“Se há lóbi, não será com certeza na ANA”. Concessionária critica relatório do novo aeroporto

Concessionária diz que "não é verdade e é pouco sério" afirmar que localizações além do Montijo não têm necessidade de financiamento público, como sustenta a Comissão Técnica Independente.

A ANA lamenta que a Comissão Técnica Independente (CTI) não tenha ouvido a concessionária no plano técnico, considera que “há falta de objetividade” no relatório da Avaliação Ambiental Estratégica e que é “pouco sério” concluir que localizações para o novo aeroporto não exigem dinheiro público.

A divulgação da avaliação às opções estratégicas para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa colocou a Comissão Técnica Independente (CTI) e a concessionária dos aeroportos nacionais em lados opostos da barricada. A ANA tem defendido o Montijo como a melhor solução para aumentar a oferta de voos no curto a médio prazo, enquanto a CTI considera a infraestrutura inviável, devido aos limites à expansão, recomendando antes o Campo de Tiro de Alcochete.

A concessionária liderada por Thierry Ligonnière é muito crítica do relatório. “Ficámos com a sensação clara que a ANA foi ouvida, mas não foi tida nem achada”, afirma fonte oficial ao ECO. “Foi considerada como um lóbi, o que é lamentável, quando tem 80 anos de experiência aeronáutica”, acrescenta.

O processo foi marcado por acusações de falta de independência de alguns investigadores contratados pela Comissão, por no passado terem declarado publicamente a sua preferência pelo Campo de Tiro de Alcochete. É o caso dos engenheiros Vítor Rocha e Vasco Afonso. O próprio presidente da Comissão de Acompanhamento da Avaliação Ambiental Estratégia, Carlos Mineiro Aires, expressou em 2021 a mesma opinião. A concessionária chegou a enviar-lhe uma carta a manifestar as suas preocupações. Na apresentação do relatório preliminar, na terça-feira, a coordenadora geral, Rosário Partidário, garantiu que a CTI “não está sujeita hierarquicamente ao Governo e não tem preferências profissionais ou individuais em relação a qualquer uma das estratégias”.

Surpreendeu-nos a afirmação de que outras localizações não têm necessidade de financiamento público. Não é verdade e é pouco sério.

Fonte oficial da ANA

Se há lóbi, não será com certeza na ANA“, diz fonte oficial da concessionária, considerando também que “há falta de objetividade no relatório”. Uma das falhas que aponta diz respeito à necessidade de dinheiro dos contribuintes caso a opção não seja o Montijo.

Surpreendeu-nos a afirmação de que outras localizações não têm necessidade de financiamento público. Não é verdade e é pouco sério”, refere a mesma fonte, sublinhando que “o contrato de concessão diz que o concessionário [a ANA] tem de apresentar uma solução para a expansão da capacidade e há uma negociação com o concedente [o Estado]”.

O contrato de concessão celebrado entre o Estado e a ANA em 2012, antes ainda desta ser privatizada à Vinci por 3.080 milhões de euros, determina que o investimento num novo aeroporto é suportado pelas taxas aeroportuárias, desde que estas sejam competitivas. Ou seja, não sejam de tal forma agravadas que penalizem a procura. O que pode acontecer caso o custo da nova infraestrutura seja muito elevado.

Não sendo as taxas necessárias para recuperar o investimento competitivas, o Estado tem de financiar o resto. Essa não foi a leitura da Comissão de Acompanhamento, que conclui no relatório que todas as opções estratégicas podem ser construídas sem necessidade de dinheiro público. Segundo as contas apresentadas no relatório da Avaliação Ambiental Estratégica, a solução dual Portela + Montijo custaria 1,38 mil milhões de euros enquanto a combinação do Humberto Delgado com Alcochete sobe para 3,23 mil milhões, considerando apenas uma pista. O desenvolvimento deste último projeto a 50 anos custa mais de 8.000 milhões de euros.

Financiamento do Estado pode violar regras europeias

O recurso a financiamento do Estado pode, por outro lado, conflituar com as regras da concorrência da União Europeia. O relatório de avaliação às opções estratégicas conclui que “o financiamento público do investimento em infraestruturas e equipamentos e do funcionamento do aeroporto Humberto Delgado e do novo aeroporto de Lisboa estará, cumpridos os requisitos, sujeito ao regime dos auxílios de Estado”, que têm de ser autorizados pela Comissão Europeia.

A hipótese de aprovação é considerada baixa, porque “para ser elegível para um auxílio ao funcionamento, o tráfego anual do aeroporto não deve exceder 3 milhões de passageiros”. Em 2022, passaram pelo Humberto Delgado 28 milhões de passageiros. O auxílio de Estado poderá ser admissível apenas se estiver em causa uma relocalização da infraestrutura.

Uma renegociação do contrato de concessão através do alargamento do prazo (atualmente vai até 2062) também é limitada pelas regras europeias da concorrência, sendo admissível a extensão apenas por um número limitado de anos.

Há outras divergências entre a concessionária e as conclusões do relatório. Uma delas diz respeito ao tempo de construção. A ANA apontou no passado para um prazo de quatro anos, enquanto o relatório refere sete anos, apenas menos um que a opção pelo Campo de Tiro de Alcochete.

A decisão final caberá ao próximo Governo. Isso mesmo quis deixar claro esta quinta-feira o secretário de Estado das Infraestruturas. “É da natureza dos contratos de concessão que não cabe ao concessionário decidir que investimentos é que faz. Ou eles estão explicitamente previstos no contrato de concessão ou existem mecanismos no contrato de concessão para que o concedente, e não o concessionário, decida investimentos que têm de ser feitos”, afirmou Frederico Francisco durante o briefing do Conselho de Ministros.

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Medina relata “interesse muito grande” de ministros das Finanças na crise política em Portugal

  • Lusa
  • 8 Dezembro 2023

O ministro das Finanças relatou o "interesse muito grande" dos seus homólogos europeussobre a crise política em Portugal, mas garantiu-lhes que o país "está numa situação estável".

O ministro das Finanças, Fernando Medina, relatou o “interesse muito grande” dos seus homólogos da União Europeia (UE) sobre a crise política em Portugal, mas garantiu-lhes que o país “está, do ponto de vista financeiro, numa situação estável”. “Naturalmente, há sempre um interesse muito grande por parte dos vários países sobre o que se passa em Portugal e sobre a situação portuguesa, [mas] tive ocasião de transmitir aos meus colegas informações mais precisas sobre a nossa realidade, informando que Portugal está, do ponto de vista financeiro, numa situação estável“, disse Fernando Medina.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, após as reuniões do Eurogrupo na quinta-feira e do Ecofin desta sexta-feira, o governante elencou que Portugal tem “o seu orçamento aprovado e […]os instrumentos necessários para que o país viva em normalidade do ponto de vista económico e do ponto de vista financeiro“.

Além disso, “temos perspetivas de crescimento que se mantêm e que se são superiores às da zona euro, quer relativamente a 2023, quer relativamente ao ano de 2024 e, depois, teremos o que é normal em todos os países que é a democracia a funcionar com eleições legislativas marcadas para dia 10 de março“, adiantou Fernando Medina.

O ministro português das Finanças disse ainda ter salientado aos seus homólogos europeus “que o país tem, neste momento, os instrumentos e a determinação de, enquanto [o atual Governo] estiver em funções, prosseguir esta política”.

O Presidente da República anunciou a dissolução da Assembleia da República e convocou eleições antecipadas para 10 de março de 2024, na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa.

A escolha da data visava a votação final global do OE2024, cuja aprovação aconteceu no passado dia 29 de novembro.

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Metro do Porto transportou mais de mil milhões de passageiros em 21 anos

  • Lusa
  • 8 Dezembro 2023

A Metro do Porto transportou mais de mil milhões de passageiros desde a abertura, há 21 anos, tendo já este ano superado o "recorde anual de procura", com mais de 72 milhões de utilizadores.

A Metro do Porto transportou mais de mil milhões de passageiros desde a abertura da primeira linha há 21 anos, tendo já este ano superado o “recorde anual de procura”, com mais de 72 milhões de utilizadores. Num comunicado na sua página oficial, a Metro do Porto assinala os 21 anos de operação do sistema e a abertura, a 07 de dezembro de dezembro de 2002, do troço da linha Azul, que funcionava entre as estações da Trindade e do Senhor de Matosinhos.

Da abertura em 1999 do primeiro estaleiro de obra, em Campanhã, à inauguração da estação VC Fashion Outlet — Modivas, a última a ser criada em 2017, a rede estendeu-se ao longo de 67 quilómetros e 82 estações.

À linha Azul somaram-se mais cinco linhas (linha Vermelha, Verde, Amarela, Violeta e Laranja) e ao Porto e Matosinhos, juntaram-se os municípios de Vila Nova de Gaia, Maia, Gondomar, Vila do Conde e Póvoa do Varzim.

Desde então, foram registadas 1.031 milhões de validações e percorridos mais de 133 milhões de quilómetros, o equivalente a 3.325 voltas completas ao planeta Terra.

Durante estes 21 anos, a Metro do Porto destaca também “os assinaláveis ganhos ambientais”: menos 55 mil toneladas anuais de dióxido de carbono (CO2) emitidas, mais de 200 mil metros quadrados de áreas verdes e mais de cinco mil árvores plantadas no âmbito de obras de requalificação complementares à rede.

Este ano “foi já superado o recorde anual de procura [de 2019], com mais de 72 milhões de pessoas a viajar a bordo dos veículos do metro”, revela a empresa. “Mas se estes 21 anos nos enchem de satisfação pelos resultados averbados, é no futuro que se encontra o centro das nossas atenções”, refere a Metro do Porto, assinalando o término da empreitada de extensão da linha Amarela entre Santo Ovídio e Vila d’Este no final deste ano e a conclusão da linha Rosa em 2024.

A Metro do Porto elenca também o arranque dos trabalhos de construção da linha Rubi, que ligará a Casa da Música e Santo Ovídio e implica a construção de uma nova ponte sobre o rio Douro, e a inauguração do metroBus, entre a Boavista à Praça do Império e Rotunda da Anémona.

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Nadia Calviño vai ser a primeira mulher a liderar Banco Europeu de Investimento

  • Lusa
  • 8 Dezembro 2023

A vice-presidente do Governo espanhol Nadia Calviño foi escolhida pelos ministros das Finanças da União Europeia (UE) como a primeira mulher na presidência do Banco Europeu de Investimento (BEI).

A vice-presidente do Governo espanhol Nadia Calviño foi escolhida pelos ministros das Finanças da União Europeia (UE) como a primeira mulher na presidência do Banco Europeu de Investimento (BEI), a instituição financeira do bloco, avançaram fontes europeias.

A escolha foi feita na reunião desta sexta-feira do Ecofin, em Bruxelas, na qual foi dada ‘luz verde’ ao nome de Nadia Calviño, de acordo com as fontes europeias, após a votação que implicava o aval de 18 países (e 68% do capital subscrito) do Conselho de Governadores do BEI, constituído pelos ministros das Finanças de todos os países da UE.

Tal como a Lusa já tinha avançado em setembro passado, Portugal apoiava a candidatura da vice-presidente do Governo espanhol e ministra da Economia, Comércio e Empresas.

Este que é hoje considerado um dos lugares de topo nas instituições da UE atraiu, desta vez, o interesse de vários altos funcionários europeus, depois de ter sido liderado durante 12 anos pelo único candidato, o alemão Werner Hoyer, que cumpriu dois mandatos de seis anos e está agora de saída.

O interesse renovado na liderança do BEI reflete uma nova página desta que é a maior instituição financeira multilateral do mundo em termos de ativos e que será crucial para apoiar a UE nas suas metas ‘verdes’ e digitais.

Werner Hoyer deixa o cargo no final do ano pelo que os governantes tinham até então para nomear um sucessor.

Detido pelos Estados-membros e sediado no Luxemburgo, o BEI é a instituição financeira do bloco comunitário, que suporta financeiramente projetos dentro e fora da UE alinhados com as prioridades europeias, como o crescimento e melhoria do emprego, o combate às alterações climáticas e a transição digital.

Tem atualmente fundos próprios de 78 mil milhões de euros, um balanço contabilístico de 544 mil milhões de euros e um capital subscrito de 249 mil milhões de euros.

Cabe ao presidente do BEI liderar decisões como a contração de empréstimos e a concessão de financiamentos, nomeadamente de empréstimos e de garantias.

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Ministros das Finanças da UE terminam reunião sem acordo sobre novas regras orçamentais

  • Lusa
  • 8 Dezembro 2023

Os ministros da Economia e das Finanças da União Europeia terminaram esta madrugada a reunião sobre as novas regras orçamentais do bloco sem chegar a um acordo, mas vão retomar os contactos.

Os ministros da Economia e das Finanças da União Europeia (Ecofin) terminaram esta madrugada a reunião sobre as novas regras orçamentais do bloco sem chegar a um acordo, mas vão retomar os contactos esta sexta-feira. Apesar de terem sido feito progressos, não existem sinais de que seja possível chegar a um acordo nas próximas horas. Os ministros estão a discutir a reforma das regras orçamentais, com tetos para dívida e défice, mas ainda estão “muito distantes” de um acordo, uma informação avançada à agência Lusa por várias fontes europeias próximas às negociações.

Organizado pela presidência espanhola do Conselho da UE, este jantar informal visava encontrar um consenso entre os ministros das Finanças dos 27 Estados-membros sobre a reforma do quadro de governação económica, com base numa proposta de Espanha que prevê uma diminuição média mínima da dívida de, pelo menos, 1% ao ano para os países com um rácio da dívida superior a 90% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 0,5% para os que estão entre este patamar e o teto de 60% do PIB.

A proposta espanhola defende também um objetivo de redução do défice para 1,5% como margem de segurança, mesmo que o défice das contas públicas seja inferior ao teto de 3% do PIB.

Estas exigências foram impostas por um grupo de países ‘frugais’ liderados pela Alemanha, que sempre pediu metas quantitativas contra o endividamento, mas são contestadas por países como Itália, que exigem mais flexibilidade, de acordo com fontes europeias.

A França, por seu lado, admite que o ajustamento estrutural seja reduzido de 0,5% do PIB para 0,3% para os países que se comprometam com investimentos e reformas, mas a sugestão de Paris não é bem vista por Berlim, segundo as mesmas fontes.

Na quinta-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, disse que “mais passos são necessários” para um acordo na UE sobre as novas regras orçamentais, admitindo que não haja já consenso.

Certo é que, dadas as eleições europeias de junho de 2024, este dossiê deveria ficar já ‘fechado’ dado o necessário tempo para a negociação dos colegisladores (Conselho e Parlamento Europeu).

A discussão surge quando se prevê a retoma destas regras orçamentais no próximo ano, após a suspensão devido à pandemia de covid-19 e à guerra da Ucrânia, com nova formulação apesar dos habituais tetos de 60% do PIB para a dívida pública e de 3% do PIB para o défice.

Portugal tem vindo a defender a introdução de um caráter anticíclico nesta reforma, para que, em alturas de maior crescimento económico, os países realizem um esforço maior para baixar a dívida pública e que, ao invés, tenham ritmos de redução mais lentos em alturas de PIB mais contido.

A discussão tem por base uma proposta da Comissão Europeia, divulgada em abril passado, para regras orçamentais baseadas no risco, com uma trajetória técnica e personalizada para países endividados da UE, como Portugal, dando-lhes mais tempo para reduzir o défice e a dívida.

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Desde o anúncio da demissão, Governo fechou 12 acordos com impacto superior a 1,3 mil milhões de euros

A legislatura, que deveria terminar em 2026, ficou pelo caminho. Desde então, o Executivo finalizou dossiês pendentes que terão um custo de mais de 1,3 mil milhões nos próximos anos.

Publicado o decreto de demissão pelo Presidente da República esta quinta-feira, o Governo, o último de António Costa, entra em modo de gestão, com poderes limitados. Mas antes disso, e no espaço de um mês desde que o primeiro-ministro apresentou a exoneração, o Executivo conseguiu fechar 12 acordos decisivos com vários setores da sociedade, nomeadamente com a Função Pública, que representam um custo de mais de 1,3 mil milhões de euros nos próximos anos. Resta saber se o futuro elenco governativo irá cumprir o que ficou gravado na pedra.

Foi precisamente há um mês, que, pela hora de almoço, António Costa falava ao país para comunicar que apresentava a demissão, na sequência da Operação Influencer, que investiga suspeitas nos negócios do lítio, hidrogénio verde e no centro de dados de Sines.

O terramoto político com epicentro no Governo – que conduziu, nomeadamente, à realização de buscas em São Bento, à casa do ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, e ao Ministério do Ambiente, bem como à detenção de Vítor Escária e de Diogo Lacerda Machado e à abertura de um inquérito autónomo ao chefe de Governo no Supremo Tribunal de Justiça – levou António Costa a considerar que já não tinha condições para chefiar o Executivo.

A legislatura deveria terminar em 2026, mas ficou pelo caminho e, desde então, o Governo tem vindo a fechar dossiês que estavam “pendurados”, com a campanha eleitoral na mira. Num mês, o Executivo fechou 12 acordos dos quais nove com impacto de, pelo menos, 1,28 mil milhões nos próximos anos. Sem surpresas, a maior fatura é com os aumentos salariais no Estado: são 847 milhões de euros, o que corresponde a 66% dos custos globais. Conheça os principais.

Governo aprova aumentos salariais de 52 euros e 3% na Função Pública para 2024

No rescaldo da crise política e horas antes de o Presidente da República comunicar ao país que iria dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas, o Governo, aprovou, em Conselho de Ministros, as atualizações salariais para a Função Pública que vão entrar em vigor em 2024. Em causa estão aumentos que oscilam entre 52,63 euros até ordenados brutos mensais de 1.754,49 euros e 3% para remunerações superiores.

Tal como explicou o ECO, os aumentos nominais de 52,63 euros para remunerações até 1.754,49 euros correspondem a uma subida entre 6,8% e 3,1%, sendo que 22% ou 164 mil funcionários do total de 745 mil, e que estão na Base Remuneratória Única (vulgo salário mínimo do Estado), vão ter a atualização mais alta, de 6,8%, em termos percentuais. Estas subidas ficam, contudo, abaixo do reivindicado pelos sindicatos da Função Pública. Estes aumentos vão custar 847 milhões de euros aos cofres do Estado.

Novo sistema de avaliação avança já no ciclo avaliativo 2023/2024

O Governo estima gastar 150 milhões de euros por ano com a revisão do sistema de avaliação (SIADAP) da Função Pública que vai permitir que mais trabalhadores (60% em vez de 25%) progridam na carreira, com a correspondente valorização salarial, e com menos pontos (oito em vez de dez) já neste ciclo avaliativo 2023/2024, antecipando em um ano o que estava previsto.

A primeira fatura, de 98 milhões de euros, chega em 2025 e será referente ao atual período de avaliação, ainda bianual, mas que passará a ser anual. A partir de 2026, quando o novo SIADAP for totalmente implementado, abrangendo também os serviços e dirigentes e não apenas os trabalhadores, a despesa global irá ascender a 150 milhões de euros por ano.

O custo das medidas terá de ser suportado pelo futuro Executivo, e não o atual, mas a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, afirmou, em meados de novembro, que “o Governo não está a dar um passo maior do que a perna” nem a tomar medidas que não tomaria sem eleições à vista. “Estamos a falar de passar para 2025, não estamos a falar de 2024. Considerar isto eleitoralista é desgarrado da realidade”, sublinhou.

Jackpot no acelerador de progressões com apenas seis pontos

O “acelerador de progressões” na Função Pública, que permite progredir na carreira a quem acumule apenas seis pontos, em vez dos atuais 10, desde que o trabalhador tenha sofrido os dois períodos de congelamento, vai abranger 350 mil trabalhadores e terá um impacto de mais de 128 milhões de euros. Neste mecanismo, destinado a compensar os funcionários públicos abrangidos pelos congelamentos, vão também ser abrangidos aqueles que trabalham nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

Esta medida incide sobre os períodos de congelamento que ocorreram entre 2005 e 2007 e entre 2011 e 2017, sendo que o objetivo é que os trabalhadores possam progredir com seis pontos na avaliação de desempenho (uma redução face aos dez atualmente exigidos).

Os trabalhadores que mudaram de carreira também vão beneficiar deste jackpot, como lhe chamou a Frente Comum, que ficou fora do acordo, assim como o pessoal dos hospitais EPE (entidades públicas empresariais).

O mecanismo aplica-se a partir de 2024, sendo que a “alteração do posicionamento remuneratório produz efeitos a 1 de janeiro do ano em que o trabalhador acumule o número de pontos necessários para a alteração obrigatória do posicionamento remuneratório”, segundo o Ministério da Presidência que tutela a Função Pública.

Técnicos superiores com salto adicional entre 52 e 210 euros e sem perda de pontos

Numa corrida contra o tempo, Governo e sindicatos fecharam o projeto de diploma que prevê uma valorização adicional dos cerca de 68 mil técnicos superiores do Estado, antes da publicação do decreto de demissão do Executivo, e que prevê um aumento extra entre 52 e 210 euros mensais.

Assim, e já a partir do próximo ano, 9,6 mil licenciados das carreiras gerais vão poder dar um salto remuneratório por via da redução do número de degraus que serão necessários percorrer para chegar ao topo. Esta valorização já não irá implicar a perda de pontos para efeitos de progressão como inicialmente tinha sido equacionado pelo Executivo.

Esta medida terá um impacto, no próximo ano, de 16,5 milhões de euros que, até 2030, irá chegar aos 90,3 milhões de euros. Se incluirmos as valorizações dos técnicos superiores especialistas do INE e das Finanças o custo global irá ascender aos 91 milhões de euros.

Em causa está a revisão da carreira geral de técnico superior da Administração Pública que reduz o número de etapas que terão de ser percorridas para chegar ao topo da carreira. “A tabela remuneratória dos técnicos superiores passa de 14 para 11 posições remuneratórias”, indicou Inês Ramires.

Com esta reformulação, é eliminada a primeira posição, que está no nível 12, com um ordenado de 1.122,84 euros, e que só serve para as situações transitórias de mobilidade intercarreiras. Na prática, os técnicos superiores licenciados já entram logo na segunda posição, de 1.333,35 euros, e que, no próximo ano, vai subir para 1.385,99 euros, pela atualização salarial.

Assim, “1.250 trabalhadores”, que estavam na primeira posição saltam, logo em 2025, para a segunda, o que dá um “aumento de cerca 210 euros”, porque os níveis remuneratórios avançam quatro degraus, do nível 12, com um vencimento de 1.122,84 euros, para o 16, com um salário de 1.333,35 euros.

Em pelo menos duas posições haverá também incrementos salariais na ordem dos 200 euros, por efeito da revisão da carreira. A nona posição, que está no nível 43, com um vencimento de 2.755,84 euros, passa para a oitava posição com um nível superior (46), que dá um ordenado de 2.916,89 euros. Trata-se de um aumento de 161 euros brutos por mês. Do mesmo modo, quem está na 13.ª posição, no nível 55, com um vencimento de 3.400,05 euros, passa para a 11.ª e última posição, no nível remuneratório 58, que corresponde a um ordenado de 3.561,11 euros brutos mensais. Isto significa um avanço de 161 euros.

Noutros casos, os aumentos serão entre 52 ou pouco mais de 100 euros, como é o caso dos trabalhadores que estão na terceira posição, no nível 20, com um ordenado de 1.543,88 euros, e que passam para o segundo patamar, no nível 21, com um vencimento de 1.596,52 euros, o que corresponde a um salto adicional de cerca de 52 euros. Já quem está na quarta posição, no nível 24, com um ganho mensal de 1.754,41 euros, passa para a terceira, mas o nível sobe para 26, com um ordenado de 1.859,67 euros, o que significa um aumento de 105 euros.

Técnicos superiores do INE e Finanças têm aumento extra com efeitos a janeiro

Nesse mesmo dia, o Executivo aprovou ainda um decreto-lei que prevê que os técnicos superiores do Instituto Nacional de Estatística (INE) e das Finanças tenham, ainda este ano, um aumento extraordinário de 52,64 euros brutos mensais com retroativos a 1 de janeiro.

Este diploma permite dar um salto extra na posição remuneratória em cada um dos 14 níveis existentes. Assim, o salário de entrada destes licenciados, que está nos 1.333,35 euros brutos mensais, vai subir 52,64 euros para 1.385,99 euros. Este aumento de cerca de 52 euros vai beneficiar os trabalhadores dos restantes patamares remuneratórios. Só na última posição, que está nos 3.775,83 euros, não haverá uma valorização salarial. Em declarações ao ECO, o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, adiantou que a medida vai beneficiar “cerca de 500 trabalhadores”.

Polícias municipais vão ter aumentos salariais de até 280 euros. PJ com suplemento de missão

A par destes, também os polícias municipais vão ter aumentos salariais, mas desta vez de até 280 euros, que incluem o pagamento de 52,63 euros mensais com retroativos a janeiro deste ano e um incremento adicional de até 228 euros, em 2024. Em termos médios globais, os ordenados desta carreira sobem cerca de 20%.

A medida, que foi conhecida na semana em que arrancou a discussão do OE2024 em sede da especialidade, vai abranger cerca de mil polícias municipais que existem no País, sendo que os encargos com as valorizações remuneratórias são da responsabilidade da Administração Local, isto é, das autarquias.

O Executivo aprovou também na semana passada um suplemento de missão para a Polícia Judiciária (PJ) que será pago em conjunto com o salário e, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês, de acordo com as contas do Executivo. A decisão causou desconforto nas forças de segurança, nomeadamente PSP e GNR.

Questionada sobre este desconforto, a ministra da Presidência afirmou, esta quinta-feira, no final do último Conselho de Ministros com o Governo em plenitude de funções, que este suplemento foi revisto entre “a ministra da Justiça e os sindicatos do setor”, mas sublinha, que, ao longo destes oito anos, o Executivo “reviu carreiras e melhorou as condições de todos os trabalhadores da Administração Pública” e que “essas revisões não acontecem todas em simultâneo”.

Além disso, Mariana Vieira da Silva, adianta que, na sequência da crise política, “procurou concluir processos na área da Administração Pública” e que a regulamentação do suplemento para a PJ era um dos processos “em curso”. Não obstante, a governante garante que nestes 8 anos, e nomeadamente no que concerne às forças de segurança, “foi possível fazer um significativo reforço dos salários”. E dado, que entra a partir de hoje, em gestão ” o que vier ser aprovado será pelo próximo Governo”, concluiu.

Governo cria nova carreira de técnicos auxiliares de saúde e chega a acordo com médicos

Pelo setor da Saúde, o Governo aprovou, a 23 de novembro, a nova carreira de técnico auxiliar de saúde (TAS), reivindicada há mais de uma década pelos sindicatos. A medida vai abranger mais de 24 mil assistentes operacionais do SNS que vão transitar para a nova carreira já no início do próximo ano e terá um custo de cerca de 23 milhões de euros, tal como revelou ao ECO o secretário-geral do SINTAP, José Abraão.

Em termos salariais, “a transição para a carreira de TAS, traduz-se num acréscimo salarial de cerca de 100 euros mensais, correspondente a um aumento de 13%”, segundo divulgou na altura o Ministério da Saúde.

E ainda na “reta final”, a tutela liderada por Manuel Pizarro conseguiu chegar a acordo intercalar com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) sobre a revisão salarial que vai vigorar no próximo ano, após 19 meses de negociações. Para o regime das 40 horas semanais (o mais comum na carreira médica), os médicos em início de carreira (os assistentes) vão ter um aumento de 14,6% em 2024, enquanto os assistentes graduados [a segunda categoria da carreira] terão um aumento de 12,9% e os assistentes graduados sénior de 10,9%.

Contas feitas, e de acordo com a tabela remuneratória divulgada pelo SIM, neste regime os aumentos variam entre 417,66 euros brutos (em inicio de carreira) e os 490,13 euros brutos (no topo da carreira). Contudo, de fora ficou a Federação Nacional dos Médicos, o que tem levantado dúvidas sobre a quem se aplicará o acordo. Ao ECO, a tutela liderada por Manuel Pizarro referiu que “o Ministério da Saúde está agora a ultimar os termos concretos da sua operacionalização”, pelo que não divulga, para já, o impacto orçamental da medida nem a quantos médicos se aplicará. Mas, perante as dúvidas dos sindicatos, fonte do Ministério da Saúde explicou ao ECO que o Executivo está agora a “avaliar a extensão da aplicação do acordo a todos os médicos”.

Professores em escolas portuguesas no estrangeiro vão vincular

Também na semana passada, o Executivo, aprovou, em Conselho de Ministros, o decreto-lei que “estabelece o regime de concursos destinados à seleção e recrutamento do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário das Escolas Portuguesas no Estrangeiro da rede pública do Ministério da Educação e dos respetivos polo“, lê-se no comunicado.

Na prática, isto significa que os professores das Escolas Portuguesas no Estrangeiro vão poder entrar para os quadros do Ministério. Ao ECO, fonte oficial do Ministério da Educação, adianta que esta “medida tem um impacto financeiro de 313.726, 56 euros no ano de implementação”.

Além disso, este diploma vem também alterar o estatuto da carreira docente “no sentido de ser reconhecido o tempo de serviço prestado por docentes com qualificação profissional para a docência em regime de contrato em funções públicas a termo resolutivo, para efeitos de conclusão do período probatório“. Decreto-lei também alarga a estes professores o tempo de serviço “legalmente exigido para a progressão ao escalão seguinte, no caso de aquisição de mestrados e de doutoramentos, tal como acontece com os docentes do quadro”.

Senhorios vão ser compensados pelas rendas antigas

Já pelo setor da habitação, o Executivo recuou no que tinha sido transmitido pela ministra responsável pela pasta no dia anterior e aprovou também na semana passada uma compensação aos senhorios deaté ao limite de 1/15 do valor patrimonial tributário” para os contratos de arrendamento celebrados antes de 18 de novembro de 1990.

Em causa estão cerca de 124.083 contratos de arrendamento com proprietários privados e a medida tem um custo de 26,6 milhões de euros anuais, de acordo com o estudo pedido pelo Governo, que apontava três cenários diferentes para atribuir compensação aos proprietários. E estes números resultam num subsídio mensal médio de cerca de 17,85 euros por cada contrato, de acordo com as contas da Associação Lisbonense de Proprietários. Esta é, aliás, a solução que consta do relatório que implicava o menor impacto orçamental.

Transportes públicos vão receber apoio de 16,2 milhões para combustíveis

E no plano da mobilidade, o Executivo decidiu voltar a atribuir um apoio extraordinário de 16,2 milhões de euros ao setor dos transportes públicos de passageiros, para atenuar os efeitos do aumento de preços do combustível no segundo semestre do ano, avançou ao ECO fonte oficial do Ministério do Ambiente. O apoio será pago até 31 de março de 2024, tendo como fonte de financiamento o Orçamento do Estado.

Este apoio, também aprovado em Conselho de Ministros na semana passada, segue os mesmos moldes do aplicado nos primeiros seis meses do ano. É calculado “com base num valor de dez cêntimos por litro para os veículos que utilizem combustíveis fósseis que não o gás natural e de 30 cêntimos por litro para os veículos pesados que utilizem gás natural, assumindo consumos de 2.100 litros por mês por autocarro”. A referência é agora “o período entre 1 de julho e 21 de dezembro”, apontou a mesma fonte.

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Bolsa de Lisboa abre a cair 0,10%

  • Lusa
  • 8 Dezembro 2023

A bolsa de Lisboa abriu em terreno negativo, com o índice PSI (Portugal Stock Index) a cair 0,10%, para os 6.535,76 pontos.

A bolsa de Lisboa abriu esta sexta-feira em terreno negativo, com o índice PSI (Portugal Stock Index) a cair 0,10%, para os 6.535,76 pontos.

Na quinta-feira, a bolsa de Lisboa pôs fim a um ciclo de 10 subidas consecutivas e encerrou com o índice PSI a perder 1,22% para 6.529,49 pontos, pressionado por uma queda acentuada do BCP (-5,77%).

Das 16 cotadas que integram o PSI, três subiram, 12 desceram e uma ficou inalterada (Corticeira Amorim).

No resto da Europa, as principais bolsas europeias fecharam na quinta-feira no ‘vermelho’, com a de Madrid a descer 1,09%, afetada pela queda dos bancos.

Milão cedeu 0,67%, Frankfurt 0,16%, Paris 0,10% e Londres 0,02%.

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Karl Lagerfeld prepara investimento no mercado imobiliário nacional de luxo

A marca de moda parisiense associada ao estilista Karl Lagerfeld uniu-se à promotora Overseas para investir num edifício residencial de luxo em Lisboa.

Pedro Vicente, CEO da Overseas (esquerda), Pier Paolo, CEO da Karl Lagerfeld (centro) e Ricardo Pucci, project shareholder (direita).

O mercado imobiliário nacional continua a cativar investidores estrangeiros, particularmente em redor de projetos orientados para a gama de luxo. É nesse âmbito que a reconhecida marca parisiense Karl Lagerfeld se associou a um grupo de investidores nacionais e brasileiros para construir um edifício residencial em Lisboa destinado ao segmento imobiliário de gama alta.

Ainda sem data definida para entrar no mercado, Pedro Vicente, CEO da Overseas, a promotora do investimento, revela ao ECO que “o projeto será composto por dez apartamentos de um e dois pisos com áreas a partir dos 220 metros quadrados” e que o projeto será submetido à Câmara Municipal de Lisboa em fevereiro.

“Gostaríamos de começar com pré-vendas já no final de 2024”, revela Pedro Vicente, adiantando ao ECO que o projeto conta com três investidores nacionais e brasileiros, como é o caso de Ricardo Pucci, CEO da Galli Investimentos e Participações.

A Karl Lagerfeld não é um dos investidores do projeto. Segundo Pedro Vicente, a marca francesa entra como parceira na planificação de todo o design e marca do espaço, como sucedeu num empreendimento residencial em Marbella, no hotel Karl Lagerfeld Macau, assim como no hotel de luxo e projeto residencial The Sail em Melaka, na Malásia, e o desenvolvimento de moradias de luxo no Dubai.

“Partilhamos os valores basilares da inovação e o foco na construção de um futuro melhor, estou certo que este projeto será um importante acréscimo à valiosa e vibrante cidade de Lisboa”, refere Pier Paolo Righi, CEO da Karl Lagerfeld.

Desde maio do ano passado que a Karl Lagerfeld é detida pela G-III Apparel Group, uma empresa norte-americana cotada em bolsa, que conta no seu portefólio com outras marcas de moda como a DKNY e a Jessica Howard.

Para a construção do edifício de luxo com a marca e o design da Karl Lagerfeld que irá nascer no centro da Rua Braamcamp, os investidores do projeto adquiriram dois edifícios. Pedro Vicente não quis revelar o valor dessa aquisição nem do investimento que irá ser realizado na construção do novo edifício, mas adiantou que o financiamento será realizado com capitais próprios e financiamento bancário.

No entanto, destaca que “este investimento atesta a maturidade do nosso mercado, porque este tipo de projetos são conhecidos em mercados novos, como o Dubai. Mesmo na Europa é algo novo”, refere Pedro Vicente, confidenciando ainda que a Overseas já tem um mandando da Karl Lagerfeld para planear um edifício em São Paulo ao estilo do que está a ser pensado para o empreendimento em Lisboa. “Mas isso ainda está em fase de procurement“, diz.

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Marcelo diz que não sabia de “diligências” no ministério da saúde

  • ECO e Lusa
  • 7 Dezembro 2023

Minutos antes de decretar a demissão do Governo, o Presidente da República publicou uma nota a reafirmar que não sabia de "quaisquer diligências junto do Ministério da Saúde no caso das gémeas".

Pela segunda vez esta semana, o Presidente da República sentiu necessidade de esclarecer o seu papel no caso das gémeas luso-brasileiras, tratadas em Portugal com um dos medicamentos mais caros do mundo no Hospital de Santa Maria.

Em nota no site da Presidência, minutos antes de decretar a demissão do Governo, Marcelo Rebelo de Sousa indicou, esta quinta-feira, que não teve “conhecimento de quaisquer diligências junto do Ministério da Saúde no caso das gémeas luso-brasileiras após o envio do dossier para o Gabinete do Primeiro-Ministro a 31 de outubro de 2019”.

O novo esclarecimento, depois de declarações à imprensa no início da semana em que reconheceu que tinha recebido um email do filho, Nuno Rebelo de Sousa, sobre o caso das gémeas, é justificado com “notícias hoje surgidas”.

A TVI adiantou esta quinta-feira à noite que António Lacerda Sales, em 2019 secretário de Estado da Saúde, teve uma reunião com Nuno Rebelo de Sousa durante o processo das meninas que sofrem de atrofia muscular espinal. Lacerda Sales reagiu entretanto a esta notícia. “Nem desmentir, nem confirmar, porque são situações que só em sede própria devem ser tratadas. Não devem ser tratadas na praça pública”, disse ao canal.

O caso tem desgastado a imagem do Presidente da República, que ainda sim acredita que tem “certamente” condições para se manter no cargo.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) indicou esta quinta-feira estar a ouvir profissionais de saúde, gestores de hospitais, organismos do Ministério da Saúde e familiares das gémeas luso-brasileiras, estando a ser recolhidas “evidências documentais e testemunhais”. Antes, a 24 de novembro, a PGR tinha confirmado que instaurou um inquérito sobre este caso.

Além da PGR e da IGAS, o caso está a ser também objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.

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Marcelo decreta demissão do Governo

Um mês depois de o primeiro-ministro ter pedido a demissão, na sequência da Operação Influencer, o Presidente da República oficializa a exoneração do Governo que agora fica com menos poderes.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinou esta quinta-feira o decreto que exonera o Governo de António Costa das suas funções, segundo uma nota curta, de duas frases, publicada no site da Presidência da República.

“O Presidente da República decretou hoje, nos termos da Constituição, a demissão do Governo, com efeitos a partir de amanhã, 8 de dezembro”, lê-se na nota. Marcelo Rebelo de Sousa lembra ainda que “após a sua demissão e até à posse do seu sucessor, o Governo assegurará, nos termos constitucionais, a prática dos ‘atos estritamente necessários para assegurar os negócios públicos'”.

A publicação do despacho acontece um mês depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter pedido a demissão, na sequência da Operação Influencer, que investiga suspeitas de corrupção nos negócios do lítio, hidrogénio verde de centro de dados de Sines.

A meio do mandato, o Governo de maioria absoluta socialista entra em modo de gestão a partir desta sexta-feira, 8 de dezembro. Os ministros ficarão assim limitados nos seus poderes, com a Constituição da República a permitir apenas a “prática de atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos”.

Recorde-se que o Presidente da República decidiu adiar a publicação do decreto de exoneração do Governo para permitir a aprovação do Orçamento do Estado do Estado para 2024. “Quero deixar a garantia da indispensável estabilidade económica e social, que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado, antes mesmo de ser formalizada a exoneração em inícios de dezembro”, justificou Marcelo Rebelo de Sousa numa comunicação ao País, a 9 de novembro, quando decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas em vez de viabilizar um novo Governo socialista, como pretendia o PS.

Ao contrário do Governo, que ficará limitado nos seus poderes, ainda que pretenda avançar com o primeiro concurso do TGV em janeiro desde que tenha o acordo do PSD, a Assembleia da República estará em plenitude de funções durante mais um mês e meio, até 15 de janeiro de 2024, data em que será dissolvida, conforme decretou o Chefe do Estado.

Significa que, até 15 de janeiro, o Parlamento vai continuar a legislar. “A Assembleia da República está em plenitude de funções até meados de janeiro”, por isso é possível “aprovar novamente o estatuto das Ordens dos Engenheiros e dos Arquitetos alterando ou não o veto do Presidente da República”, afirmou esta quinta-feira, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, durante o briefing do último Conselho de Ministros do Governo de António Costa em plenitude de funções.

Já as propostas do Governo que deram entrada na Assembleia da República caducam e ficam sem efeito no momento em que entra em vigor o decreto de demissão, ou seja, esta sexta-feira.

As eleições legislativas antecipadas estão marcadas para 10 de março. Desde a ida às urnas até à tomada de posse de um novo Executivo, é necessário contar mais cerca de dois meses. Ou seja, só teremos um Governo em funções em maio ou junho.

 

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Jornal de Notícias volta a não sair na sexta-feira. Rui Moreira alerta que o jornal é “último bastião da liberdade informativa” no Porto

  • Lusa
  • 7 Dezembro 2023

"Faz-me a maior das impressões que nós não possamos apoiar o JN. Gostaria que se encontrassem formas dos municípios poderem ajudar sem estarem agarrados às teias da contratação pública", diz o autarca

O Jornal de Notícias não vai esta sexta-feira para as bancas. É o segundo dia consecutivo e é também a primeira vez, em 135 anos, que acontece.

Entretanto, o presidente da Câmara do Porto alertou esta quinta que o Jornal de Noticias (JN) é o “último bastião da liberdade informativa” na região e defendeu que o financiamento da comunicação social “tem que ser revisto”.

Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira, que fez questão de cumprimentar os cerca de 50 trabalhadores do JN que se manifestaram esta tarde em frente à Câmara do Porto onde decorria a reunião do Conselho de Ministros, disse ainda estar surpreendido com o anúncio de despedimentos naquele diário.

Um grupo de cerca de 50 trabalhadores do JN manifestou-se esta tarde contra o anúncio do despedimento de 40 dos 90 trabalhadores daquele diário, sendo o detentor do JN, o Global Media Group (GMG), deu conta de que pretende rescindir contratos “com caráter de urgência” com 200 trabalhadores dos vários órgãos do grupo.

O JN é o último grande jornal do Porto, um jornal não é apenas uma coisa em papel, que a gente compra, é a liberdade de escrutínio, de informação, não nos podemos esquecer que no início do séculos o Porto tinha três jornais, tinha o Comércio do Porto, o Primeiro de Janeiro e o JN”, salientou Rui Moreira.

Segundo o autarca, “o JN é último bastião da liberdade informativa no Porto, é o último jornal que vê o mundo e vê o país a partir do Porto e faz isso com total liberdade”.

Rui Moreira defendeu que o que está a acontecer com o JN merece reflexão: “Eu tenho vindo a insistir que o financiamento da comunicação social tem que ser revisto (…) Numa cidade como o Porto (…) o serviço que os jornalistas prestam não pode ser quantificado em termos de vendas e isso está especificado no próprio entendimento do que é o jornalismo“, referiu.

Para o autarca, “a informação é um valor, não é um valor intangível, é tangível que se tem que proteger: “Faz-me a maior das impressões que nós não possamos apoiar o JN nesta altura. Eu gostaria que se encontrassem formas dos municípios poderem ajudar sem estarem agarrados às teias da contratação pública, poderem ajudar nisto”, salientou.

É uma boa altura para que as forças políticas definam por uma vez que aquilo que é o jornalismo não possa ser quantificado em função das vendas e daquilo que é a capacidade que os jornais possam ter de atrair publicidade”, defendeu Rui Moreira.

Em comunicado interno, quarta-feira, o grupo detentor do JN anunciou que vai negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

De acordo com o comunicado os acordos de rescisão serão negociados “num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas” do grupo, sendo o objetivo “evitar um processo de despedimento coletivo” que, segundo a Comissão Executiva, “apenas será opção em último caso”.

“Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa”, a administração do GMG avança ainda que “o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano“, lê-se.

Aquele comunicado foi divulgado quando os trabalhadores do JN se encontravam reunidos em “piquete de greve”, jornada de luta que cumpriram quarta-feira e hoje.

“Não encaramos de forma muito positiva, não queremos estar a dizer que é uma forma de pressão mas um comunicado destes que chega quando estamos a fazer um protesto, que achamos legítimo e justo, foi muito difícil de encarar e gerou insatisfação em todas as pessoas“, disse esta tarde aos jornalistas o dirigente do Sindicato dos Jornalista (SJ) Augusto Correia.

 

(Notícia retificada às 14h20. O Jornal de Notícias não chegou às bancas quinta e sexta-feira)

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Governo alarga prazo para Alojamento Local entregar comprovativo de atividade

  • ECO
  • 7 Dezembro 2023

Os proprietários de Alojamento Local vão ter até ao dia 13 de dezembro para entregar o comprovativo de atividade. "Alguns constrangimentos" no site influenciaram decisão.

O Governo decidiu prolongar o prazo para que os proprietários de Alojamento Local (AL) entreguem o comprovativo de atividade até às 23h59 do próximo dia de 13 de dezembro. A decisão foi justificada por “alguns constrangimentos” no site, dada a elevada “elevada afluência nos últimos dias”, segundo um comunicado conjunto dos ministérios da Economia e Mar, Habitação e Digitalização e Modernização Administrativa.

Os proprietários de AL já tinham alertado para os problemas técnicos – que o ministério da Economia tinha de resto admitido – e pedido o alargamento do prazo que acabava esta quinta-feira, dia 7 de novembro.

A Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) tinha recebido queixas dos proprietários de que quando tentavam submeter a documentação estavam a deparar-se com uma mensagem de erro: “Ocorreu um erro na comunicação com a entidade externa. Queira, por favor, iniciar um novo processo”.

O comprovativo de atividade de AL foi uma das condições incluídas no pacote Mais Habitação, em vigor desde 7 de outubro. Sem este passo, os proprietários correm o risco de ver a respetiva autarquia a cancelar o registo do AL.

Os titulares do registo de alojamento local são obrigados a efetuar prova, mediante apresentação de declaração contributiva, da manutenção da atividade de exploração, comunicando efetividade de exercício na plataforma RNAL – Registo Nacional de Alojamento Local, através do Balcão Único Eletrónico“, indicava o diploma do Mais Habitação.

 

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