.

O estudo “revela que um único dia semanal sem carros nas principais cidades europeias poderá poupar entre 541 e 945 mil barris de petróleo em cada dia em que é implementado (dependendo do dia da semana) – ou seja, o equivalente a 3-5% de todo o consumo de gasóleo e gasolina em meio urbano na Europa (que representa cerca de 23% das emissões e uso de energia), ou o equivalente a cerca de 40% de todo o consumo anual de petróleo em Portugal ou o consumo inteiro de petróleo de países como a Estónia, Letónia e Lituânia”, diz a Zero em comunicado.

Dias sem carros, refere a Zero, não obrigam a novas infraestruturas, a regulamentos complexos ou grandes despesas, e permitem também uma melhoria do ar.

A associação recomenda que as cidades devem, generalizadamente, adotar dias semanais sem carros e promover o transporte público, com o apoio do Governo, que deve melhorar e densificar o transporte público.

Esta quinta-feira, para assinalar a efeméride, no dia em que termina a semana europeia da mobilidade, o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, convidou os membros do Governo a deslocarem-se para o Conselho de Ministros utilizando meios sustentáveis de mobilidade.

E várias cidades do país vão assinalar o Dia Europeu sem Carros, com ações de sensibilização e promoção de atividades desportivas, incluindo as caminhadas e o uso da bicicleta.

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Não residentes compram 6,4% das casas transacionadas no segundo trimestre

Transações de habitações com este perfil de comprador no segundo trimestre do ano "continuaram a aumentar a ritmos significativamente superiores", revela o INE.

Das mais de 43 mil casas vendidas no segundo trimestre, quase 3.000 (6,4%) foram compradas por pessoas com domicílio fiscal fora de Portugal, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). As transações de habitações com este perfil de comprador “continuaram a aumentar a ritmos significativamente superiores”, revelam o gabinete de estatísticas.

Entre abril e junho foram transacionadas 43.607 habitações (num total de 8,29 mil milhões de euros), das quais 40.824 (7,3 milhões de euros) foram compradas por pessoas residentes no país. Assim, as restantes 2.783 unidades que passaram de mãos foram adquiridas por compradores com residência fiscal fora de Portugal.

Em termos de valor, 7,3 mil milhões de euros dizem respeito a casas compradas por pessoas residentes em território nacional. Com isto, as casas compradas por estrangeiros ou emigrantes totalizaram quase mil milhões. “As transações referentes a compradores com domicílio fiscal fora do território nacional continuaram a aumentar a ritmos significativamente superiores”, afirma o INE.

Dentro do universo dos compradores que moram fora do país, a categoria “União Europeia” correspondeu a 1.555 transações (452 milhões de euros), o equivalente a um aumento de 62% face ao mesmo trimestre de 2021, e os “restantes países” a 1.228 (531 milhões), mais 63,1%.

Ainda numa análise ao tipo de compradores de habitações, os pertencentes ao setor institucional das “famílias” foram responsáveis pela aquisição de 38.181 unidades (87,6% do total). Em valor, as aquisições efetuadas por “famílias” corresponderam a 7,2 mil milhões de euros (86,7% do total).

Entre abril e junho, de acordo com os dados do INE, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) registou um aumento de 13,2% face ao mesmo trimestre do ano passado, ou seja, mais 0,3 pontos percentuais face ao observado no trimestre anterior, “atingindo um novo máximo histórico da série disponível”, que começou em 2009.

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Bolt, Glovo e Uber criam associação. “Queremos ser ouvidos sempre que estejam em discussão alterações legislativas”

A APAD pretende agregar e representar os principais operadores do setor das plataformas digitais a desenvolver atividade em Portugal na defesa dos seus interesses em comum. 

A Bolt, a Glovo e a Uber acabam de criar uma estrutura associativa capaz e habilitada para defender e representar, a uma só voz, os interesses comuns do universo das empresas na área da economia digital e de partilha que desenvolvem a sua atividade em Portugal. A APAD – Associação Portuguesa das Aplicações Digitais foi anunciada esta quinta-feira. “Queremos ser ouvidos enquanto plataforma de diálogo sempre que estejam em discussão alterações legislativas que podem colocar milhares de oportunidades de rendimento em risco para estafetas e pequenas e médias empresas.”

“Em Portugal, há uma lacuna de representação setorial da economia digital. Constituímo-nos em associação para podermos assumir um papel de representantes institucionais de um setor que em muito tem contribuído para a economia nacional, mas que, por falta notória de conhecimento, nem sempre tem sido percebido corretamente no debate público”, começa por explicar a associação, que atua exclusivamente em Portugal, numa declaração conjunta à Pessoas.

Da esquerda para a direita, Joaquín Vázquez (Glovo), David Ferreira da Silva (Bolt Food) e Diogo Aires Conceição (Uber Eats)

“Queremos contribuir para estimular a inovação e a competitividade na economia digital portuguesa, mas queremos fazê-lo de forma organizada e estruturada, com base em conhecimento. Só assim conseguiremos um debate público esclarecido e esclarecedor, capaz de libertar o potencial de geração de valor da economia digital. Assim, assumimo-nos como parceiros empenhados no diálogo social e temos a vontade expressa de contribuir para ultrapassar colaborativamente, e em diálogo, os desafios da economia digital e de partilha”, acrescenta.

Criada por iniciativa dos seus três membros fundadores – Bolt, Glovo e Uber –, a nova associação surge com o objetivo primordial de agregar e representar os principais operadores do setor das plataformas digitais a desenvolver atividade em Portugal na defesa dos seus interesses em comum. Apresenta-se, assim, como a nova entidade que, a partir de agora, estará mandatada pelos seus associados para os representar em Portugal.

Queremos ser ouvidos enquanto plataforma de diálogo sempre que estejam em discussão alterações legislativas que podem colocar milhares de oportunidades de rendimento em risco para estafetas e pequenas e médias empresas.

A APAD será também um interlocutor com o Governo em matérias de discussão nacional e europeia, como é agora o caso das relações contratuais dos colaboradores das plataformas. “Queremos ser ouvidos enquanto plataforma de diálogo sempre que estejam em discussão alterações legislativas que podem colocar milhares de oportunidades de rendimento em risco para estafetas e pequenas e médias empresas, na sequência da pandemia e durante um período economicamente difícil, e prejudicando os serviços vitais de que os utilizadores em Portugal dependem. Queremos ser um fórum de partilha e debate nesta e em qualquer outra situação em que seja possível contribuir para a definição de melhores condições rumo à concretização da transformação digital da economia nacional.”

O objetivo final é sempre “trazer maior transparência para o setor” e, ao mesmo tempo, “contribuir de forma construtiva para qualquer debate setorial”. “O objetivo é encontrar sempre a melhor solução e oportunidades para todos os stakeholders, designadamente, junto do Governo e do Parlamento. Mais do que interlocutores, queremos ser parceiros no diálogo social, atuando regularmente, colaborativamente, construtivamente e de forma informada para a construção de soluções que permitam alavancar o potencial de geração de valor da economia digital”, reforça a APAD.

Inovação, emprego e mobilidade em cima da mesa

Ao nível do pacote legislativo que tem vindo a ser discutido, tanto a nível europeu como nacional, com impacto no tipo de relação contratual entre as plataformas e os estafetas, a APAD tem uma posição.

“Deve haver espaço para estafetas que queiram continuar a trabalhar com aquilo que valorizam – flexibilidade total. A proposta atual não permite que isto aconteça e isso é prejudicial para essas pessoas que, neste caso, representam a larga maioria”, refere a associação.

A regulação das relações contratuais tem de ter em consideração a possibilidade de flexibilidade, e não forçar os estafetas a adotarem um modelo de trabalho que não querem.

“A posição de princípio é a de que devemos construir propostas, soluções e compromissos com base no conhecimento da realidade. E o que verificamos, muitas vezes, é que o discurso público não é construído a partir da realidade. É edificado em partes da realidade, de generalizações feitas a partir de casos concretos, que na maioria das vezes não são representativos de todo um setor”, continua.

“A regulação das relações contratuais tem de ter em consideração a possibilidade de flexibilidade, e não forçar os estafetas a adotarem um modelo de trabalho que não querem. Porquê? Porque é isso que nos dizem os estafetas num estudo independente sobre o “Impacto Social e Laboral das Plataformas Digitais de Entrega em Portugal”, apresentado recentemente pelo ISCTE Executive Education. É o nosso conhecimento sobre esta atividade, em múltiplos países incluindo Portugal, que nos permite fazer esta afirmação. Mais de metade dos estafetas já tiveram trabalhos a tempo inteiro antes de iniciarem a atividade. Além de ser um dos pilares da nossa missão dar voz a todos os que recorrem às plataformas à procura de oportunidades”, diz ainda.

APAD relembra números do INE que fazem um retrato do setor. Entre 2017, ano em que as plataformas de entregas ao domicílio chegaram a Portugal, e 2020, apenas na atividade de “Outras atividades postais e de courier”, o emprego mais do que duplicou: foram criados mais de cinco mil postos de trabalho líquidos, mais de quatro mil empresas, e a faturação aumentado 62% (março de 2022). “Estamos empenhados em contribuir para reforçar estes indicadores e, como Associação, estaremos em melhor posição de trabalhar nesse sentido.”

A associação quer ainda colocar na agenda pública de discussão a promoção da inovação, a criação de emprego e a competitividade global do mercado, bem como os temas da mobilidade, da digitalização da economia, do desenvolvimento económico e social e da sustentabilidade.

Em Portugal, há uma lacuna de representação setorial da economia digital. Constituímo-nos em associação para podermos assumir um papel de representantes institucionais de um setor que em muito tem contribuído para a economia nacional, mas que, por falta notória de conhecimento, nem sempre tem sido percebido corretamente no debate público.

Fonte oficial da APAD

“A economia digital tem um enorme potencial de geração de valor transversal, que vai muito para além da discussão importante, mas afunilada, que hoje domina o debate público. Enquanto associação pretendemos também responder de forma inovadora aos desafios colocados pelo avanço tecnológico, assim como às crescentes necessidades e exigências dos consumidores.”

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Mais de 30% dos trabalhadores independentes portugueses em risco de pobreza

Portugal é o segundo país da UE que regista a taxa mais elevada. É o valor mais alto dos últimos seis anos.

No ano passado, quase um quarto dos trabalhadores independentes da União Europeia (UE) estava em risco de pobreza ou exclusão social. Comprando com 2020, esta foi a única camada de profissionais que sofreu uma deterioração da situação de pobreza, aumentando de 22,6% para 23,6%. E Portugal é o segundo país com a taxa mais elevada, situada em 32,4%. A percentagem nacional aumentou de 2020 para 2021 em dois pontos percentuais, agravando a situação de risco de pobreza dos trabalhadores independentes. É a taxa mais elevada dos últimos seis anos, revelam os dados publicados pelo Eurostat.

Apenas a Roménia regista uma taxa mais preocupante do que a portuguesa, situada em 70,8%, tendo aumentado 5,1 pontos percentuais relativamente à percentagem apurada em 2020.

A Estónia completa a lista dos três países da UE com as taxas de risco de pobreza e exclusão social mais altas entre os trabalhadores independentes, com um valor muito semelhante ao português (32,2%).

Fonte: Eurostat

Em contrapartida, a situação de pobreza dos trabalhadores independentes melhorou em 11 países da UE, tendo a Irlanda e a Hungria registado a maior diminuição dessas taxas (uma queda de 3,2 e 3,7 pontos percentuais, respetivamente).

Já a República Checa (7,4%), a Hungria (7,7%) e o Chipre (9,5%) são, por sua vez, os países onde o risco de pobreza ou exclusão social para os trabalhadores independentes é menos expressivo.

Fonte: Eurostat

No panorama geral, as taxas de risco pobreza ou exclusão social para os desempregados, pensionistas e empregados da União Europeia diminuíram 1,6, 0,6 e 0,3 pontos percentuais, respetivamente.

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Atividade económica e consumo privado recuam em agosto

  • ECO
  • 22 Setembro 2022

Indicadores coincidentes do Banco de Portugal mantêm-se a recuar desde abril.

Os indicadores coincidentes para a atividade económica e para o consumo privado apresentaram em agosto uma taxa inferior à registada nos meses anteriores. Desde abril que se mantêm em queda, numa altura em que os economistas não descartam uma recessão no país.

Em agosto, a taxa de variação homóloga do indicador para a atividade económica foi de 6,4%, abaixo dos 6,6% registados em julho e de 6,8% de junho, enquanto a taxa de variação homóloga do indicador para o consumo privado foi de 2,8%, contra os 3,5% de julho e os 4,3% de junho.

A guerra da Rússia na Ucrânia, a escalada dos preços, incluindo da energia, e a ação agressiva de subida dos juros dos bancos centrais para controlar a inflação está a colocar muitas economias à beira de uma recessão. Esse é um cenário que os economistas não descartam que possa acontecer em Portugal no próximo ano, embora as projeções das instituições nacionais e internacionais apontem para um crescimento entre 1% e 2%.

O Presidente da República tem insistido para o Governo revelar já quais as perspetivas económicas para o próximo ano, mas o primeiro-ministro respondeu que só serão divulgadas quando o Executivo apresentar o Orçamento do Estado do próximo ano.

Os indicadores coincidentes do Banco de Portugal são indicadores compósitos que procuram captar a evolução subjacente da variação homóloga do respetivo agregado macroeconómico, pelo que não refletem em cada momento a taxa de variação homóloga do respetivo agregado de Contas Nacionais.

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Nexxpro investe 2,5 milhões de euros para remodelar coleção de capacetes

  • Lusa
  • 22 Setembro 2022

Fábrica de capacetes Nexxpro, em Anadia, tem em curso um investimento de 2,5 milhões de euros para remodelar toda a coleção e, assim, responder às exigências da nova norma de homologação.

“Estamos com investimentos elevados e muito exigentes, fruto da exigência da nova norma de homologação, que tem níveis de segurança muito apertados, em termos da capacidade de absorção no embate. A remodelação de toda a coleção de capacetes anda à volta dos 2,5 milhões de euros”, revelou o CEO da Nexxpro, Helder Loureiro.

Em declarações à agência Lusa, Helder Loureiro explicou que a norma UN ECE 22.06 veio substituir a ECE 22.05, tendo como horizonte que se deixem de produzir capacetes que não cumpram estes critérios em junho de 2023 e permitindo apenas a venda do stock disponível até ao final de dezembro de 2023.

Não havia uma atualização desta norma de segurança há 20 anos e, por isso, não havia nenhum modelo que passasse na nova homologação. A nova norma obriga a que os capacetes sejam mais resistentes, maiores, mais pesados e logicamente bastante melhores em termos de segurança. No entanto, em termos de conforto, vai piorar um bocadinho”, admitiu.

A remodelação da coleção de capacetes está a ser feita por fases, estando concluídos dois dos nove modelos que possuem. “O terceiro estará pronto em fevereiro de 2023 e, depois, a cada trimestre, teremos mais um. Para além do grande investimento, tal exige muito das nossas equipas, desde o design até à produção”, informou.

A nova norma obriga a que os capacetes sejam mais resistentes, maiores, mais pesados e logicamente bastante melhores em termos de segurança. No entanto, em termos de conforto, vai piorar um bocadinho.

Helder Loureiro

CEO da Nexxpro

De acordo com o CEO da Nexxpro, esta nova geração de capacetes começou a ser desenvolvida há dois anos, com novas técnicas e com uma visão de sustentabilidade muito grande, promovendo o uso de materiais reciclados e evitando ao máximo o uso de químicos.

“É nesta gama premium que estamos a investir e queremos crescer”, acrescentou, indicando que se trata de uma coleção toda ela feita em fibra e carbonos, sendo o preço médio de venda ao público entre 500 a 550 euros por unidade. A Nexxpro possui ainda uma gama mais urbana, feita em plástico, em que a venda média ao público de cada capacete ronda os 200 euros.

No último ano, esta empresa do distrito de Aveiro produziu cerca de 100 mil capacetes e estima que essa marca seja ultrapassada no final deste ano. “Temos capacidade para produzir cerca de 150 mil capacetes por ano. No entanto, não estamos tão focados em aumentar a quantidade de capacetes produzidos, mas em aumentar o valor acrescentado do capacete”, esclareceu.

Para os próximos anos está também a ser desenhado um novo investimento, desta feita para construir novas instalações, que venham substituir os quatro pavilhões em que operam atualmente, na Zona Industrial de Amoreira da Gândara. “Operar em quatro pavilhões traz muitas improdutividades e um custo financeiro bastante grande. Queremos começar o projeto no próximo ano, para a construção ocorrer em 2024 e mudarmos em 2025”, perspetivou. As novas instalações, cujo investimento “ainda não está quantificado”, permitirão “duplicar a produção”.

A Nexxpro, que tem como marca própria a NEXX Helmets, emprega 206 pessoas e a sua produção é integralmente realizada em Portugal. Registou um volume de negócios que se aproximou dos 11 milhões de euros em 2021 e prevê chegar perto dos 12 milhões de euros no final de 2022. Exporta 92% da sua produção para 65 países diferentes.

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Crescer com e para as pessoas

  • Conteúdo Patrocinado
  • 22 Setembro 2022

As empresas reinventam os processos de liderança e motivação das equipas com vista ao principal desígnio de crescer, de forma regular e sustentada, com os clientes e para os clientes.

As empresas são estruturas humanas muito complexas e desafiantes, que obrigam os responsáveis pela gestão a uma constante reinvenção dos processos de liderança e motivação das equipas, com vista ao principal desígnio de qualquer empresa, que é crescer, de forma regular e sustentada, com os clientes e para os clientes.

É com esta premissa que a NacionalGest promove, há mais de 20 anos, um projeto consistente de desenvolvimento das pessoas e das equipas no mercado da mediação de seguros, com vista a entregar aos clientes um serviço de excelência, que exceda as suas expectativas e promova a recompra e a fidelização à nossa marca.

A consolidação de uma cultura de crescimento empresarial por via da relação bem-sucedida com os clientes tem implicado um forte compromisso de todos os colaboradores com uma ideia central: tratar bem um cliente é sempre bom negócio.

Na área dos serviços financeiros, as atividades com forte pendor comercial, como é a distribuição de seguros, devem evidenciar um benefício tangível para o comprador, entregando-lhe conhecimento técnico adequado a uma decisão informada e racional.

Isso requer que as nossas equipas assumam com seriedade a preocupação com a formação profissional, porque o desenvolvimento de competências técnicas e relacionais tem um impacto direto na qualidade da relação que se estabelece entre o mediador e o nosso cliente.

A NacionalGest tem registado um forte crescimento do número de clientes, apólices e valor de prémios cobrados, e os resultados obtidos dão-nos uma indicação valiosa relativamente ao modelo de colaborador que queremos continuar a promover, sendo a seriedade pessoal o eixo fundamental da nossa ideologia profissional.

A forte expansão da marca NacionalGest nos últimos cinco anos coincide com uma transformação profunda da nossa demografia interna, em resultado da integração de muitas pessoas provenientes de operações adquiridas ou incorporadas e adequadamente recebidas na nossa empresa.

Temos tido o cuidado de explicar de forma sistemática e positiva que na NacionalGest, os colaboradores são integrados pelas suas competências técnicas, mas também e sobretudo pelos seus valores pessoais, que devem ser compatíveis com os valores da marca e a nossa cultura interna, fortemente caracterizada pela entreajuda, cooperação, compreensão, empatia, seriedade, profissionalismo e sobretudo foco no cliente.

Cláudio Gonçalves, Diretor Geral da NacionalGest

Mais do que apostar em estratégias vistosas de encantamento instantâneo ou debitar jargão técnico sem interesse informativo real, as nossas equipas têm apostado em servir os Clientes com honestidade, integridade e transparência, centrando a sua ação na realização efetiva do seu interesse fundamental — encontrar a solução mais adequada à situação a proteger.

A prova de que este comportamento tem valor e é entendido pelos Clientes é o nível de crescimento das nossas lojas — atualmente, 28 em todo o país —, que propagam de forma exemplar a estratégia de entregar valor acrescentado aos Clientes, articulando a sua ação com uma rede de agentes que conta com dezenas de profissionais.

As lojas NacionalGest são verdadeiros centros operacionais preparados e disponíveis para os clientes quando isso possa interessar-lhes, acrescentando tangibilidade e proximidade à relação, sobretudo nos momentos-chave do sinistro ou da ponderação sobre novos negócios.

Por outro lado, como temos uma rede de pontos de contacto bem distribuída pelo interior do país, somos também agente de dinamização das economias e comunidades locais, criando emprego qualificado e contribuindo para que mais profissionais de referência se fixem em localidades fora das grandes regiões metropolitanas.

Esta matriz humana da NacionalGest é uma característica genética fundacional, mas é sobretudo um modelo de gestão, convertido em decisões diárias de uma multiplicidade de colaboradores, que partilham o objetivo de construir um operador independente e multimarca, que se apresenta aos Clientes como parceiro de negócios em representação legítima e competente de todas as marcas de seguros presentes em Portugal.

Nos próximos anos, à medida que a dimensão da empresa e o nível dos desafios técnicos e comerciais aumentam, a criticidade das pessoas no nosso modelo de negócio continuará a crescer, porque serão as suas capacidades e motivação o grande fator de diferenciação face à concorrência.

É, pois, uma razão de futuro, o principal impulsionador do nosso entusiasmo com as pessoas e dos nossos investimentos nas equipas, tanto em requalificação técnica como treino relacional, num quadro de partilha responsável de informação e com uma certeza fundamental — as nossas pessoas crescem com os clientes e os nossos clientes gostam de saber que assim acontece.

Equipas bem formadas e informadas, integradas numa cultura de serviço ao cliente, transformam diariamente pessoas normais em clientes satisfeitos, e, no fim do dia, é isso que queremos, pessoas felizes, sejam colaboradores, parceiros ou clientes.

Texto por Cláudio Gonçalves, Diretor Geral da NacionalGest

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