Lula da Silva confiante na vitória à primeira volta

  • Lusa
  • 6 Setembro 2022

"Faltam apenas 20 dias. Em nenhuma das eleições em que contestei tivemos tantas hipóteses de resolver tudo na primeira volta como na atual. E não temos de ter vergonha de dizer isto", disse Lula.

O ex-chefe de Estado brasileiro e candidato às presidenciais Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se esta terça-feira confiante na sua vitória logo à primeira volta das eleições, agendada para 2 de outubro. “Quando a gente sonha junto, dizem que se torna realidade. Estou convencido que se continuarmos trabalhando da forma que estamos, podemos ganhar no 1° turno”, escreveu, no Twitter.

“Não tem por que ter vergonha de tentar ganhar no 1º turno. Se quem tem 5% sonha em ter 40%, porque quem tem mais de 40% não pode sonhar em ter mais um pouquinho e ganhar no primeiro turno?”, acrescentou Lula da Silva, numa aparente alfinetada à senadora Simone Tebet (5%) e a Ciro Gomes (com 9%), segundo a última sondagem realizada pelo Datafolha.

O antigo líder sindical e Presidente brasileiro entre 2003 e 2010 lidera todas as sondagens sobre intenções de voto com cerca de 45% dos votos e uma vantagem de 12 pontos sobre o seu principal rival, o atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que aspira a ser reeleito e a quem as sondagens atribuem cerca de 32%. Para vencer à primeira volta, que se realiza a 2 de outubro, é necessário mais de 50% dos votos.

Lula defendeu o voto útil para evitar uma segunda volta, numa altura em que as sondagens indicam que tal possibilidade está ameaçada pelo crescimento da intenção de voto dos candidatos que tentam representar uma terceira via face à atual polarização eleitoral brasileira.

Até há 15 dias, as sondagens indicavam que o líder progressista recolhia uma maior intenção de voto do que todos os outros candidatos juntos, ou seja, que teria mais de metade dos votos úteis (descontados os votos em branco e nulos), o que garantiria a sua eleição sem a necessidade de uma segunda volta, prevista para 30 de outubro.

Segundo relatos da imprensa, Lula também expressou a sua confiança em ser eleito na primeira volta, numa reunião que realizou na terça-feira em São Paulo com os líderes dos dez partidos que apoiam a sua candidatura. “Faltam apenas 20 dias. Em nenhuma das eleições em que contestei tivemos tantas hipóteses de resolver tudo na primeira volta como na atual. E não temos de ter vergonha de dizer isto”, disse Lula na reunião.

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Mais de 60 enfermeiros do Centro Hospitalar Médio Tejo pedem escusa de responsabilidade

  • Lusa
  • 6 Setembro 2022

Em causa estão 61 enfermeiros que trabalham no serviço de Urgência do Hospital de Abrantes e que pediram escusa alegando falta de profissionais para garantir a segurança dos cuidados prestados.

Um total de 61 enfermeiros do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), todos do Serviço de Urgência do Hospital de Abrantes, pediu escusa de responsabilidade alegando falta de profissionais para garantir a segurança dos cuidados prestados, confirmou esta terça-feira o CHMT.

O Conselho de Administração (CA) do CHMT confirma a receção de 61 declarações de escusa de responsabilidade apresentadas por enfermeiros do Serviço de Urgência da Unidade de Abrantes”, lê-se numa resposta enviada à agência Lusa.

No pedido de escusa de um dos enfermeiros, ao qual a Lusa teve acesso, pode ler-se que “a necessidade de assegurar, nos últimos meses, o funcionamento do Serviço de Urgência, afetando para este efeito os enfermeiros que se encontram na prestação diária de cuidados de saúde, tem implicado uma sobrecarga horária, que ultrapassa, em larga medida, os limites de trabalho suplementar recomendados, colocando em causa o direito ao descanso”.

Nesse sentido, nota, o CHMT “tem evidenciado a insuficiência de enfermeiros na equipa, face ao elevado número de doentes internados, o que tem sobrecarregado os mesmos na prática do exercício profissional, pondo em causa o atendimento a doentes emergentes/muito urgentes e urgentes”.

Esses motivos levaram ao pedido de escusa de responsabilidade dos 61 profissionais do Serviço de Urgência de Abrantes, situação confirmada à Lusa pelo CHMT, centro hospitalar composto pelas unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, todas no distrito de Santarém.

Na resposta à Lusa, o presidente do CHMT, Casimiro Ramos, afirma estar “ciente do esforço que todos os enfermeiros das instituições do CHMT têm empreendido nos últimos dois anos e meio, na resposta assistencial aos utentes do Médio Tejo”, tendo assegurado que “respondeu individualmente a cada uma das declarações apresentadas, reconhecendo a dedicação dos profissionais no combate a esta situação excecional de saúde pública”.

O CA do CHMT assegurou aos profissionais em causa que “tem tomado todas as medidas ao seu alcance, nomeadamente a contratação de recursos humanos, para reforço da resposta assistencial decorrente do aumento de afluência de doentes às instituições hospitalares” do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O gestor hospitalar deixou ainda “uma palavra de serenidade” aos utentes, tendo assegurado o “regular funcionamento do Serviço de Urgência de todas as unidades – Abrantes, Tomar e Torres Novas – bem como a habitual capacidade de resposta que sempre garantiu à população”, tendo feito notar que “os Serviços de Urgência Básica Médico-Cirúrgica e Pediátrica nunca estiveram encerrados à população em nenhum momento da história do CHMT”.

Segundo revelou a Ordem dos Enfermeiros (OE), mais de 6.500 enfermeiros haviam pedido escusa de responsabilidade até ao dia 18 de agosto, a nível nacional, principalmente por falta de profissionais para garantir a segurança dos cuidados prestados.

Os números revelados pela Ordem dos Enfermeiros mostram que as declarações de escusa de responsabilidade quintuplicaram desde novembro de 2021, altura em que tinham sido entregues 1.300 declarações.

“Em causa está a degradação dos serviços, sobretudo devido à falta de enfermeiros, o que leva ao incumprimento das dotações seguras, pondo em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados”, referiu a Ordem. A Ordem dos Enfermeiros havia recebido até 18 de agosto 6.541 pedidos de escusa de responsabilidade, mais 974 face a junho (5.567), quando divulgou os últimos dados.

Em janeiro de 2021, em plena crise pandémica, a OE disponibilizou esta declaração para acautelar eventuais ações disciplinares, civis ou mesmo criminais dos doentes a seu cargo. Citando estudos internacionais, a ordem refere que “por cada doente a mais a cargo de um enfermeiro, a mortalidade sobe 7% nos hospitais”.

A escusa de responsabilidade é um mecanismo ao qual podem recorrer médicos ou enfermeiros, mas também profissionais de outras áreas (por exemplo, bombeiros). Os pedidos podem ser feitos por profissionais do setor público e do setor privado.

Trata-se de um pedido unilateral efetuado pelo profissional em que este invoca a exclusão de responsabilidade, com base num determinado motivo, como a falta de recursos humanos, a escassez de equipamentos ou outros fatores que possam comprometer o exercício da respetiva profissão.

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Câmara de Leiria arrenda torre do estádio às Finanças por 30 mil euros mensais

O serviço de Finanças de Leiria vai passar a funcionar no topo norte do estádio de Leiria. E pagará uma renda de 30 mil euros/mensais à autarquia.

O executivo da Câmara Municipal de Leiria aprovou, esta terça-feira, o contrato promessa de arrendamento da torre nascente do topo norte do Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa para instalação dos serviços locais e distritais das Finanças, anunciou a autarquia em comunicado. E por um valor mensal de quase 30 mil euros.

A Câmara de Leiria e a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) comprometem-se, assim, a celebrar um acordo que prevê a cedência onerosa de 3.149 metros quadrados do estádio municipal, pelo valor mensal de 29.988,80 euros e pelo prazo de 15 anos que é automaticamente renovável por períodos sucessivos de dez anos.

Os serviços e direção distrital das Finanças passam a ocupar seis dos sete pisos da torre nascente e a dispor de 20 lugares de estacionamento reservados no piso menos um do estádio municipal.

O acordo, que ainda vai a deliberação na próxima reunião da Assembleia Municipal, também contempla a realização de obras de adaptação por parte da autarquia, “um procedimento a abrir após a aprovação do projeto de execução ainda durante o mês de setembro”.

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CGTP considera pacote de medidas do Governo “muito insuficiente”

  • Lusa
  • 6 Setembro 2022

Para a intersindical “aquilo que o momento atual exige é uma valorização real dos salários”, exigindo “a fixação imediata do SMN [salário mínimo] nos 800 euros”.

A CGTP considerou esta terça-feira que o pacote de medidas apresentadas pelo Governo para atenuar os efeitos da inflação é “muito insuficiente” e “não responde aos problemas estruturais que o país enfrenta”.

Num comunicado, a intersindical disse que o plano apresentado pelo Governo esta segunda-feira “não responde aos problemas estruturais que o país enfrenta e é muito insuficiente para resolver as dificuldades do dia-a-dia com que os trabalhadores e pensionistas estão confrontados”.

A CGTP criticou o plano “que deixa intocáveis os lucros das grandes empresas e grupos económicos e financeiros, que não reverte a brutal transferência de rendimentos do trabalho para o capital em curso no presente ano e que não resolve o agravamento das desigualdades”.

Para a intersindical, a insuficiência das medidas é notória “desde logo, na atribuição de uma prestação única de 125 euros para cada pessoa com rendimento bruto mensal até 2.700 euros”, garantiu, realçando que “este valor, que é insuficiente para compensar as perdas de rendimento acumuladas nos primeiros 10 meses deste ano, poderá aliviar o mês de outubro, mas negligencia que as necessidades dos trabalhadores e suas famílias não são pontuais, mas permanentes”.

Assim, para a CGTP “aquilo que o momento atual exige é uma valorização real dos salários”, exigindo “a fixação imediata do SMN [salário mínimo] nos 800 euros”, bem como “o aumento dos salários de todos os trabalhadores em 90 euros por mês”.

A intersindical pediu ao Governo que promova “este aumento de forma imediata para os trabalhadores do setor público e, para os do privado” e que avance “com a revogação das normas gravosas da legislação laboral, nomeadamente daquelas que têm limitado o direito de contratação coletiva como é o caso da caducidade ou da retirada do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador”.

Por outro lado, disse a intersindical, “a previsão do pagamento de 50 euros por cada criança/jovem até aos 24 anos fica aquém do aumento verificado nos preços dos materiais escolares ou da alimentação e vestuário, sendo o aumento geral dos salários a medida que melhor responde à satisfação das necessidades dos filhos dos trabalhadores”, referiu.

Também em relação às pensões, a CGTP defendeu que o plano é “um logro”, referindo que “a fixação antecipada das taxas de atualização das pensões para 2023 equivale a uma alteração da fórmula de cálculo da atualização das pensões prevista na lei em vigor (e que foi sempre utilizada quando a inflação era baixa), alteração esta que é determinada num momento em que da aplicação da fórmula resultaria para todos os pensionistas um aumento do valor das suas pensões que lhes permitiria finalmente recuperar algum do poder de compra perdido ao longo de vários anos e, em particular, neste ano de 2022 em que se regista um aumento brutal dos preços dos bens essenciais”.

“Sem prejuízo da necessária compensação que tem de ser feita desde já no valor das reformas, é inconcebível promover uma alteração da fórmula de cálculo das pensões para o próximo ano, provocando assim uma erosão permanente na base a partir da qual se fixam os aumentos vindouros”, sublinhou a intersindical.

“Os paliativos agora apresentados passam ao lado do problema estrutural que está na origem dos baixos salários. Os trabalhadores precisam e reivindicam medidas permanentes e duradouras”, que passam por “melhores salários para que todos os meses, e não apenas em outubro”, garantiu. Por outro lado, “no que concerne ao acesso a bens e serviços essenciais, como a eletricidade, o gás, os combustíveis, a habitação ou os transportes, as medidas apresentadas são marcadas pela opção de manter inalterados os colossais lucros apresentados pelas empresas destes setores”, defendeu.

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KeepWells: o seguro de saúde torna-se popular

  • Diana Rodrigues
  • 6 Setembro 2022

A nova parceria MC Sonae, Grupo Generali e Advance Care ambiciona chegar a todos os portugueses de uma forma transparente e simples para atingir 1 milhão de novos segurados nos próximos 5 anos.

Os seguros de saúde KeepWells, projeto focado em “democratizar os seguros de saúde” através de preços competitivos “que não existem em Portugal”, foram apresentados, esta terça-feira, por Miguel Águas, administrador MC Sonae, José Pedro Inácio, CEO Advance Care e Pedro Carvalho, do Grupo Generali. A aposta visa ser complementar ao Sistema Nacional de Saúde (SNS) e engloba a promoção de estilos de vida saudáveis (através de descontos e parcerias).

Pedro Carvalho, CEO do Grupo Generali, José Pedro Inácio, CEO da AdvanceCare e Miguel Águas, administrador MC Sonae lideram o projeto de novos seguros de saúde acessíveis KeepWells.

“Pretendemos chegar a todos os portugueses e temos a ambição de abranger 1 milhão de clientes nos primeiros 5 anos. Criámos o seguro de saúde mais democrático do mercado (Keep Simples) ao preço especial de lançamento de 7,50 euros por mês, para qualquer idade e sem exclusões, para chegarmos a todos os portugueses, inclusive às faixas etárias mais elevadas”, disse Miguel Águas.

“É com enorme entusiasmo que a AdvanceCare renova o apoio à MC (Sonae) nesta ambição de democratizar o mercado, colocando à disposição da parceria todos os nossos ativos e know-how, quer seja o conhecimento dos clientes e das ofertas, assim como a vasta rede de prestadores”, refere José Pedro Inácio, CEO da AdvanceCare.

Pedro Carvalho, do Grupo Generali, destacou o empenho e o interesse da seguradora – que está em Portugal há 70 anos – no projeto KeepWells. A companhia de seguros e gestão de ativos, presente em 50 países, e que contou 67 milhões de clientes e 75,8 mil milhões de euros em receitas, em 2021, acredita que “este projeto em nada colide com a oferta atual, presente do mercado”, disse Pedro Carvalho.

“Agora sim, tenho seguro de saúde” é o mote da campanha de lançamento através a KeepWells se quer destacar no mercado. A campanha pretende inovar e desmistificar o setor, “com uma linguagem simples e clara”. Da responsabilidade da agência LOLA Normajean, está disponível a partir de 6 de setembro, com presença multimeios.

Preços acessíveis para popularizar os seguros de saúde

A KeepWells oferece três seguros de saúde: Keep Simples, Keep Mais e Keep Top.
O Keep Simples é o seguro principal do lançamento, com um preço de lançamento de 7,50 euros por mês (até ao final de 2022), valor normal provável de 9,99 euros, e acessível a todas as idades, sem exclusões ou períodos de carência. Oferece consultas de especialidade a 25 euros e opção de médico em casa ou online ilimitada, e sem custos adicionais. Os seguros Keep Mais e Keep Top incluem todas as vantagens do Keep Simples e ainda cobertura de hospitalização, cirurgia e parto até 50 mil euros. O Keep Zero é um plano de saúde gratuito associado ao Cartão Continente. Todos os seguros da KeepWells dão ainda acesso a descontos em medicina dentária e acumulam descontos.

O programa KeepWells abrange mais de 23 mil médicos, clínicas e hospitais, incluindo os principais grupos privados portugueses, na que é considerada uma “grande oportunidade de crescimento no mercado de seguros de saúde em Portugal”. Segundo a Sonae MC, o setor apresenta um crescimento significativo, mas ainda tem espaço para aumento, sendo que em Portugal a taxa de penetração dos seguros de saúde, apesar de ter superado os mil milhões de euros em 2021 em percentagem é de apenas 0,5%, quando estudos internos apuraram que mais de 50% dos portugueses queriam ter um seguro de saúde.

A saúde e o bem-estar têm sido uma aposta para a MC Sonae na última década. Em 2010, foi lançada a Wells; em 2016, o plano de saúde da marca; um ano depois, o Dr. Weels, e agora a novidade são os seguros de saúde acessíveis.

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Tomás Correia confessa “desgosto” por processo “injusto” e “alívio” por chegar ao fim

  • Lusa
  • 6 Setembro 2022

Tomás Correia declarou o “sentimento de injustiça”, gerado pelo processo que lhe foi movido pelo BdP, e, ao mesmo tempo, um “alívio” por saber que não voltará a ser confrontado por novos processos.

O ex-presidente do Montepio Tomás Correia disse esta terça-feira, em Santarém, ter assistido ao final do julgamento do recurso à coima que lhe foi aplicada pelo Banco de Portugal (BdP) com “grande desgosto e, ao mesmo tempo, alívio”.

António Tomás Correia pediu à juíza Mariana Gomes Machado para prestar declarações depois de o seu mandatário, Alexandre Mota Pinto, ter concluído as alegações finais no julgamento dos recursos apresentados por si, pela Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) e pelos ex-administradores Barros Luís e João Neves, às coimas aplicadas pelo Banco de Portugal por incumprimentos nos investimentos em dívida da PT Finance.

A “caminho dos 80 anos”, Tomás Correia lembrou os 55 anos de “dedicação” e “lealdade” ao sistema financeiro e declarou o “sentimento de injustiça”, gerado pelo processo que lhe foi movido pelo supervisor, e, ao mesmo tempo, de “alívio” por saber que não voltará a ser confrontado por novos processos.

Nas suas alegações, Alexandre Mota Pinto frisou que, desde a saída de Tomás Correia do Montepio, não existiu mais nenhum processo visando o banco. “Os problemas acabaram”, pois “o objetivo pretendido foi atingido”, afirmou.

Tomás Correia referiu os momentos de “sofrimento intenso” que se seguiram às declarações do Governador do Banco de Portugal, quando, em 2014, à saída do parlamento, afirmou que havia mais processos além do do BES, começando o nome do Montepio “a ser badalado, num ataque à sua reputação”.

Seguiu-se a perda de muita liquidez, em agosto, setembro e outubro, de que o banco recuperou até meados de março de 2015, quando surgiram “mais um conjunto de notícias com ataques à reputação” do Montepio, declarou.

“Tivemos que defender a instituição”, que mostrar que era “sólida” e que “eram dificuldades próprias do momento”, disse, salientando a dedicação e o empenho de dirigentes e funcionários.

Tomás Correia afirmou que recebe mensagens e telefonemas que lhe dão conta de como as mulheres e homens que trabalham no banco se sentem “magoadas”, de como se sentem “angustiadas” e “frustradas”, por saberem que “trabalharam bem e souberam defender a instituição, os clientes, os associados e o país”.

“O Montepio é uma instituição legal, transparente, de pessoas dedicadas, que não merece mais notícias da comunicação social que ataquem a sua reputação”, afirmou.

Mota Pinto repetiu nas suas alegações que, por ser um dos três bancos que podiam conceder crédito à habitação, o Montepio teve de enfrentar as dificuldades que se seguiram à crise de 2008, com muitas famílias a não conseguirem pagar os empréstimos, e “foi o único que não pediu dinheiro aos contribuintes”.

Tomás Correia afirmou que, quando assumiu a presidência do banco, em 2008, este não possuía direção de risco nem direção financeira, tendo contado com o “grande apoio” de Jorge Barros Luís e de João Neves, pessoas qualificadas e capazes, contratadas na sua gestão para ajudarem na modernização e na resposta às exigências regulatórias que se colocaram à banca.

Nas suas alegações, em que procurou refutar cada uma das quatro infrações imputadas a Tomás Correia, Alexandre Mota Pinto invocou o facto de o ex-presidente do Montepio ter sido já condenado num outro processo, que deverá transitar em julgado em breve, pelo mesmo ilícito, relacionado com a ausência de controlo interno, sistema que considerou ter ficado provado ter sido reforçado durante os seus mandatos.

Pedindo a absolvição do seu cliente, Mota Pinto lembrou que Tomás Correia foi administrador do Montepio “num período muito difícil” e que “deu sempre o seu melhor”. O advogado salientou que em causa no processo estão investimentos na PT num momento em que esta era “uma das empresas mais saudáveis”, nada fazendo suspeitar o que iria acontecer, e que Tomás Correia só tomou conhecimento nos autos, “cinco anos depois”, do erro cometido pela Direção Financeira no registo da operação.

Em outubro de 2021, o Banco de Portugal multou a CEMG em 475.000 euros, por sete infrações a título doloso, António Tomás Correia em 70.000 euros, por quatro infrações (três a título negligente e um doloso) e os ex-administradores Jorge Barros Luís (50.000 euros por três contraordenações a título negligente) e João Neves (25.000 euros por uma a título negligente).

No processo está em causa o investimento em duas obrigações ‘Credit Linked Notes’ (CLN) emitidas, uma pelo Crédit Agricole e outra pela Morgan Stanley, sobre a Portugal Telecom International Finance (PTIF), no montante total de 75 milhões de euros, às quais estavam agregados contratos de ‘swaps’ de risco de incumprimento (Credit Default Swap, CDS), no mesmo valor, em que a CEMG assumia a proteção da emitente.

Na sua decisão, o BdP considerou, nomeadamente, que o investimento nas duas CLN gerou uma exposição elevada ao risco de crédito dos emitentes e à PTIF, no montante de 75 milhões de euros, e que as características muito particulares destas operações exigiam dos diversos intervenientes um cuidado diferenciado.

Mariana Gomes Machado marcou a leitura da sentença para o próximo dia 10 de novembro.

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SabRE: nasceu a 4ª maior mediadora de resseguros global

  • ECO Seguros
  • 6 Setembro 2022

A Howden RE e a TigerRisk combinaram operações MGA para formar o SabRE, uma nova unidade de resseguros, a quarta maior do mundo. 6 mil milhões de euros em prémios é o objetivo.

A Howden RE e a TigerRisk anunciaram a criação de um novo grupo, o Howden Tiger SabRE (SabRE), que compreende as capacidades globais existentes de Managing General Agency (MGA) e a competências da Howden RE e da TigerRisk. A Howden tornou-se na quarta maior corretora de resseguros do mundo, em junho deste ano, através da aquisição da TigerRisk Partners (TigerRisk).

Em comunicado, o grupo informa que o SabRE será lançado após a conclusão da aquisição da TigerRisk pela Howden Group Holdings (Howden), que deverá acontecer no primeiro trimestre de 2023, sujeito que ainda está a aprovação regulamentar.

O SabRE reunirá especialistas da Bowood (divisão de autoridade delegada da Howden), da TigerRisk e das equipas de titulares de cobertura da Howden RE.

O negócio irá colocar um total de 6 mil milhões de dólares de prémios brutos, tornando-o o quarto maior grupo de corretagem e MGA a nível mundial. Os três maiores desta categoria são a AON Reinsurance Solutions, a Guy Carpenter, do grupo Marsh e a Gallagher Re, depois de ter incorporado a Willis Re.

A equipa de liderança do SabRE incluirá Michael Jameson e Matt Beard da Howden RE nos EUA, Stephen Greener do Bowood e Neill Cotton do TigerRisk.

Stephen Greener terá a posição de presidente do SabRE e reportará à presidência da Howden RE. Elliot Richardson será vice-presidente da entidade resultante da fusão da Howden Tiger quando o negócio estiver concluído.

As equipas de coverholder da Howden Re, TigerRisk e Bowood irão alinhar estratégias, recursos e perícia, mas manterão equipas de branding independentes.

A Howden informa que o SabRE será um elemento central da estratégia da Howden para aumentar a escala e profundidade da sua oferta de resseguro numa altura em que os mercados estão alterados.

Elliot Richardson, presidente da Howden RE disse que “o SabRE terá uma oferta combinada de incomparável profundidade, escala e perícia e será uma parte central do que iremos construir com TigerRisk – uma posição de liderança nos nossos mercados escolhidos e uma oferta superior para o cliente moderno”.

Rob Bredahl, CEO da TigerRisk salientou que as capacidades da SabRE produzirão o único corretor de resseguro “full stack” no mercado de MGA.

Stephen Greener, director-geral da Bowood Partners declarou que “o talento e a experiência combinados da SabRE são um verdadeiro diferenciador no mercado e proporcionarão aos clientes, bem como ao mercado londrino e aos fornecedores de capacidade global, novas oportunidades de crescimento“.

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Douro antecipa campanha com menos vinho do Porto, mas qualidade “excecional”

  • Lusa
  • 6 Setembro 2022

Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto antecipa campanha com menos vinho do Porto e "aquém" da de 2021. Mas acredita que a qualidade vai ser “excecional”.

O presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), Gilberto Igrejas, antecipou, esta terça-feira, um decréscimo na produção de vinho do Porto, mas está convencido de que a qualidade “será excecional”. Imprevisibilidade é, segundo disse à Lusa, o que está a caracterizar a campanha de 2022, marcada pelas consequências da seca que ainda não é possível quantificar, mas que poderão traduzir-se num montante superior aos “valores iniciais estimados de cerca de 25% a 30%” de quebra na produção.

“Seguramente que aquilo que vamos ter não vai atingir a produção do ano passado. Iremos ficar aquém”, frisou Gilberto Igrejas. Há, contudo, sustentou, “uma limitação na produção que é proveniente da seca. E a Região Demarcada do Douro vai sentir esse decréscimo ao nível da quantidade de quilogramas de uvas e de pipas de vinhos do Douro e do Porto que vão ser produzidas”.

Já em termos de qualidade dos vinhos, o presidente do IVDP garantiu que não há “qualquer informação de que possa ser prejudicada, bem antes pelo contrário”. Mais, argumentou o responsável: “Estamos convencidos de que, no caso do vinho do Porto, a qualidade será excecional, pois foi um ano agrícola ausente de doenças e isso de alguma forma, vai valorizar seguramente o produto”.

As vindimas arrancaram há cerca de uma semana na região demarcada e nesta altura encontram-se já a laborar diariamente “mais de 110 centros de vinificação” para onde há foram encaminhados 12 milhões de quilogramas de uvas colhidas, o equivalente a cerca de 17 mil pipas de vinho. Na anterior campanha de 2021, o saldo final foi de 230 mil pipas, segundo o responsável.

No final de mês de setembro e meados de outubro, aí sim, poderemos ter com realidade o valor correto da produção agrícola deste ano”, indicou.

Gilberto Igrejas destacou que também as expectativas nas vendas de “um cenário positivo na comercialização dos vinhos do Douro e do Porto para o ano de 2022”, depois de, no ano passado, as exportações terem ficado “muito acima do que era expectável”.

A Região Demarcada do Douro é responsável por “70% das exportações de vinhos com Denominação de origem Protegida (DOP)” portugueses e a procura do mercado nacional permitiu ultrapassar este ano o abrandamento nas exportações motivado pela conjuntura internacional.”

“O abrandamento que nós tivemos nas exportações, fruto da invasão da Ucrânia pela Rússia, levou a que a parte do nacional conseguisse ter superado a parte do internacional do ano 2021 e, com isso, temos até um ligeiro acréscimo da comercialização dos vinhos do Douro e do Porto no seu total”, apontou. Segundo explicou, o aumento da procura nacional “ainda não é tanto devido ao consumo por parte dos consumidores portugueses do vinho do Porto, mas é ainda uma boa quota de consumo pelos turistas”.

“Importa, por isso, continuarmos a desenvolver uma política de proximidade e de aproximação com o público mais jovem, por forma a que se sinta motivado a consumir de forma moderada e regrada os vinhos do Porto que desconhece”, afirmou. Além de, acrescentou, “continuar as ações de educação do próprio público português no sentido do consumo do vinho do Porto que ainda é desconhecido ao nível das categorias, dos estilos que se vai tendo em termos de comercialização”.

Este é um dos propósitos das celebrações do Dia do Vinho do Porto, que arrancam no sábado e se prolongam até novembro para “mostrar a evidência daquilo que é a primeira região regulamentada e delimitada do Douro”, criada a 10 de setembro de 1756. Precisamente no sábado são entregues quatro distinções nas áreas da Enologia, Viticultura, Enoturismo e Revelação.

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Prazo para conclusão do caso BES pode vir a ser alargado? Conselho está a avaliar

Maior processo da justiça portuguesa passou para um juiz auxiliar com quatro anos de magistratura e sai das mãos de Ivo Rosa. CSM justfica este afastamento devido ao "movimento de juízes".

O prazo que tinha sido dado pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) para Ivo Rosa terminar a fase da instrução do caso BES de oito meses (que terminaria em fevereiro de 2023) pode agora vir a ser alargado, já que o processo saiu das mãos de Ivo Rosa para as mãos do juiz auxiliar e substituto Pedro dos Santos Correia. Segundo o que fonte do CSM explicou ao ECO, esse prazo pode agora vir a ser “reavaliado”.

O CSM deu, a 1 de Junho deste ano, ao juiz Ivo Rosa um prazo de oito meses para terminar a fase de instrução do processo BES/GES, que tem como principal arguido o ex-banqueiro Ricardo Salgado. “Este é o prazo considerado adequado [oito meses], porquanto o prazo legal de quatro meses é manifestamente insuficiente atenta a complexidade e dimensão do processo”, referiu, na altura, o CSM.

Na resposta, a mesma fonte afirma que “o pedido de aceleração processual do processo [BES/GES] foi parcialmente deferido, tendo o CSM fixado um prazo de oito meses a partir da notificação da deliberação para que seja terminada a fase de instrução”.

Logo quinze dias depois, um grupo de 27 advogados — todos eles de arguidos ou assistentes no caso BES — tomaram uma posição pública face a este prazo.

O grupo de advogados — onde se incluem nomes sonantes como Paulo Saragoça da Matta, Raul Soares da Veiga, João Medeiros, Francisco Proença de Carvalho — advogado de Ricardo Salgado — Tiago Rodrigues Bastos e Rui Patrício, entre outros — “a decisão do CSM que está em causa, isto é, a fixação de um prazo para a instrução, é ilegal, e é-o por várias razões, sendo certo que acarreta uma interferência inadmissível por parte do CSM na função jurisdicional – por definição, soberana e independente – dos Juízes”, pode ler-se na carta, a que o ECO teve acesso e que terá sido enviada para o mesmo CSM.

Criticando de forma objetiva “quem, no país, encare certos processos de forma diferente de outros, e certos Juízes de maneira diversa de outros. Não é o caso dos signatários, que não pessoalizam nem individualizam processos nem Juízes, no que diz respeito à aplicação dos princípios e das regras. Pode ser que o que sucedeu tenha ocorrido por se tratar deste processo. Pode ser; os signatários não sabem”.

E sublinham que esta é uma decisão “que visa um concreto Juiz” e relativa a um “concreto processo (e, aliás, também visa e tem em conta que se trata “deste concreto processo”, como é obvio), exercendo sobre ele uma objetiva pressão e imiscuindo-se seriamente na função jurisdicional”, ela constitui “um atentado aos princípios de um Estado de Direito Democrático, quer na vertente da independência do Juiz, quer na perspetiva do direito dos sujeitos processuais a um processo justo e equitativo”.

O caso Universo BES/GES passará para as mãos de Pedro dos Santos, juiz auxiliar com apenas dois anos de experiência e que recentemente foi colocado no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, em substituição do juiz presidente da comarca de Lisboa, Artur Cordeiro.

Segundo a decisão, a que o ECO teve acesso, “tendo saído o Sr. Juiz Ivo Rosa do Juízo 2, o processo BES/GES, continua no respetivo juízo e será tramitado pelo Sr. Juiz aí colocado a exercer funções”.

Porém, segundo sabe o ECO, todos os actos instrutórios até agora feitos por Ivo Rosa, serão aproveitados e a instrução mantém-se no mesmo caminho. A saída de Ivo Rosa deve-se assim ao movimento de juízes, embora Ivo Rosa não possa ainda ser colocado na Relação, já que tem um processo disciplinar contra si pendente.

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Brent cede mais de 2% com receios de aperto na procura

A cotação do Brent recua mais de 2%, numa altura em que as preocupações relativas à procura e a perspetiva de novas subidas das taxas de juro centram as atenções. 

A cotação do barril de Brent está a recuar mais de 2% na sessão desta terça-feira, após dois dias consecutivos a subir, numa altura em que as preocupações relativas à procura e a perspetiva de novas subidas das taxas de juro centram as atenções.

Pelas 17h28, o barril de Brent, que serve de referência às importações nacionais, recuava 2,44% para 93,37 dólares, enquanto o WTI, negociado em Nova Iorque, valorizava 0,49% para 87,30 dólares. Na sessão anterior, as cotações de petróleo nos mercados internacionais chegaram a disparar mais de 3%, após a OPEP+ ter anunciado que vai cortar a oferta de crude em cerca de 100 mil barris por dia em outubro.

Este desempenho acontece numa altura em que o confinamento decretado na cidade chinesa de Chengdu, renova os receios de que a escalada da inflação e a subida das taxas de juro provoque uma diminuição da procura de crude. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) deverá anunciar uma subida das taxas de juro em 50 pontos base ou superior, isto já depois do aumento de 50 pontos em julho, numa tentativa de conter a escalada da inflação.

Por outro lado, os dados relativos à atividade dos serviços nos Estados Unidos alimenta as expectativas de a Fed continuar a aumentar as taxas de juro, o que poderá desencadear uma recessão e reduzir a procura por esta matéria-prima.

“As notícias da OPEP+ estão agora no mercado e o foco mudou temporariamente para as preocupações económicas e inflacionárias, nomeadamente dois fatores relevantes que são os bloqueios prolongados na sequência do aumento de casos Covid na China e a decisão do BCE sobre as taxas de juro BCE na quinta-feira”, resume Tamas Varga, da corretora de petróleo da PVM, citada pela Reuters.

Desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia, que os preços do petróleo têm estado sob alta volatilidade, tendo chegando a cotar acima dos 120 dólares por barril em março. Os receios relativos a uma recessão global, os constrangimentos na oferta, provocados pelo embargo ao petróleo russo, e outros fatores têm condicionado os preços em ambos os sentidos.

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Espanha alarga “mecanismo ibérico” a indústrias de “grande consumo”

  • Lusa
  • 6 Setembro 2022

Indústrias de cerâmica, os têxteis, o papel, o setor químico ou os fertilizantes vão passar a ser abrangidas pelos benefícios do mecanismo ibérico, anunciou Pedro Sanchez.

Espanha vai alargar o designado “mecanismo ibérico” que impõe um teto ao preço de gás comprado para produzir eletricidade a indústrias com instalações de cogeração muito dependentes do gás, anunciou hoje o primeiro-ministro Pedro Sánchez.

A medida vai abranger indústrias como a cerâmica, os têxteis, o papel, o setor químico ou os fertilizantes, que representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial de Espanha e que desta forma, face à escalada dos preços da energia, “vão poder continuar a operar e a garantir o emprego”, afirmou Sánchez, num debate no Senado espanhol.

“Vamos aprovar uma exceção para as instalações de cogeração das indústrias com grande consumo de gás permitindo que de forma temporária fiquem cobertas pelo mecanismo ibérico. Trata-se de uma medida excecional para tempos excecionais como os que estamos a viver que foi pedida pela própria indústria“, disse o líder do Governo espanhol, uma coligação do partido socialista (PSOE) com a plataforma de partidos de esquerda Unidas Podemos.

Sánchez reiterou que o “mecanismo ibérico”, uma exceção na União Europeia, negociada com Bruxelas por Portugal e Espanha, que separa o preço do gás no mercado grossista do preço da eletricidade cobrado aos consumidores pelas empresas elétricas, tornou as faturas da luz 15% mais baratas para espanhóis e portugueses em relação ao que seriam se não existisse este instrumento.

“Em pouco mais de três meses”, o “mecanismo ibérico”, em vigor desde 14 de junho, originou “uma poupança de dois mil milhões de euros” às famílias e empresas em Espanha, afirmou.

O primeiro-ministro lembrou as medidas de apoio a famílias e empresas que o Governo espanhol tem adotado desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro, e disse que superam já os 30 mil milhões de euros, mais de 2% do PIB de Espanha, que é o quarto país da União Europeia que “proporcionalmente mobilizou “mais recursos” em “defesa da classe média trabalhadora”.

Entre as medidas adotadas nestes meses e hoje lembradas por Sánchez estão a redução de mais de 80% dos impostos globais sobre a eletricidade, a descida para 5% do IVA (imposto sobre o consumo) da eletricidade e do gás, o desconto direto de 20 cêntimos por litro na compra de combustíveis, o reforço de bolsas de estudo, os descontos e gratuitidade de passes de transportes públicos ou a distribuição de um cheque de 200 euros a famílias com menores rendimentos.

A inflação em Espanha está acima dos 10%, segundo os dados e estimativas oficiais relativos aos aumentos dos preços nos meses de julho e agosto, comparando com 2021.

Sánchez reiterou hoje que a expectativa das instituições financeiras nacionais e internacionais é que a inflação desça nos próximos meses e que Espanha feche o ano de 2022 com uma taxa média de 8% no conjunto do ano.

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Governo vai isentar 9% dos rendimentos dos senhorios para os compensar pelo travão nas rendas

O Governo vai isentar 9% dos rendimentos prediais dos senhorios para os compensar do travão que vai colocar nas rendas, apurou o ECO. No arrendamento de longa duração as isenções serão maiores.

O pacote de ajuda às famílias apresentado esta segunda-feira pelo Governo prevê, entre outras coisas, um travão ao aumento das rendas em 2023. Assim, em vez de uma atualização do valor das rendas de 5,43% em janeiro, os senhorios não vão poder aumentar as rendas mais do que 2%.

Mas o Governo prometeu ajudar os senhorios em sede fiscal para os compensar pela perda. Em vez de mexer no valor da taxa de IRS ou IRC paga pelos senhorios, o Governo vai mexer na fatia do rendimento tributável. O ECO teve acesso à redação desta medida que prevê uma isenção de 9% nos rendimentos prediais no caso do arrendamento tradicional.

“Para efeitos de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), a determinação dos rendimentos prediais decorrentes de contratos de arrendamento enquadráveis na categoria […] obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,91 após as deduções”, lê-se na proposta do Governo.

O que é que isto quer dizer? Atualmente, ao valor da renda bruta subtraem-se as deduções como o valor do condomínio ou do IMI e obtêm-se um rendimento predial tributável. A este rendimento é cobrado atualmente uma taxa de 28% sobre 100% desse rendimento predial tributável. Com a alteração na lei proposta agora pelo Governo, em vez de 100%, só 91% desse rendimento predial tributável é que será alvo da aplicação da taxa de 28%.

No caso do arrendamento de longa duração, que beneficia de taxas mais baixas, a isenção será naturalmente maior.

  • Uma taxa de 26% terá um coeficiente de apoio 0,90 (ou seja, 10% do rendimento predial não é tributável),
  • Uma taxa de 24% terá um coeficiente de apoio 0,89,
  • Uma taxa de 23% terá um coeficiente de apoio 0,89,
  • Uma taxa de 22% terá um coeficiente de apoio 0,88,
  • Uma taxa de 20% terá um coeficiente de apoio 0,87,
  • Uma taxa de 18% terá um coeficiente de apoio 0,85,
  • Uma taxa de 16% terá um coeficiente de apoio 0,82,
  • Uma taxa de 14% terá um coeficiente de apoio 0,79,
  • Uma taxa de 10% terá um coeficiente de apoio 0,70.

Para as empresas que arrendam casas também haverá uma redução de 13% no valor do rendimento que será alvo de tributação em sede de IRC.

Os coeficientes de apoio aplicam-se apenas a rendas que, cumulativamente:

a) Se tornem devidas e sejam pagas em 2023,

b) E as que emerjam de contratos de arrendamento em vigor antes de 1 de janeiro de 2022.

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