“Maior desafio” para Portugal não é a inflação nem os juros. É a procura externa, diz Centeno

  • Lusa
  • 21 Novembro 2023

Governador do Banco de Portugal explicou em Leiria que o maior desafio que Portugal enfrenta não é a inflação, nem mesmo as taxas de juro.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse esta segunda-feira, em Leiria, que o maior desafio que o país enfrenta é uma procura externa “menos dinâmica do que em muitas crises”.

“O maior desafio que temos hoje é que enfrentamos uma procura externa para a economia portuguesa que é muito menos dinâmica do que em muitas crises ou períodos anteriores nos últimos 15 anos”, afirmou Mário Centeno, referindo que, “quando um país como Portugal, com uma pequena economia aberta, enfrenta uma desaceleração da procura externa, a economia sofre”.

Numa intervenção, em inglês, sobre os desafios da economia portuguesa, na abertura de mais uma edição da Semana de Moldes, o governador declarou que o maior desafio “não é a inflação”. “Posso até dizer que nem sequer é o nível da taxa de juro”, declarou, explicando que a economia portuguesa em desaceleração “continua a crescer, com base nas exportações e no investimento”.

Para Mário Centeno, “esta é a melhor garantia para o futuro de uma economia, crescer a partir do investimento e das exportações, não do consumo”. “E Portugal fez isso nos últimos dez anos, para que em 2022 as exportações correspondessem a 50% do PIB [Produto Interno Bruto]”, adiantou, notando que “há 15 anos representavam 30%, hoje são mais de 50%”.

Contudo, salientou que, “quando um país como Portugal, com uma pequena economia aberta, enfrenta uma desaceleração da procura externa, a economia sofre”. “(…) A procura externa em média, em 2023, 2024 e 2025, deverá crescer 1,7%. Esta é a expectativa. E digo apenas 1,7, porque se compararmos com a mesma variável durante o Programa de Ajustamento, o período muito difícil de 2012 a 2014, o mesmo número foi de 2,8%”, 1,1 pontos percentuais acima, precisou.

Segundo Centeno, o país esteve “perante uma procura externa muito mais dinâmica, mesmo num período em que o Euro estava em recessão”, e no período de pré-pandemia.

“De 2016 a 2019, a procura externa aumentou 3,4%, o dobro do número que esperamos, que prevemos, que seja o nosso aumento da procura externa nos próximos três anos”, disse, reiterando que “isto é um desafio para uma pequena economia aberta”.

Educação, a “revolução silenciosa”

Na intervenção, em que lembrou a crise decorrente da pandemia de Covid-19 e como o país a ultrapassou, destacou ainda a evolução no âmbito da educação, classificando-a como “revolução silenciosa”. “Pela primeira vez em 900 anos, estamos a aproximar-nos ao nível da educação escolar dos nossos parceiros europeus”, adiantou.

Segundo Centeno, os últimos números disponíveis, de 2022, indicam que 85% dos jovens entre os 19 e 24 anos entram no mercado de trabalho pelo menos com o ensino secundário, considerando este um “indicador chave para a economia, para a sociedade” e para o país “poder ser ambicioso”.

A Semana de Moldes, que termina na sexta-feira, é uma organização do Centimfe – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, Cefamol — Associação Nacional da Indústria de Moldes e da Pool-Net — Portuguese Tooling & Plastics Network, decorrendo entre Marinha Grande e Oliveira de Azeméis.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 21 de novembro

  • ECO
  • 21 Novembro 2023

Ao longo desta terça-feira, 21 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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5 coisas que vão marcar o dia

OCDE divulga dados sobre o crescimento do PIB enquanto a Comissão Europeia publica os comentários sobre os projetos orçamentais dos Estados-membros.

Enquanto se mantém em funções, o Governo continua as negociações com a Função Pública, focando-se agora na valorização dos técnicos superiores. Já a OCDE divulga os dados sobre a evolução da economia, no dia em que a Comissão Europeia divulga os comentários sobre os projetos orçamentais dos Estados-membros.

Governo reúne com sindicatos da Função Pública

Realiza-se esta terça-feira mais uma ronda de reuniões dos sindicatos da Função Pública com Governo, desta vez sobre a valorização dos técnicos superiores. Já foi concluído o processo atualização salarial e a revisão do SIADAP, mas agora os sindicatos reivindicam a aceleração da valorização da carreira geral de técnico superior.

Como evoluiu o PIB da OCDE?

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga esta terça-feira os dados trimestrais sobre o crescimento do Produto Interno Bruto. No segundo trimestre, o PIB dos países da OCDE cresceu 0,4% face ao trimestre anterior. No crescimento em cadeia, Portugal estagnou pelo que ficou a meio da tabela da OCDE.

Comissão Europeia divulga Pacote de Outono do Semestre Europeu

A Comissão Europeia vai publicar o Pacote de Outono, no âmbito do Semestre Europeu, publicação que vai incluir a divulgação de opinião sobre o projeto do Orçamento do Estado para 2024. Este projeto foi enviado a Bruxelas em outubro, altura em que foi também entregue na Assembleia da República pelo Governo demissionário.

Fed publica minutas da reunião de política monetária

A Reserva Federal norte-americana (Fed) divulga esta terça-feira as minutas da última reunião de política monetária, que poderão dar sinais sobre aos investidores relativamente à posição da Fed, à avaliação que fazem da economia norte-americana e também pistas sobre a evolução futura das decisões.

Altice publica resultados trimestrais

A Altice International, grupo que controla a operadora portuguesa de telecomunicações, vai revelar as contas trimestrais esta terça-feira. No segundo trimestre do ano, as receitas da Altice Portugal registaram uma subida homóloga de 11,8% para 718 milhões de euros.

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Copenhagen Infrastructure Partners inicia a construção do maior projeto eólico terrestre do Canadá

  • Servimedia
  • 21 Novembro 2023

Espera-se que o Buffalo Plains esteja plenamente operacional em dezembro de 2024 e, uma vez concluído, será o maior parque eólico terrestre construído no Canadá.

A Copenhagen Infrastructure Partners (CIP), através do seu fundo Copenhagen Infrastructure IV (CI IV), iniciou a construção do Buffalo Plains, um parque eólico de 495 MW composto por 83 turbinas Siemens-Gamesa localizado no condado de Vulcan, Alberta.

A CIP adquiriu o Buffalo Plains em 2022 da ABO Wind. Durante a construção, o projeto criará aproximadamente 250 empregos em tempo integral e, uma vez em funcionamento, produzirá energia limpa suficiente para abastecer mais de 240.000 residências, trazendo benefícios econômicos e ambientais significativos para a província de Alberta.

A Borea, uma empresa canadense especializada em construção de energia renovável, será responsável pela construção do projeto. A Amazon, a empresa tecnológica sediada em Seattle (Washington), assinou um acordo de compra de energia para adquirir 415 MW de produção do Buffalo Plains.

“Estamos satisfeitos em anunciar o início da construção do projeto eólico Buffalo Plains, um passo importante na expansão de nossa carteira dos melhores projetos de energia renovável em sua classe na América do Norte”, declarou Tim Evans, sócio e responsável da CIP para a América do Norte. “Este projeto de alto nível demonstra a capacidade única da CIP de executar grandes projetos de infraestrutura que fornecerão empregos locais e energia eólica limpa e renovável por muitos anos.”

O Buffalo Plains é o segundo investimento bem-sucedido da CIP no Canadá, após seu investimento no Travers Solar, o maior projeto solar do Canadá, que foi concluído em 2022. O Buffalo Plains faz parte da carteira de mais de 29 GW de ativos de geração renovável – incluindo energia eólica marinha, energia eólica terrestre, energia solar fotovoltaica, armazenamento de baterias, hidroelétrica de armazenamento por bombeamento e transmissão – que a CIP tem em desenvolvimento, construção ou operação em toda a América do Norte. Nesse caso, a transação da CIP contou com o apoio da Norton Rose Fulbright e da FIH Partners.

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“A” da Moody’s põe risco de Portugal ao lado da França, Áustria e Bélgica

Investidores já exigem a Portugal o mesmo prémio de risco que exigem para comprar dívida austríaca, belga ou francesa. Moody's coloca dívida portuguesa no radar de mais bancos e fundos.

A melhoria do rating de Portugal pela Moody’s apanhou de surpresa a maioria dos analistas, que esperavam alguma contenção da agência americana, dada a instabilidade política com a queda do Governo. Ainda assim, a decisão vem ajudar a reforçar o perfil de risco do país junto dos investidores internacionais (que serão cada vez mais) e confirma uma outra imagem: não só solidifica a saída de Portugal dos “PIGS” em termos de risco associado à dívida pública, mas também consolida a posição do país no improvável grupo da França, Áustria e Bélgica.

Há cinco anos, o prémio de risco de Portugal — medido pela diferença de juros em relação à Alemanha — comparava desfavoravelmente com Espanha nos prazos de cinco e dez anos (os principais prazos), com os investidores a assumirem que a dívida portuguesa era mais arriscada do que a dívida espanhola.

A situação inverteu-se deste então e, atualmente, os mercados estão a exigir praticamente o mesmo spread (diferencial para a dívida alemã) para deter dívida portuguesa que exigem para comprarem dívida de França, Áustria e Bélgica.

Neste período, Portugal baixou de 164 pontos base para 66 pontos base no spread da dívida a dez anos, e de 100 pontos base para 33 pontos base no spread da dívida a cinco anos. Está agora alinhado com os prémios de risco dos franceses, austríacos e belgas e bastante afastado dos spreads espanhóis e, sobretudo, italianos.

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O estatuto de “bom aluno”, com um registo orçamental disciplinado (incluindo excedente) e a redução acelerada da dívida, entre outros fatores, permitiu a Portugal ultrapassar os pares mais diretos do Sul da Europa, segundo os analistas.

“O facto de Portugal ter conseguido reduzir a dívida em percentagem do PIB a grande velocidade (passando dos 135% em 2020 para os 112,4% em 2022) eleva a credibilidade junto dos mercados financeiros internacionais. (…) Itália, Grécia e Espanha também apresentaram melhorias, mas não foram tão expressivas”, refere Vítor Madeira, analista da XTB.

“Olhando para as previsões mais recentes da Comissão Europeia, só quatro países deverão ter orçamentos equilibrados ou superavitários no período 2023-25: Chipre, Dinamarca, Irlanda e Portugal. Ou seja, os restantes países do Sul estão longe destes resultados”, acrescenta Filipe Garcia, economista e presidente do IMF – Informação de Mercados Financeiros, o único dos analistas ouvidos pelo ECO que previu acertadamente que a Moody’s iria subir o rating português.

Mas este desempenho ganha outra leitura quando se observa, por exemplo, que o rating da Áustria junto da Moody’s (Aa1) está cinco níveis acima do rating atribuído a Portugal. Já o rating da dívida francesa (Aa2) está quatro níveis acima do rating português.

Surpreendido? “De certa maneira”, responde Filipe Garcia. “São economias menos periféricas, mais dinâmicas, muito diversificadas e muito atrativas como destinos de investimento, mas é uma questão de métricas. Essas economias têm mostrado resultados orçamentais francamente piores e assim deverão continuar”, contextualiza.

Portugal numa montra maior de investidores

Por outro lado, a decisão da Moody’s vai colocar a dívida portuguesa no radar de mais investidores, conforme sublinhou o próprio Ministério das Finanças, num comunicado enviado às redações na passada sexta-feira.

“Permite que mais investidores sejam credores de Portugal, visto que existem muito fundos, seguradoras e bancos de investimento que têm regras apertadas no investimento em dívida soberana, investindo apenas em obrigações com rating A”, explica Vítor Madeira.

Em termos práticos, também trará benefícios para a economia na medida em que se traduzirá “em juros mais baixos para o Estado, as empresas e as famílias, o que é sempre importante, mas é ainda mais importante num contexto de uma política do BCE de taxas de juro altas”, assinalou Fernando Medina, depois de ser conhecida a decisão.

“Naturalmente, é positivo para Portugal porque dá mais confiança ao mercado para adquirir ou manter dívida pública portuguesa e potencialmente a um custo relativo mais baixo. Mas não é só o Tesouro a beneficiar. A melhoria do rating tem efeitos na globalidade dos agentes económicos portugueses já que o país é percecionado com menos arriscado, o que tem impacto nos modelos de crédito e de avaliação entre outras análises”, completa Filipe Garcia.

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Norgarante vai absorver as três outras sociedades de garantia mútua no processo de fusão

Banco de Fomento vai contratar uma consultora externa para conduzir o processo de fusão que só deverá estar concluído no final do próximo ano e não em abril como inicialmente esperado.

A fusão das quatro sociedades de garantia mútua numa só será feita na Norgarante, apurou o ECO. O Banco Português de Fomento (BPF) vai contratar uma consultora externa para conduzir o processo que, ao contrário do que a administração esperava, não estará concluído em abril, mas no final do próximo ano.

O Banco Português de Fomento “propôs ao Governo, que aceitou, um início de processo de reorganização societária das SGM, [sociedades de garantia múltipla] através das operações de fusão por incorporação de três das sociedades, na qualidade de sociedades incorporadas, em apenas uma, na qualidade de sociedade incorporante, passando, assim, o sistema a ter apenas uma SGM”, revelava o comunicado da instituição liderada por Ana Carvalho, no passado dia 6 de novembro. O ECO sabe que a sociedade de garantia mútua na qual vai ser feita a interação será a Norgarante, liderada por Henrique Cruz.

Assim, Agrogarante – Sociedade de Garantia Mútua, Garval – Sociedade de Garantia Mútua e a Lisgarante – Sociedade de Garantia Mútua serão fundidas na Norgarante – Sociedade de Garantia Mútua. Um processo que recorda a formação do próprio Banco de Fomento que foi fundado a partida da fusão da IFD e PME Investimentos na SPGM.

Para proceder a esta fusão, o Banco Português de Fomento vai contratar uma consultora, sendo que estava a elaborar um caderno de encargos para contratar uma consultora que irá a ajudar a proceder a esta fusão. Uma fusão que garante que as várias sociedades de garantia mútua vão prosseguir a “mesma atividade, divergindo apenas a área geográfica em que atuam ou o setor de atividade em que intervêm”. Recorde-se que a Agrogarante centraliza a atuação no setor agro.

Na comunicação desta alteração às equipas das sociedades de garantia mútua, a chairwoman do Banco de Fomento, Celeste Hagatong, revelou que o objetivo era ter esta conclusão concluída em abril de 2024, mas a necessidade de recorrer a uma consultora vai atrasar o processo. A consultora só deverá ter os estudos prontos no verão, o que, na prática, significa que só no final do ano estarão reunidas as condições da fusão, ao que o ECO apurou.

O ECO questionou a instituição sobre estas questões, mas não obteve respostas, nomeadamente sobre o impacto da crise política, decorrente da demissão do primeiro-ministro, que levou o Chefe de Estado a marcar eleições legislativas a 10 de março, neste processo de fusão.

No comunicado do BPF, no qual anunciou a fusão das quatro instituições, o banco explica que esta reorganização resulta da “auditoria especial solicitada pelo Banco de Portugal. “Foi equacionada a reorganização do SNGM, ao nível do modelo societário das SGM, tendo em vista, designadamente, a melhoria do governo e controlo interno, a maior eficiência e eficácia do conjunto do sistema, a obtenção de sinergias e a redução dos encargos de gestão”, explica o BPF no comunicado de 6 de novembro.

Esta reorganização, em benefício da eficiência do SNGM e das garantias a conceder nesse âmbito, não vai implicar “alterações da natureza jurídica da nova sociedade relativamente às sociedades incorporadas e sem alterações nos direitos sociais dos acionistas beneficiários”.

O ECO questionou ainda o BPF sobre quem irá liderar esta nova sociedade, se Henrique Cruz se manterá no cargo tendo em conta que é na Norgarante que as restantes entidades se vão fundir, mas não obteve resposta.

Marco Neves que era o administrador da Lisgarante, vai iniciar funções como vice-presidente da Parpública, tal como já foi comunicado ao mercado a 8 de novembro. Marco Fernandes é o atual líder da Garval e Carlos Oliveira da Agrogarante, sendo que de acordo com fontes ouvidas pelo ECO este poderá ser mesmo afastado da estrutura, já que o seu perfil não era o mais adequado ao cargo dada a sua aversão ao risco.

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Governo avança com valorização dos técnicos superiores do Estado antes da demissão

Em cima da mesa está a possibilidade de mais funcionários públicos chegarem ao topo de carreira e um aumento salarial adicional. O objetivo é fechar o diploma antes da exoneração do Executivo.

Numa corrida contra o tempo, Governo e sindicatos tentam fechar o projeto de diploma que prevê uma valorização adicional dos cerca de 68 mil técnicos superiores do Estado, antes da publicação do decreto de demissão do Executivo, em inícios de dezembro. Esta terça-feira à tarde, as duas estruturas sindicais afetas à UGT (FESAP e STE) e outra ligada à GCTP (Frente Comum) voltam à mesa das negociações com o Ministério da Presidência, tutelado por Mariana Vieira da Silva.

Em cima da mesa está “a possibilidade de mais trabalhadores conseguirem chegar ao topo da carreira, através da redução do número de posições remuneratórias, e a aprovação de uma valorização salarial”, adiantou ao ECO o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão.

Trata-se de uma antecipação face ao calendário inicial, que previa a revisão da carreira geral técnico superior só no próximo ano. Tendo em conta o pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa, quando soube que estaria implicado na Operação Influencer do Ministério Público que investiga suspeitas de corrupção em negócios relacionados com lítio, hidrogénio verde e um centro de dados em Sines, Executivo e sindicatos decidiram acelerar o processo negocial de modo a que nas próximas semanas o Conselho de Ministros esteja em condições de aprovar o diploma.

A secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, já tinha reconhecido que um número reduzido de técnicos superiores consegue alcançar o último nível remuneratório. Neste momento, nenhum trabalhador consegue chegar ao topo da carreira. Com o novo sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública (SIADAP), apenas “30% poderão atingir as últimas posições remuneratórias [12.ª, 13.ª e 14.ª]”, afirmou a governante, na semana passada, no dia em que sindicatos e tutela concluíram com sucesso a revisão do SIADAP.

Reconhecendo esta barreira à progressão, a secretária de Estado garantiu, na altura, que o Governo iria “tentar melhorar a estrutura remuneratória da carreira de técnico superior antes de dezembro, enquanto o Governo está em plenitude de funções”.

Neste sentido, os sindicatos vão pressionar o Governo a melhorar a estrutura da carreira de técnico superior. Para o líder da FESAP, “é um escândalo que, para chegar à última posição remuneratória, sejam necessários 120 anos”. Por isso, vai propor “o encurtamento da carreira para nove, 10 ou 11 posições em vez das atuais 14, o que vai permitir que mais trabalhadores alcancem o topo e, deste modo, sejam valorizados”, indicou ao ECO José Abraão.

Uma das medidas que irá passar será a eliminação da primeira posição, que está nos 1.122,84 euros, e que só serve para as situações transitórias de mobilidade intercarreiras. Na prática, os técnicos superiores licenciados já entram logo na segunda posição, de 1.333,35 euros, e que, no próximo ano, vai subir para 1.385,99 euros, pela atualização salarial.

Para além disso, José Abraão vai exigir “uma valorização adicional idêntica àquela que o Governo aprovou para os técnicos superiores especialistas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) e das Finanças“, de cerca de 52 euros brutos mensais.

Neste momento, um licenciado entra a ganhar 1.333,35 euros (1.385,99 euros no próximo ano) e chega ao topo, na 14.ª posição, a auferir 3.561,11 euros (3.667,94 euros em 2024).

De lembrar que, em 2022, os trabalhadores da segunda posição tiveram uma valorização salarial adicional de cerca de 52 euros. Este ano, foi a vez dos técnicos superiores entre a 3.º e a 14.ª posição a ter direto a um salto remuneratório de cerca de 52 euros, que somou à atualização transversal de 52 euros para todos os licenciados, totalizando um incremento de 104 euros.

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Salários do privado estão a crescer mais do que na Função Pública

Salário médio na Função Pública teve subida homóloga de 5,5% para 1.834 euros. Já o ordenado médio do privado cresceu 6,3% para 1.364 euros. Privado paga menos, mas aí ordenados estão a subir mais.

Os salários dos funcionários públicos ainda são, em média, mais elevados do que os dos trabalhadores do privado, mas estão a crescer menos do que estes últimos. E estão a ser mais afetados pela inflação. Para 2024, a Concertação Social fixou um referencial de 5% para os aumentos dos ordenados do privado. Já no público, os vencimentos subirão, em média, 3,8%.

De acordo com os dados publicados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), em setembro, o salário total médio por trabalhador das Administrações Públicas subiu 5,5% em termos homólogos, para 1.834 euros.

Se olharmos só para a componente regular (que exclui o subsídio de Natal e de férias e, portanto, tem um comportamento menos sazonal), o aumento foi de 5,9% para 1.613 euros. Já a componente base cresceu 6,2% para 1.612 eros.

Nos três casos, as subidas são, contudo, inferiores aos aumentos médios registados para a globalidade do mercado de trabalho. Tal é explicado pelo facto de os ordenados do privado estarem a registar aumentos bem mais expressivos.

É que, se no Estado, o salário total médio cresceu, como referido, 5,5% em setembro, no privado o aumento homólogo foi de 6,3% para 1.364 euros. E a componente regular cresceu 6,7%, enquanto a componente base subiu 7,1%, valores que comparam com os tais 5,9% e 6,2%, respetivamente, da Administração Pública.

Aliás, segundo os dados consultados pelo ECO, pelo menos nos últimos 12 meses o salário médio do privado cresceu sempre mais, em termos relativos, do que os dos funcionários públicos.

Ainda assim, quem trabalha na Função Pública continua a ganhar mais, em média, do que em trabalha no privado [ver gráfico abaixo].

Salário médio nas AP é de 1.834 euros contra 1.364 euros no privado

Fonte: INE

A justificar esse cenário estão, no entender do gabinete de estatísticas, as diferenças no tipo de trabalho realizado, a composição etária (trabalhadores mais velhos têm, regra geral, mais experiência — e a Função Pública tem os quadros notoriamente envelhecidos) e as qualificações dos trabalhadores.

A propósito, enquanto 55,3% dos trabalhadores da Administração Pública têm o ensino superior, só 24,9% dos trabalhadores do privado contam com essas habilitações.

Em contraste, 26,7% dos trabalhadores do Estado completaram o ensino secundário ou pós secundário, mas esse nível de qualificações corresponde a 32,3% dos trabalhadores do privado. Mais, 42,7% dos trabalhadores do setor privado têm um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao terceiro ciclo. No Estado, só 18% estão nessa situação.

Função Pública mais castigada pela inflação

Apresentação das novas medidas do Governo para mitigar o aumento do custo de vida - 24MAR23

Os dados disponibilizados esta semana pelo INE dão conta também que, após vários meses de quebras reais, os salários dos trabalhadores já estão de volta aos ganhos, isto é, a inflação ainda pesa na carteira dos portugueses, mas já não está a fazer mirrar o poder de compra.

No conjunto do mercado de trabalho, o aumento real do salário médio no trimestre terminado em setembro foi 2,4%. Mas também aqui o privado divergiu do verificado nas Administrações Públicas.

Ora, no Estado, a remuneração total média, a componente regular e a componente base crescerem, em termos reais, 2%, 2,3% e 2,6%, respetivamente, em setembro. Já no privado, as subidas foram as seguintes: 2,8%, 3,2% e 3,6%, respetivamente.

Tal significa que, apesar de ter abrandado, a inflação continua a absorver uma parte relevante dos aumentos salariais tanto no privado como no público, mas os funcionários públicos estão a ser mais castigados.

Aliás, assim tem sido desde o início da recuperação pós pandemia. De acordo com os dados consultados pelo ECO, o salário médio dos funcionários públicos começou a cair em termos reais em junho de 2021 e manteve essa tendência, mês após mês, até maio deste ano.

Em comparação, o ordenado médio dos trabalhadores do privado começou a recuar em termos reais em janeiro de 2022, mas voltou aos ganhos em fevereiro deste ano.

Além disso, enquanto a quebra real máxima registada nos últimos anos pelos funcionários públicos foi de 6,2% (em novembro e dezembro de 2022), no privado o maior recuo foi de 3,9% (em julho de 2022).

Já quanto ao próximo ano, na Concertação Social, três das quatro confederações patronais, a UGT e o Governo assinaram um acordo que fixa um referencial de 5% para o aumento dos salários do privado. E apesar do Executivo estar à beira do fim, esse acordo promete resistir, conforme já escreveu o ECO.

No Estado, por outro lado, os aumentos acordados variam entre 3% (para os salários mais elevados) e 6,84% (para os ordenados mais baixos). Contas feitas, a subida média será de 3,8%, de acordo com o Ministério da Presidência.

Tanto no privado como no público, os salários têm sido um motivo de luta por parte dos trabalhadores e várias têm sido as greves marcadas em prol da sua valorização. Isto já que Portugal compara mal com a Europa. Apesar do acordo celebrado em Concertação Social para melhorar os rendimentos, os portugueses continuam a receber significativamente que os pares do Velho Continente.

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Fórum do Comércio do Porto: desvendando os desafios e inovando na experiência de consumo local

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  • 21 Novembro 2023

Ricardo Valente, da Câmara Municipal do Porto, fala-nos da importância da primeira edição do Fórum de Comércio da cidade do Porto.

No coração da cidade do Porto, surge a primeira edição do Fórum do Comércio, um evento anual ambicioso que visa influenciar a agenda nacional e internacional do setor. Convocando comerciantes locais, empreendedores internacionais, associações setoriais, agentes de políticas públicas e consumidores, o Fórum oferece dois dias de imersão em torno dos desafios contemporâneos da experiência de consumo no comércio de proximidade.

Promovido pelo Município do Porto, o evento propõe um programa abrangente que inclui apresentações de boas práticas, diálogos com líderes na transformação dos modelos de comércio, trabalho em equipa e visitas guiadas às lojas locais. A visão é clara: os participantes sairão com um entendimento aprofundado do futuro do comércio físico e online, conhecimento sobre tendências de consumo, contactos valiosos e uma renovada ambição para o desenvolvimento dos seus negócios e do comércio nas cidades.

A experiência de consumo no comércio de proximidade: colocando o consumidor no centro

O comércio de proximidade, com suas lojas, serviços e pessoas, é a essência das ruas de uma cidade. Nesta primeira edição do Fórum, a experiência de consumo é o foco, colocando o consumidor no centro do debate sobre as políticas de desenvolvimento do comércio. Diversos ângulos serão explorados, desde o desenvolvimento de novos modelos de ruas comerciais até a internacionalização de negócios locais.

Debateremos a interdependência entre comércio de proximidade e urbanismo, criando centralidades e lugares de vida urbana. Como assegurar o posicionamento de negócios identitários em plataformas globais? Como transferir a experiência de compra presencial para o ambiente online, mantendo a proximidade? Daremos atenção a temas como a individualização do atendimento ao consumidor, a transmissão de conhecimento para as novas gerações e a comunicação dos ativos da cidade.

Uma experiência de consumo qualificada é aquela que proporciona convivialidade, conveniência e restabelece cadeias de confiança e respeito pelo planeta. Esses desafios e potencialidades serão discutidos nas apresentações, conversas, oficinas temáticas e visitas guiadas ao comércio local.

Políticas municipais: o Porto como modelo de dinamismo comercial e sustentabilidade

O Porto, conhecido pelo seu caloroso acolhimento e diversidade comercial, abriga mais de 6.500 estabelecimentos de comércio e serviços. A tradição convive com a renovação diária, e o Município do Porto reconhece a importância desse tecido comercial.

Com ações abrangentes, desde a transição digital até a salvaguarda do património histórico, o Porto destaca-se como um exemplo de dinamismo comercial e sustentabilidade económica. O Fórum, anualmente, representa um espaço de reflexão sobre as políticas de desenvolvimento, promovendo o encontro da comunidade de comerciantes, cooperação com outras cidades e o debate do futuro do comércio de proximidade em centros urbanos.

 

Foto: Guilherme Costa Oliveira, CM Porto

 

Ricardo Valente, responsável pelo Pelouro das Finanças, Atividades Económicas e Fiscalização e pelo Pelouro da Economia, Emprego e Empreendedorismo

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Milei garante alinhamento com programa do FMI

  • Lusa
  • 21 Novembro 2023

O Presidente recém-eleito da Argentina Javier Milei adiantou que a sua equipa está a trabalhar "com as linhas de orientação" do FMl, com quem o país tem uma dívida de cerca de 42 mil milhões de euros.

O Presidente recém-eleito da Argentina Javier Milei adiantou que a sua equipa está a trabalhar “com as linhas de orientação” do Fundo Monetário Internacional, com quem o país tem uma dívida de cerca de 42 mil milhões de euros. “As nossas linhas de trabalho estão de acordo com as linhas do Fundo“, frisou Milei em entrevista à rádio Mitre, após a diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, ter dado os parabéns ao presidente eleito através das redes sociais e ter manifestado vontade de trabalhar “em estreita colaboração” para desenvolver um plano que “garanta a estabilidade macroeconómica” do país.

A Argentina selou um acordo com o FMI em 2022 para refinanciar a dívida de 45 mil milhões de dólares (cerca de 41 mil milhões de euros) que o país sul-americano tinha contraído em 2018 e que, com juros acumulados, ronda agora os 46 mil milhões (cerca de 42 mil milhões de euros).

O programa de financiamento contempla o cumprimento de metas trimestrais — défice primário, reservas internacionais e emissão monetária para financiar o Tesouro — que a Argentina está a caminho de não cumprir no final deste ano. “O governo está a abandonar o acordo porque não cumpriu a meta fiscal”, lembrou Milei, já que até ao final de 2023 o défice primário previsto apontava para 1,9% do PIB e o Governo de Alberto Fernández vai deixá-lo em 2,9%, de acordo com o novo Presidente. Milei lembrou ainda que a Argentina se comprometeu a não utilizar o Banco Central como mecanismo de financiamento e acabou financiando o equivalente a 6% do PIB “direta e indiretamente” através da entidade monetária.

Considerado o programa de ajustamento do FMI como ‘morto’, o país deve corrigir o seu rumo “o mais rapidamente possível”, começando “com uma reforma do Estado, pondo as contas públicas em ordem muito rapidamente”, afirmou o presidente recém-eleito. “O ajustamento deve ser feito, inexoravelmente, a grande diferença é que ‘a casta’ fez com que as pessoas pagassem por isso, e nós faremos com que ‘a casta’ e os seus associados paguem por isso”, argumentou ainda, em referência à elite no poder em anos recentes.

Milei procurou tranquilizar sobre o destino dos setores de educação e saúde pública, lembrando que estes “não podem ser privatizados, porque são de responsabilidade das províncias”, sendo a Argentina um estado federal, denunciado ainda uma “campanha de medo” contra ele sobre este assunto. E reiterou que o seu programa de privatizações será de longo alcance: “Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado estará”.

O governante deu como exemplo a gigante petrolífera YPF, nacionalizada em 2012 sob a presidência peronista de Cristina Kirchner, mas também meios de comunicação públicos como a agência oficial Telam e a televisão TVP, “que se tornaram um mecanismo de propaganda”, denunciou ainda. E reafirmou o seu desejo de eliminar definitivamente o Banco Central, através da ‘dolarização’ da economia. “A moeda será aquela que os argentinos escolherem livremente. Basicamente, estaremos a dolarizar para nos livrar-nos do Banco Central”; referiu, sem apresentar um cronograma. Moderando certas esperanças, bem como receios, o economista ultraliberal de 53 anos garantiu que não levantaria imediatamente os controlos cambiais, caso contrário resultaria numa hiperinflação.

O recém-eleito Presidente divulgou ainda que irá viajar “nos próximos dias” para os Estados Unidos — Miami e Nova Iorque — e depois para Israel, mas a título privado, antes de assumir o cargo.

Javier Milei, do partido La Libertad Avanza, ganhou no domingo com 55,69% (14,5 milhões de votos) dos votos contra 44,30% (11,5 milhões de votos) obtidos pelo ministro da Economia, Sergio Tomás Massa, após 76% de participação eleitoral.

A tomada de posse de Milei como Presidente da Argentina durante os próximos quatro anos está prevista para 10 de dezembro, sucedendo ao peronista Alberto Fernández.

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Angola travou operações suspeitas de 326 milhões em 2022

  • Lusa
  • 20 Novembro 2023

A Unidade de Informação Financeira angolana autorizou o bloqueio de 24 operações suspeitas que correspondiam a 1,8 mil milhões em kwanzas (1,9 milhões de euros) e a 323,8 milhões em euros, em 2022.

A Unidade de Informação Financeira (UIF) angolana autorizou o bloqueio de 24 operações suspeitas, mediante pedidos de autorização prévia, que correspondiam a 1,8 mil milhões em kwanzas (1,9 milhões de euros) e a 323,8 milhões em euros, em 2022.

A informação consta do Relatório Anual UIF 2022, divulgado e a que a Lusa teve acesso, o qual salienta que a instituição autorizou as entidades sujeitas a suspenderam as referidas operações.

Segundo o relatório, mais de 45% dos referidos pedidos foram confirmados pelo órgão competente que abriu os respetivos processos de investigação.

A divulgação deste relatório permitirá às instituições públicas e privadas terem conhecimento das ações implementadas pela UIF no período de 2022, as quais visavam melhorar o Sistema Nacional de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo, refere-se no relatório.

Quanto aos pedidos de informações emitidos e recebidos pela UIF, durante o ano de 2022, a entidade refere que emitiu um total de 65 pedidos de informações a instituições nacionais e obteve o feedback de 48.

O número de pedidos efetuados a nível nacional (39 no total) continua a ser superior aos pedidos internacionais (7 no total), salienta.

A UIF, com missão autónoma e independente de receber, analisar e difundir informação suspeita de branqueamento de capitais, do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massa, registou também um total de 742 casos de declarações suspeitas e dois casos nas declarações de identificação de pessoas designadas.

“Quando não parecem estar reunidos os requisitos para que se efetue uma declaração de operação suspeita ou uma declaração de identificação de pessoas designadas ou ainda uma declaração de transação em numerário, mas ainda assim pensa-se estar em poder de informação relevante para efeito de prevenção e combate ao branqueamento de capitais, do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massa, as instituições podem remeter à UIF uma comunicação que designam de comunicações espontâneas”, observa a instituição.

Durante o ano de 2022, a UIF registou uma redução no número de comunicações espontâneas nacionais (20 no total contra as 49 de 2021) e uma redução das comunicações espontâneas internacionais (apenas uma contra as 18 registadas em 2021).

O Relatório UIF 2022 assinala igualmente as ações que este organismo desenvolveu a nível nacional, neste período, nomeadamente a Elaboração da Estratégia Nacional de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, ao Financiamento do Terrorismo e Financiamento à Proliferação de Armas de Destruição em Massa e linhas gerais do Plano de Ação.

A UIF aponta também, no documento, a necessidade de alteração do seu estatuto orgânico, argumentando que a pretensão surge, por um lado, em consequência das constatações resultantes do processo de Avaliação Mútua de Angola sobre a sua atuação.

Em 2022, a UIF participou, igualmente, na elaboração da proposta de Lei sobre o Regime Jurídico das Organizações Não-Governamentais (ONG), documento já aprovado na generalidade pelo parlamento angolano em meio de contestações da oposição e da sociedade civil.

A UIF integrou o grupo de trabalho que elaborou a proposta de Lei do Regime Jurídico das ONG “de modo a se melhorar o quadro de supervisão e regulação das atividades destas entidades no país”, sustenta.

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Apoiar descongelamento das rendas antigas para preços de mercado custaria 653 milhões por ano

  • Lusa
  • 20 Novembro 2023

A atribuição de uma compensação às rendas antigas congeladas para atualizar os valores custaria cerca de 653 milhões de euros por ano, segundo um estudo divulgado pelo IHRU.

A atribuição de uma compensação às rendas antigas e que se encontram congeladas equivalente ao valor mediano das rendas praticadas nos novos contratos de arrendamento custaria cerca de 653 milhões de euros por ano, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira.

Este valor conta do estudo sobre os contratos de arrendamento não submetidos ao Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU), divulgado pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) em conjunto com o relatório sobre o Arrendamento Habitacional em Portugal, e que visou caracterizar o número de famílias com as chamadas rendas antigas (anteriores a 1990) e contribuir para estimar os montantes necessários para concretizar os apoios a esta tipologia de contratos.

O documento apresenta os cálculos para vários cenários, em função de medidas contempladas na legislação: o pacote Mais Habitação e o decreto-lei que em 2015 preconizava o subsídio a atribuir aos inquilinos com menores rendimentos, mais idosos ou com deficiência, após terminar o regime transitório.

De acordo com o estudo, o valor do apoio previsto no pacote Mais Habitação que entrou em vigor em outubro deste ano e trava a transição para o NRAU das chamadas rendas habitacionais antigas, será mais elevado ou mais baixo em função da solução que vier a ser adotada.

Apontando os dados para a existência de 124.083 contratos de arrendamento habitacional anteriores a 1990 (no total são 151.620, aos quais foram subtraídos os 27.537 alojamento que são propriedade de uma entidade pública ou de organização sem fins lucrativos) a compensação poderia ascender a uma despesa mensal de 54,5 milhões de euros ou 653 milhões de euros por ano, assumindo que esta corresponde à diferença entre o valor médio das rendas atuais e uma renda definida com base no valor mediano do metro quadrado dos novos contratos de arrendamento.

Já se esta metodologia for aplicada, mas considerando um teto de 80% ao valor mediano do metro quadrado dos novos contratos de arrendamento (publicado pelo Instituto Nacional de Estatísticas), então a despesa mensal com esta medida seria de 39,8 milhões de euros (477,8 milhões de euros por ano).

O estudo considera ainda um outro cenário, tendo em conta o disposto no diploma do Mais Habitação, apontando, neste caso, para um custo mensal de cerca de 2,2 milhões de euros por mês (26,6 milhões de euros por ano).

Neste segundo cenário, o valor foi calculado assumindo-se que o inquilino paga uma renda de acordo com as taxas de esforço previstas na lei (em função do rendimento anual bruto corrigido — RABC do agregado familiar) e uma compensação ao senhorio no remanescente para 1/15 avos do valor patrimonial tributário da casa, quando este for superior àquele.

Este estudo, cuja realização estava prevista no Orçamento do Estado para 2022, foi elaborado pelo observatório da Habitação, do Arrendamento e da Reabilitação Urbana (OHARU), através de uma parceria entre a PlanAPP, em colaboração com o INE e a Autoridade tributária e Aduaneira (AT).

Em paralelo, o OE2022 previa também a realização de um primeiro relatório sobre arrendamento habitacional, que deveria ter sido entregue à ministra da Habitação, Marina Gonçalves, até 180 dias após a divulgação dos dados definitivos dos Censos 2021 — o que aconteceu há cerca de um ano.

A atribuição de um apoio que permita aos senhorios aumentar as rendas que ainda permanecem congeladas está prevista na lei há já vários anos, mas nunca chegou a ser concretizada, sendo o seu objetivo dar resposta aos chamados contratos de arrendamento antigo quando, no final de um período transitório, as rendas fossem atualizadas.

O estudo publicado no site do IHRU faz, por isso, também os cálculos sobre o que custaria a atribuição de um subsídio às rendas antigas previsto num decreto-lei de 2015, mas em que assume que a nova renda por metro quadrado corresponde ao valor mediano (sendo que este “não é o incentivo dado por aquele diploma”), concluindo que a despesa mensal ascenderia a 11,5 milhões de euros, ou seja, 138 milhões de euros por ano.

Neste caso são apenas considerados os 21.084 arrendatários com rendas antigas que ao longo dos anos fizeram pedido de comprovativo de RABC.

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