Campanha da Nos mostra que é possível ter internet até nas Grutas de Mira de Aire

  • + M
  • 10 Abril 2024

“Impossível teres boa net? Não há impossíveis para Nos” é o mote da campanha. A criatividade é d'O Escritório, a produção da Playground e o planeamento de meios da Arena. 

De forma a colocar à prova a sua internet, a Nos convidou o streamer e gamer Move Mind (Diogo da Silva) a jogar e a fazer streaming em direto nas Grutas de Mira de Aire, o que serviu de contexto para a campanha “Os Confins da Net”.

Aquelas que são as maiores grutas do país, com 110 metros de profundidade (equivalente a 36 andares), 90% de humidade e paredes de 80 metros de espessura, foram assim o ambiente escolhido pela Nos para demonstrar que a sua internet “aguenta com tudo”.

Com o mote “Impossível teres boa net? Não há impossíveis para Nos”, a campanha marca presença em televisão, outdoor e digital, tendo o planeamento de meios ficado a cargo da Arena. A criatividade é d’O Escritório enquanto a produção, que envolveu mais de 19 horas de filmagem, é da Playground.

A Nos vai até onde for preciso para provar que a sua net ‘aguenta com tudo’. A gruta é um limite, mostra que não há impossíveis para a Nos. Nem nos locais mais inóspitos. Mostrar que a net da Nos funciona até nas Grutas de Mira de Aire eleva a fasquia, ou melhor fá-la descer a 110 metros de profundidade”, diz Rita Torres-Baptista, diretora de marca e comunicação da Nos, citada em comunicado.

“O caráter inóspito da localização era evidente. A profundidade, a humidade, um sítio de extrema beleza natural, mas um cenário difícil de percorrer. Questionámo-nos como vai a net da Nos atravessar pedras tão espessas e acidentadas? Com confiança, fizemos tudo como em casa dos nossos clientes. Este foi mais um incentivo para encontrarmos soluções que sirvam cada vez melhor os nossos exigentes clientes“, acrescenta.

A solução de internet usada no âmbito da campanha foi a que “qualquer pessoa pode ter”, explica-se em nota de imprensa, tendo em conta que “toda a instalação da solução foi feita da mesma forma como é feita na casa dos clientes Nos: a mesma infraestrutura técnica (fibra), os mesmos equipamentos (router wi-fi 6 e wi-fi total) e os mesmos profissionais”.

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Luz Saúde regressa à bolsa a 3 de maio, se IPO for bem-sucedido

Fidelidade irá acolher ofertas de compra dos investidores até 30 de abril, quando será também decidido se a operação de venda avança e a que preço.

O calendário da operação de venda de ações da Luz Saúde prevê o regresso do grupo à bolsa de Lisboa a 3 de maio, apurou o ECO junto de fonte ligada ao processo. Até 30 de abril serão aceites ofertas dos investidores. Nessa altura será também decidido se a operação avança mesmo e a que preço.

A Luz Saúde anunciou formalmente esta quarta-feira um aumento de capital de até 100 milhões de euros através da colocação privada de novas ações junto de investidores institucionais, tanto em Portugal como no estrangeiro. A empresa aprovou, em assembleia-geral, a emissão de até 23,88 milhões de títulos, o correspondente a 20% do novo capital.

Serão também vendidas ações detidas pela Fidelidade, que tem 99,86% do grupo liderado por Isabel Vaz, numa percentagem não revelada. Ao que o ECO apurou, o número de ações a alienar no aumento de capital e na venda direta dependerá da procura e do preço que vier a ser definido para a operação. Já certo é que a seguradora detida pela chinesa Fosun irá continuar como acionista maioritária.

“A Fidelidade pretende reter a maioria do capital social da Luz Saúde na sequência da oferta, embora garantindo um nível saudável de liquidez para novos investidores”, refere a Fidelidade no comunicado divulgado esta quarta-feira.

O período de aceitação de ofertas dos investidores decorre até 30 de abril. Nesse dia ficará também decidido se a operação se materializa e, em avançando, o preço a que serão vendidos os títulos. Sendo bem-sucedida, a Luz Saúde voltará a cotar na Euronext Lisbon a 3 de maio, mais de cinco anos depois de ter saído, no final de 2018.

A venda de ações da Luz Saúde será coordenada pelo Citigroup Global Markets e a UBS. Participam ainda o BNP Paribas, o Caixa BI, o Caixabank, o Hauck Aufhäuser Investment Banking (HAIB) e o Millenium bcp. A Evercore é o consultor financeiro.

PWC CEO Survey Portugal - 09MAI2019
Isabel Vaz, CEO do grupo Luz Saúde.Hugo Amaral/ECO

A Luz Saúde opera 29 unidades, incluindo hospitais, clínicas ambulatórias e uma residência sénior e “chega a 75% da população portuguesa”, diz a empresa. Com uma equipa composta por 4.876 médicos, 2.587 enfermeiros, 1.308 técnicos, e 1.126 camas, “lidera a prestação de cuidados de saúde em Portugal”.

Em 2023, os seus 14 hospitais atenderam mais de 1,1 milhões de pacientes e geraram 92,6% das receitas da empresa. Além disso, as 14 clínicas ambulatórias serviram cerca de 246 mil pacientes externos e contribuíram com 6,1% para as receitas anuais. A rede inclui também uma residência sénior, responsável por 0,9% das receitas, acrescenta a Luz Saúde.

Na informação aos investidores a Luz Saúde revela que no exercício terminado em 31 de dezembro de 2023, teve resultados operacionais ajustados de 666,9 milhões de euros, aumento de 12% face a 2022, um EBITDA ajustado de 99,8 milhões de euros (+22,5% vs. 2022).

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Alexandra Leitão com ex-governantes na lista à direção da bancada do PS

  • Lusa
  • 10 Abril 2024

Mariana Vieira da Silva, António Mendonça Mendes, Marina Gonçalves e Isabel Ferreira fazem parte da lista à direção do grupo parlamentar socialista.

A candidata única à liderança da bancada do PS, Alexandra Leitão, apresenta esta quarta-feira uma lista à direção do grupo parlamentar com 12 vice-presidentes entre os quais os ex-governantes Mariana Vieira da Silva, António Mendonça Mendes e Marina Gonçalves. Entre as 18:30 e as 20:30 esta lista, a que a agência Lusa teve acesso, será votada pelos 78 deputados do PS.

Dos 12 vice-presidentes que Alexandra Leitão propõe surgem quatro nomes que estiveram no último Governo de António Costa e que assumiram o seu mandato como deputados do PS depois da tomada de posse do novo executivo. Entre estes está a ex-ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva, o ex-secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro António Mendonça Mendes, a ex-ministra da Habitação Marina Gonçalves e a ex-secretária de Estado do Desenvolvimento Regional Isabel Ferreira.

Esta lista de vice-presidentes de Alexandra Leitão representa uma renovação em relação à direção de bancada de Eurico Brilhante Dias, transitando apenas Francisco César, João Torres e Pedro Delgado Alves.

Ana Paula Bernardo, João Paulo Rebelo, Luís Graça, Maria Begonha e Tiago Barbosa Ribeiro são as novidades desta lista que vai esta quarta a votação, à qual se somam depois as inerências e os nomes para o Conselho de Administração e Conselho Fiscal.

Entre as três inerências estão Elza Pais, como presidente das Mulheres Socialistas, Miguel Costa Matos, como secretário-geral do PS, e Paulo Cafôfo (como presidente da PS-Madeira).

Ao Conselho de Administração é proposto Hugo Costa (presidente) e André Rijo e Clarisse Campos (vogais), enquanto ao Conselho Fiscal é apresentada Patrícia Faro (presidente) e Luís Dias e Maria Lagriminha Coelho (vogais).

A eleição decorrerá em urna, que estará disponível na Sala Tejo, do edifício novo do parlamento, logo após uma reunião do grupo parlamentar do PS marcada para as 18:00. A semana passada, fonte socialista avançou à Lusa que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, iria propor Alexandra Leitão para presidente do grupo parlamentar do partido.

Alexandra Leitão sucederá a Eurico Brilhante Dias, que era líder parlamentar do PS desde 2022, e será também a segunda mulher a liderar a bancada socialista, depois de Ana Catarina Mendes (2019-2022). Atualmente é membro do Secretariado Nacional do PS e foi a coordenadora do programa eleitoral do partido nas últimas eleições legislativas.

Foi ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública de 2019 a 2022 e, entre 2015 e 2019, secretária de Estado Adjunta e da Educação. Na última legislatura, enquanto deputada, foi presidente da comissão parlamentar de Transparência e Estatuto dos Deputados.

Em 2022, o então líder do PS e primeiro-ministro, António Costa, já tinha proposto o cargo de líder parlamentar a Alexandra Leitão, que acabou por recusar. Em declarações então ao jornal Público, a deputada tinha-se mostrado “lisonjeada pelo convite”, mas afirmou ter optado por recusar por considerar ter “um perfil mais executivo” e “nunca ter sido deputada”.

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Impresa lança agência de talentos Óbvio

  • + M
  • 10 Abril 2024

A nova agência vai trabalhar estratégias de marketing de influência para televisão, eventos e ativações e digital com profissionais da SIC e gerir a carreira dos seus agenciados.

“Óbvio” é o nome da agência de talentos do Grupo Impresa lançada esta quarta-feira. Trata-se de uma nova área de negócio integrada do Atelier Impresa, departamento do grupo que cria e desenvolve projetos criativos com parceiros e marcas.

A nova agência vai trabalhar estratégias de marketing de influência para televisão, eventos e ativações e digital com profissionais da SIC. Mas a Óbvio pretende também fazer a gestão da carreira dos seus agenciados, bem como trabalhar o seu posicionamento no mercado nas diversas plataformas, com foco nas digitais.

“O Grupo Impresa tem o expertise de saber lançar ou gerir há mais de 50 anos os maiores talentos de Portugal, por isso, é óbvio que fez sentido nascer. Óbvio é um nome português e isso também é algo do qual nos orgulhamos muito, mas também do que representa: garantia de qualidade e confiança”, justifica Mónica Serrano, diretora de marketing e comunicação e diretora do Atelier Impresa, citada em comunicado.

Já Madalena Belo, coordenadora da nova agência refere que “além do trabalho que faremos com o nosso talento, o objetivo da Óbvio é construir pontes, relações e boas sinergias com outras agências do mesmo segmento para projetos comerciais de sucesso”.

Caras da SIC como Renato Godinho, Filipa Areosa, Marco Horácio, Pedro Granger, são nomes que fazem parte do portfólio da Óbvio. Mas o leque de agenciado é também composto por criadores de conteúdos digitais como a humorista Mónica Vale de Gato, o youtuber Miguel Pinto Ferreira, Gastão Reis, o jogador de hóquei Ângelo Girão, o Insónias em Carvão, a apresentadora e personal trainer Inês Abrantes, o locutor de rádio Renato Duarte ou a autora Diana Ginja.

Apresentando-se como “a filha mais nova e rebelde da família”, a Óbvio está presente no Instagram e TikTok e pretende destacar-se pelo “rasgo e atrevimento de querer fazer diferente e fora do comum — quebrando com a tradição, mas mantendo-se fiel aos valores, identidade e credibilidade que caracterizam o grupo”, refere-se em nota de imprensa.

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Rui Aragão Gama reforça equipa da Cerejeira Namora, Marinho Falcão

O novo associado principal da Cerejeira Namora, Marinho Falcão, Rui Aragão Gama, vai reforçar a equipa de Laboral, Civil e Corporate do Porto.

A Cerejeira Namora, Marinho Falcão reforçou a equipa do Porto com a integração de Rui Aragão Gama, na qualidade de associado principal. O advogado, que transita da Andreia Lima Carneiro & Associados, vai focar-se nas áreas de Laboral, Civil e Corporate.

“A entrada do Rui Aragão Gama no nosso projeto é uma mais-valia representada pela experiência, conhecimento e ética profissional“, refere em comunicado o sócio fundador da Cerejeira Namora, Marinho Falcão, Nuno Cerejeira Namora.

Rui Aragão Gama possui mais de 25 anos de experiência em contencioso e laboral, tendo passado pela Simmons & Simmons Rebelo de Sousa e pela Guilherme Figueiredo, J M Goiana Mesquita & Associados. O advogado presta apoio jurídico a empresas de vários setores de atividade, nomeadamente nas áreas de societário, comercial, contencioso, construção civil, hospitalar, imobiliário, legalizações de estrangeiros e autorizações de residência, têxtil e publicidade.

Para Pedro Marinho Falcão, sócio fundador, esta integração reforça a “ambição de querer continuar a crescer” e desenvolver um “projeto profissional de excelência”.

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Dois empresários russos ganham caso judicial contra a UE

  • Lusa
  • 10 Abril 2024

O Tribunal Geral da UE disse que a falta de provas justificava a remoção dos empresários de uma lista de sanções europeias à Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia.

Os empresários russos Mikhail Fridman e Petr Aven ganharam esta quarta-feira um processo judicial sobre uma decisão da União Europeia (UE) que determinava a aplicação de sanções contra si pelo seu alegado papel na invasão russa da Ucrânia. O Tribunal Geral da UE disse que a falta de provas justificava a remoção dos empresários de uma lista de pessoas sujeitas a medidas restritivas entre fevereiro de 2022 e março de 2023.

Em março do ano passado, a UE manteve Aven e Fridman nessas listas, o que foi contestado por ambos em processos judiciais separados. Aven, de nacionalidade russa e letã, e Fridman, que possui passaportes russo e israelita, foram colocados na lista de medidas sancionatórias depois de a Rússia ter iniciado a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Fridman é fundador do Grupo Alfa e é considerado um dos magnatas mais ricos da Rússia. O Grupo Alfa Bank – o maior banco não estatal da Rússia – foi sancionado pela UE em março de 2022, o que levou Fridman a deixar o Conselho de Administração para tentar ajudar a instituição bancária a contornar as sanções.

Aven liderou o Alfa Bank até março de 2022, mas, tal como Fridman, deixou o Conselho de Administração após a decisão sancionatória da UE. A UE impôs vários pacotes de sanções à Rússia desde que o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a entrada das tropas de Moscovo na Ucrânia.

As medidas visaram o setor da energia, os bancos, a maior empresa de mineração de diamantes do mundo, as empresas e os mercados, e sujeitaram as autoridades russas – incluindo Vladimir Putin – ao congelamento de ativos e à proibição de viagens. O porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, já saudou a decisão judicial de hoje, insistindo em que “todas as sanções contra a Rússia são ilegais, injustas e destrutivas”.

Nem Fridman nem Aven criticaram diretamente a invasão russa. Leonid Volkov – figura ligada ao opositor Alexei Navalny que recentemente morreu na cadeia – assinou uma carta a pedir o levantamento das sanções contra estes dois empresários, mas mais tarde admitiu ter-se arrependido desse gesto.

Volkov explicou que a decisão de retirar Fridman e Aven da lista é negativa porque mostra que os magnatas podem ter as sanções levantadas sem terem criticado publicamente Putin ou a guerra na Ucrânia. As decisões do Tribunal Geral podem ser objeto de recurso para o Tribunal de Justiça Europeu.

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Governo acolhe alertas de prudência e avisa para “falsas ilusões de prosperidade”

Governo quer manter equilíbrio orçamental, avisando que não é possível resolver todos os problemas no imediato.

O Governo concorda com os apelos do Conselho das Finanças Públicas (CFP) para responsabilidade orçamental e prudência, disse António Leitão Amaro. No programa do governo, entregue esta quarta-feira no parlamento, o executivo de Luís Montenegro baixa as expectativas relativamente à margem que existe para responder a todas as reivindicações.

No briefing após o Conselho de Ministros, o ministro da Presidência disse partilhar do alerta do CFP, apontando que “é necessário que o esforço dos portugueses realizado desde 2011 de consolidação orçamental seja prosseguido e respeitado”. “O caminho de mudança e reformismo, de transformação” do país, apontou, deve ser “conjugado com o objetivo de responsabilidade orçamental”.

No Programa do Governo é também defendida a “manutenção de equilíbrio orçamental e de uma trajetória robusta da redução da dívida pública”, enquanto se deixa a ressalva de que o excedente orçamental de 2023, de 1,2% do PIB, não dará para responder a todas as reivindicações no imediato.

“O excedente orçamental de 2023 não deve criar falsas ilusões de prosperidade nem alimentar a ideia de que todos os problemas podem ser imediatamente solucionados”, lê-se no programa. Assim, “existe uma necessidade urgente de transformar a economia e o Estado, até porque as circunstâncias que determinaram o superavit de 2023 são, não só difíceis de replicar, como também altamente indesejáveis, pois implicariam manter a carga fiscal em máximos históricos, prolongar a degradação dos serviços públicos e perenizar a tendência negativa do investimento público”, argumenta o Governo.

O objetivo do Executivo de Montenegro é então assegurar um excedente através do crescimento económico e de uma economia “com maior produtividade e competitividade”, nomeadamente através de uma estratégia de redução da carga fiscal. Estas medidas eram algumas das principais bandeiras da AD, como a redução do IRS até ao 8º escalão e uma reformulação do IRS Jovem com uma taxa máxima de 15%.

No programa da AD era esperado um excedente de 0,8% este ano e um crescimento económico de 1,6%. Segundo as contas do CFP, divulgadas esta quarta-feira e elaboradas num cenário de políticas invariantes, ou seja, se não forem aplicadas novas medidas, o excedente será de cerca de 0,5% do PIB e a economia vai crescer 1,6%.

É de salientar que o Programa do Governo não tem previsões económicas e orçamentais, mas o Programa de Estabilidade sim. Esse documento será entregue no Parlamento na próxima segunda-feira e a sua atualização será “baseada em políticas invariantes”, ou seja, ainda não vai incorporar as medidas previstas neste programa.

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Um pacto para a corrupção que será ambicioso, célere e “idealmente” consensual. O que o Governo quer para a Justiça

A regulamentação do lobbying é uma das prioridades, bem como o enriquecimento ilícito. Uso de inteligência artificial para identificar padrões decisórios suspeitos é outra das medidas.

Nas quase 200 páginas das linhas gerais do XXIV Governo Constitucional de Luís Montenegro, o Executivo tem “uma agenda ambiciosa, célere e idealmente consensual” de medidas anticorrupção. Para isso, a ministra da Justiça, Rita Júdice, terá que criar um diálogo para um pacto nesta matéria, contando com a colaboração de todos os agentes políticos. Expectavelmente, a regulamentação do lobbying é uma das prioridades, bem como a já antiga questão de criminalizar o enriquecimento ilícito. O Executivo pretende também criar um Registo de Transparência, acrescentar a função de um provedor do utente em serviços públicos, agravar as sanções do Regime Geral de Prevenção da Corrupção – apesar de não concretizar de que forma. No que toca ao exercício de funções políticas, o Governo promete alargar o período em que ex-governantes possam voltar ao privado em empresas da área que tutelaram, agravar a pena acessória de proibição do exercício de função pública.

No campo do processo penal, a AD está a pensar a aplicação da suspensão provisória do processo a quem contribuir para a verdade nos processos de corrupção e fixar em 72 horas o prazo máximo para decisão de medidas de coação desde a detenção de um arguido, permitindo ainda que possa ser ouvido por mais do que um juiz de instrução.

Estas são algumas das medidas do Governo:

  • Regulamentar o lobbying, criando um registo obrigatório e público de lobistas e de entidades representadas;
  • Criação de um Registo de Transparência, isto é, uma base de dados que inclua todos os representantes (individuais ou coletivos) de interesses legítimos que pretendam contactar entidades e decisores públicos, incluindo órgãos de soberania, administração pública e reguladores;
  • A criação de um Código de Conduta do Registo de Transparência;
  • A adoção de uma Agenda Pública, que regista e divulga as interações formais ou informais entre os titulares, dirigentes ou representantes das instituições públicas e os representantes de interesses legítimos;
  • A criação de “períodos de cooling off para que quem tenha desempenhado cargos políticos, públicos ou funções em entidades públicas não possa dedicar-se ao exercício da atividade de representante de interesses;
  • Reforma institucional de entidades como o Mecanismo Nacional Anti-Corrupção (MENAC), a Entidade da Transparência e a Entidade das Contas e Financiamento Político.
  • Implementação da Pegada Legislativa do Governo, através da publicação na internet das várias etapas de cada processo legislativo.
  • Instituir o Scoring de Ética e Integridade (SEI) para as entidades públicas, que meça o nível de cumprimento das obrigações previstas no Regime Geral de Prevenção da Corrupção.
  • Alargamento do período de nojo para o exercício de funções em entidades privadas relacionadas com a sua área de atuação (dos ex-políticos).
  • Valorizar como critério de ponderação nos concursos públicos que as entidades privadas concorrentes disponham de certificação dos seus mecanismos de prevenção de corrupção;
  • Criar um provedor do utente em serviços públicos com atendimento ao cidadão e competências para receber denúncias.
  • Alargar normas de prevenção, como códigos de conduta, aos partidos políticos.
  • Adotar programas de inteligência artificial para identificar padrões decisórios suspeitos.
  • Publicação online das decisões judiciais, de todos os tribunais, incluindo os de primeira instância;
  • Criminalizar o enriquecimento ilícito, em respeito pelos preceitos constitucionais, e estabelecendo penas adequadas e proporcionais.
  • Ponderar, como alternativa à criminalização do enriquecimento ilícito, a criação de mecanismos legais, tais como a “Ação Cível para Extinção de Domínio” ou “os unexplained wealth orders“, que consagrem um mecanismo legal que permita ao Estado português recuperar bens adquiridos por particulares através de atividades ilícitas;
  • Reforçar os recursos humanos e tecnológicos disponíveis para a investigação e ação penal relativamente à corrupção e outros crimes no exercício de cargos públicos;
  • Agravar o regime sancionatório previsto no Regime Geral de Prevenção da Corrupção equiparando-o à legislação de prevenção do branqueamento;
  • Agravar a pena acessória de proibição do exercício de função pública;
  • Alargar e robustecer as medidas de direito premial do Código Penal, com vista a favorecer a descoberta da verdade e a obtenção de prova em processos-crime, designadamente prevendo a possibilidade de redução de pena;
  • Ponderar a adaptação dos institutos da suspensão provisória do processo e da atenuação especial da pena para que possam também ser aplicados como medidas de direito premial a quem tenha contribuído decisivamente para a descoberta da verdade;
  • Fixar no Código de Processo Penal o limite máximo de 72 horas para decisão jurisdicional após detenção, permitindo que o primeiro interrogatório judicial seja realizado por mais do que um juiz.

 

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BE também vai apresentar moção de rejeição ao programa de Governo. Leia a reação dos partidos

  • Joana Abrantes Gomes e Lusa
  • 10 Abril 2024

Executivo da AD entregou esta quarta-feira o programa governamental, que dizem reunir 60 propostas de todos os partidos com assento no Parlamento. PS anuncia abstenção a moções de rejeição.

Com o programa do Governo chefiado por Luís Montenegro entregue esta quarta-feira na Assembleia da República, os partidos já começaram a reagir ao documento que, segundo o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, reúne cerca de seis dezenas de propostas das restantes forças políticas com assento parlamentar.

PS anuncia abstenção nas moções de rejeição do programa do executivo

A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, anunciou que os socialistas vão abster-se nas votações das moções de rejeição do Programa de Governo apresentadas por PCP e BE.

“O PS, através do seu secretário-geral, já tinha dito que nesta primeira fase não iria bloquear o início de funções do Governo e portanto irá viabilizar o Programa do Governo, abstendo-se nas moções de rejeição”, anunciou aos jornalistas Alexandra Leitão na declaração após a sua eleição como líder parlamentar do PS.

Chega vota contra moção de rejeição do PCP e saúda “aproximação” em algumas áreas

O Chega vai votar contra a moção de rejeição ao programa do Governo apresentada pelo PCP e saudou uma “aproximação” em algumas matérias, como combate à corrupção ou fiscalidade, apesar de considerar também que é “muito vago e pouco ambicioso”.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o presidente do partido, André Ventura, considerou ser “importante que o Governo consiga cumprir as promessas que fez e tenha tempo para poder fazê-las e trabalhá-las nestes próximos meses, não daqui a um ano ou dois”.

“Ao mesmo tempo, é importante que quem apresenta moções de rejeição compreenda que não há outra alternativa neste quadro parlamentar. Aprovar uma moção de rejeição sem apresentar uma alternativa é o mesmo que dizer ao país ficarão ingovernáveis durante seis ou sete meses, é pura irresponsabilidade política”, justificou.

Ainda assim, o líder do Chega, partido que não integra o Executivo, disse existirem “pontos de aproximação e de contacto positivos”, nomeadamente a nível fiscal, em termos de IRS e IRC, de IMT e na relação com a aquisição de habitação jovem, e no combate à corrupção. “Há aqui elementos que poderão ser negociados e trabalhados, vemos com boas perspetivas”, afirmou Ventura.

Programa “aquém” das necessidades do país, critica IL

A primeira reação veio da Iniciativa Liberal (IL), que considera que o programa de Governo “fica aquém” das necessidades do país. Em declarações aos jornalistas a partir da Sala dos Passos Perdidos, a líder parlamentar da bancada liberal, Mariana Leitão, elencou três exemplos em como o documento não vai ao encontro “do que os portugueses merecem”.

São eles a falta de uma “reforma estrutural” na Saúde; a previsão de crescimento para o salário médio – de 1.750 euros até 2030 –, que é “muito insuficiente” para contrariar a emigração jovem; e não haver uma redução ou simplificação dos escalões do IRS.

Questionada se não vê, no programa, pontos de contacto com as ideias dos liberais, Mariana Leitão respondeu que a IL “é muito mais ambiciosa” e prometeu que continuará a insistir, no Parlamento, em muitas das suas medidas.

Bloco anuncia moção de rejeição contra programa “feito para concentrar riqueza”

Com as palavras mais duras até agora, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, prometeu apresentar uma moção de rejeição a um programa “que tem uma visão do orçamento, do país, da economia que não pode acompanhar”.

Para Mariana Mortágua, Portugal será “um país mais desigual” caso o programa apresentado esta quarta-feira avance, visto que é feito “para concentrar riqueza, para privatizar serviços públicos, para criar negócios para grandes fundos de investimento”.

Os bloquistas criticam que o salário mínimo nos 1.000 euros até 2028 não seja um compromisso do Governo, visto que o programa refere, por outro lado, que o valor “vai evoluir de acordo com a produtividade e a inflação”.

“Na descida do IRC, isso já não acontece. Já não há qualquer condicionante, há uma promessa”, nota Mariana Mortágua, apontando que quem vai deixar de pagar o imposto não são as pequenas e médias empresas, mas “a banca, as grandes companhias de eletricidade (como a EDP), a Galp”.

A coordenadora do BE resume que “o programa faz uma escolha muito clara sobre quem é que quer proteger: grandes empresas, patrões, grandes lucros, interesses privados muito particulares”.

Livre aponta dedo ao Governo por falta de diálogo prévio

Apesar de, segundo o Executivo, o programa de Governo abranger medidas de todas as forças políticas, a líder parlamentar do Livre assinalou que, como não houve reuniões prévias, desconhece as medidas do partido que constam do documento. “Houve inclusão de medidas avulsas sem diálogo prévio“, afirmou Isabel Mendes Lopes.

Da análise que o Livre já fez ao documento, nota um “desfasamento entre as promessas eleitorais da Aliança Democrática (AD) com o programa“, sobretudo quanto a matérias que foram bandeiras da campanha. A deputada dá como exemplo a descida do IRS, que no programa eleitoral da AD era “muito pormenorizada”, enquanto no programa de Governo “há um conjunto de intenções, não há calendarização, não há apresentação de contas”.

Uma medida que preocupa o partido é a descida do IRC para 15%. “Sabemos que a maior parte das empresas em Portugal não paga IRC; a maior parte da receita de IRC vem das grandes empresas, portanto, esta descida vem beneficiar sobretudo as grandes empresas, diminuindo a receita do Estado que permite suportar o Estado social e também dar apoio às pequenas e médias empresas (PME)”.

Adicionalmente, Isabel Mendes Lopes criticou que medidas inscritas no Orçamento do Estado para 2024 por proposta do Livre não sejam mencionadas no programa, como “o alargamento do passe ferroviário nacional, que tem de ser alargado até ao final do primeiro semestre”, e “a efetivação do fundo de emergência da habitação”. Outra questão que não está no programa é a semana de 4 dias, acrescentou.

A líder parlamentar do Livre disse ainda que o programa de Governo será discutido pela assembleia do partido na quinta-feira, bem como a moção de rejeição anunciada pelo PCP, para decidir o sentido de voto.

PCP entrega moção de rejeição ainda hoje

Os comunistas já tinham anunciado que avançariam com uma moção de rejeição ao Governo ainda antes da apresentação do programa. Agora, a líder parlamentar Paula Santos anunciou que será entregue ainda esta quarta-feira na Assembleia da República.

Para o PCP, o documento “confirma a justeza” da moção de rejeição, não constituindo qualquer surpresa “relativamente aos conteúdos e à opção política de direita”, que “está na origem dos problemas que afetam a vida das pessoas” e que “não dá resposta nem contém soluções para os problemas dos trabalhadores”.

O Governo vir dizer que incluiu propostas do PCP no seu programa é um logro. A referência que foi feita pelo ministro sobre o desenvolvimento da capacidade produtiva da indústria conserveira deixa de fora a dimensão, a amplitude e a abrangência com que o PCP propôs um conjunto de medidas concretas para valorizar o setor da pesca do nosso país”, disse ainda a deputada comunista.

PAN preocupado com “visão conservadora” da mulher

Já a deputada única do PAN vê “retrocessos preocupantes” no documento, a começar pela devolução da tutela das Florestas e da Proteção Animal ao Ministério da Agricultura, em vez de se manterem sob a alçada do Ambiente. “Precisamos de ter um território que seja mais resistente às alterações climáticas, que seja um território mais biodiverso em matéria florestal, com maior proteção e preservação, e isso não se traduz neste programa de Governo”, apontou Inês Sousa Real.

Em matéria de igualdade, o programa “associa o papel da natalidade apenas à mulher e não à família”, criticou também a porta-voz do PAN, apontando que o retorno a uma “visão conservadora é muito preocupante enquanto mulher”.

Inês Sousa Real lamentou, por fim, o “monólogo” do Executivo de Montenegro, ao acolher medidas de outros partidos sem dialogar previamente com os mesmos. “Temos de fazer aqui uma busca [pelas medidas] como se estivéssemos à procura dos ovos da Páscoa, mas não nos podemos esquecer que o diálogo é uma via de dois sentidos”, apontou.

(notícia atualizada pela última vez às 21h35)

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Governo avança com estratégia de armazenamento, reforço das redes, do licenciamento e apoios à eficiência

O Governo de Luís Montenegro tem várias propostas para o setor energético. Reforça a aposta no armazenamento, mas também nas redes e licenciamento.

O Governo de Luís Montenegro, que conta com Maria da Graça Carvalho para chefiar a pasta do Ambiente e Energia, avança várias propostas para dar respostas a três dos principais desafios para o desenvolvimento do setor energético: as redes, o licenciamento e o armazenamento. Promete desenvolver uma Estratégia Nacional de Armazenamento de Energia até 2026, rever os planos para as redes de transporte e distribuição para uma “execução efetiva”, reforçar as entidades licenciadoras e distribuir mais apoios à eficiência energética.

“O objetivo [da estratégia para o armazenamento] será acelerar o investimento na capacidade nacional de armazenamento, nomeadamente através de baterias associadas a parques eólicos e fotovoltaicos”, lê-se no programa lançado pelo Governo, esta quarta-feira. O Executivo pretende reforçar as capacidades armazenamento energético, seja ao nível da eletricidade ou dos gases renováveis.

No que toca as redes, o Governo pretende uma “execução efetiva” das infraestruturas de transporte e distribuição de eletricidade e gás. “considerando os desafios e implicações da transição energética, nomeadamente a variabilidade da tecnologia renovável e a descentralização da produção”. Nesse sentido, o Executivo quer rever os planos de desenvolvimento e investimento nas redes energéticas nacionais, “para serem mais eficazes, coerentes e articulados”, e também avançar “na concretização dos compromissos assumidos entre Portugal, Espanha e França ao nível das interligações energéticas para aumentar a conectividade europeia”.

Ao mesmo tempo, “importa garantir que os procedimentos [de licenciamento] se tornam mais ágeis, eficazes e desburocratizados”, para isso, o Governo compromete-se a reforçar a capacidade de resposta das instituições envolvidas nestes procedimentos.

Apoios à eficiência, regulado como “plano B”

Da ótica do consumidor, o Governo promete ainda reforçar os programas de apoio que incentivem a melhoria da eficiência energética nas habitações.

No que diz respeito à comercialização de energia, o Governo quer “alinhar o âmbito do mercado regulado com as melhores práticas europeias“, e assume que este pode ter um papel relevante de backup para situações de inacessibilidade e para garantia de estabilidade económica. Propõe ainda a adoção de políticas que coloquem Portugal numa tendência de descida do défice tarifário.

Ao mesmo tempo, quer incentivar o aparecimento de novos agentes, e “contribuir para a diversificação de projetos e de ofertas comerciais que beneficiem os consumidores”.

Em paralelo, há referência à intenção de estimular o conceito de consumidor-produtor, desburocratizando e acelerando o licenciamento das formas de produção descentralizada, incluindo as Comunidades de Energia Renovável e Unidades de Autoconsumo coletivo, bem como de partilha de energia, “de forma a garantir, a médio e longo prazo, custos de energia mais baixos”.

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Mudar os prazos, custas judiciais e revisão da carreira dos oficiais de justiça. Este é o programa do Governo para a Justiça

O Governo assume no seu programa que a Justiça precisa de uma reforma sólida, profunda e com um horizonte que "vá para além de uma legislatura". Assim, baseiam essa reforma em dois eixos.

O Governo assume no seu programa que a Justiça precisa de uma “reforma sólida, profunda” e com um horizonte que “vá para além de uma legislatura”. Assim, baseiam essa reforma em dois eixos: desgovernamentalizar as escolhas políticas de Justiça e democratizar a reforma.

No que concerne à desgovernamentalização das escolhas políticas de Justiça, o Executivo assume que as políticas públicas têm sido excessivamente governamentalizadas. “O que não é compatível com uma matéria cuja dignidade político-constitucional postula uma visão exigente do princípio da separação e independência dos poderes”, lê-se.

Já sobre a democratização da reforma da Justiça, o Governo alerta que é necessário um consenso alargado, político e social, para que a “mesma seja implementada com solidez e tenha resultados com eficácia”.

O Governo assume ainda que a justiça económica é um “pilar fundamental” para o desenvolvimento sustentável, a coesão social e a competitividade do País. Só uma justiça económica que funcione de forma “célere, eficaz e transparente” conseguirá garantir a confiança dos cidadãos, dos investidores e dos agentes económicos, bem como para prevenir e combater a corrupção, a fraude e a evasão fiscal.

“Neste domínio, Portugal enfrenta vários desafios e problemas, como sejam a morosidade e a complexidade dos processos, a falta de recursos humanos e materiais, a insuficiência de meios alternativos de resolução de litígios, a desigualdade no acesso à Justiça, a falta de transparência e de prestação de contas, e a insuficiente articulação entre os vários intervenientes do sistema”, referem.

No que toca à morosidade da Justiça e do tratamento da litigância complexa, o Governo propõe um conjunto de medidas, algumas com intervenção legislativa, que estimulem a adoção de novas técnicas de gestão processual, para além de uma cultura de eficiência nos tribunais.

Já relativamente ao montante elevado das custas judiciais, que consideram que representam um “obstáculo ao acesso dos cidadãos à Justiça”, o Governo assume que devem ser “claras, transparentes, determináveis e previsíveis”. “Devem ser ajustadas ao serviço efetivamente prestado e pagas em função da situação, circunstâncias e da posição das partes”, lê-se.

Nenhuma reforma da Justiça pode lograr sucesso sem o empenho e a motivação de todos os seus agentes. É urgente atrair talentos e valorizar a carreira dos magistrados. Assim como valorizar as carreiras dos funcionários da Justiça e dos guardas prisionais. É, igualmente, fundamental que os tribunais disponham de adequadas condições físicas, administrativas e financeiras, que garantam o seu normal funcionamento”, nota o Governo.

Assim, de forma a levar a cabo a reforma na Justiça, o Executivo irá atuar em seis áreas distintas:

Reforma da Jurisdição Administrativa e Fiscal

  • Propor Medidas Urgentes para a Jurisdição Administrativa e Fiscal, elaboradas a partirde contributos já existentes, com vista à respetiva implementação imediata;
  • Promover o estudo e um amplo debate sobre as vantagens e desvantagens da unificação da jurisdição comum com a jurisdição administrativa e fiscal.

Celeridade processual

  • Desenvolver alterações da legislação processual penal no sentido de combater a formação dos chamados megaprocessos, que entorpecem a ação dos tribunais e se arrastam anos a fio, frustrando a aplicação de uma Justiça célere e eficaz;
  • Proceder à revisão das normas processuais, nomeadamente em processo civil, em processo penal e em processos administrativo e tributário, de modo a reduzir as situações em que, injustificadamente, é possível a apresentação de expedientes processuais com a única finalidade de atrasar a marcha do processo;
  • Proceder à revisão dos prazos judiciais, de forma a garantir a sua adequação à complexidade dos processos e, assim, assegurar a sua efetiva aplicação;
  • Rever a fase de instrução, tendo em conta as conclusões do Grupo de Trabalho criado no âmbito do Conselho Superior da Magistratura;
  • Criar um mecanismo permanente de avaliação das pendências e celeridade processual, através da publicação de um relatório anual;
  • Rever o regime geral de contraordenações, harmonizando os regimes setoriais;
  • Promover uma cultura de eficiência nos tribunais, nomeadamente através da adoção de medidas de gestão processual, tais como: o cumprimento efetivo pelas secretarias dos tribunais e pelos magistrados dos prazos já previstos na lei para execução dos atos processuais; diminuição da extensão das peças processuais, incluindo decisões dos tribunais; melhoria dos procedimentos para citação e notificação de partes e intervenientes acidentais; agendamento das diligências judiciais com prévia articulação de agendas entre os intervenientes; e aumento do número de salas de audiência disponíveis, por forma a evitar retardamento nos agendamentos;
  • Reforçar a disponibilização de assessores para as magistraturas.

Justiça económica

  • Criar unidades de recuperação de atrasos nos processos, priorizando os mais antigos;
  • Apoiar e fomentar a especialização dos juízes, e não apenas dos tribunais, especialmente nas áreas de contencioso económico em transformação acelerada;
  • Reforçar e simplificar os procedimentos de resolução alternativa de conflitos no âmbito de causas de pequeno valor e de grandes litigantes, libertando os tribunais cíveis, e garantindo uma Justiça mais rápida e eficiente;
  • Facilitar a recuperação extrajudicial das empresas, com a instituição de um procedimento de mediação extrajudicial entre credores e devedores, que incentive a negociação fora dos Tribunais, de modo a aumentar a celeridade nos processos de recuperação, que crie um clima de contexto favorável à recuperação de empresas em situação económica difícil, mas não insolvente, e que evite o estigma que constitui para a recuperação de uma empresa a intervenção judicial na homologação de uma recuperação empresarial;
  • Reformar os regimes de insolvência, com alteração de paradigma nos regimes de insolvência e recuperação de empresas;
  • Agilizar os processos de heranças, em particular quando envolvam bens imóveis e participações sociais em empresas, facilitando o espoletar da sua alienação e/ou divisão
    (convertendo-se em liquidez essa parte dos ativos da herança), favorecendo em simultâneo a sua resolução fora dos tribunais e evitando pendências de décadas;
  • Simplificar os processos de registo de propriedade, combinando o registo de âmbito notarial e fiscal, e diminuindo os custos de transação em particular de propriedades rústicas de pequena dimensão, contribuindo para uma menor pulverização da propriedade e uma mais rentável gestão do território.

Valorização de carreiras

  • Rever os modelos de formação contínua dos magistrados;
  • Encetar um processo de revisão e valorização das carreiras profissionais dos Oficiais de Justiça;
  • Encetar um processo de revisão e valorização das carreiras profissionais dos Guardas Prisionais;
  • Garantir o reforço e otimização dos recursos humanos, bem como assegurar a qualificação dos profissionais para problemáticas criminais específicas;
  • Aprofundar a especialização dos magistrados.

Sistema Prisional

  • Alargar programas específicos de intervenção nas áreas da Saúde Mental/Toxicodependência/Novas adições e da Delinquência juvenil;
  • Reforçar e alargar as equipas de vigilância eletrónica;
  • Promover políticas de reforço da formação profissional e da recuperação da formação escolar dos reclusos;
  • Reforçar a prestação de trabalho a favor da comunidade como alternativa à reclusão;
  • Redimensionar a rede de Estabelecimentos Prisionais e das equipas de reinserção social e promover a diferenciação e individualização da intervenção dos Estabelecimentos Prisionais.

Acesso à Justiça e funcionamento dos tribunais

  • Promover a reforma do Regulamento das Custas Processuais;
  • Atribuir autonomia administrativa e financeira aos Tribunais de primeira instância;
  • Requalificar os edifícios dos tribunais e reforçar o desenvolvimento dos respetivos equipamentos tecnológicos.

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“É urgente baixar IRS”. Governo aponta para redução com foco na classe média

Baixar o IRS para a classe média, alargar o IRS Jovem e isentar de impostos os prémios de desempenho. Eis as medidas do Governo de Luís Montenegro para reforçar os ordenados líquidos.

A redução significativa do IRS é uma das prioridades do Governo de Luís Montenegro, de acordo com o programa que foi aprovado esta quarta-feira em Conselho de Ministros e entregue no Parlamento. Tal como já constava do programa eleitoral da Aliança Democrática, a intenção é baixar esse imposto até ao oitavo escalão, com um foco especial na classe média.

“É urgente baixar a elevada carga fiscal sobre o trabalho que erode o valor líquido dos salários e desincentiva o esforço e melhores desempenhos. A principal prioridade na redução da carga fiscal é o desagravamento, significativo, do IRS, especialmente sobre jovens e classe média”, lê-se no documento que recebeu “luz verde”.

Em concreto, e “em primeira linha”, o Governo compromete-se com a redução do IRS para os contribuintes até ao oitavo escalão, através da redução das taxas marginais entre 0,5 e três pontos percentuais face a 2023, mas também com a adoção “duradoura e estrutural” do IRS Jovem, com uma redução de dois terços nas taxas de 2023, tendo uma taxa máxima de 15% aplicada a todos os jovens até aos 35 anos, com exceção do último escalão de rendimentos. Hoje, o IRS Jovem abrange apenas os primeiros cinco anos da vida ativa dos jovens.

Além disso, o Governo quer fixar a “obrigação legal de atualização dos escalões e tabelas de retenção em linha com a inflação e o crescimento da produtividade”. Os escalões do IRS foram atualizados várias vezes durante o Governo de António Costa, mas também houve anos em que tal não aconteceu. Por exemplo, não o fez em 2022, o que acabou por gerar 523 milhões de euros em receita adicional para o Estado.

Outra das medidas com as quais o Governo de Luís Montenegro se compromete é a isenção de contribuição e impostos dos prémios de desempenho até ao limite equivalente de um vencimento mensal.

Com esta última proposta, o Executivo dá a mão aos patrões, já que essa foi uma das medidas pedidas pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) para estimular os vencimentos. A esquerda crítica fortemente esta medida, garantindo que o que é necessário é reforçar os ordenados, e não atribuir prémios que não têm um impacto mais efetivo e regular na carteira dos portugueses.

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