Bancos atacam modelo de contribuições para o Fundo de Resolução
Miguel Maya (BCP) e Pedro Castro e Almeida (Santander Totta) defendem mudanças nas contribuições para o fundo que pagou a resolução do BES e a capitalização do Novobanco.
Os líderes dos principais bancos em Portugal voltaram a atacar o modelo de contribuições para o Fundo de Resolução, que vão subir no próximo ano, e criticaram ainda as muitas “taxas e taxinhas” que são cobradas ao setor.
“Por que é que são os bancos portugueses que pagam a fatura [para o Fundo de Resolução] e não todas as entidades que prestam serviços financeiros aos contribuintes portugueses?”, voltou a questionar o CEO do BCP, Miguel Maya, na conferência Money Summit organizada pela EY.
“Não critico a decisão inicial”, acrescentou Miguel Maya. “O pior é quando não se corrige o erro. (…) Nunca me vou conformar com isso, é verdadeiramente inaceitável”, atirou.
Pedro Castro e Almeida, do Santander Totta, também considera que o modelo de financiamento do Fundo de Resolução tem de ser alterado. Da forma como está cria incentivos para os bancos deixarem se ter sucursais para terem apenas filias por cá para evitar ter de fazer contribuições para o fundo.
Na semana passada o líder do BPI criticou o facto de a contribuição anual dos bancos para o Fundo de Resolução subir no próximo ano. “Já não gostei de ter pagado o jantar a que não fui. Apresentarem agora alterações à fatura é um bocado complicado”, disse na quinta-feira. Esta terça-feira João Pedro Oliveira e Costa considerou “pesada” a fatura de 250 milhões de euros que a banca vai ter de pagar todos os anos até 2046, além das outras faturas que “são puramente ideológicas”, referindo às outras taxas que são cobradas ao setor, como o adicional de solidariedade, criado na pandemia.
“Sempre que há alguma coisa a fazer, há sempre alguém que tem de pagar a fatura”, lamentou.
O CEO do Banco Montepio também atacou as “taxas e taxinhas” aplicadas aos bancos e que no caso do Montepio tem um custo de 2% da rentabilidade anual. É dinheiro que “deixamos de entregar ao acionista ou de investir”, disse Pedro Leitão.
Já o líder da Caixa lembrou uma notícia do ECO em relação ao Novobanco e segundo a qual o fim do mecanismo de capital contingente vai permitir o pagamento de dividendos. “O Novobanco pagará dividendos, que o Fundo de Resolução receberá a sua parte. Se o Novobanco for vendido, uma parte irá para o Fundo de Resolução”, disse para desfazer a ideia de que foram os contribuintes que pagaram a resolução do BES em 2014 e a capitalização do Novobanco nos últimos anos.
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