Miranda Sarmento sublinha necessidade de UE chegar a acordo com EUA sobre tarifas

Ministro das Finanças defende que a Europa tem de olhar para os seus interesses, mas procurar chegar a um entendimento para que não haja aplicação de tarifas.

O ministro das Finanças reiterou esta segunda-feira que a Comissão Europeia deve negociar com a Administração Trump para chegar a um entendimento sobre as tarifas. Joaquim Miranda Sarmento falava aos jornalistas à entrada para o Eurogrupo, em Bruxelas, quando foi questionado sobre se o entendimento entre os EUA e a China era um sinal de esperança também para o bloco comunitário.

É preciso negociar, sentar à mesa com a Administração americana. Há um processo negocial a decorrer. A Europa tem de olhar para os seus interesses, mas procurar chegar a um entendimento para que não haja aplicação de tarifas ou que sejam o mais mitigado possível“, disse Joaquim Miranda Sarmento.

O governante sublinhou que quer a Europa quer os outros blocos estão a fazer o seu trabalho de sentar com a administração americana e perceber o que pode ser obtido na questão das tarifas.

A Comissão continua a fazer o seu trabalho. Há aqui um tempo de negociação onde naturalmente há avanços e recuos como é normal nestes processos. No final do dia, o importante é que as políticas comerciais dos blocos económicos não prejudiquem os agentes económicos, os consumidores e os de menor rendimento“, disse.

Indicadores da economia portuguesa mostram recuperação

O ministro garantiu ainda que o Governo mantém a previsão de crescimento de 2,4% este ano, apesar do desempenho abaixo do esperado no arranque do ano.

“Esperamos recuperar nestes três trimestres. Apesar de algum impacto que o apagão teve, os indicadores estão a mostrar alguma recuperação. Também tivemos a Páscoa este ano no segundo trimestre e não no primeiro, isso tem algum impacto no consumo e no turismo”, frisou.

Para Miranda Sarmento, “não há nenhuma informação que obrigue a qualquer revisão”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pedidos de exame para radioamador disparam após apagão energético

Anacom recebeu 40 pedidos de exame de aptidão para radioamadorismo na semana de 1 a 7 de maio, quando costumam ser em média 45 por mês.

O interesse pelo radioamadorismo cresceu entre os portugueses depois do apagão que pôs a Península Ibérica às escuras. O número de pedidos de realização de exames de radioamador numa semana foi quase o mesmo do que costuma ser num mês inteiro, de acordo com a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).

Entre os dias 1 e 7 de maio, logo depois da falha elétrica generalizada de 28 de abril, o serviço de atendimento ao público contabilizou 40 solicitações de exames de aptidão, quando nos primeiros quatro meses do ano a média mensal foi de 45 pedidos.

Quem recorre ao regulador das comunicações para pedir testes de radioamador, geralmente fá-lo por duas razões: para ter acesso a comunicações que não estejam dependentes de eletricidade, cabos ou antenas e por considerar que o serviço de rádio amador é um meio alternativo eficaz em catástrofes.

“As estações de amador são meios fiáveis e persistentes de comunicação através de radiofrequências. Essas estações são, por norma, constituídas por vários equipamentos de rádio, incluindo os acessórios necessários, como as antenas que permitem a emissão e/ou a receção das comunicações”, recorda a Anacom, em comunicado divulgado esta segunda-feira.

A instituição liderada por Sandra Maximiano considera que este aumento de pedidos e demonstrações de interesse “contraria a tendência que se tem verificado, marcada por uma redução do número de radioamadores” e acredita que é necessário promover a sua utilização junto dos mais novos (maiores de 16 anos).

As estações de amador permitem comunicar ponto-a-ponto ou ponto-multiponto sem infraestruturas de rede como os telemóveis, mas existem três tipos diferentes. As estações móveis são utilizadas em carros e precisam de alimentação externa (a bateria do veículo), enquanto as portáteis têm as suas baterias e as fixas dependem da rede elétrica ou geradores.

O exame de aptidão para radioamador, realizado pela Anacom, é o principal mecanismo de acesso e de progressão entre as categorias de amador 1, 2 e 3. É uma atividade recreativa, mas implica que os candidatos entendam de temas como legislação, segurança, radioeletricidade, transmissão e propagação para estarem aptos a comunicar através destes meios que envolvem telegrafia, walkie talkies dual band (duas faixas de frequência e diferentes dos convencionais) ou operações por satélite.

Se estiver interessado em fazer um teste para a categoria 1 (nível elevado), a Anacom disponibiliza no site oficial alguns exemplos de perguntas que são colocadas, como acontece nos exames nacionais de acesso ao ensino superior. Por exemplo: “A lei das malhas de Kirchhoff também se designa por?” com escolha múltipla entre “lei das potências”, “lei das tensões”, “lei das correntes” ou “lei das resistências”.

No comunicado de imprensa publicado esta manhã, a Anacom recorda que, em 2022, entregou ao Governo um anteprojeto de alteração do decreto-lei que define as regras aplicáveis aos serviços de radiocomunicações de amador e de amador por satélite, bem como o regime de atribuição de certificados e autorizações especiais aos amadores e de licenciamento de estações de uso comum. Porém, a legislação ainda não teve alterações.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pais já podem pedir online subsídio parental alargado

Segurança Social lança nova funcionalidade, que permite aos pais pedirem subsídio parental alargado sem sair de casa. Ferramenta foi criada no âmbito do PRR.

Já não é preciso ir aos serviços presenciais da Segurança Social para pedir o subsídio parental alargado. A partir deste mês, os pais podem fazê-lo online, através da Segurança Social Direta. A nova funcionalidade foi financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“A Segurança Social tem um novo serviço que permite pedir este subsídio de forma mais simples, rápida e segura, sem necessidade de deslocação a um serviço de atendimento”, lê-se numa nota publicada no site da Segurança Social.

Para fazer este pedido, os pais devem aceder à Segurança Social Direta e, no menu “família”, selecionar a opção “parentalidade”. Nessa área, devem escolher a opção “registar pedido” e, de seguida, “subsídio parental alargado”. “Após o registo, é possível acompanhar o estado do pedido“, explica a Segurança Social.

Esta funcionalidade serve tanto para quem queira receber o subsídio a tempo total como em regime parcial. “Foi desenvolvida no âmbito do PRR, para registar as várias modalidades deste subsídio com mais comodidade e eficiência, permitindo que se concentre no que realmente importa”, destaca a Segurança Social.

O subsídio parental alargado é uma prestação atribuída ao pai, à mãe ou a ambos com a duração máxima de três meses. Pode ser recebido de forma consecutiva, alternada ou em simultâneo, permitindo aos pais terem “mais tempo para cuidar da criança até aos seis anos de idade“.

Nos últimos meses, o Parlamento tinha estado a discutir uma proposta de cidadãos com vista a aumentar a licença parental inicial, mas o fim antecipado da legislatura deitou por terra essa proposta. Num último esforço, Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN ainda pediram que as votações na especialidade do alargamento da licença parental fossem feitas esta sexta-feira no plenário, mas o PSD, o CDS (ambos com votos contra) e o PS (com a abstenção) impediram-no.

Os cidadãos têm, contudo, reunido novas assinaturas, de modo a que a proposta volte a ser discutida na Assembleia da República na próxima legislatura.

A ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, avisou, ainda assim, que o alargamento proposto poderia agravar a desigualdade de género, já que a maioria dos cuidados com os filhos ainda recai sobre elas, prejudicando-as no mercado de trabalho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Petróleo, ações e dólar disparam com acordo de “tréguas” de China e EUA

O acordo entre as duas maiores economias do mundo para congelar as tarifas recíprocas por 90 dias faz os mercados sorrir e o ouro perder brilho, mas a sombra da guerra comercial não desapareceu.

Os EUA e a China assinaram um acordo para reduzir em 115 pontos percentuais as taxas comerciais recíprocas por um período inicial de 90 dias, enquanto as negociações continuam.EPA/ROMAN PILIPEY

Os mercados financeiros mundiais negoceiam atualmente em alta após os EUA e a China terem anunciado um acordo para reduzirem drasticamente as tarifas comerciais recíprocas por um período de três meses, enquanto as negociações continuam. Segundo Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA, as duas partes concordaram com “uma pausa de 90 dias e uma redução substancial dos níveis das tarifas” com ambos os países a reduzirem as taxas aduaneiras recíprocas em 115 pontos percentuais.

A notícia do acordo, alcançado após intensas negociações em Genebra durante o fim de semana, está a impulsionar a maioria das bolsas europeias e leva os futuros dos principais índices norte-americanas a dispararem significativamente antes da abertura de Wall Street, por ficar acima das expectativas da maioria dos investidores.

“Este é um resultado melhor do que o esperado. Pensei que as tarifas seriam reduzidas para algo em torno de 50%”, afirmou Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management em Hong Kong.

Na sequência do anúncio, os futuros do S&P 500 estão a subir quase 4%, enquanto os futuros do Dow Jones Industrial Average negoceiam com uma subida acima dos 900 pontos, representando um ganho de 2,2%, e o tecnológico Nasdaq prepara-se para abrir a valorizar 3,8%, refletindo o alívio dos investidores face à redução das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

O impacto positivo estendeu-se aos mercados asiáticos, com o índice Hang Seng de Hong Kong a valorizar 3% e o Hang Seng Tech a fechar com um ganho de 5,2%. Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 está a valorizar 1,1% e praticamente todos os principais índices europeus negoceiam no verde — a única exceção é o belga BEL20, que está a cair 0,2%.

Destaque para o neerlandês AEX, que acumula atualmente ganhos de 1,84%, e ainda para o italiano FTSE MIB, que está a valorizar 1,67% — o português PSI regista atualmente uma subida de 0,4%, estando a negociar acima dos 7.010 pontos.

Há um resfriamento das tensões entre a China e os EUA (e isso está a levar) a um voto claro do mercado a favor de ativos de maior risco”.

Kenneth Broux

Estratega sénior de câmbios e taxas de juro da Société Générale

Além das ações, os efeitos do acordo entre os EUA e a China estão também a fazer-se sentir no mercado cambial, com o dólar norte-americano a registar uma forte valorização face às principais moedas mundiais, com o índice do dólar a subir 1,31% para 101,63 pontos, alcançando o valor mais elevado em um mês.

Num movimento contrário está o euro, que acumula uma desvalorização de 1,4% contra a moeda norte-americana, e sobretudo o iene, que regista uma queda de quase 2% contra o dólar. Também em queda está o ouro, visto tradicionalmente como um ativo de refúgio em períodos de incerteza, com a cotação da onça a cair 3,3% nos mercados internacionais para 3.214 dólares, atingindo o seu nível mais baixo em um mês, refletindo a mudança do apetite dos investidores por ativos de maior risco.

No mercado de obrigações, as yields das obrigações do Tesouro dos EUA (Treasuries) a 10 anos estão a subir 11,7 pontos base para 4,449%, à medida que os preços seguem um movimento contrário, refletindo também a migração de capital dos ativos de refúgio para investimentos de maior risco.

“Há um resfriamento das tensões entre a China e os EUA” e isso está a levar “a um voto claro do mercado a favor de ativos de maior risco”, afirmou Kenneth Broux, estratega sénior de câmbios e taxas de juro da Société Générale, citado pela Reuters, sublinhando ainda que “é um passo na direção certa e positivo para os ativos dos EUA e para a economia americana”.

A subir está também um conjunto de matérias-primas como o petróleo, com os preços do barril Brent para entrega em julho a subir 2,9% para 65,75 dólares, enquanto os futuros do West Texas Intermediate (WTI) americano avançam mais de 3% para 62,9 dólares.

A acompanhar de perto este movimento do ouro negro estão as ações das grandes petrolíferas, como a francesa Total e a britânica Shell, que acumulam atualmente ganhos de 2,7% e 2,5%, respetivamente, mas também da portuguesa Galp, com os títulos da petrolífera nacional a valorizar quase 3% para os 14,3 euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

AD e PS levam “piropos” e “mistura explosiva” à feira de Espinho

No arranque da última semana de campanha, os dois principais candidatos coincidiram na feira de Espinho. Pedro Nuno continua a espalhar o “medo” dos liberais e Montenegro a ignorar a Spinumviva.

Já se sabia que Espinho ia ser presença constante nesta campanha eleitoral, por estar no nome e ser a sede da empresa familiar de Luís Montenegro que acabou por provocar estas eleições antecipadas. Mais curioso é que a feira semanal da cidade seja também alvo de ‘disputa’ nas ações de propaganda ao ser esta segunda-feira o destino das arruadas da AD e do PS – além do PAN, do Partido Popular Monárquico (PPM) e de comitivas do Chega ou do ADN -, que por lá passaram esta manhã separadas por poucos minutos.

E se a primeira semana de campanha terminou com Pedro Nuno Santos a tremer com o “perigo terrível para o país” de uma coligação entre a AD e a Iniciativa Liberal (IL), e Luís Montenegro a reviver um trauma com uma década quando o PS se aliou aos partidos à sua esquerda para formar a geringonça depois de perder as legislativas para a direita, esta semana decisiva arrancou com uma espécie de prolongamento desse debate.

Esta manhã, questionado sobre um eventual acordo pós-eleitoral entre AD e IL – os liberais disseram no fim de semana ter sido desafiados pelas “lideranças do PSD” para uma coligação pré-eleitoral –, Pedro Nuno Santos disse a coligação de direita está “completamente de cabeça perdida”. Voltou a dramatizar que “o PSD com a IL é uma mistura explosiva do ponto de vista do radicalismo e do ataque ao Estado Social”, confiando que “o povo vai travá-los” e dará a vitórias nas urnas aos socialistas.

Sabemos agora que a AD já tinha tentado antes [da campanha] juntar-se à IL. A AD sozinha já faz estragos. Temos bem a memória do que fizeram quando tivemos uma crise económica e financeira a seguir a 2010: atacaram os trabalhadores e os pensionistas. E o 12º ministro desse Governo era Luís Montenegro [era então líder parlamentar do PSD], que defendeu sempre aquelas políticas. As pessoas não esqueceram”, acrescentou o secretário-geral do PS.

Poucos minutos depois, igualmente na feira de Espinho, de onde é natural, Luís Montenegro disse confiar que o eleitorado, sobretudo os pensionistas e reformados, não vai ligar aos “piropos de campanha eleitoral” lançados pela candidatura socialista, que está a “atirar o medo” para cima dos eleitores. Pelo contrário, completou, “confiam na palavra deste primeiro-ministro (…) e sabem que que há trabalho feito e decisões tomadas e em execução, e outras que se estão a projetar para os próximos anos”.

Numa alusão ao período da troika, a que se tinha referido Pedro Nuno Santos, o candidato da AD garantiu que o país “está a crescer do ponto de vista económico, tem tranquilidade financeira e não esta sujeito a nenhuma pressão por parte dos mercados financeiros e, portanto, habilitado a encarar, enfrentar e superar uma crise que se vai sentido na Europa e no mundo”. “Naturalmente, não estamos imunes ao que se passa fora do país, mas não estamos aqui para nos lamentar, mas para superar os obstáculos que temos pela frente”, sublinhou.

A jogar em casa, Luís Montenegro recusou-se a prestar declarações sobre a Spinumviva – “Querem voltar a fazer as mesmas perguntas de há dois e três meses? Estou muito tranquilo sobre isso”, disse apenas — e preferiu denunciar “manobras da oposição para tentar distrair os portugueses de uma avaliação serena e baseada na realidade”. Recusou “distrair os portugueses com mexericos políticos”, em resposta ao pré-acordo proposto à IL, e voltou a apelar aos eleitores para lhe darem “condições de governabilidade e estabilidade para continuar o trabalho” como primeiro-ministro.

Do lado da IL, Rui Rocha disse apenas que “não ficou nada combinado” sobre eventuais acordos eleitorais com a AD e atirou: “Não existimos para passar certificados de bom comportamento à AD, existimos para modificar o comportamento da AD2”

Já questionado pelos jornalistas sobre se tem receio de que a esquerda possa ter uma solução governativa depois de 18 de maio, reeditando a geringonça. Luís Montenegro optou, desta feita, por desdramatizar essa possibilidade. “Não estou com receio de nada. Observo que os partidos que o PS tem disponíveis e que convictamente constituem a possibilidade de fortalecer a sua representação são o BE, o PCP e eventualmente o Livre. Acho isso natural. Nós estamos empenhados por lutar por cada voto e os votos não são de ninguém”, rematou.

Também esta manhã, em declarações citadas pela Lusa no final de uma viagem de autocarro entre a Pontinha e o Arco do Cego, em Lisboa, para alertar para os problemas da mobilidade, o porta-voz do Livre defendeu que o partido será “determinante” numa eventual solução governativa à esquerda, com Rui Tavares a alegar que poderá dar as “propostas de trajeto e mostrará o caminho que se pode fazer”.

Por sua vez, em Évora, André Ventura recusou esclarecer como se posiciona o Chega face a diferentes resultados eleitorais. Questionado sobre o que fará num cenário em que o PS seja o partido mais votado, mas a direita tenha maioria, traçou outro cenário: “O Chega a vencer, a liderança do PSD [a] mudar e nós vamos dar uma maioria à direita”.

Também a porta-voz do PAN foi esta segunda-feira à feira de Espinho, no distrito de Aveiro, apelar aos eleitores para que, desta vez, “votem com o coração, votem útil” no seu partido para lhe permitir voltar a ter um grupo parlamentar, depois de ter sido deputada única na legislatura agora interrompida.

“As pessoas sentem que as suas vidas foram postas em causa e que passam mais tempo a discutir, em tricas políticas, do que propriamente a falar dos problemas dos portugueses”, disse Inês de Sousa Real, que ouviu “emocionada” os desabafos de algumas idosas preocupadas com a causa animal.

Quem também passou pela feira semanal de Espinho foi Gonçalo da Câmara Pereira, líder do PPM, que nas eleições do ano passado até tinha integrado a coligação que levou Luís Montenegro ao poder.

Em declarações à RTP, o líder do partido de inspiração monárquica disse que está “à espera de ter entre 2 e 3 deputados” e voltou a falar em “fraude eleitoral” por contestar que a AD esteja a “usar os símbolos” que também são dos monárquicos.

Mortágua ‘namora’ eleitores do Chega no Algarve

Ainda durante esta manhã, a coordenadora nacional do BE foi a Loulé para realçar que o seu partido “é o único que dá a cara” pelo direito à habitação, numa tentativa de captar eleitores que no ano passado votaram no Chega – o partido liderado por André Ventura ultrapassou mesmo a AD e o PS neste distrito.

“Chegam ao Algarve e vêm falar sobre a habitação, mas na Assembleia da República andaram a votar os vistos gold que sobem o preço das casas e andaram a votar os benefícios fiscais para estrangeiros ricos que compram as casas no Algarve e a proteger a especulação imobiliária”, referiu.

Durante as declarações da coordenadora, chegou a ouvir-se uma vez um grito “Chega”, sintoma da implantação do partido de Ventura neste território, onde o BE candidata como número um José Gusmão, antigo eurodeputado. Os bloquistas ambicionam recuperar a representação perdida neste círculo em 2019.

Já em Lisboa, falando aos jornalistas no final de uma visita à Escola António Arroio, o secretário-geral do PCP afirmou, em declarações reproduzidas pela Lusa, que tem como objetivo “mínimo” nestas legislativas voltar ao resultado das eleições de 2022, com seis deputados eleitos, ao contrário dos quatro conseguidos em 2024.

Para Paulo Raimundo, a repetição desse resultado implicaria “sensivelmente mais 100 mil votos” que a CDU não obteve em 2024, acreditando que, mesmo assim, este não é um objetivo ambicioso e é até “insuficiente” para aquilo que precisa a coligação que junta comunistas e Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Proprietários enviam queixa à Provedoria da Justiça sobre cobrança ilegal de IMI a senhorios com rendas congeladas

Em causa está a emissão de notas de liquidação do imposto relativas a imóveis que estão isentos. Finanças garantem que vão corrigir a situação até final de junho.

A Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) apresentou esta segunda-feira uma queixa formal à Provedora de Justiça contra a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), denunciando a cobrança indevida de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) a senhorios com contratos de arrendamento celebrados antes de 1990, isto é, com rendas congeladas, segundo uma nota enviada às redações. O Governo já veio garantir que a lei será cumprida. E o Fisco assegurou que todas as situações serão revistas.

Em causa está a emissão de notas de liquidação de IMI relativas a imóveis que, de acordo com o Orçamento do Estado para 2024, estão isentos deste imposto, tal como avançado esta segunda-feira pelo Diário de Notícias. Ainda assim, os serviços da AT continuam a notificar centenas de proprietários para pagamento, numa prática que a ALP considera “ilegal, inconstitucional e profundamente injusta”.

“Trata-se de mais um atropelo à lei e aos direitos dos proprietários, muitos dos quais idosos e com rendimentos muito baixos. O Estado não pode, por um lado, reconhecer a função social destas rendas congeladas e, por outro, cobrar impostos que a própria lei isenta”, afirma Luís Menezes Leitão, presidente da ALP, citado no mesmo comunicado,

Na participação enviada à Provedoria de Justiça, a ALP apela à intervenção célere da provedora de Justiça para repor a legalidade e proteger os direitos destes contribuintes. É exigida pela ALP a “suspensão imediata da emissão de notas de liquidações de IMI ilegais e a correção automática das liquidações já enviadas”. A mesma associação defende ainda a devolução dos montantes pagos indevidamente pelos proprietários afetados, com juros de mora.

A Associação relembra que, na sequência de uma participação formal apresentada pela ALP no final de 2024, a provedora de Justiça emitiu uma recomendação ao Governo para garantir a atribuição efetiva dos subsídios de compensação aos senhorios com rendas congeladas em tempo útil. No entanto, indica que, até ao momento, “desconhece-se qualquer iniciativa governamental para a mitigação dos atrasos na atribuição desta compensação, ou a atribuição de juros de mora”.

“O incumprimento reiterado destas obrigações por parte do Governo e da Administração Fiscal agrava a situação de injustiça e desigualdade fiscal que afeta este universo de mais de 124 mil proprietários”, critica a ALP.

Ministro garante que a lei será cumprida

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, garante que “a lei será cumprida” e que o Governo já pediu mais informação à AT sobre a situação.

“Se houve alguma falha administrativa na AT, é uma entidade que também poderá ter tido as suas falhas. Não sei se foi o caso, ainda estamos a apurar. Mas deixo aqui a garantia que quem tem direito à isenção de IMI não pagará IMI e a situação administrativa será reposta se existe alguma inconformidade“, disse em declarações aos jornalistas à entrada para o Eurogrupo, em Bruxelas.

Entretanto, o Ministério das Finanças assegurou que “irá rever, até ao fim do mês de junho – data em que termina o prazo para o pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) este ano – todas as liquidações que incluam prédios relativamente aos quais tenha sido requerida esta isenção e a mesma deve aplicar-se”, afirmou à Lusa fonte oficial.

Na mesma resposta à Lusa, a tutela refere que, não dispondo a AT da informação relativa a quais os prédios com contratos de arrendamento abrangidos pela isenção em causa, foi, em julho de 2024, disponibilizado no portal das Finanças um formulário para este efeito.

“O averbamento destas isenções encontra-se em curso, pelo que não foi possível a respetiva consideração na liquidação do IMI relativo ao ano de 2024”, afirma a mesma fonte oficial, adiantando porém que vai rever todas as liquidações do imposto relativas a imóveis para as quais tenha sido pedida isenção e que tenham direito a ser abrangidas por este benefício fiscal.

Nos casos em que os senhorios tenham já procedido ao pagamento do IMI, esta revisão da liquidação “dá origem a uma redução das prestações subsequentes ou a uma restituição, conforme o caso”.

Em causa está uma norma aditada ao Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) pelo OE2024 que determina que “ficam isentos do IMI [pelo período de duração dos respetivos contratos]” os rendimentos prediais tributados no âmbito da categoria F, obtidos no âmbito de contrato de arrendamento para habitação celebrados antes da entrada em vigor do Regime do Arrendamento Urbano (RAU).

Por norma a primeira prestação do IMI (ou única quando o seu valor é inferior a 100 euros) é paga durante o mês de maio. Porém, este ano e devido a constrangimentos técnicos que têm condicionado a emissão das notas de cobrança do IMI referentes ao ano 2024, o Governo decidiu prolongar até ao final do mês de junho o prazo para o pagamento desta primeira prestação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Greve parcial na CP levou à supressão de 314 comboios até às 10:00

  • Lusa
  • 12 Maio 2025

A CP informa que os efeitos da greve parcial devem fazer-se sentir durante a manhã desta segunda-feira.

A greve parcial dos revisores e dos trabalhadores das bilheteiras levou esta segunda-feira à supressão de 314 comboios dos 425 programados (73,9%) entre as 00:00 e as 10:00, segundo dados da CP — Comboios de Portugal enviados à Lusa.

De acordo com a transportadora, nas ligações urbanas de Lisboa, dos 201 comboios previstos foram suprimidos 139, e nos de longo curso estavam programados 24 e foram suprimidos 22.

Nos urbanos do Porto, estavam previstos 87 ligações e não se fizeram 58 e nos comboios regionais foram suprimidos 86 dos 102 previstos.

Contactada pela Lusa esta segunda-feira de manhã, fonte do SFRCI – Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, que convocou a greve parcial, adiantou que a adesão à paralisação dos revisores e trabalhadores das bilheteiras da CP, que começou às 05:00 de hoje e que termina às 08:30, é de 100%, estando a ser cumpridos os 25% de serviços mínimos.

“A greve parcial teve início às 05:00 e termina às 08:30, mas os efeitos devem fazer-se sentir durante a manhã. A adesão à greve é de 100%, estando apenas a ser cumpridos os 25% respeitantes aos serviços mínimos decretados pelo Tribunal Arbitral”, disse à Lusa Luís Bravo, do SFRCI.

O sindicalista disse que a greve visa reivindicar melhores condições salariais para todos os trabalhadores da empresa.

A greve parcial mantém-se até terça-feira, sendo que ainda vai ter reflexos na quarta-feira dia 14″, adiantou.

De acordo com Luís Bravo, a greve “mostra bem o descontentamento dos trabalhadores” em luta contra os salários baixos desde 2010.

De quarta-feira a sexta-feira, vários sindicatos estiveram em greve, sendo que até sexta-feira não houve serviços mínimos, o que resultou na paragem total da circulação.

Os trabalhadores exigem o cumprimento do acordo alcançado em 24 de abril entre a administração da CP e os sindicatos, considerando que “o Governo não pode querer os méritos da negociação e depois fugir às suas responsabilidades na aplicação”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Armazém da falida Kruder vai a leilão por três milhões em Matosinhos

Localizado na Zona Industrial de Perafita (Matosinhos), o complexo industrial da falida Kruder está à venda por três milhões de euros. As licitações decorrem até 15 de maio.

Fundada em 2012, no Porto, a Kruder, que produzia máquinas de café expresso, entrou em insolvência e tem agora o armazém industrial na zona de Perafita em leilão por um preço base de três milhões de euros. As licitações decorrem até 15 de maio.

O passivo insolvente é composto por armazém principal com área de implantação de 2.140 metros quadrados e armazém posterior/ oficina com 600 metros quadrados, quatro cais de descarga equipados com portão seccionado automático com quatro metros de altura e pé direito correspondente a oito metros (laterais) e a 12 metros (centro).

Além disso, possui escritórios no rés-do-chão e primeiro andar, com 300 metros quadrados cada, zona de refeitório, WCs e balneário. Ao todo, o edifício conta com uma área total construída de 3.640 metros quadrados.

O imóvel beneficia de isenção de Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e Imposto de Selo.

Para participar neste leilão, que decorre na plataforma de leilões da Leilosoc, é preciso efetuar um registo gratuito antes de licitar o imóvel.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Veja o calendário do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior para o próximo ano letivo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 12 Maio 2025

A primeira fase de candidaturas ao Ensino Superior arranca no dia 21 de julho. Conheça os procedimentos do concurso nacional de acesso para o ano letivo de 2025/2026.

O Governo aprovou o calendário do processo para a candidatura ao Ensino Superior público para o ano letivo de 2025/2026. De acordo com um despacho publicado esta segunda-feira em Diário da República, a apresentação da candidatura à primeira fase do concurso nacional de acesso arranca a 21 de julho.

A candidatura à primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior relativo ao próximo ano letivo decorre entre 21 de julho e 4 de agosto. No caso dos candidatos ao contingente prioritário para emigrantes, familiares que com eles residam e lusodescendentes e candidatos com pedido de substituição de provas de ingresso por exames estrangeiros, o prazo termina a 28 de julho.

No dia 23 de agosto será disponibilizada às instituições de Ensino Superior, por via eletrónica, as listas de colocação na primeira fase do concurso nacional, sendo que os resultados da primeira fase do concurso serão divulgados a 24 de agosto.

Entre 25 e 28 de agosto decorre o período de matrícula e inscrição nas instituições de Ensino Superior dos candidatos colocados na primeira fase do concurso nacional. Já a apresentação das reclamações aos resultados desta fase pode ser feita entre 25 e 29 de agosto.

As candidaturas à segunda fase decorrem de 25 de agosto a 3 de setembro, sendo os resultados divulgados a 14 de setembro, no mesmo dia que as instituições de ensino superior recebem, por via eletrónica, as listas de colocação nesta fase do concurso nacional.

A matrícula e inscrição nas instituições de ensino superior dos candidatos colocados na segunda fase do concurso nacional podem ser feitas de 15 a 17 de setembro. A apresentação das reclamações aos resultados desta fase do concurso nacional decorre de 15 a 19 de setembro.

O prazo de candidaturas à terceira fase decorre entre os dias 23 e 25 de setembro e os resultados vão ser conhecidos a 1 de outubro. A matrícula e inscrição nas instituições de ensino superior dos candidatos colocados nesta última fase do concurso nacional pode ser feita entre 1 e 3 de outubro, enquanto a apresentação das reclamações aos resultados está agendada para o mesmo período.

Em 6 de outubro, as instituições de Ensino Superior comunicam à Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) a informação sobre os candidatos colocados na terceira fase do concurso nacional que efetivamente se matricularam.

No caso dos regimes especiais, a apresentação das candidaturas está prevista ter início a 4 de agosto e termina no dia 11, com os resultados a serem divulgados um mês depois, quando forem disponibilizadas as listas de colocação às instituições de Ensino Superior.

O período de matrícula e inscrição decorre entre os dias 12 e 19 de setembro, bem como a apresentação de reclamações dos resultados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TTR: Morais Leitão lidera valor de operações de M&A com 166 milhões de euros

A Morais Leitão lidera por valor total das operações, cerca de 166,29 milhões de euros. Já a Cuatrecasas lidera o ranking de assessores jurídicos por número de transações, com 13.

Entre 1 de janeiro e 30 de abril a Morais Leitão foi o escritório de advogados que liderou as principais operações de M&A, Venture Capital, Private Equity e Asset Acquisition por valor total, cerca de 166,29 milhões de euros, revela dados da TTR Data. Já a Cuatrecasas lidera o ranking de assessores jurídicos por número de transações, com 13.

Segundo o relatório da TTR Data, nos primeiros quatro meses do ano foram realizadas 155 transações que se traduziram num valor total de 1.461 milhões de euros. Das quatro áreas, M&A destacou-se com 68 transações (801 milhões de euros), seguida por Asset Acquisition com 38 transações (371 milhões de euros), Venture Capital com 32 transações (176 milhões de euros), e Private Equity com 13 transações (113 milhões de euros).

Estes números representam uma queda de 30% no número de transações em comparação ao mesmo período de 2024. Também o capital mobilizado registou uma quebra de 62%. O setor de Real Estate foi o mais ativo, com 27 transações, seguido de Internet, Software & IT Services, com 21.

O TTR selecionou como transação do primeiro trimestre a conclusão pela CTT da Cacesa. Uma operação no valor de cerca 106 milhões de euros e que contou com a assessoria jurídica da Cuatrecasas.

Veja aqui todos os rankings.

M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

As sociedades em destaque são a Morais Leitão, com um valor de 166,29 milhões de euros, seguida pela Uría Menéndez, com 152 milhões, e a fechar o top 3 a Garrigues com um valor total de 125,63 milhões de euros.

No que concerne ao número de transações em M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions a liderar a tabela ficou a Cuatrecasas, com 13 transações, seguida da CCA Law Firm e PLMJ, com 10 transações cada.

Já relativamente aos “dealmakers, advogados que centram a sua prática na área de M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions, oito sociedades de advogados estão representadas na tabela, face ao valor de transações. O sócio da Morais Leitão Jorge Simões Cortez ocupa o lugar cimeiro da tabela com duas transações que se traduzem em 152 milhões de euros.

O advogado dealmaker que somou um maior número de transações nestas áreas foi André Matias de Almeida, sócio da Proença de Carvalho, com seis. No top 3 ficou ainda Domingos Cruz, managing partner da CCA Law Firm, e Vasco Bivar de Azevedo, sócio da Cuatrecasas.

Os “rising star dealmakers” na área de M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions, por valor de transações, pertencem a sete firmas: Morais Leitão e Garrigues, com três destacados cada, SRS Legal, DLA Piper e Cuatrecasas, com dois cada, e a Uría e Linklaters, com um destacado cada. Ana Isabel Seabra, consultora da Morais Leitão, Inês Magalhães Correia, associada principal da Morais Leitão, Maria Cortes Martins, associada principal da Morais Leitão, e Marta Sampaio Pinto, associada da Uría Menéndez, ocupam o primeiro lugar com um valor total de transações de 152 milhões de euros.

Constatando o número de transações, o advogado rising star pertence à CCA Law Firm: Joana Bugia, associada principal, com seis transações.

Private Equity

Na área de Private Equity as sociedades em destaque são a Garrigues, Linklatres e DLA Piper, sendo que a primeira destaca-se com duas operações que se traduziu no valor de 78,83 milhões de euros.

No que concerne ao número de transações, o lugar cimeiro da tabela é ocupado pela CS’Associados, com quatro, seguida pela Garrigues, Cuatrecasas, PLMJ, Proença de Carvalho e Vieira de Almeida (VdA), cada uma com duas operações.

Venture Capital

Na área de Venture Capital as sociedades em destaque são a SRS Legal, com um valor de 31 milhões de euros, a CCA Law Firm, com 21,97 milhões, e a Cuatrecasas, com 19,54 milhões.

Já relativamente ao número de transações, o lugar cimeiro da tabela é ocupado pela CCA Law Firm, com oito transações.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fusões e aquisições em Portugal caem 30% até abril

Registaram-se 155 negócios no valor acumulado de 1,4 mil milhões de euros, o que representa uma queda de 30% no número de transações. Imobiliário e tecnologia foram os setores mais movimentados.

O mercado de fusões e aquisições (M&A – Mergers & Acquisitions) mantém-se no vermelho. O contexto de incerteza na economia nos mercados esfriou os negócios de consolidação, compra e venda, que voltaram a cair significativamente em comparação com o ano passado.

Entre janeiro e abril, registaram-se 155 operações em Portugal, no valor acumulado de 1,4 mil milhões de euros, o que representa uma queda de 30% no número de transações e uma diminuição de 62% no capital movimentado, em termos homólogos, de acordo com o relatório mais recente da TTR Data divulgado esta segunda-feira. Importa mencionar que apenas 41% das transações de M&A tiveram os valores publicados.

Analisando apenas o mês de abril, o número de negócios caiu 40%, de 52 para 31. O valor fixou-se nos 461,9 milhões de euros, 3% abaixo de abril de 2024. “Em termos setoriais, o setor de imobiliário foi o mais ativo em 2025, com 27 transações, seguido pelo setor de Internet, software & serviços de TI com 21 operações”, lê-se no relatório da base de dados.

No âmbito transfronteiriço (cross-border), Espanha e Estados Unidos foram os países que fizeram o maior número de investimentos externos de M&A em Portugal nestes quatro meses: 21 e oito transações, respetivamente. Curiosamente, as empresas portuguesas também escolheram Espanha e Estados Unidos como principal destino de investimento: oito e cinco transações, pela mesma ordem.

No que diz respeito aos segmentos de privados (private equity), capital de risco (venture capital) e compra de ativos (asset acquisitions), este trio de categorias de investimento também caiu a dois dígitos. De private equity, registaram-se 17 transações (-29%), de venture capital realizaram-se 32 rondas com startups (-38%) no valor de 176 milhões de euros e 38 transações de asset acquisitions (-32%) no valor de 371 milhões de euros.

O negócio do mês foi a conclusão da aquisição da espanhola Cacesa, por 106,8 milhões de euros, por parte dos CTT. A operação destacada pelos analistas da TTR Data contou com a assessoria da Cuatrecasas Portugal, Lazard e Deloitte. No ranking de advisors jurídicos, o escritório de advogados ibérico lidera em número de transações com 13, enquanto a Morais Leitão encabeça a lista em valor (166,29 milhões de euros). Por sua vez, o Banco Bradesco BBI destaca-se nos assessores financeiros, embora o ranking esteja incompleto com apenas uma operação no radar.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Devemos olhar para o Rock in Rio da mesma forma que para o Europeu ou Mundial”. Luís Soares, na primeira pessoa

Apaixonado por música "desde que se lembra", Luís Soares sempre se envolveu na promoção de concertos e eventos. Começou com bandas de garagem no liceu e é agora head of marketing do Rock in Rio.

O Rock in Rio não foi pensado para ser um evento que acontece todos os anos. Foi pensado como um evento que acontece no tempo e que é capaz de gerar um impacto absolutamente avassalador. Devemos olhar para o Rock in Rio da mesma forma que olhamos, por exemplo, para o Europeu ou para o Mundial de futebol, que também não acontecem todos os anos“, entende Luís Soares, head of marketing do Rock in Rio, festival que decorre em Portugal de dois em dois anos.

Se acontecesse todos os anos, deixava de conseguir criar o efeito de saudade e de novidade e, sempre que regressa, regressa com um novo storytelling, com novidades, com novos palcos e com diferentes conteúdos“, acrescenta em conversa com o +M.

O desafio de comunicar um festival bianual passa assim por “pensar no que se vai falar, quando não existe festival“. “Posso dizer que nunca tive tanto trabalho como este ano [em que não se realiza o festival], não só a planear o que é que vem para a frente como o que será diferente na próxima edição. Parte do nosso trabalho no ano off passa por trabalhar aquilo que será a relevância dos conteúdos, sendo que começamos a comunicação do festival 12 meses antes”, diz Luís Soares.

“E esse é sempre o desafio. O que é que vamos criar de novo e trazer de diferente? Na última edição foi a mudança do recinto, foram os 20 anos. Para a próxima edição temos assim de trabalhar em quais serão as novidades, os novos palcos, os novos conteúdos, as novas atrações, o storytelling”, acrescenta o head of marketing de 38 anos.

Isto tendo em conta que o Rock in Rio não se posiciona apenas como um festival de música, mas sim como um “festival de música e entretenimento”. “Ou seja, nós temos no nosso ADN a parte da comunicação como visceral. O que quer dizer que tudo o que fazemos em torno do Rock in Rio está envolto numa proposta e num cronograma de comunicação, porque o nosso intuito é gerar buzz, notícias e engagement com aquilo que é o nosso público e os nossos parceiros, as marcas, os patrocinadores e os stakeholders“, aponta.

Os desafios enfrentados pelo Rock in Rio em Portugal são vários, mas passam, fundamentalmente, por questões relacionadas com o mercado e a sua dimensão, com as mudanças de comportamento do público e com os desafios das novas tecnologias. “A nossa ambição enquanto marca e comunicação do nosso festival é que este consiga ser sempre o mais relevante possível no mercado, trazendo matérias e territórios que as pessoas se relacionem“, diz Luís Soares.

“E os desafios da comunicação são também os desafios do mundo atual, o que passa por conseguir trazer as pessoas de trás do ecrã para viver uma experiência ao vivo, para se poderem conectar e relacionar. E mais do que nunca esse é o nosso propósito enquanto festival e a nossa comunicação tem de ser direcionada para ajudar nessa solução, transformando o mundo num bocadinho melhor”, acrescenta o responsável.

Para Luís Soares, a sua responsabilidade e dos media em geral, passa também por “conseguir inspirar as pessoas, tornar o mundo um bocadinho mais humano e atingir e tocar a alma das pessoas“, entende Luís Soares.

O que sinto hoje, infelizmente, é que as pessoas estão muito sozinhas no meio da multidão. Ou seja, estão mais conectadas que nunca, vivem o hype brutal da internet, mas depois faltam as conexões reais. Aquela coisa de ir a um concerto e cantar em uníssono, é aquilo que acho que faz com que se acredite numa sociedade melhor. O nosso papel, enquanto intervenientes culturais, profissionais de media e marketing, e as próprias marcas, não pode ser só de querer vender um produto e apostar em algoritmos e segmentação, sem ter propósito, mensagem ou conexão. Os festivais, a música e as marcas também devem ser capazes de irem além daquilo que é o algoritmo e a segmentação“, acrescenta.

Fazendo uma análise à evolução e ao atual panorama dos festivais em Portugal — numa altura em que o Meo Sudoeste e o Super Bock Super Rock não se realizam este ano –, Luís Soares entende que o setor “nunca esteve tão bem na vida”. “O que acho é que há uma reconfiguração do mercado em função dos novos tempos e do comportamento das pessoas“, defende.

Nunca vi tanta potência na área dos eventos ao vivo, nunca vi tanta coisa a surgir nova como vejo hoje. O que acontece é que os conceitos evoluem, os conceitos modernizam-se e os festivais não são diferentes“, diz.

“Mas estamos a voltar àquilo que é a essência daquilo que os festivais sempre foram, que é o festival não ser só um show de artistas. Os festivais não surgiram enquanto contratação de artistas e venda de bilhetes — que é também o que as pessoas procuram –, mas sim enquanto fenómenos sociais do coletivo, agregadores de um fenómeno de socialização. O que torna os festivais tão especiais, é que eles não são um conjunto de shows, são uma experiência“, acrescenta o diretor de marketing.

No caso do Rock in Rio, o trabalho é assim feito para que este não seja apenas um festival de música, mas antes para ser “uma experiência coletiva e agregadora”. “A ideia é que as pessoas venham ver o seu show favorito mas tenham uma excelente experiência em família, amigos e familiares. Eu quase que diria que se houvesse uma fusão entre o Glastonbury e a Disneyland, daria o Rock in Rio“, afirma Luís Soares.

Em relação à sua equipa, Luís Soares explica que a sua “base e non-stop” é composta por dez pessoas, que vai começando a aumentar a partir de 12 meses antes de do festival até chegar às 150 pessoas a trabalhar na operação de comunicação e marketing durante os dias do evento.

Já em termos de agências, a equipa de marketing do Rock in Rio conta com a criatividade da Rockers e com a Dentsu Creative, assim como com o apoio da Dentsu Media e da iProspect (em termos de planeamento de meios) e da Lift (PR).

Apaixonado por música “desde que se lembra”, Luís Soares, que se considera um melómano, sempre se envolveu no mundo da música, das bandas e dos artistas. Ainda durante os tempos de liceu, acompanhava artistas e bandas de garagem, tendo começado a organizar festas na escola de Marco de Canaveses, de onde é natural, promovendo concertos com bandas locais e emergentes da região do Grande Porto.

Entretanto foi para a universidade de Coimbra, onde se formou em Turismo, Lazer e Património, tendo-se desde logo envolvido no associativismo da Associação Académica de Coimbra, pelo que se viu, passados uns anos, a organizar e a ser o responsável pela produção da Queima das Fitas, “muito por conta de ser um apaixonado por música e pela organização de eventos, numa altura onde a comunicação também já era muito importante”.

Em 2009 esteve à frente deste evento, produzindo aquela que ainda hoje acha que foi a mais bem-sucedida edição até agora, que registou um lucro de mais de um milhão de euros e que contou um “line-up muito interessante”, observa.

Foi a partir desse momento que Luís Soares soube o que queria fazer: trabalhar na área do entretenimento e da indústria dos eventos e festivais. Mas pensando que gostaria muito de trabalhar nesta área, considerou que não seria em Portugal que conseguiria fazer carreira, pelo que decidiu ir para Inglaterra. Primeiro, ao abrigo do programa Erasmus, estudou “Tourism and Management” no St. Mary’s University College, tendo depois feito o mestrado “Events Marketing and Management”, na London Metropolitan University.

Paralelamente, trabalhou como marketing consultant na China Business Network, integrando depois a Sony enquanto marketing & business development manager, até que assumiu a função de assistant talent agent no The Agency Group. Tem assim algumas experiências profissionais no Reino Unido sempre com o objetivo de trabalhar na área do agenciamento e da comunicação.

Após cinco anos em terras britânicas decide voltar para Portugal, passando a trabalhar na MBX Agency (que depois passou a RedMojo Agency), onde se dedicou mais à parte de management, direção de marketing e lançamento de artistas. Mas o seu sonho era trabalhar na área da música e dos grandes festivais, o qual conseguiu cumprir com a oportunidade de ir trabalhar para o Rock in Rio.

É no final de 2015 que ingressa então na equipa de marketing do Rock in Rio, onde trabalhou sobretudo no “desenvolvimento das atrações do festival, em torno daquilo que é o seu retorno para a geração mediática e para as marcas, mas também para o próprio festival, numa lógica de chegar a mais pessoas, com conteúdos diferenciados, tendo sempre esta perspetiva da comunicação, do marketing e da estratégia, em torno daquilo que é o território da música“.

Assume em 2022 a direção de marketing, passando a fazer “um pouco o mesmo, mas com um olhar um bocadinho mais macro”. O desafio passa por “atrair o maior número de pessoas, comunicar de uma forma regular, criar comunidades, falar para vários públicos, de todas as idades e de diversos géneros musicais“.

Luís Soares é assim diretor de marketing do Rock in Rio Portugal e head de marketing internacional, o que significa que trata do marketing internacional dos projetos da Rock World (organizadora do festival) e que lidera a direção do marketing do Rock in Rio a nível nacional.

Amante de música, Luís Soares elege The Doors como a sua banda favorita de sempre, considerando-se, inclusive, um “verdadeiro aficionado” que sabe tudo sobre a banda e a sua história. Mas gosta também muito de bandas dos anos 60, como Rolling Stones ou Beatles, dos anos 80, como Guns N’ Roses, ACDC ou Metallica, ou dos anos 90 como Nirvana, Pearl Jam, Oasis.

A sua adolescência foi vivida “fundamentalmente” a “curtir bandas de nu metal”, com bandas como Limp Bizkit, Korn ou System of a Down. Já nos tempos de faculdade “curtia” muito indie rock, com bandas como Arcade Fire, The Strokes ou Arctic Monkeys e hoje até se considera fã de algum tipo de hip hop, “coisa que não imaginava possível há uns anos atrás”.

Mas eu sou um tipo do rock and roll. Gosto de atitude, de show, de espetáculo. E quando olhamos para bandas como os Stones, os Led Zeppelin ou a minha referência que são os The Doors, é porque eles, mais ou menos, têm um pouco disso: o lado da música e o lado da arte, que é muito importante, porque não basta fazer música porque sim”, diz Luís Soares.

O que é bom nessas bandas é que aquilo são poemas autênticos, falam de temas relevantes, são absolutamente apaixonantes, mas ao mesmo tempo aquilo é um grande show. Aquilo é performance, é teatro, e não é por acaso que 60 anos depois ainda se está a falar deles“, acrescenta o diretor de marketing.

A grande paixão de Luís Soares é mesmo a música, mas adora também muitas outras formas de cultura, desde cinema à ida a museus, além de ser “absolutamente fascinado” por história, não só portuguesa mas mundial. Por outro lado, é também um grande fã de bricolage.

“Não tem nada a ver, mas eu gosto muito de fazer bricolage, coisas que envolvam a construção de algo. Seja em casa, seja no exterior, dedico também uma grande parte do meu tempo livre a isso. Desde consertos básicos e pintura de móveis antigos até outras coisas de maior dimensão, a bricolage acaba por se tornar para mim um bocadinho libertador“, diz.

Este passatempo advém, talvez, do facto de o seu pai ser professor de trabalhos manuais, pelo que Luís Soares se recorda de, desde miúdo, fazer esse tipo de trabalhos, como pintar a óleo ou mexer em barro e madeiras. “E embora não tendo competências para essa área, eu sou uma pessoa que não diz que não a nada. Sou alguém que se rege pela máxima ‘do it yourself“, diz.

Com uma filha de oito anos e um filho de três anos, e depois de ter vivido em Marco de Canaveses, no Porto, em Coimbra e em Londres, Luís Soares vive atualmente em Cascais, mas a pronúncia do Norte mantém-se e “nunca vai sair”. “É quase uma marca. Eu não faço o mínimo para a alterar. Eu não me importo verdadeiramente se a minha pronúncia está muito ou pouco carregada. A minha pronúncia é assim e tenho muito orgulho nela”, refere.

“Considero-me, fundamentalmente, um português de coração. Portugal é um território muito pequeno e muito mais parecido do que as pessoas pensam, é muito diverso e muito mais parecido do que se possa imaginar. Somos muito parecidos, mas com características diferentes. É engraçado pensar como um país tão pequenino tem tantas pronúncias, tantos regionalismos e tantas diferenças. Mas pegando num alfacinha de gema e em alguém que venha do centro do Porto, eles têm mais coisas que os unem do que os separam. E nós só reparamos nisso quando estamos lá fora”, conclui.

Luís Soares em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Há campanhas que marcaram o imaginário coletivo, como o Gervásio da Sociedade Ponto Verde, o icónico “Tou xim?” da Telecel, ou o irreverente “Estou que nem posso” da Frize, com o Pedro Tochas. O que todas têm em comum? Humor, disrupção, uma certa “portugalidade” inteligente e uma criatividade que não joga pelo seguro. São referências que, décadas depois, ainda vivem na cabeça das pessoas — e isso é ouro para qualquer marca.

Já a nível internacional, gosto de campanhas que revelam o melhor da condição humana. Que não vendem apenas um produto, mas uma visão, um legado. Desde o “Just Do It” da Nike ao “Think Different” da Apple, são ideias que moldam gerações.
Mas tenho uma guilty pleasure: o gorila da Cadbury a tocar bateria ao som de Phil Collins. Aquilo é arte pura. Divertido, surpreendente, memorável. Vejo esse anúncio com os meus filhos e rimos todos. É esse poder emocional e intemporal que torna uma marca eterna.
Mas se tivesse que escolher uma como a “campanha das campanhas”: Hilltop, da Coca-Cola “I’d like to buy the world a Coke”. Em 1971, antes da marca sequer existir em Portugal, já mostrava ao mundo uma ideia de união global através da música. Um momento icónico que mudou a publicidade para sempre — e que ainda hoje nos inspira a criar mais do que apenas anúncios. Nenhuma ferramenta ou território é tão poderoso a criar ligação emocional como a música. Ela é a banda sonora das nossas vidas — e, quando bem usada, também é a da história de uma marca.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

É quando tens de dizer que não e abdicar de uma ideia potencialmente brilhante — daquelas que nos fazem saltar da cadeira — porque não serve o objetivo, o timing ou o budget.
O marketing vive entre a paixão e o pragmatismo. Entre o “isto é incrível” e o “isto vai funcionar e traz resultado imediato”. A decisão mais difícil é, muitas vezes, entre alimentar o ego ou servir a estratégia.
E, como marketers, temos de ser maestros dessa orquestra emocional. Criar sinfonias de impacto com o tempo contado, com KPIs, à espreita e com pouco espaço para errar. Às vezes queremos fazer um solo de guitarra à Jimi Hendrix… mas o que o projeto precisa é de um piano bem afinado. E temos de saber reconhecer isso.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

As pessoas. Sempre.
Não os algoritmos, os targets ou as personas artificiais desenhadas em PowerPoint. Penso em pessoas reais, autênticas, que não vivem obcecadas pelas trends nem seguem todas as modinhas — e que, na verdade, representam a grande maioria. Se nos esquecermos de quem está do outro lado, e nos deixamos levar apenas pelo hype estamos apenas a fazer ruído — e eu não estou aqui para fazer ruído. Quero provocar impacto, tocar corações, arrancar sorrisos, criar memórias. Quero ser relevante.
E quero — através da criatividade, da emoção da música e dos eventos ao vivo — ajudar a tornar o mundo um bocadinho mais bonito, honesto, mais leve, mais humano.

4 – O briefing ideal deve…

Ser claro no problema, mas ambicioso na visão. Corajoso no desafio e inspirador na forma como nos convida a pensar diferente.
O briefing ideal não é um guião fechado. É um convite à criação. Deve trazer contexto, provocação e, acima de tudo, uma faísca.
Aquela vontade de dizer: “larga tudo, vamos já começar a fazer isto!”

5 – E a agência ideal é aquela que…

…me provoca e faz pensar em algo que não havia pensado antes. Tem de ser proativa, e que arregaça as mangas, que não tem medo de discordar. A que me diz “isso é seguro demais”. A que me apresenta ideias que me fazem rir, pensar ou até duvidar.
A agência ideal é cúmplice no risco, mas rigorosa na execução. É uma parceira de palco, onde há química no caos e alinhamento no propósito.
É como uma boa banda: não precisa de pensar igual, mas tem de tocar em sintonia.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar, sempre.
Jogar pelo seguro é como levar um guarda-chuva para um concerto: parece sensato, mas só atrapalha.
Estamos a disputar atenção com tudo: memes, gatinhos, escândalos políticos e realities. Se não formos ousados, desaparecemos no scroll.
Arriscar não é vaidade — é sobrevivência criativa.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Criava um festival sem tempo nem lugar. Um festival contínuo 24/7, híbrido, sempre ligado. Ao vivo num lugar do mundo, digital em todos os outros. Com artistas, criadores, cientistas, líderes culturais e marcas a colaborar num ecossistema de experiências. Um palco que nunca fecha, onde cada dia é único, cada país tem voz e cada marca tem propósito. Um novo tipo de comunidade global, onde a cultura não tem fronteiras.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

É o fado da criatividade: tem talento, tem alma, tem emoção — só precisa de largar o medo e tocar mais alto, arriscar mais.

9 – Construção de marca é?

É como escrever uma canção que fica na cabeça e no coração. Uma marca não é um logo, nem um claim bonito, com um filme para Cannes. É uma emoção. É memória. É aquilo que fica depois do anúncio acabar, que perdura no tempo.
E quanto mais autêntica e humana for, mais longe vai. Porque no fim do dia, marcas são como pessoas: lembramo-nos daquelas que nos fizeram sentir alguma coisa.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Seguramente algo ligado à música ou ao showbiz, aos eventos ou à gestão de artistas. Gosto de ligar pessoas a emoções — de criar experiências que ficam, que perduram no tempo e se inscrevem na história. Se não estivesse no marketing, estaria a lançar talentos, a dar palco a quem tem voz, ou a construir momentos capazes de provocar aquilo que só uma boa música ou um concerto ao vivo conseguem: arrepiar a pele e a alma.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.